terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Eu sou ungido, e muito mais do que você

Tem uma galera por aí que anda se escondendo atrás do título de “ungido do Senhor”. Não pode ser contestado, não pode ser contrariado senão fica roxo e etc… Deveriam ser chamados “mimadinhos do Senhor”.
Respeito e autoridade não se conquistam por meio da imposição de um título, mas emergem do coração de Deus para a vida de alguém que está disposto a não fazer de um rebanho um grupo de clones. Homens como Davi, por exemplo, que era falho, mas que tinha uma capacidade absurda de arrepender-se, Moisés, que foi o mais manso dos homens e chegou a arriscar sua própria salvação para proteger um povo.
Sinceramente, ungido é quem recebe a unção, e com disse uma vez o Rev. Antonio Elias, “unção é assim: Uns-são e outros não são”. Então pra fechar uma tiradinha estilo Maguila: “Quem é, é… quem não é, não é”. Fecha a conta e passa a régua!
E no mais, tudo na mais santa paz!

Cristãos críticos que criticam cristãos críticos (Festival Promessas)

Por Mauricio Zágari
O polêmico Festival Promessas, que levou alguns artistas gospel à telinha da Globo, causou um grande debate entre três segmentos de cristãos: os que viram nisso uma grande coisa, aqueles que consideraram o evento irrelevante e os que viram no programa um mal. A despeito da posição de cada um sobre o show, um aspecto do debate entre os prós e os contras chamou atenção: a questão da CRÍTICA.
Uma das principais críticas dos que criticaram quem criticou o espetáculo da Globo é que os críticos…foram críticos. Ou seja: para defender seu ponto de vista são incontáveis os cristãos que adotaram discursos na linha “tem gente que só critica e não faz nada” ou “como pode alguém criticar quem está fazendo algo?” e por aí vai. Diante disso, surgem diversas perguntas: qual deve ser a relação entre o cristão e a critica? De fato quem critica não faz nada? É pecado criticar? Criticar é murmurar? Criticar representa rebeldia? Crítica é algo diabólico? Enfim, há um rosário de assuntos que podem ser debatidos sobre o tema. Mas eu pretendo mostrar até o fim deste texto que se criticar fosse um grande mal, o próprio Deus Pai, Jesus, os apóstolos, a Igreja primitiva, os reformadores e outros cristãos sérios seriam, imagine você, seres malignos. O que simplesmente não é verdade.

Esse ensinamento de que a crítica é algo ruim vem sendo ensinado aos evangélicos que não têm senso crítico por alguns pastores que… não querem ser criticados. Um exemplo famosíssimo (a gravação está no Youtube, para quem quiser ouvir) é o de um conhecido telepastor, dono de uma editora e outras mídias, que prega a Teologia da Prosperidade e lançou uma campanha para arrecadar milhões do povo prometendo “unção financeira” a quem doasse dinheiro a sua organização – dinheiro que, até onde foi divulgado, serviu para ele comprar um jato particular. Na gravação, esse empresário-pregador solta essa pérola: “Quem critica não faz nada. Você conhece alguma obra de crítico? Você conhece alguma coisa que crítico construiu? Geralmente crítico é um recalcado que tem dor de cotovelo do sucesso dos outros”.
Quando um homem influente como esse lança esse tipo de discurso ao cristão que não tem muita capacidade de discernimento, a ideia soa como sendo uma verdade quase bíblica. Por exemplo: depois que publiquei no APENAS semana passada o post Festival Promessas e a guerra de opiniões e fui atacado por todos os lados por muitos críticos ao que escrevi (como mostrei no post seguinte, Festival Promessas: um raio-x da igreja brasileira), li nos comentários do blog mais pérolas que versavam sobre o fato de alguém criticar outro. Só que, desta vez, vindas de irmãos que apoiam o evento da TV Globo. Pérolas como estas:

“Realmente vivemos em um mundo onde os críticos cristãos também querem se engradecer por isso utilizam das críticas para fazerem seu nome.”

“é complicado,,tem pessoas que não tem,a vontade de realizar ,um culto de rua,e quando outros pracura fazer alguma coisa ,só sóbra criticas,,,faiz alguma coisa ,não perde tempo criticando“

“Essa galera não faz nada pra anunciar o evangelho e critica quem faz”.

“Que lamentável essa sua posição! Você, ainda, tem coragem de criticar os irmãos que se ofenderam uns aos outros por causa disso?”

“É mais facil criticar e desqualificar os que o fazem”.

“Reclamava-se tanto que sempre a Globo ou outras emissoras não davam espaço para o Evangelho e quando se chega lá ainda criticam??”

“CRITICAR ISSU É REDUNDANTE E HIPÓCRITA.”

“INFELIZMENTE TIVE O DESPRAZER DE CONHECER ESTE BLOG, É MAIS UM DE MUITOS, DOS CRITICOS DA IGREJA, –QUE FICARÃO — CRITICANDO, ENQUANTO JESUS SOBE COM A SUA NOIVA.”

“Prefiro ir e dar de graça o que recebi a permanecer sentado criticando quem realmente está fazendo a obra de Deus.”

“OS VERDADEIROS CRISTÃOS ESTÃO NAS RUAS (…) NÃO PERDENDO TEMPO EM ESTATOS E EM CRÍTICAS“.

“O tempo que você perde criticando, é o mesmo que poderia estar edificando”.

Chamam especial atenção as duas últimas frases, pois a penúltima dá a entender que criticar é perda de tempo e a última desassocia a crítica à edificação, como se fossem antagônicas. O que é interessante nesse debate é que a “famigerada” crítica é apontada como algo menor, pecaminoso, diabólico; e os críticos, naturalmente, só podem ser pessoas mal-intencionadas, frustradas, “recalcadas”, que não ajudam em nada. O tom dos comentários deixa claro que, aos olhos de muitos, ser crítico, ou seja, ter senso crítico no universo cristão, é desqualificador, sintoma de inveja, de apatia, de inoperância ou de qualquer coisa do gênero. Quando, em sua raiz etimológica, criticar significa uma atitude nobre: pelo dicionário, “criticar” significa “analisar, fazer uma apreciação”, “examinar com atenção”).
Aliás, se minha Bíblia não estiver errada, “examinar com atenção” (sinônimo, segundo o dicioário, de “criticar”) é exatamente o que os crentes de Bereia faziam e que lhes mereceu o seguinte elogio de Lucas em Atos 17.11: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo“. Sim, os bereanos foram chamados de “nobres” por serem muito críticos. Que coisa…