terça-feira, 9 de agosto de 2011

Em busca da igreja perfeita

A carta de um amigo que conheci faz poucos meses serve de base para o que vou escrever. Ele também lerá este artigo e me entenderá. Sua frustração é a de que deixou anos atrás sua denominação porque sonhava com uma igreja perfeita, com a igreja restaurada, com o verdadeiro corpo de Cristo.
Lamento informar que este tem sido o sonho frustrado de muita gente. Eu também me frustrei, até que... Também em 1975 deixei minha denominação e comecei uma nova congregação – fui o primeiro neste país a começar uma comunidade cristã em Porto Alegre – porque sonhava com uma igreja diferente, em restauração, uma igreja sem rugas e manchas. Pronta para o Filho. E trabalhei e lutei por isso, cruzando o país de Sul a Norte, de Leste a Oeste. Onde havia dois ou três frustrados com a igreja que freqüentavam aí estava eu no meio deles iniciando uma nova comunidade.
Como um apóstolo dos novos tempos – sempre me recusei a usar este título – trabalhei por uma nova reforma, uma nova igreja, perfeita. E meu sonho se concretizou. Sim, porque percorri a trilha certa, persegui o sonho correto e os anos de meu vigor foram empregados a favor da igreja que tanto anelava.
Tudo começou em 1973 quando escrevi o livreto Para Onde Vai a Renovação? Escrevi o livreto para combater os rumos que a renovação estava tomando. Numa época em que os irmãos das denominações tradicionais estavam sendo renovados e batizados no Espírito Santo e que tiravam as placas de seus templos, jogavam os hinários fora (força de expressão, é claro) e partiam em busca do vinho novo, eu era um jovem, dinâmico, com novas idéias. A denominação não me entendeu nem eu a entendi. E nos separamos.
Hoje percebo que essa busca pela igreja perfeita faz parte de um ciclo histórico que se repete a cada quarenta anos, mais ou menos. Esse foi sempre o sonho de todos os pré-reformadores, passando pela Reforma, pelos Wesley, Whitefield, pelos moravianos (e por todos os Irmãos que se preservaram e se recusavam a fazer parte da igreja institucionalizada, nem que fosse a reformada. Você entenderá melhor quem foram os Irmãos lendo algo sobre a história da igreja em meu site).
E descubro pelos exemplos da história e pelos exemplos recentes que a igreja perfeita, santa, pura e restaurada existe – mas não conseguimos vê-la com olhos humanos, apenas com os de Cristo. O que quero dizer com isto? Explico. Nós os homens somos imperfeitos, e em algum momento nossa imperfeição contagia a pureza da igreja.

Hoje décadas depois de haver saído à busca da igreja restaurada, de ter perdido todos os meus direitos – se é que temos algum, porque nossos direitos são os de Cristo, e me refiro a viver sem aposentadoria de igreja, sem projetos pessoais, sem sonhos pessoais, sem plano de saúde, mas lutando pelos direitos de Cristo – e passando célere pelos anos sessentas de minha vida, eis aí a igreja perfeita! Encontrei-a. Perfeita entre os imperfeitos. Gente sincera que não se contamina com o sistema, nem com o que seus líderes fazem e pensam!

Não me refiro a igreja que se vê, mas a que se não vê.

E pregando e ministrando em todas as denominações, mesmo naquelas que servem de chacota para os blogueiros de plantão, pregando entre os mais variados grupos, denominações, igrejas locais, igrejas históricas, como os luteranos e os episcopais; entre os neopentecostais, encontro o mesmo anelo: Todos querem ser igreja perfeita, e sonham com uma igreja restaurada.
Conheço grupos que saíram de suas denominações com o sonho de começar algo novo, e anos depois se veem no mesmo estado espiritual de onde saíram. Porque somos imperfeitos e não cuidaram de suas imperfeições.
E meu consolo está na visão que João teve no Apocalipse. Jesus é visto no meio da igreja. Estava no meio da igreja de Éfeso, por onde circulavam falsos apóstolos e que havia perdido seu primeiro amor. Estava na igreja de Esmirna, e no meio da igreja de Pérgamo onde alguns amavam o suborno, o dinheiro, o prêmio de Balaão. Estava em Tiatira e suportava uma tal de Jezabel e as prostituições do povo. Estava em Sardes onde poucos se mantiveram puros e limpos; estava em Filadélfia e em Laodicéia. Jesus é visto entre os perfeitos e os pecadores.

