sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pastores de si mesmos


Por André Santos
Infelizmente estamos mergulhados em uma crise de vocação ministerial sem fim. Ser pastor em uma sociedade como a nossa, não é uma tarefa fácil, bem da verdade que se tornou uma árdua tarefa. A nossa geração precisa ter consciência que os desafios que nos são propostos são particulares a nossa geração. Como disse o pastor Luiz Duarte: “Cada geração é responsável pela sua geração”.
Vivemos em dias desafiadores, dias de alta tecnologia, da velocidade de informações, da busca de soluções imediatas, dias onde “nada” é absoluto, mas tudo tem sido levado ao crivo do relativismo. Uma das coisas mais difíceis que há em nossos dias, é encontrar uma igreja autentica, sem o verniz da aparência por cima de um arcabouço cavo, oco. Os pastores sentem-se sem ânimos, vencidos pela modernidade das igrejas tecnológicas, pastores que outrora eram referencias para sua geração, são postos de canto em detrimento das inovações juvenis, alguns até irresponsáveis. Os dias em que vivemos são reflexos do século XXI, um século permeado de desafios.
No meio desses desafios surgem outros, como por exemplo, o de continuar sendo pastor, em uma sociedade que não tem como característica a busca pelo divino, em uma sociedade que é caracterizada pela busca da espiritualidade fora de Deus. A banalização e secularização do sagrado fazem com que as pessoas não valorizem o ministério como algo que acontece por vocação e sim por ambição. Ser pastor, não traz mais cunho de vocação, mas de uma oportunidade para sucesso e fama no meio “gospel”.
A maior desilusão é quando encontramos pastores que abdicaram da verdadeira vocação para com o rebanho de Deus, e passaram a apascentarem a si mesmos. Sim, pastores que fazem das igrejas extensão de si mesmos, onde o apascentar o rebanho de Deus, tornou-se secundário. Isso não é novo, na verdade é uma problemática antiga que contribuiu para o desmoronamento do sistema religioso de Israel, a voz de Deus pôde ser ouvida através do profeta Ezequiel no cativeiro Babilônico que disse: “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ez 34.2).
Nos tempos onde as crises alçavam altos picos, em um ambiente fértil que germinava nas pessoas a busca pelos seus próprios interesses, o profeta denúncia esse mesmo sentimento no coração dos pastores que haviam abandonado o rebanho e estavam apascentando a si mesmos.

Características dos pastores de si mesmos

O assunto não pode ser tratado de forma simplista, mesmo porque existem muitos pontos a serem considerados, porém, quero destacar aqui pelo menos quatro características que identificam pastores que inclinam-se a apascentar-se a si mesmos.

1. Se preocupam apenas com si mesmos. Existe uma linha muito tênue entre “cuida-te de ti mesmo” e apascentar a si mesmo. Porque a necessidade do cuidado pessoal para a vida é obrigação do obreiro, existem várias exortações bíblicas que nos apontam para esse cuidado, Paulo disse a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina...” (I Tm 4.16), porém, não podemos fazer uma coisa como desculpa para abandonar outra. Há pastores que se preocupam em engodarem-se as custas do rebanho, sem critério algum, causando estragos sem precedentes. É um fato muito triste ver como alguns rebanhos são subjugados e extorquidos, em lugares onde se mercadejam as bênçãos de Deus.
Ultimamente temos visto grandes exemplos através dos pastores midiáticos que tem explorado o rebanho de Cristo sem o mínimo de misericórdia, alimentando seus egos e seus projetos “megalomaníacos”.
2. Abandonam o rebanho. Uma das coisas mais tristes que há é ver como os rebanhos estão abandonados, perdidos e desorientados. Rebanhos sem pastores, rebanhos que são levados de um lado para o outro por ventos de doutrina, buscando algo que possa saciar sua alma, pois os pastores estão demasiadamente ocupados e não podem atendê-los. Jesus lamentou sobre a condição do rebanho de Israel que tinha uma religião bem resolvida e que gozava de certo status junto ao império, quando disse: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36).
Muitas pessoas literalmente abandonadas e aflitas. Muitas vezes, porque a ocupação que parece ser demasiada, nada mais é do que necessidade de parecer importante. Eugene Peterson diz o seguinte:

“Que maneira melhor do que ser ocupado? As horas incríveis, os horários cheios,
e as pesadas demandas no meu tempo provam para mim mesmo – e para todos que
observarem que sou importante”.2


O trabalho pastoral vai muito além dos cultos de domingos, as necessidades são alarmantes, urgentes e imediatas.

