segunda-feira, 30 de julho de 2012

Discernindo o mundanismo

Qual é a diferença entre essas duas afirmações? 
Não cometa adultério. 
Não seja mundano


A primeira afirmação é objetiva e pode ser definida de forma objetiva. A segunda não pode. Porém, as duas são requerimentos das Escrituras para nós. Como seremos submissos à vontade de Deus quando temos problemas para discernir Seus vários requerimentos? Devemos pensar cuidadosamente sobre o que Ele nos falou para fazermos. Quando alguém cobiça internamente outra pessoa que não seja seu cônjuge, ela comete adultério. Dadas algumas circunstâncias, essa cobiça se manifestará no adultério em si. A Palavra de Deus é muito clara quanto à proibição do adultério, tanto interno, quanto externo. Consequentemente, saber se o adultério ocorreu não requer discernimento. Requer apenas os fatos. A Palavra de Deus proíbe dormir com a mulher de outro homem. Se um indivíduo dormir com a mulher do outro, então ocorreu adultério. Quando a concupiscência chega a adultério, se torna nítido que a vontade de Deus foi violada. Mas quando alguém tem um coração mundano, que tipo de comportamento resultará disso? A resposta é: qualquer forma de comportamento imaginável. Consequentemente, mundanismo não pode ser definido, mas deve ser discernido. Essa é uma estrada com valas dos dois lados, e os cristãos erraram em ambas direções. Alguns cristãos perceberam que o mundanismo não pode ser definido. Mas a reação deles quanto a essa verdade é assumir que nada pode ser feito em relação ao mundanismo e que qualquer tentativa de fazer algo é “legalismo”. Isso é negligência com o que Deus disse explicitamente para fazermos: “Não amar o mundo…” Outros cristãos, zelosos pelo bem, tentaram fazer algo acerca do mundanismo, definindo-o e depois banindo qualquer manifestação dele, colocando-o sob proibição. As definições, entretanto, são necessariamente inadequadas, e logo o mundanismo aparece novamente e todas as regras bem intencionadas levam cativos consigo. O primeiro grupo de cristãos é levado por qualquer moda que o mundo inventa. O lema desse grupo parece ser um desafio lançado para o mundo: “Tudo o que vocês fazem, nós podemos fazer pior”. Pense em qualquer coisa e os cristãos a fazem colocando um versículo bíblico aonde for possível. Quer uma lista? Rock, atividade aeróbica, dieta, estilos de corte de cabelo, maquiagem, psicologia de autoajuda, e assim por diante, ad nauseam. Essas são áreas nas quais o mundanismo pode ser discernido; eles não são representantes de nenhuma tentativa da minha parte de formular uma nova lista. Você pode fazer dieta sem ser mundano, e eu estou ouvindo rock enquanto escrevo isso aqui. Mas não se pode negar que tais atividades (e muitas outras) estão saturadas de mundanismo. Os cristãos que estão na outra vala veem o problema e criam novas leis. Mas essas leis são, na melhor das hipóteses, ineficazes e, na pior, legalistas. É mundano ir ao cinema? Sim. Então ir ao cinema vai para a lista, e falam para os membros da igreja que eles não podem ir. O resultado? Eles assistem filmes no videocassete. O legalismo ocorre quando as pessoas pensam que a santificação delas consiste em não fazer algumas coisas. Um legalista pode tentar ser consistente em seu comportamento exterior (usando um vídeo cassete), mas ele continua sem saber qual é a essência da piedade. Qual é a solução para esse dilema? O mundanismo não pode ser permitido na igreja, e não pode ser tratado eficazmente por meio de regras. O mundanismo só pode ser erradicado por meio do discernimento de homens e mulheres de Deus. Quando eles enxergarem o mundanismo, eles devem falar. Mas, certamente, essa sinceridade os colocará em uma posição estranha. Que tipo de pessoa é confiável para lidar com mundanismo? O autor de Hebreus menciona características de maturidade durante uma discussão sobre diferentes níveis de discipulado. Ele diz: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb 5.14). Note que o adulto tem o discernimento entre bem e mal que somente pode ser adquirido “pela prática”. Em outras palavras, um novo cristão seria incapaz de fazer esse julgamento. Mas esse não é o caso em relação ao comportamento que é claramente proibido nas Escrituras. A Bíblia proíbe assassinato, adultério, roubo, etc. Todos os cristãos entendem que essas coisas são erradas, e esse entendimento não requer discernimento. Porém, existem áreas que, claramente, os cristãos imaturos precisam do discernimento de seus irmãos e irmãs mais maduros. Os problemas surgem, no entanto, quando os cristãos foram ensinados a olhar para qualquer aplicação extrabíblica de princípios bíblicos como legalismo. “O que você quer dizer com ‘eu não deveria estar vestindo isso’?”, “Aonde está isso na Bíblia?”. Esse equívoco é ainda mais provável porque realmente existe muito legalismo.

