quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia de finados à luz da Bíblia


Por Renato Vargens
Infelizmente em nosso país, milhões de brasileiros, das classes sociais mais distintas, de todos os estados da federação, cultivam o danoso hábito de visitarem os cemitérios na expectativa de rezar ou interceder pelos seus entes falecidos.
A prática de orar pelos defuntos iniciou-se por volta do 5º século (d.c), quando a igreja passou a dedicar um dia especifico do ano para rezar pelos seus mortos. No entanto, o culto de finados somente seria instituído na França, no século X, através de um abade beneditino de nome Cluny. Um século depois, os papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigaram aos fiéis a dedicarem um dia inteiro aos mortos. Já no século XIII o dia de rezar pelos finados finalmente começou a ser celebrado em 2 de novembro. Essa data foi definida por ser um dia depois da comemoração da Festa de Todos os Santos, onde se celebrava a morte de todos que faleceram em estado de graça e que por algum motivo não foram canonizados.
Caro leitor, a Bíblia é absolutamente clara ao afirmar que após a morte só nos resta o juízo. Ensina também, que o fato de toda e qualquer decisão por Cristo só pode ser tomada em vida, o que, por conseguinte, nos leva a entender de que não existe fundamento teológico para interceder a favor dos mortos.
Para os católicos romanos a referência bíblica que fundamenta esta prática encontra-se em 2 Macabeus 12.44. Entretanto, nós protestantes, não reconhecemos a canonicidade deste livro e nem tampouco a legitimidade desta doutrina, uma vez que o Protestantismo não se submete às tradições católicas e sim as doutrinas das Sagradas Escrituras.
Segundo a interpretação protestante, a Bíblia nos diz que a salvação de uma pessoa depende única e exclusivamente da sua fé na graça salvadora que há em Cristo Jesus e que esta fé seja declarada durante sua vida na terra (Hebreus 7.24-27; Atos 4.12; 1 João 1.7-10) e que, após sua morte, a pessoa passa diretamente pelo juízo (Hebreus 9.27) e que vivos e mortos não podem comunicar-se de maneira alguma (Lucas 16.10-31).
Ora, do ponto de vista bíblico é inaceitável acreditar que os mortos estejam no purgatório ou no limbo aguardando uma segunda oportunidade para a salvação. Em hipótese alguma nós como cristãos devemos celebrar ou participar de culto aos mortos, antes pelo contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em Cristo Jesus.

Soli Deo Gloria.

A Importância da Liderança Espiritual


John Crotts
Duas filas se formaram à entrada da igreja, numa reunião para homens. Uma longa fila permanecia em frente à porta marcada: “Homens que não são os líderes espirituais de suas famílias”. Na outra porta, lia-se: “Homens que são os líderes espirituais de suas famílias”. Somente um homem permaneceu nesta fila. Quando lhe perguntaram qual era o seu grande segredo, ele deu de ombros e respondeu: “Apenas estou onde minha esposa mandou que eu ficasse”.
Há uma necessidade evidente em nossos dias por homens que assumam a liderança espiritual de suas famílias. Ao invés de abraçarem o papel e as responsabilidades que Deus lhes confiou, muitos homens que alegam ser seguidores de Cristo ou são ditadores ou são “moles”. Certamente, muitas expectativas e ideias erradas nublaram a verdade nesta área da vida em família.
O objetivo deste livrete é motivar, equipar e encorajar homens a incrementarem sua liderança espiritual em casa. Primeiramente, vamos tentar resumir a liderança espiritual em seus componentes básicos, para, então, buscar conselhos práticos que implementem as questões mais importantes em sua família.
Todavia, antes de iniciar, temos de considerar a vasta im­portância dos homens tornarem-se líderes de família e crescerem como tais. Observemos quatro fatores que demonstram quão importantes é este tópico.

Primeiro, importa aos homens liderarem suas famílias porque Densos fez líderes. Em 1 Coríntios 11.3 lemos: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. Esta verdade ecoa em Efésios 5.22-23, que diz: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo”.


Você notou que nenhum destes versos ordena que o esposo se torne o cabeça ou líder de sua casa? Deus diz que o esposo é o líder. A única pergunta é se ele é um bom líder ou não! Após uma cerimônia de comissão, um novo oficial no exército é líder por patente, mas a liderança tem de ser estabelecida na prática. Acontece o mesmo nos casamentos! Você alcança o posto após os votos matrimoniais, mas precisa colocar a liderança em prática. Você precisa assumir as responsabilidades do papel estabelecido por Deus para você!

O segundo fator que mostra a importância na questão de homens na liderança dos lares é o efeito “multiplicar”. Se o pai andar com Deus e ensinar sua esposa e seus filhos a amarem a Deus e obedecerem à sua Palavra, esse homem terá uma famí­lia forte. Uma família forte, por sua vez, tem o potencial para influenciar poderosamente tanto a igreja quanto a sociedade.

