quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fui ao inferno e falei com o diabo

Virou mania entre alguns evangélicos a afirmação de que foram arrebatados ao inferno, falaram com o capeta, bem como tiveram revelações extraordinárias sobre o sofrimento eterno.
Pois é, lamentavelmente esse tipo de coisa se tornou comum em nossos arraiais, até porque um número cada vez maior de pessoas advogam a causa de que tiveram experiências espirituais que lhes asseguram novos conceitos sobre a morada do cão.
O pior é que quando refutamos essas aberrações teológicas sempre aparece um engraçadinho dizendo: Vocês não acreditam no poder Deus, tem muita coisa nova sendo revelada pelo Espírito Santo, coisas essas que a Bíblia não diz!
Para piorar a situação os profetas de GEZUIZ colocaram no mesmo patamar as Escrituras Sagradas e suas experiências misticas esquizofrênicas. Há pouco, em resposta a um post onde afirmava a discordância bíblica sobre a ordenação feminina ao ministério pastoral, um louco me escreveu dizendo: “- O Apóstolo Paulo errou ao escrever sobre isso, a visão dele infelizmente estava equivocada.”
Caro leitor, lamentavemente parte dos evangélicos relativizaram as Escrituras, mesmo porque, para estes as experiências e “revelações” do crente sobrepõem em muito a Palavra de Deus.
Prezado amigo, falta-me palavras diante de tanta ignorância. Confesso que me preocupa o fato em saber que crentes em Jesus preferem acreditar em fábulas a Palavra de Deus. Inevitávelmente isto me faz lembrar da 2ª carta de Paulo a Timóteo que diz: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Tim:4.3,4)
O reformador João Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na Bíblia, e de que ela é o escudo que nos protege do erro. Em tempos difíceis como o nosso, precisamos regressar à Palavra de Deus, fazendo dela nossa única regra de fé, prática e comportamento. Além do mais, afirmo sem titubeios afirmo que os ensinos dos profetas do inferno são anti-biblicos e devem ser rejeitados por todo aquele que ama a Deus e sua Palavra.
Isto posto, faço minhas as palavras do reformador alemão Martinho Lutero: “Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir.”

Homofobia: Não cabe ao cristão discriminar


Além de não poder praticar nem dar seu aval à conduta sexual adulterina e à homossexual, o cristão precisa aprender a arte da convivência com aqueles que as praticam. Por ter se comprometido espontaneamente com Cristo ao se converter, o cristão é membro de uma comunidade cristã e responsável por seu comportamento e testemunho. Porém, ele não é retirado do mundo, da sociedade no meio da qual vive. Segundo Paulo, o cristão não deve ficar separado dos não-cristãos, que vivem a seu bel-prazer. Para viverem separados, os cristãos “teriam de sair deste mundo” (1Co 5.10, NTLH), atitude com a qual Jesus não concorda. Na oração sacerdotal do Cenáculo, Jesus é claro: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno” (Jo 17.15, NTLH). Retirado do mundo, o cristão jamais seria “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5.13-16).
Por uma questão de princípios, se o cristão não se retira da sociedade, ele tem de aprender a conviver com seus contemporâneos e vizinhos, sem se deixar influenciar ou enredar por eles. Convivência e conivência são coisas distintas: “convivência” é viver com outra pessoa; “conivência” é cumplicidade, colaboração, conluio.
Não cabe ao cristão discriminar, desprezar, odiar, maltratar, humilhar ou apedrejar o homossexual ou a lésbica, em uma sociedade em que há muitos outros desvios, como a injustiça, a avareza, o consumismo, a hipocrisia, a idolatria, o ódio, a vingança, a arrogância, a frivolidade e assim por diante. Cabe ao cristão conviver com todas essas pessoas, com temor e tremor, sem espírito de superioridade, reprovando todas essas coisas mais pela conduta do que pelas palavras.
O ensino de Paulo tem um valor imenso se o contexto for considerado. Não há concessão alguma ao desregramento sexual. No mesmo capítulo, o apóstolo é enfaticamente contrário à presença de certo indivíduo da comunidade cristã de Corinto que estava tendo relações com a mulher de seu pai (já morto ou não), provavelmente sua madrasta. Ele deveria ser temporariamente afastado dos privilégios da comunidade, até que sua natureza carnal fosse suplantada pela nova natureza (1Co 5.1-5). No capítulo seguinte, Paulo recorda que entre os membros fundadores da comunidade cristã havia ex-homossexuais ativos e ex-homossexuais passivos, bem como muitos outros ex-isto-e-aquilo (1Co 6.9-11).
Na comunidade, o critério seria um; na sociedade, seria outro. Não se pode exigir que o não-cristão se comporte como cristão, mas é lícito exigir que o cristão se comporte como cristão.