domingo, 29 de julho de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pastor não é Palhaço! – A necessidade da Reforma dos Púlpitos brasileiros

Sem sombra de dúvida, a Reforma Protestante do século XVI foi o maior reavivamento produzido pelo Espírito Santo em toda a história da Igreja de Cristo. Tudo começou pelo resgate da genuína pregação. Naqueles dias, poucos pregavam com fidelidade as Escrituras. Os sacerdotes, a maioria ignorantes, mal sabiam ler e escrever. No máximo decoravam a missa em latim. O povo, mergulhado em profundas trevas espirituais cegamente seguia o entretenimento supersticioso e idólatra do clero. Quando Martinho Lutero, Ulrich Zwingli, João Calvino, John Knox e outros pastores começaram a pregar novamente a Palavra de Cristo, o povo que andava em trevas contemplou mais uma vez o brilho da luz. O Senhor promoveu um grande despertamento espiritual na Europa, levando países inteiros a abraçarem o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. A máxima protestante “Igreja Reformada, Sempre Reformando”, ainda hoje nos ensina que a verdadeira reforma consiste em sempre reavaliarmos a nossa fé e prática segundo os padrões estabelecidos pelas Escrituras. A nossa consciência, como disse Lutero, deve estar cativa à Palavra de Deus. A nossa pregação precisa ser clara e objetiva. Seu conteúdo: Jesus Cristo, e este crucificado (1 Co 2). Não há lugar para brincadeiras quando proclamamos o Reino de Deus. Hermisten Maia falando sobre isso usou a seguinte ilustração: “Imagine um jovem entre muitos outros, ansiosamente procurando seu nome na lista afixada na parede da universidade. Ele busca saber se foi aprovado ou não no vestibular. De repente, surge um amigo com um sorriso largo no rosto e com braços abertos dizendo: – Você conseguiu! Você foi aprovado! O jovem começa a gritar e pular de alegria, dá um abraço apertado naquele amigo, ri, chora, comemora… Contudo, em meio a toda aquela euforia, seu ‘amigo’ diz: – É tudo brincadeira, não passou de uma piada; seu nome não consta entre os aprovados”. Como você reagiria a essa situação se fosse o vestibulando? Se você corretamente não admite brincadeiras com coisas sérias, será que o Evangelho, que envolve vida e morte eternas seria passível de brincadeiras, de gracinhas ou palhaçadas? Da mesma forma, hoje muitos pregadores estão apresentando uma mensagem incompreensível à Igreja. Os crentes se acostumaram a ouvir o seu pastor brincar tanto com assuntos sérios, que não conseguem descobrir o temor e tremor do Senhor em suas brincadeiras. Eles sobem ao púlpito e pensam que estão no picadeiro, alguns até mesmo vestidos de palhaço! Os palhaços “pregadores” afirmam que nós é que confundimos “expor a Bíblia com seriedade” com “expor a Bíblia sério”. Argumentam que Jesus usava muito humor para pregar e que a chave hermenêutica para compreendermos as parábolas de Jesus é o humor. Sinceramente, eu não consigo enxergar nenhum pingo de humor quando Jesus fala sobre o Dia do Juízo, onde separará ovelhas de bodes, lançando estes no inferno. Não dá para rir! O resultado trágico dessa esdrúxula metamorfose é que o povo de Deus, por não perceber a diferença entre o palhaço e profeta, aprova este comportamento absurdo e pecaminoso por meio de aplausos e boas gargalhadas. O desaparecimento da verdadeira pregação é sempre um grave sintoma de que púlpitos estão vazios. Percebemos mais uma vez o entretenimento substituindo o verdadeiro papel do profeta. Não é de se estranhar a resistência por parte de muitos em ouvir e atender a mensagem da cruz. Como falar do pecado, ira de Deus, morte, inferno, arrependimento, cruz, salvação e sacrifício de modo divertido? Tem muitos pastores vestidos de palhaço afirmando: “Sim, isso é possível”. Eles têm envolvido as nossas crianças e a nossa juventude com essa maneira engraçada de pregar. Onde isso vai parar? Precisamos urgentemente de uma reforma em nossos púlpitos! Kierkegaard conta que certa vez um circo se instalou próximo de uma cidadezinha dinamarquesa. Este circo pegou fogo. O dono do circo vendo o perigo do fogo se alastrar e atingir a cidade mandou o palhaço, que já estava vestido a caráter, pedir ajuda naquela cidade para apagar o fogo. Inútil foi todo o esforço do palhaço para convencer os seus ouvintes. Quanto mais ele gritava “O circo está pegando fogo!”, o povo ria e aplaudia o palhaço entendendo ser esta uma brilhante estratégia para fazê-los participar do espetáculo… Quanto mais o palhaço falava, gritava e chorava, insistindo em seu apelo, mais o povo ria e aplaudia… O fogo se propagou pelo campo seco, atingiu a cidade e esta foi destruída. Pastor não é palhaço, é profeta. Seu púlpito não é picadeiro, mas o lugar de onde ele proclama com autoridade a Palavra de Deus. Sua missão é pregar em alto e bom som, de forma pura e simples as Boas Novas do Evangelho e todas as suas implicações. O pastor não é um animador de auditório, nem um contador de piadas. Lugar de palhaço é no circo. Que Deus tenha misericórdia de nós, levantando novos reformadores! ***

quinta-feira, 26 de julho de 2012

6 Marcas de um Pastor Atemorizado Diante de Deus


Quais os sinais que se produzem no coração de um pastor atemorizado diante de Deus, que são vitais para um ministério eficaz, produtivo e que honra a Deus?