O Salmo 127.3 chama os filhos de herança e galardão de Deus. Este salmo compara nossos filhos a flechas numa aljava. “Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava: não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta” (SI 127.4-5). Enquanto o mundo luta mais e mais contra Deus, um lar cristão resiste na batalha contra a crescente maré de invasão do mundo. Quando “lançamos” nossos filhos, munidos com corações cheios da verdade da Palavra de Deus, eles são como instrumentos para o reino de Cristo.
Você quer influenciar sua igreja e sua cidade para o Senhor Jesus Cristo? Tal influência começa com homens mentalmente fortes e espirituais, cuja liderança se reproduz numa família forte. Famílias fortes formam as bases de uma boa igreja. Por fim, sua cidade inteira sentirá a força espiritual de tão fiel igreja! “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mt 5.14).

Contudo, o efeito “multiplicar” também pode se mover em outra direção. Um pai ditador ou um pai “mole” é de maneira geral, um peso morto que atravanca o progresso espiritual de um lar. Famílias fracas, por sua vez, atrofiam os músculos da igreja. Igrejas aleijadas acabam desgastando a cultura, ao invés de promoverem seu bem. Sua falha como cristão literalmente contribui para o prejuízo espiritual de sua cidade. Por conseguinte, sua liderança espiritual é importante por causa da influência que causa nos outros, para o bem ou para o mal.
Terceiro, a ausência de liderança por parte do marido é a preocupação número um de muitas mulheres cristas. Se você fizesse um levantamento das preocupações das mulheres em cada igreja evangélica de sua cidade, não tenho dúvidas do que estaria no topo da lista ou próximo ao topo. Frequentemente, ao aconselhar casais, os pastores escutam: “Gostaria que meu marido se tornasse o líder espiritual de nossa casa”.
Infelizmente, quando as esposas dizem tal coisa, os homens ouvem algo bem diferente do que elas realmente estão dizendo! Muitos homens presumem que sua esposa espera que eles se tornem a quarta pessoa da Trindade. Muitos homens imaginam que a esposa cristã não ficaria satisfeita com nada menos que o apóstolo Paulo. E devido aos homens saberem que nunca estarão à altura da Trindade ou do apostolado, muitas vezes acabam desistindo e não tentam, de forma alguma, liderar seu lar. Contudo, não podemos nos utilizar disso como pretexto, lembre-se de que somos designados por Deus como líderes de nosso lar; a esposa, com razão, deseja que assumamos esta responsabilidade.
A esposa quer ser liderada por seu marido porque Deus a designou para ser liderada. Embora a mulher em nada seja inferior ao homem. Deus estabeleceu papéis distintos para ambos. Em Gênesis 2.18. Deus relata a origem do matrimônio: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Deus fez Eva sob medida para ser auxiliadora de Adão.
É possível pendurar quadros na parede usando uma chave inglesa, mas um martelo faz o trabalho muito melhor. Sabemos que ferramentas funcionam melhor quando desempenham a função para a qual foram criadas. Infelizmente, muitas mulheres são obrigadas a tomarem a liderança nas coisas espirituais porque o “Sr. Martelo” está inerte na frente da TV! Por conseguinte, tanto maridos como esposas serão mais bem-sucedidos quando exercerem os papéis que receberam de Deus.
Finalmente, o fato de que o matrimônio representa a imagem de Cristo e da igreja mostra a importância de homens que lideram sua família. Deus diz que os casais, em seu proceder, representam o traço característico de como Jesus Cristo se relaciona com sua igreja. “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor: porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo. Como porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.22-25).
Você transmite a verdade de Cristo, se lidera sua esposa com amor, sacrifício e abnegação. Porém, se você é um egoísta incapacitado ou um ríspido ditador, está mentindo sobre Jesus diante do mundo que lhe observa. O pastor e escritor Douglas Wilson diz, apropriadamente: “Cada casamento, em cada lugar do mundo, é uma ilustração de Cristo e a igreja. Por causa do pecado e da rebeldia, muitas ilustrações são infamantes mentiras concernentes a Cristo. Mas um marido jamais deixa de falar sobre Cristo e a igreja. Se ele é obediente a Deus, está pregando a verdade: se ele não ama sua esposa, está proferindo apostasia e mentiras — mas. de qualquer forma, ele está sempre falando”.
Quão importante é a sua liderança espiritual? Ainda que não tenha de unir-se à Trindade ou tornar-se um apóstolo. Deus designou você como cristão para esta tarefa desafiadora. A boa noticia e que Deus suprirá graciosamente a Torça e habilidade que você precisa para realizar a tarefa. Deus não promete o carro do ano ou uma casa maior pela qual você possa estar orando, mas esteja certo de que Deus responderá suas preces por auxílio para ser o homem que Ele espera que você seja.
Ao considerar a seriedade de seu papel como homem, olhe para o Senhor Jesus. Ele é o perfeito modelo de liderança espiritual. Não há melhor exemplo de amor, serviço, responsabilidade, santidade e mansidão. Jesus mostra aos homens como serem fortes e temos ao mesmo tempo. Sua morte na cruz e ressurreição são também as razões indispensáveis para olharmos para Ele. Todos nós temos falhado, de muitas maneiras, em viver nosso ilustre chamado como líderes espirituais, mas Jesus é a fonte do perdão e da consciência límpida. Ao começar a entender e praticar os fundamentos da liderança espiritual, mantenha sempre os olhos fitos em Jesus, o líder perfeito.