3. Usam o rebanho como meio para fins. O rebanho de Cristo é o fim em si mesmo, porque foi por pessoas de todas as tribos, raças e nações que Jesus morreu na cruz e não por projetos que aparentemente viabilizam o alcance de “almas”. Precisamos analisar com temor e tremor as palavras do apóstolo Pedro: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição [...]também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (II Pe 2.1,3). Infelizmente muitos pastores vêem o rebanho como clientes e não como ovelhas, pessoas que buscam O Caminho, e simplesmente, dissimulam a verdade. Uma ocasião um seminarista me perguntou qual era a diferença da administração de uma empresa para administração de uma igreja, e eu respondi com poucas palavras: - “Administrar uma empresa é ver as pessoas como um meio para se chegar a um fim, que é o lucro. E, administrar uma igreja é enxergar as pessoas como o fim em si mesmo”. Porque foi por nós que Jesus morreu. Por isso, devemos usar todas estruturas envolvidas para que vidas sejam alcançadas e trazidas aos pés do Bispo das nossas almas, Jesus.
4. Vivem do rebanho, mas não cuidam do rebanho. Muitos ainda esbarram em uma pergunta antiga: O pastor deve ser remunerado? Acredito que a Bíblia tenha respostas claras para essa questão e reforçando a idéia que sim (I Co 9; II Tm 2.6,7). Mas o fato é que, se vivem assalariados pela obra, devem viver para a obra. E que obra é essa? Cuidar verdadeiramente do rebanho. O Profeta Ezequiel novamente aparece no cenário com a exortação: “Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas” ( Ez 34.3).
Infelizmente há pastores que evocam para si direitos especiais, mas que por outro lado não cumprem com o dever, o de apascentar o rebanho de Deus.

Desenvolvendo a vocação com autenticidade


Em tempos assim, é difícil de se identificar qual o modelo de pastor a seguir. Falta-nos referenciais e exemplos a serem seguidos. Pois, hoje, é preciso uma renovação de entendimento para que venhamos a sair da masmorra secularizada em que está mergulhada a nossa geração. Como superar esse momento e reformular em algum nível, alguns modelos pastorais existentes em nossos dias? Como pregando a outros, nós mesmos não venhamos ser reprovados no exercício pastoral?
Em primeiro lugar, é necessário ter em mente que o rebanho é de Cristo. Há uma certa tendência dos pastores sentirem-se donos dos rebanhos, e querer usufruir desse direito para fazer o que bem entender. O escritor Colin S. Smith diz o seguinte:

“...O uso do nome de Deus por líderes espirituais com o intuito de confirmar as
próprias idéias é pura exploração e torna-se uma forma de chantagem espiritual.
É uma ofensa contra Deus e um pecado que ele não considera superficial” .