1. Humildade Não há nada que se compare ao estar indefeso diante da maravilhosa glória de Deus, para colocar-lhe em seu devido lugar, para corrigir a maneira com que você se vê pessoalmente, para arrancar-lhe da sua arrogância funcional, e para tirar-lhe o vento das velas da sua justiça própria. Diante de Sua glória, eu me sinto despido, sem qualquer glória que ainda possa restar-me a fim de que eu possa exibir-me diante de outros. Enquanto eu me compare com outros, poderei sempre encontrar outra pessoa cuja existência parece fazer-me, por comparação, mais justo. Mas se eu comparar meus panos imundos ao puro linho, eternamente sem manchas, da justiça de Deus, eu correria a esconder-me com um coração dilacerado e envergonhado. E isto foi o que aconteceu com Isaías no capítulo seis. Ele está diante do majestoso trono da glória de Deus e diz: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." (Isaías 6:5). Isaías não está falando aqui em termos de uma formal hipérbole religiosa. Ele não está buscando tornar-se agradável diante de Deus por mostrar-se "ó, tão humilde". Não; Isaías aprendeu que só à luz da colossal glória e santidade de Deus, é que você poderá ter uma visão exata e correta de si mesmo e entender a profunda necessidade de ser resgatado com o resgate que só a graça gloriosa de Deus poderá prover-lhe. Com o correr do tempo durante sua vida ministerial, muitos pastores chegam a se esquecerem de quem são eles. Têm uma visão inchada, destorcida, grandiosa de si mesmos, que os mantêm altamente inacessíveis, e que lhes permitem justificar seus pensamentos, seus desejos, as coisas que dizem, e a fazerem aquilo que, biblicamente, não é justificável fazer. Eu já "estive lá" e, de quando em quando, caio outra vez no mesmo erro. Em ocasiões como essas, eu tenho que ser resgatado de mim mesmo. Quando você está sobremodo maravilhado de si mesmo, você se posiciona para ser hipócrita, controlador, super confiante, e um autocrata eclesiástico extremamente crítico. Você, inadvertidamente, constrói um reino em cujo trono você mesmo se assenta, não importa o quanto afirme que tudo o que você faz, o faz para a glória de Deus.

 2. Sensibilidade A humildade, que só este sentir atemorizante de Deus pode produzir no meu coração, cria em mim, sensibilidade pastoral para com as pessoas que carecem da mesma graça. Ninguém pode compartilhar graça melhor do que aquele que está profundamente convencido de que ele mesmo necessita esta graça, e a recebe de Cristo. Esta sensibilidade me faz afável, gentil, paciente, compreensivo e esperançoso diante do pecado alheio, sem nunca comprometer o chamamento santo de Deus. Protege-me de estimativas como "... não acredito que você pudesse fazer uma coisa dessas!," o que, diga-se, me faz essencialmente diferente de todos os demais. É difícil apresentar o Evangelho a alguém, quando você está contemplando esse alguém, com superioridade. Confrontar os pecados dos outros com uma sensibilidade inspirada em meu assombro diante Deus, me livra de ser um agente de condenação, ou de esperar que a lei cumpra aquilo que somente a graça pode cumprir, e me motiva a ser um instrumento dessa graça.

 3. Paixão Não importa o que está funcionando, ou o que não está funcionando bem em meu ministério, não importa quais as dificuldades que eu esteja vivendo, ou tampouco importa as lutas pelas quais eu esteja passando, a influente glória de Deus me anima a levantar-me pela manhã e fazer aquilo para o qual fui dotado e chamado para fazer, e faze-lo com entusiasmo, coragem e confiança. Minha alegria não se deixa maniatar pelas circunstâncias ou pelos relacionamentos, e meu coração não é tomado por qualquer direção em que ditas circunstâncias e relacionamentos o queiram levar. Tenho toda razão para alegrar-me porque sou um filho escolhido, e um servo recrutado pelo Rei dos reis, e Senhor dos senhores, o grande Criador, o Salvador, e meu Chefe. Ele está sempre perto e é sempre fiel. Minha paixão pelo ministério não depende de como eu esteja sendo recebido. Minha paixão flui da realidade de que eu fui recebido por Ele. Não me entusiasmo porque as pessoas possam gostar de mim, mas porque Ele me tem aceitado e me tem enviado. Não estou apaixonado por meu ministério, por ser, o ministério, algo glorioso, mas sim porque Deus é eternamente e imutavelmente glorioso. Assim eu prego, ensino, aconselho, lidero e sirvo com uma paixão evangélica que inspire e acenda o mesmo sentir naqueles ao meu redor.

