terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Deus – versão 2.0

As pessoas têm procurado um Deus que atenda às suas demandas em vez de
buscar a razão de suas vidas em Deus.
Creio que o Deus morto por Nietszche foi agora ressuscitado, numa versão mais sofisticada ao sabor da terceira modernidade. Esta tentativa vem desde a primeira modernidade, no Éden, após a queda de Adão, quando ele quis ser como Deus declarando a sua independência em busca de sua autonomia.
Nova tentativa de um upgrade de Deus foi feita na segunda modernidade iniciada por volta da época cartesiana, lançando-se o homem como fonte da verdade científica. Período chamado simplesmente de Modernidade.
Em todas estas versões há uma transposição em que o homem busca ser o seu próprio Deus. Nesta última versão, o Homem-Deus já não usa mais a capacidade da independência de escolha (Éden – primeira modernidade) ou a razão como sua garantia de afirmar a verdade por si (a chamada modernidade), mas a sua natureza mais primitiva (cérebro reptiliano) como fonte de verdade ética e moral.
A sua vontade de potência (Nietszche, sua índole ou seus instintos (em termos ontológicos e não psicanalíticos) é que determinam as suas decisões.
É uma ética irresistível representada em frases como “porque quando você se dá conta já rolou” ou como na música popular intitulada “Deixa a vida me levar” que diz “fiz o que estava a fim de fazer … meu coração mandou … eu fiz”, ou ainda “o meu coração está em paz…”.
As pessoas têm procurado um Deus que atenda às suas demandas em vez de buscar a razão de suas vidas em Deus. Nesta versão, Deus deixa de ser Deus e passa a ser uma espécie de súdito ou gênio da garrafa que deve atender aos desejos infinitos das pessoas, que se tornaram o próprio Deus. Vemos isso também na Teologia da Prosperidade.
Parece-me que nem a adoração contemporânea escapa disso, com a ênfase na transcendentalidade como que numa espécie de “yoga gospel” em que as sensações místicas subjetivas são as únicas válidas.
É preciso considerar que o homem não foi criado para ser Deus, mas para ser simplesmente homem. Se continuarmos avaliando o que é ser homem à luz do paradigma da modernidade ou pós-modernidade (terceiro Éden), não compreenderemos o real sentido da vida. Neo, no filme Matrix, negou a sua suposta liberdade tomando a pílula vermelha e achou a realidade. Nós precisamos negar a nossa suposta liberdade, voltando ao estado edênico, aí encontraremos a verdadeira liberdade para qual fomos criados. É o paradoxo do Cristianismo – o negar-se a si mesmo e caminhar em direção à ressurreição a uma nova vida (Lc 9.23; Rm 6).
A nossa vida só tem sentido em Deus, versão única e completa, nós só precisaremos, então, sermos humanos, simplesmente isso. Humano, simplesmente humano!

A Vida Cristã Não é Feita de Eventos

Olhando para trás, compreendo que meu estágio [na igreja local] não foi apenas um treinamento para o ministério. Foi um treinamento no entendimento do que é a vida da igreja. Em muitas maneiras, foi uma experiência árdua. Aprendi que a vida em uma igreja local não era, de modo algum, como uma conferência.
Nas conferências, era relativamente fácil ir a uma cidade num fim de semana, parecer impressionante às pessoas que não me conheciam e parecer bom quando ensinava uma mensagem que havia apresentado centenas de vezes. Ser um pastor em uma igreja local era totalmente diferente. Não parecia impressionante, quando as pessoas me viam diariamente. Não bastava eu ter algumas poucas mensagens inspiradoras. Eu precisava estudar a Palavra de Deus e ajudar as pessoas a aplicarem-na às situações da vida real. Tinha de aprender como a morte e a ressurreição de Jesus faziam a diferença nos vales de sofrimento sombrios – coisas que eu não tinha encarado quando ia de uma cidade para outra realizando conferências.
A vida na igreja local é muito mais difícil e menos glamorosa. Entretanto, é mais prazerosa e mais recompensadora do que qualquer coisa de que tenho participado. Vi o evangelho mudando pessoas. Não somente lágrimas e promessas de mudança nas respostas aos apelos ao final de cultos, mas também mudança verdadeira e permanente em pessoas e famílias. Vi o corpo de Cristo vivendo, respirando e agindo. Vi o amor de Jesus tornado real à medida que os membros choraram uns com os outros devido à morte de uma criança, socorreram uns aos outros em tempos de necessidade, encorajaram uns aos outros em tempos de tentação e dúvida. Como diz um antigo ditado, a igreja não é um edifício ou uma reunião – é um povo. Mas você nunca consegue ver isso se o seu envolvimento limita-se às reuniões em um prédio. A verdadeira beleza de pessoas sendo uma igreja só é vista quando você permanece por tempo suficiente para vê-los amando e servindo uns aos outros.