Essa é uma tendência que escamoteia o rebanho e leva apodera-se do mesmo. Porém, quando lembramos a nós mesmos que o rebanho é de Cristo, a noção muda, o ministério e a vocação tomam outro significado. O apóstolo Pedro diz: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (I Pe 5.2,3). O rebanho foi confiado pelo próprio Jesus Cristo, e jamais podemos querer apropriar-nos dele. Cristo é o Bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Nós podemos construir a infra-estrutura, mas as pessoas, continuam sendo do “...Bispo e Pastor das vossas almas” ( I Pe 2.25).
Em segundo lugar, é preciso desenvolver a chamada por vocação. Poucos pastores têm a certeza da vocação. Muitos foram lançados na arena e deixados ao leu, sem estrutura ou convicção da própria chamada. Outros são abandonados à própria sorte, tendo que lutar, muitas vezes sozinho com dificuldades existenciais esmagadoras. Infelizmente tem crescido o número de pastores que cometem suicídio e que tem desistido de tudo, do chamado e até mesmo da vida. O apóstolo Paulo sabia que para pregar o Evangelho de Cristo e pastorear o rebanho de Deus, tinha que ser vocacionado, e por isso, afirmou dizendo: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20.24).
O apóstolo Pedro parou de hesitar em seguir a Jesus e entender qual era sua vocação, não apenas depois do Pentecostes, mas depois que Jesus mirou os seus olhos, e lhe pediu a maior prova de amor que ele poderia demonstrar que era: “apascentando o seu rebanho” (Jo 21.15-17). Um chamado à vocação.
A vocação para o ministério não envolve fracasso profissional em dimensões seculares, projeção publica através do ministério e do rebanho. Não! Mas sim, uma vida de entrega a Jesus, tendo plena convicção que o seu chamado não foi dado pelos homens e sim pelo próprio Jesus, que deu uns também para pastores “...tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4.12). Tenha consciência que os profetas, apóstolos, bispos, presbíteros e pastores que a Bíblia Sagrada menciona, superaram os mais diversos obstáculos, porque eles sabiam em quem estavam crendo. Para eles, viver era atender a vocação que Deus os confiou, de maneira que de alguns deles, o escritor aos Hebreus confirma: “homens dos quais o mundo não era digno...” (Hb 11.38).
Em terceiro lugar, deve considerar que um dia será chamado à prestação de contas. Nenhum pastor pode ignorar essa verdade, seremos chamados à prestação de contas do rebanho que nos foi confiado. O escritor aos Hebreus diz: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”. (Hb 13.17). Já vi muitos pastores fazendo menção desse versículo apenas para exigir submissão e obediência, porém, esquecendo-se que, não passa desapercebido o texto que diz: “...como quem deve prestar contas...”. Essa é uma responsabilidade unânime no ministério pastoral, e que deve ser encarada com zelo e com amor. Foi com essa consciência que o apóstolo Paulo afirmou para os Tessalonicenses que tinha agido como uma mãe e como um pai com a igreja (I Ts 2.7,11).
Por último, é preciso dessecularizar o ministério pastoral. Todos nós sabemos que o ministério pastoral é um oficio espiritual, mas nesse mundo secularizado de hoje, onde muitas pessoas não conseguem enxergar além de uma visão materialista e ultrajante em todas as dimensões, precisamos lembrar que o mesmo Jesus que nos chamou para apascentar, nos chamou para o fazer por uma dádiva espiritual e não secularizada. Todos os instrumentos que utilizamos para o progresso do Evangelho são de grande importância, mas nada pode substituir a cruz de Cristo, de onde vem toda fonte de amor, dedicação sacrificial, entrega e devoção à chamada para apascentar. Precisamos de pastores que realmente conheçam o coração de Deus, como diz a Bíblia Sagrada: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jr 3.15).
Pastores estereotipados de "executivos" e de “super ungidos” são desnecessários para o rebanho. Um pastor precisa ser gente como seu rebanho, no mesmo arquétipo do próprio Cristo, vivendo como nós, passando a ser um de nós, sem negar a sua essência humana. Já ouvi de pastores que não se misturam com seus rebanhos para não parecer um deles. Isso é um fracasso no ministério pastoral, porque nenhuma liderança que é imposta por ostentação, por falsa impressão será valorizada. Podem até lhe aplaudir, mas no fundo saberão, que não passa de elucubrações humanas.
Que a chamada pastoral seja mais valorizada e que possamos nos aventurar em caminhar nos dedicando à fundo na chamada e na vocação que o Senhor nos tem confiado, atendendo a vocação de apascentar o rebanho de Deus e alcançando respeito diante dos homens como afirmou o apóstolo Paulo: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Co 4.1).

Paz seja convosco!