 4. Confiança Confiança - aquele sentimento de bem-estar e de capacitação, me vem de conhecer Aquele a quem sirvo. Ele é minha confiança e minha habilidade. Ele nunca irá chamar-me para uma tarefa para a qual não me tenha capacitado. Ele tem mais zelo pela saúde de sua igreja do que eu jamais poderia ter. Ninguém tem maior interesse no uso dos meus dons do que Aquele que me outorgou ditos dons. Ele está sempre presente e sempre de boa vontade. Ele é todo-poderoso e todo omnisciente. Ele é ilimitado em amor e glorioso em sua graça. Ele não muda; para sempre é fiel. Sua Palavra nunca cessará de ser a verdade. Seu poder para salvar nunca será exaurido. Seu governo nunca deixará de existir. Nunca será conquistado por algo maior do que Ele mesmo. Assim, eu posso fazer com confiança tudo o que Ele me chamou para fazer, não em virtude de quem eu seja, mas porque Ele é o meu Pai, e é glorioso em todos os aspectos, em todos o sentidos.

 5. Disciplina O ministério pastoral, nem sempre é glorioso. Muitas vezes as suas expectações ingénuas, são apenas isso – ingenuidade. E algumas vezes se levará mais do que um ministério de sucesso e a apreciação do povo para arrancar-lhe da cama e cumprir o seu chamado. Outras vezes você não verá muitos frutos como o resultado de seus esforços e tampouco terá muitas esperanças de uma colheita breve e abundante. Algumas vezes você se verá traído e se sentirá sozinho. Então, a sua disciplina precisa estar arraigada em alguma coisa mais profunda do que sua avaliação horizontal de como as coisas pareçam estar caminhando. Eu estou cada vez mais convencido, em minha própria vida, de que uma auto-disciplina robusta e firme, do tipo essencial para um ministério pastoral, está solidificada na adoração. A gloriosa existência de Deus, Seu caráter, Seu plano, Sua presença, Suas promessas e Sua graça, me fornecem a motivação para trabalhar com ardor e nunca desistir, sem importar-me se estamos vivendo sob um tempo de amenidade, ou se estamos sob uma época tempestuosa.

6. Repouso Finalmente, enquanto contemplo minha própria fraqueza e os distúrbios da igreja local, o que poderá trazer verdadeiro repouso ao meu coração? A Glória! Esta lhe dará repouso. É o conhecimento de que nada é tão difícil para o Deus a quem você serve. É a segurança de que todas as coisas são possíveis para Ele. É saber, como Abraão, que Aquele que fez todas aquelas promessas, é fiel para cumpri-las. Ainda que pareça haver múltiplas razões no nível horizontal para fazer-nos ansiosos, eu não permitirei que meu coração seja raptado por preocupação ou medo, porque o Deus de inestimável glória, que me tem enviado, Ele mesmo prometeu: "Eu serei contigo." Eu não tenho que fazer joguinhos mentais comigo mesmo. Eu não tenho que negar, nem minimizar a realidade a fim de que me sinta bem, porque Ele já tem invadido minha existência com Sua glória, e eu posso descansar até mesmo, e de certa forma, no conceito truncado do "já" e do "não ainda" cumprido e realizado. Recuperando nossa perplexidade diante de Deus Em conclusão, eu não tenho uma fórmula de estratégias para lhe oferecer. Mas lhe aconselho a correr agora, e correr rapidamente ao seu Pai de aterrorizante glória. Confesse a ofensa do seu tédio ministerial. Ore e peça por olhos abertos aos 360 graus, 24 horas por dia,

 7 dias por semana, para que você veja a exibição da glória à qual você tem estado cego. Determine-se dedicar uma porção de cada dia para meditar na glória de Deus. Clame, busque com vigor a ajuda de outros e lembre-se de estar agradecido por Jesus quem lhe oferece Sua graça, mesmo ainda naqueles momentos quando essa graça não é, nem no mínimo, gloriosamente valiosa para você como deveria ser.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

É Claro que Há Mitos na Bíblia!