Pastor queima a história da igreja


Maria queria se aposentar e, como ainda não tinha tempo suficiente para cumprir seu desejo, lembrou-se dos anos que trabalhou numa igreja batista de uma cidade do interior. Afinal, a lei previdenciária lhe autoriza a computar este período. Animada, foi até a cidade onde passou anos tão felizes de sua vida e lá estava a pequena igreja, construída com o suor e o amor de tantos irmãos, inclusive o dela. Agora havia um novo pastor, que Maria já sabia que não seguia mais os princípios batistas e implantara na igreja alguns modismos estranhos e novidadeiros. Contudo, Maria não estava ali em missão teológica, mas burocrática. Precisava apenas tirar cópias autenticadas dos documentos amarelados da igreja que comprovavam o seu vínculo empregatício. Conseguiu localizar o pastor e qual não foi a sua surpresa ao ouvir dele que todos os velhos livros da igreja haviam sido reunidos e queimados por ele próprio. Diante da inquisição documental consumada, Maria ficou muda e parou um pouquinho para pensar qual dor lhe apertava mais o coração. Não precisou de mais que alguns segundos para se convencer que não estava entristecida por não poder se aposentar mais cedo (o céu pode esperar!), mas estupefata por constatar que a história da igreja que tanto amava tinha sido deliberada e maldosamente incendiada por quem devia dela cuidar. Décadas de vidas consagradas à obra de Deus, de tanta gente querida e desinteressada, amigos e familiares que se dedicaram à igreja e ao Senhor por amor, devidamente registradas, haviam sido reduzidas a cinzas pelo decreto vaidoso de um só homem que se julgou no direito de eliminá-las sumariamente. Só restou a Maria dizer adeus.
O nome Maria é fictício, mas o fato relatado acima – infelizmente – é verdadeiro. Reflete o momento atual de muitas igrejas antigas, não só batistas, que caíram nas garras de homens inescrupulosos, que chegaram dissimulados e, sutil e sub-repticiamente, tomaram de assalto igrejas que foram constituídas há muitas décadas, e lhe imprimiram o seu “toque” pessoal. Já que não era mais possível criá-las ou fundá-las, esses pequenos deuses as transformaram à sua imagem e semelhança, para agradar o seu coração inchado de orgulho e peçonha. Predadores de almas, se julgam a causa e a origem de cada igreja, não mais Cristo, nem os irmãos que vieram antes deles, lutando e trabalhando nas circunstâncias mais adversas para edificar um templo material e – principalmente – espiritual para louvor do Senhor. Entretanto, eles próprios se consideram – ainda que inconscientemente muitas vezes – os destinatários e beneficiários do louvor daquela igreja. Para que este autoengano egocêntrico funcione, precisam mostrar ao mundo que – sem eles – a igreja não existiria. Nada mais justo para essas mentes mitomaníacas, portanto, que eles acendam uma fogueira e queimem o passado de serviço desinteressado e humilde que – nas prateleiras e nos arquivos empoeirados - testemunha contra eles. Afinal, a história da humanidade mostra que a primeira medida que os regimes ditatoriais e totalitários sempre tomaram foi justamente queimar os livros e a memória daqueles a quem combatiam. Bibliotecas inteiras foram incineradas para legitimar o novo líder, que se crê e quer se mostrar como o inaugurador de uma nova era. Inutilmente, por sinal, já que a verdade nunca se apaga e sempre prevalece, ainda que demore séculos para se revelar.
Muitas igrejas têm hoje pequenos ditadores que, na ânsia de se autoafirmarem, incendeiam e solapam os pilares sobre os quais elas foram construídas. Precisam romper o vínculo com a história e a ortodoxia que alimentaram o rebanho que eles querem usurpar. Nas suas fogueiras profanas, queimam livros e vidas que, mais cedo ou mais tarde, inexoravelmente, testemunharão contra eles porque a sua cegueira espiritual não lhes permite ver que, ao contrário da fumaça dos sacrifícios do Velho Testamento, o cheiro que sobe a Deus de suas vãs pirotecnias é fétido e enganador. Para eles também chegará a hora da aposentadoria, só que em vez de um lugar paradisíaco para a desfrutarem, terão uma desagradável surpresa também fumegante. O inferno não pode esperar; ele começa aqui mesmo.