A Inconveniência da Expressão Livre-Arbítrio


Graça Operante e Graça Cooperante e o Livre-Arbítrio.
Caso se admita isto, estará fora de questão que o livre-arbítrio não é bastante ao homem para as boas obras, a não ser que seja ajudado pela graça, e na verdade pela graça especial, graça esta de que os eleitos só são dotados mediante a regeneração.
Logo, deixo de levar em conta os fanáticos que bradam que a graça é distribuída a todos de modo igual e de forma indistinta. Isto, entretanto, ainda não está claro: se porventura o homem esteja de todo privado da capacidade de fazer o bem, ou tenha para isso alguma capacidade, ainda que diminuta e precária, que certamente nada possa de si, todavia, em auxiliando-a a graça, desempenhe também ela mesma sua função. Tendo em mira decidir isto, o Mestre das Sentenças ensina que nos é necessária dupla graça para que nos tornemos capazes para uma boa obra. A uma ele chama de graça operante, mercê da qual resulta que queiramos o bem eficazmente; cooperante, a outra, que acompanha a boa vontade, coadjuvando-a.

Nesta divisão desagrada-me isto: que, enquanto atribui à graça de Deus o eficaz desejo do bem, dá a entender que, já de sua própria natureza, de certo modo, ainda que ineficazmente, o homem deseja o bem. Assim Bernardo, asseverando que de fato a boa vontade é obra de Deus, no entanto concede isto ao homem: que ele deseja, de moto próprio, esta espécie de boa vontade. Isto, entretanto, está longe da mente de Agostinho, de
quem, todavia, Lombardo deseja parecer haver tomado essa distinção entre graça operante e graça cooperante.

No segundo membro desse binômio distincional ofende-me a ambigüidade, a qual tem gerado interpretação pervertida. Pois pensaram que cooperamos com a segunda dessas modalidades da graça de Deus, visto ser nosso direito ou de tornar inútil a primeira graça, rejeitando-a, ou de confirmá-la, seguindo-a obedientemente.

Isto o autor da obra A Vocação dos Gentios exprime desta forma: os que fazem uso do juízo da razão são livres para apartar-se da graça, de sorte a ser mérito o não haver-se apartado; e de sorte que, o que não se pode fazer, senão mediante a assistência do Espírito, se credita aos merecimentos daqueles de cuja vontade isto não pôde ser feito.

Pareceu-me bem abordar, de passagem, estes dois pontos, para que o leitor já veja quanto discordo dos escolásticos mais sóbrios. Ora, dos sofistas mais recentes difiro em extensão ainda maior, a saber, quanto estão distanciado da antigüidade. Como quer que seja, desta divisão, contudo, compreendemos em que medida eles têm conferido o livre-arbítrio ao homem. Pois Lombardo sentencia, afinal, que temos o livre-arbítrio não que, em relação ao bem e ao mal, estejamos capacitados para ou fazer ou pensar de modo igual, mas apenas que somos liberados de compulsão, liberdade que, segundo ele, não é impedida, ainda que sejamos depravados, e servos do pecado, e nada possamos senão pecar.

A Inconveniência da Expressão Livre-Arbítrio

Desse modo, pois, dir-se-á que o homem é dotado de livre-arbítrio: não porque tenha livre escolha do bem e do mal, igualmente; ao contrário, porque age mal por vontade, não por efeito de coação. Por certo que isto soa muito bem. Mas, a que servia etiquetar com título tão pomposo coisa de tão reduzida importância? Excelente liberdade, sem dúvida, seria se com efeito o homem não fosse compelido pelo pecado a servi-lo; se, no entanto, é ( – escravo por querer; escravo por vontade], de sorte que a vontade lhe é mantida amarrada pelas peias do pecado! Certamente que abomino (machías) – contendas de palavras - com as quais a Igreja em vão se afadiga, porém julgo ser religiosamente preciso evitar estas palavras que soam algo absurdo, principalmente quando induzem perniciosamente ao erro. Indago, porém, quão poucos são os que, em ouvindo atribuir-se livre-arbítrio ao homem, imediatamente não o concebam ser senhor tanto de sua mente quanto da vontade, tanto que possa de si mesmo vergar-se para uma e outra dessas duas partes?

Contudo, alguém dirá que é preciso afastar perigo desta natureza, se cuidadosamente o povo em geral for informado quanto ao exato sentido desta expressão. Na realidade, porém, como o coração humano propende espontaneamente para a falsidade, de uma palavrinha só o erro sorverá mais depressa do que faz extenso discurso em prol da verdade. Nesta própria expressão temos deste fato mais indisputável experiência do que seria de se almejar. Ora, enquanto se apega à etimologia do termo, deixada de lado aquela interpretação dos escritores antigos, quase toda a posteridade tem sido arrastada à ruinosa confiança pessoal.

Fonte: Josemar Bessa