Os liberais sempre estiveram certos. Há mitos na Bíblia. Mitos eram abundantes no mundo religioso do Antigo Oriente ao redor de Israel, bem como nas religiões à época da igreja apostólica do século I. Por conseguinte, os escritores bíblicos registraram vários deles em suas obras. No Antigo Testamento encontramos vários desses mitos. Há a crença dos cananeus de que existiam deuses chamados Astarote, Renfã, Dagom, Adrameleque, Nibaz, Asima, Nergal, Tartaque, Milcom, Astarote, Renfã e Baal. Sobre esse último, há o mito de que podia responder com fogo ao ser invocado por seus sacerdotes. Há também o mito egípcio de que o Nilo, o sol, e o próprio Faraó, eram divinos, o mito filisteu do deus-peixe Dagom e que o Deus de Israel precisava de uma oferta de hemorróidas e ratos de ouro para ser apaziguado. Para não falar do mito cananeu da Rainha dos Céus que exigia incenso e libações (bolos) dos adoradores (Jeremias 44.17-25). Um outro mito na Bíblia é que o sol, a lua e as estrelas eram deuses, mito esse que sempre foi popular entre os judeus e radicalmente combatido pelos profetas (2Reis 23.5,11; Ezequiel 8.16). O mito pagão de monstros e serpentes marinhas é mencionado por Jó, Salmos e Isaías, em contextos de luta contra o Deus de Israel, em que eles representam os poderes do mal, os povos inimigos de Israel (Jó 26.10-13; Sl 74.13-17; Is 27.1). A lista é enorme. Há muitos mitos desse tipo espalhados pelos livros do Antigo Testamento.
Os profetas, apóstolos e autores bíblicos se esforçaram por mostrar ao povo de Deus que os mitos eram conceitos humanos. Esforçaram-se por chamá-lo a se submeter à revelação do Deus que se manifestou poderosa e sobrenaturalmente na história. Eles sempre souberam a diferença entre os mitos e os atos salvadores de Deus na história. Por conseguinte, sempre estiveram empenhados em separar mitologia de história real e invenções humanas da revelação de divina. Foram os prioneiros da desmitologização. Elias desmitologizou Baal no alto do Carmelo. Moisés também desmitologizou o Nilo, o sol, e o próprio Faraó, provando pelas pragas que caíram sobre eles que a divindade deles era só mito mesmo. E quando ele queimou o bezerro de ouro e o reduziu a cinzas, desmitologizou a idéia de que foi o bovino dourado quem tirou o povo de Israel do Egito. O próprio Deus se encarregou de desmitologizar Dagom, deus-peixe dos filisteus, quando a imagem de Dagom caiu de bruços diante da Arca do Senhor e teve a cabeça cortada (1Sm 5.2-7). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo se refere por quatro vezes aos mythoi (grego). De acordo com o apóstolo, mitos são estórias profanas inventadas por velhas caducas (1Tim 4.7), que promovem controvérsias em vez da edificação do povo de Deus na fé (1Tm 1.4). Entre os próprios judeus havia muitas dessas fábulas, histórias fantasiosas (Tito 1.14). E já que as pessoas preferem os mitos à verdade (2Tm 4.4), Timóteo e Tito, a quem Paulo escreveu essas passagens, deveriam adverti-las contra os mitos. A advertência era necessária, pois os cristãos das igrejas sob a responsabilidade deles vinham de uma cultura permeada por mitos. O próprio Paulo se deparou várias vezes com esses mitos. Uma delas foi em Listra, quando a multidão o confundiu, juntamente com Silas, com os deuses do Olimpo e queria sacrificar-lhes (At 14.11). Outra vez foi em Éfeso, quando teve de enfrentar o mito local de que uma estátua da deusa Diana havia caído do céu, da parte de Júpiter, o chefe dos deuses (At 19.35). Em todas essas ocasiões, Paulo procurou afastar as pessoas dos mitos e trazê-las para a fé na ressurreição de Jesus Cristo. Quando Paulo escreveu aos romanos, um povo imerso em mitos religiosos, descreveu no capítulo primeiro de sua carta a origem das religiões humanas. Elas são criações humanas, oriundas da recusa do homem em aceitar a verdade de Deus. Ao rejeitar a revelação de Deus, os homens inventaram para si deuses e histórias sobre esses deuses, que são os mitos das religiões pagãs (Romanos 1.17—32). O apóstolo Pedro também estava perfeitamente consciente do que era um mito. Quando ele escreve aos seus leitores acerca da transfiguração e da ressurreição de Jesus Cristo, faz a cuidadosa distinção entre esses fatos que ele testificou pessoalmente e mythoi, “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1.16). Ele sabia que a história da ressurreição poderia ser confundida com um mito, algo inventado por ele mesmo ou pelos demais discípulos de Jesus [esse argumento permanece de pé, ainda que alguns neguem que Pedro seja o autor dessa carta]. Ao que parece, Paulo e Pedro, juntamente com os profetas e autores do Antigo Testamento, estavam perfeitamente conscientes da diferença entre uma história real e outra inventada. Dizer que os próprios autores bíblicos criaram mitos significa dizer que eles sabiam que estavam mentindo e enganando o povo com estórias espertamente inventadas por eles. Seus escritos mostram claramente que eles estavam conscientes da diferença entre uma história inventada e fatos reais. Através da história, os cristãos têm considerado o mito como algo a ser suplantado pela fé na revelação bíblica, que registra os poderosos atos de Deus na história. Equiparar as narrativas bíblicas aos mitos pagãos é validar a mentira e a falsidade em nome de Deus. É adotar uma mentalidade pagã e não cristã. Existe, naturalmente, uma diferença entre o mito e os contos que aparecem na Bíblia. Há várias histórias na Bíblia, criadas pelos autores bíblicos, que claramente nunca aconteceram. Contudo, elas nunca são apresentadas como história real, como fatos reais sobre os quais o povo de Deus deveria colocar sua fé, mas como comparações visando ilustrar determinados pontos de fé, ou linguagem figurada. São as parábolas, os contos, como aquela história do espinheiro falante contada por Jotão (Jz 9.7). Há também a poesia, onde se diz que as estrelas cantam de júbilo, que Deus cavalga querubins e viaja nas asas do vento. Os Salmos contém muito disso. Quando os neoliberais deixam de reconhecer a diferença entre mitos e gêneros literários que usam licença poética e linguagem figurada, fazem uma grande confusão. Eu disse que a atitude dos profetas, apóstolos e autores bíblicos em relação ao mito foi de desmitologização. Eu sei que dizer isso é anacrônico, pois foi somente no século passado que Rudolph Bultmann, autor do clássico Jesus Cristo e Mitologia, propôs seu famoso programa de desmitologização da Bíblia. Ele achava que havia mitos na Bíblia e que era preciso separá-los da verdade. Mas, antes dele, os próprios profetas, apóstolos e autores bíblicos já haviam manifestado essa preocupação. É claro que eles e Bultmann tinham conceitos diferentes. Mas, se ao final o mito é uma história de caráter religioso que não tem fundamentos na realidade, e que se destina a transmitir um conceito religioso, ele não é, de forma alguma, uma preocupação exclusiva de teólogos modernos. Ou seja, o programa de desmitologização começou muito antes de Bultmann, desde quando a Bíblia faz a separação entre mito e os atos salvadores de Deus na história e nos convida a crer nesses últimos de todo coração.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O “direito” do cristão à consciência política