Pela Hipocrisia falam Mentiras


Por João Calvino
Não fica muito claro se Paulo está falando dos mestres ou dos ouvintes, mas prefiro tomá-lo como uma aplicação aos últimos, visto que prossegue tratando dos mestres quando os chama de espíritos sedutores. É mais enfático dizer que não só haverá quem divulgue os ensinos ímpios e corrompa a pureza da fé, mas também dizer que não faltarão alunos que sejam atraídos para suas seitas. E quando uma mentira aumenta sua influência, ela avoluma as dificuldades. Mas ele não está falando de um erro trivial, e, sim, de um mal terrível, a apostasia da fé, embora à primeira vista não pareceria ser tão mal assim à luz do ensino que ele menciona. Pois como é possível ser a fé completamente subvertida pela proibição de certos alimentos ou do matrimônio?
Devemos, porém, levar em conta uma razão mais ampla, ou seja, que aqui os homens estão inventando um culto divino pervertido para a satisfação de seu ego; e ao ousarem proibir o uso de coisas saudáveis que Deus permitiu, estão alegando que são os mestres de suas próprias consciências. E tão logo a pureza do culto é pervertida, não permanece nada íntegro e saudável, e a fé é completamente subvertida. Por isso, ainda que os papistas debochem de nós, ao criticarmos suas leis tirânicas acerca de observâncias externas, temos consciência de que estamos lidando com um assunto seríssimo e importantíssimo; porque, assim que o culto divino é contaminado com tais corrupções, a doutrina da fé é também subvertida. A controvérsia não é acerca de carne e peixe, ou acerca das cores preto ou cinza, acerca de quarta-feira ou sexta-feira, e, sim, acerca das más superstições dos homens que desejam obter o favor divino por meio de tais futilidades e pela invenção de um culto carnal, fabricando para si ídolos no lugar de Deus. Quem ousaria negar que fazer isso é apostatar da fé?
Espíritos sedutores. Ele está se referindo a profetas ou mestres, aplicando-lhes esse título porque se vangloriavam de possuir o Espírito, e ao procederem assim estavam causando impressão sobre o povo. Em geral, é deveras verdade que todas as classes de pessoas falam da inspiração de uni espírito, mas não o mesmo espírito que inspira a todos. Pois às vezes Satanás passa por espírito mentiroso na boca dos falsos profetas, com o fim de iludir os incrédulos que merecem ser enganados [1 Rs 22.21-23]. Mas todos quantos atribuem a Cristo a devida honra falam pelo Espírito de Deus, no dizer de Paulo [1 Co 12.3]. Esse modo de expressar-se teve sua origem na reivindicação feita pelos servos de Deus, a saber, que todos os seus pronun¬ciamentos públicos lhes vieram por revelação do Espírito; e, visto que eram os instrumentos do Espírito, lhes foi atribuído o nome do Espírito. Mais tarde, porém, os ministros de Satanás, através de uma falsa imitação, como fazem os símios, começaram a fazer a mesma reivindicação em seu favor, e da mesma forma falsamente assumiram o mesmo nome. Eis a razão por que João diz: "provai os espíritos, se realmente procedem de Deus" [1 Jo4.1].
Além do mais, Paulo explica o que quis dizer, acrescentando: e doutrinas de demônios, o que eqüivale dizer: "atentando para os falsos profetas e suas doutrinas diabólicas". Uma vez mais digamos que isso não constitui um erro de somenos importância ou algo que deva ser dissimulado, quando as consciências dos homens são constrangidas por invenções humanas, ao mesmo tempo que o culto divino é pervertido.
Pela hipocrisia, falam mentiras. Se esta frase for considerada como uma referência aos demônios, então falar mentiras será uma referência aos seres humanos que falam falsamente pela inspiração do diabo. Mas é possível substituí-la por: "através da hipocrisia dos homens que falam mentiras". Evocando um exemplo particular, ele diz que falam mentiras hipocritamente, e são marcados com ferretes em sua consciência. E devemos observar que essas duas coisas se relacionam intimamente, e que a primeira flui da segunda. As más consciências que são marcadas com o ferrete de seus maus feitos lançam mão da hipocrisia como um refúgio seguro, a saber, engendram pretensões hipócritas com o fim de embaralhar os olhos de Deus. Aliás, esse é o mesmo expediente usado por aqueles que tentam agradar a Deus com ilusórias observâncias externas.
E assim, a palavra hipocrisia deve ser entendida em relação ao presente contexto. Ela deve ser considerada primeiramente em relação à doutrina, e significando que gênero de doutrina é esse que substitui o culto espiritual de Deus por gesticulações corporais, e assim adultera sua genuína pureza, e então inclui todos os métodos inventados pelos homens para apaziguar a Deus ou obter seu favor. Seu significado pode ser assim sumariado: em primeiro lugar, que todos os que introduzem uma santidade forjada estão agindo em imitação ao diabo, porquanto Deus jamais é adorado corretamente através de meros ritos externos. Os verdadeiros adoradores "o adorarão em espírito e em verdade" [Jo 4.24]. E, em segundo lugar, que esse culto externo é uma medicina inútil por meio da qual os hipócritas tentam mitigar suas dores, ou, melhor, um curativo sob o qual as más consciências ocultam suas feridas sem qualquer valia, a não ser para agravar ainda mais sua própria ruína.