Os sete candeeiros de ouro são as igrejas, e João vê a Jesus “no meio dos candeeiros”. E assim, por onde ando procuro enxergar a igreja perfeita e restaurada. Se olho para as estruturas, para os sistemas eclesiásticos, para os modelos de crescimento, para o enriquecimento ilícito, para as injustiças sociais, fico frustrado, mas quando desvio meus olhos dessas coisas imperfeitas, no meio de Éfeso e de Pérgamo, vejo a Jesus! O mais simples e bíblico sistema de governo de igreja costuma refletir a imperfeição de seus líderes.
Isso não é uma desculpa para se contentar e se desculpar, dizendo: - de nada adianta trabalhar por uma igreja restaurada! Na realidade todos nós que anelamos uma igreja santa e que por ela lutamos a vida toda, contribuímos, de alguma forma para que essa igreja surja e brilhe no mundo. Não estou arrependido das igrejas/comunidades que comecei; elas estão cumprindo seu papel no ciclo da história; mas também não estou arrependido de voltar a ser um pastor denominacional, porque o ciclo da história me permite viver entre todos, anelando a igreja perfeita. Nos dias de Elias havia sete mil que não se dobraram a Baal, e ele achava que era o último remanescente fiel. Não quero ser um Elias: Quero enxergar os milhares que vivem no meio de um Israel corrupto, mas que nunca se dobraram a Baal.
Por isso, não estou frustrado, se é que você me imaginou assim. Ao contrário. Olhando para trás vejo que os anos de labuta em prol da verdadeira igreja fizeram o trabalho inverso: Ajudaram-me a amadurecer, purificaram-me dos meus conceitos e preconceitos – e como bati nas denominações! – libertaram-me de minhas idiossincrasias e me deram uma visão cósmica da igreja, que jamais eu teria se não tivesse lutado a favor dessa igreja, e se não tivesse perseguido o sonho da igreja perfeita.
O que estou afirmando é que o sonho de se perseguir uma igreja perfeita leva-nos à perfeição, a uma maior comunhão com o Filho, Jesus, e a um maior entendimento da verdadeira igreja. Assim, não me vejo impedido de pregar em lugar algum; porque se levar em conta o que é exterior, não pregarei nem na mais “santa” das igrejas sejam estas denominacionais ou meramente locais.
Portanto, sem me importar com a impureza dos líderes e dos homens, sei que onde eu estiver estarei entre os que se dedicam a ser igreja e que também nutrem o mesmo sonho. Na realidade é bom curtir e perseguir o sonho da igreja perfeita, porque ao fim de tudo nós é que somos aperfeiçoados em Cristo.


O pecado da bermuda e do chapéu dentro do "templo"

Imagine Deus contemplando a adoração de um escocês de saia, imagine Deus ouvindo a oração de um indígena tribal com uma cueca florestal, imagine Ele dando livramento a um corredor que pratica atletismo com seu short a meio palmo, ou Ele sendo louvado por alguém que estando pelado canta “Grande é o Senhor” tomando banho de chuveiro. Agora se imagine indo a igreja num belo domingo de manhã, numa escola dominical, com seu bermudão confortável, uma simples sandália de couro, uma camiseta de algodão refinado e um modesto chapéu ou boné. Acha que Deus receberia seu culto?
Pelo que tenho percebido entre alguns dos irmãos evangélicos, com esse traje, Deus receberia adoração apenas quando se estivesse fora das 4 paredes do templo: nas ruas, nas praças, no cinema, no shooping, etc. No templo jamais!!!
Entendo que a igreja não deveria impor padrões de "moda", tipo: “devemos nos vestir decente como se veste para ir ao tribunal ao encontro do Juíz, pois lá não entra de bermuda ou boné”. Poxa! Que dura verdade hein! Vejamos que em contrapartida, em um hospital se entra tanto de bermuda quanto de chapéu ou boné. Dos dois, diga-me qual mais se parece mais com a Igreja: o tribunal ou o hospital? Gente, deixemos de lado a hipocrisia! É bem certo que perante juízes e políticos existe um padrão de se vestir. Claro! Foram nossas meras invenções e tradições humanas que formalizaram isso. Todavia, que bom que Deus não é político ou Juiz de Direito! Ele já habita dentro de nós!
Já ouvi alguém dizer: “devemos dar o nosso melhor a Deus até mesmo usando as melhores vestes para Ele”. Então acha que Deus está preocupado com seu caríssimo terno e/ou par de sapatos? Acha que Deus está a fim da roupa do domingo a noite? Acha que entrar no templo elegantíssimo ou super coberto é um sinal de adoração? Definitivamente vejo que a roupa é um detalhe irrelevante. Certamente toda nudez promíscua será bíblicamente desaprovada. Mas...que pecado há em um chapéu ou bermuda? Quando Salomão sabiamente relatou que tudo é vaidade! Absolutamente tudo! Do que adianta uma roupa diplomática e um caráter reprovável? Falemos com as nossas vidas, amém?
Queria eu não escrever sobre coisinhas tão irrelevantes como as que delinho agora. Mas sinceramente me surpreendo quando alguém encalha com o uso de um boné ou um bermudão. E o pior é que ainda há muita gente que pensa assim. Na verdade tudo concerne para a idéia de santidade ambiental: lugar sagrado!!
Queridos, nos permitamos se livrar da religiosidade, pois da infância jamais sairemos sem que ousemos quebrar as prórpias tradições. Quando houver alguma retificação bíblica cujo texto condene o uso dos meus queridos bermudões chapéus e/ou bonés no “sagrado lugar”, admito que os lançarei no "guarda-roupa" preparado para o diabo e seus anjos. Enquanto isso, paciência.
Como bem disse Santo Agostinho: "Prefiro os que me criticam, pois me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem". Caso eu esteja equivocado, por favor me critiquem de forma sólida e me convençam de que estou errado. Só assim me farão crescer.
Por alguém que curte ir a Escola Bíblica de bermuda e boné