As eleições municipais de 2012 se aproximam e, com elas, afloram em boa parte da população alguma forma de participação política, mesmo que seja apenas para dizer “todos são corruptos” e “não tem mais jeito”. 



Nesse sentido, devemos ter cuidado com as promessas de campanha, já que muitos prometem o que não podem realizar, até mesmo por não serem os competentes pela Constituição. É preciso, também, cuidado com a compra de votos: sacos de cimento, leito em hospital ou qualquer outra coisa pessoal. O verdadeiro político não cuida dos interesses particulares, mas de toda a população (res publicae). Ao invés de lhe dar cimento ou conseguir leito para seu parente que enfermou, será que o candidato tem propostas para a melhoria dos programas de moradia e saúde para todos?! Especificamente quanto aos evangélicos, engana-se aquele que ainda acredita no “voto de cabresto” dentro das igrejas, ou pelo menos da maioria delas. Imaginemos: se juntarmos as cinco principais igrejas/denominações das cidades de médio porte, que, sozinhas, possuem “voto” suficiente para eleger um candidato cada, teríamos pelo menos cinco evangélicos em todas as Câmaras Municipais, o que não acontece. Os membros, hoje, olham para o pastor como uma “autoridade espiritual”, e não como aquele capaz de determinar todas as atitudes do fiel. E, para uma consciência política efetiva, aconselho a todos os cristãos que leiam o Decálogo do Voto Ético da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), produzido durante as eleições presidenciais de 1998. Sobre essa consciência, Paul Freston já disse: “os evangélicos devem se envolver politicamente, não em nome de suas igrejas ou instituições, mas em grupos de pessoas que pensam politicamente de uma mesma forma, inspiradas pela sua compreensão da fé cristã. Trata-se de um projeto que inclui a abertura para o diálogo e para censuras proféticas”, que denunciem o Estado naquilo que contraria os princípios divinos. Assim, o cristão na política não pode se restringir a ser um mero “despachante” das igrejas. Se comportando como cristão verdadeiro, acabará por fazer transparecer seus valores éticos e morais, na imensa maioria das vezes resultantes de sua fé. Mesmo porque, ainda que o Evangelho se funde, essencialmente, em uma dimensão espiritual, é certo que as “boas obras” (e aqui incluo a implantação de “boas propostas políticas”) são um reflexo da salvação que temos, exclusivamente, por meio de Jesus Cristo. O político cristão, por isso, deve expor sua “plataforma” sem “apelar” para o “sou seu irmão”, mas, efetivamente, demonstrando suas intenções e projetos de forma clara e transparente. Mas o problema é que, infelizmente, a maioria dos candidatos, cristãos ou não, sequer possuem propostas para a melhoria da cidade e da vida dos cidadãos! Valorize sua liberdade de voto e não o negocie… sob pena de ficar mais quatro anos lamentando a situação de sua cidade.

GERAÇÃO DE DAVI? ORA, NÃO ME FAÇA RIR…

Geração de Davi? Geração de adoradores? Que nada! Estamos na geração Fast Food Gospel…. Pedro, não querem mais o puro leite! Paulo, não querem mais o alimento sólido! Querem só um McLanche Feliz e um brinquedo! O que quero dizer é que a geração de Davi existe. A geração de adoradores existe. Entretanto, como bem disse o nosso Mestre, pelos frutos se conhece a árvore. E os frutos que vemos na Igreja nos dias de hoje não são os encontrados em Davi, ou nos adoradores que Jesus disse à samaritana que Deus buscava. Confundimos “resultados” com “frutos”, damos glória a Deus porque o IBGE aponta para o crescimento da “igreja evangélica”, e confundimos inchaço com crescimento. Esquecemos que esta multidão nem sempre é aceita por Cristo. Foi Ele mesmo quem proferiu um discurso tão duro que a multidão foi embora. Ficou só a minoria. Só doze, e um deles era diabo!! Temos uma geração que quer pôr Deus no canto da parede, vociferando arrogantemente: “- Restitui, eu quero de volta o que é meu!”, como se tivesse direito a alguma coisa, senão condenação. Deus não é Senhor nesta geração, e sim servo. É a geração que não se contenta com a pura graça de Deus. Quer mais, e mais, e mais! Quer reinar!! Quer ser cabeça a todo custo! Temos uma geração que afirma categoricamente que “o melhor de Deus ainda está por vir”, esquecendo-se (ou desprezando o fato) de que Jesus Cristo, o Filho, o melhor que havia no céu ao lado do Pai, já veio. Queremos mais, pois Jesus não é suficiente! Temos uma geração que fomenta no povo um terrível sentimento íntimo, que prefere estar no alto do palco, olhando arrogantemente para os seus inimigos boquiabertos na platéia e sentindo o sabor de mel da vingança na boca, do que observando o que Jesus disse a respeito dos nossos inimigos: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; Para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:43-48). Geração esquizofrênica, que se sente rodeada de inimigos, incapaz de orar por eles. Geração rancorosa, que não perdoa, que quer se sobressair e até ser adorada pelos supostos inimigos. Temos uma geração aonde o caráter cristão é espezinhado, e se vive um “evangelho” de aparências, e não de conduta e princípios. A geração que ora pedindo um milagre: que apareça misteriosamente em sua conta bancária alguns milhares de reais, e que agradece a Deus quando isso acontece. Geração que não compreende o Deus justo, mas se alegra com a injustiça, achando que Deus foi o Autor deste “depósito” milagroso e salvador… Temos uma geração que está sendo guiada por “pastores” e outros “títulos eclesiásticos”, por homens e mulheres que preferem os títulos e as prebendas, que para satisfazerem-se primeiramente a si mesmos já rebaixaram a Bíblia e seus preceitos imutáveis à quarta ou quinta posição em suas vidas e em suas doutrinas e profissões de fé. Pastores que não se dão conta que prestarão contas um dia ao Sumo Pastor… Geração de Davi uma ova!! Esta é, na verdade, a Geração Laodicéia, a geração da igreja rica, poderosa e diferenciada, mas cega, pobre, miserável e nua! É a Igreja que ocupa a grade da programação das principais emissoras de tevê, mas não usa esta programação para pregar o VERDADEIRO EVANGELHO. É a Igreja que avança triunfante no mercado fonográfico, mas que não canta para o louvor de Deus, e sim para enriquecer, usando MÚSICAS DE TRABALHO, e não músicas de evangelismo! É a Igreja que abraça o Ecumenismo… É a Igreja que é noiva do Cordeiro, mas amante do mundo. Quem quiser ter a DIMENSÃO EXATA desta frase, leia o capítulo 16 do livro do profeta Ezequiel. Não há melhor exemplo que este! Sabem qual seria a geração de Davi? E qual é a geração de adoradores que Deus espera? Uma geração que O adore pelo que Ele é, e não pelo que ele pode nos proporcionar. A geração que abraça a cruz para a morte, e não a que senta no trono para reinar! A geração de uma igreja pobre financeiramente, mas riquíssima em poder, em comunhão, em observação das Escrituras e em defesa da sã doutrina, contrária aos lobos vorazes que estão invadindo o aprisco e degolando o rebanho! Uma geração que olharia mais para Jesus, e menos para os homens, que aceitaria mais as palavras da Escritura do que as supostas “revelações” humanas, sem base bíblica. Que teria mais prazer nas Escrituras do que nas novidades! Sinto-me enojado com a geração de hoje. Geração morna, que provoca ânsia de vômito no Senhor Jesus e em todo aquele que ama a Verdade do Evangelho puro e simples, que Ele e seus apóstolos pregaram e revolucionaram o mundo no 1º Século! É claro que não estou generalizando! Sete mil joelhos são sempre estrategicamente deixados por Deus para não se dobrarem a Baal, a Laodiceia e a Mamom! E estou lutando para fazer parte desta MINORIA, pois já observei que a maioria sempre prefere voltar ao Egito, e sempre escolhe Barrabás. Se Jesus chamava a geração em que viveu de “geração má e perversa”, de que estará chamando esta nossa?? Perdoem-me o desabafo. Mas se eu, pó e cinza, estou me sentindo assim, o que não sente o Senhor que deu Sua vida por esta Igreja?

domingo, 22 de julho de 2012

Pais: Conversando com seus filhos sobre Sexo

Para muitos pais, "A Conversa" é talvez a parte mais temida das suas responsabilidades parentais. Outros ficam ansiosos para transmitir um pouco da sua sabedoria coletada sobre sexo, mas não sabem como ou quando a começar. Alguns até se esquivam da responsabilidade no falso conforto de que "as escolas lidam com todas essas questões nos dias de hoje." Mas, como pais, nós temos a obrigação de discutir sexo com nossos filhos, especialmente porque nossas crianças estão enfrentando problemas sexuais e representações na mídia cada vez mais jovens. As crianças que se sentem confortáveis com os seus pais abordando questões sexuais são menos propensas a confiar nas fontes de informação pouco confiáveis ou envolvem-se em comportamento sexual arriscado. Aqui iremos abordar alguns dos erros comuns e equívocos sobre a discussão, bem como as formas que os pais podem ajudar os filhos a chegar a um entendimento saudável do sexo. As conversas. Equívoco número um é que os pais poderiam - ou deveriam - tentar ter uma conversa única, definitiva sobre sexo com seus filhos. "A conversa" deveria ser mais um contínuo diálogo mantido aberto entre pai e filho. Ser acessível. Muitos pais são muito desconfortáveis ao discutir sexo com seus filhos. Crianças geralmente também não estão confortáveis com a idéia de os pais terem relações sexuais. Mas o fato é que os humanos são seres sexuais. Discutindo ou não sexo com seu filho, esse fato continua e o desenvolvimento sexual deles continuará inexoravelmente. Honestidade. Você não deveria hesitar em admitir o seu pequeno desconforto para o seu filho. Sua honestidade pode até fazer o seu filho um pouco menos desconfortável, o que irá promover uma maior abertura. E tudo bem não ter todas as respostas. O importante é você manter o ambiente leve e aberto, garantindo que seu filho esteja confortável em se aproximar de você sobre os problemas sexuais. Por fim, nunca julgue, independentemente da sua idade da criança, e não ria de perguntas do seu filho. Auto-exame. Examine as suas próprias crenças sobre sexo, bem como a sua própria experiência sexual na vida, antes de falar com seu filho. Não se surpreenda se seu filho manifestar alguma forma de curiosidade sexual desde muito cedo. De fato, você deve esperar e incentivar essa curiosidade. Parte da sua capacidade para ser acessível virá de antecipação do início destas conversas. Embora as circunstâncias de tais conversações muitas vezes nos surpreenda, podemos preparar nossos próprios pensamentos - tornando-os mais digestíveis para a criança e mais fácil para nós compartilharmos também – simplesmente tirando um tempo para refletir sobre o tema do sexo, quando os nossos filhos são bebês. Faça um plano de jogo! Tente analisar os temas que serão os mais desconfortáveis para você discutir. Faça as conversas sobre sexo apropriadas para a idade do seu filho. Quando uma criança pequena perguntar de onde veio de um bebê, não diga "da cegonha". Mas você terá tão pouco sucesso usando termos como implantação, adubação, sêmen, ovários e trompas. Manter um diálogo constante sobre o que seu filho está aprendendo na escola (e falando com os amigos) vai ajudá-lo a tornar suas respostas e conversas acessíveis, de fácil digestão e relevantes para seu filho. Depois que as crianças estão entrando na pré-adolescencia, você deve definitivamente incorporar temas como as doenças sexualmente transmissíveis, práticas sexuais seguras, gravidez não planejada e de consentimento sexual em suas conversas. Tente ser o primeiro. Nesta época, quando os filhos pequenos são bombardeados com mensagens e imagens sexuais em todos os meios de comunicação social, suas discussões sobre sexo serão diferentes das que os seus pais tiveram (ou não tiveram) com você. Elas podem vir mais cedo e com mais conteúdo, do que você poderia imaginar. Vai ser difícil ficar à frente da curva quando se trata de assuntos sexuais que as crianças já tenham assistido, mas vale a pena tentar. Preste atenção em que tipos de filmes e música o seu filho absorve, e tenha um interesse nos amigos e atividades após a escola. Aproveite os momentos naturais para discutir sexo de forma pró-ativa. Ver uma parente grávida no encontro familiar poderá fornecer exatamente essa oportunidade, por exemplo. Nas fases de desenvolvimento da própria vida da criança certamente proporcionam oportunidades de discutir sexo e gênero. Como pais, é útil para nós pensar na nossa própria infância, a fim de antecipar algumas das questões e preocupações que as crianças têm em diversos momentos no seu desenvolvimento sexual. Além do físico. Ajude o seu filho para fazer uma conexão inseparável entre sexo e os mais profundos e sinceros sentimentos de amor por trás dele. "A conversa" tem que abranger mais do que apenas uma descrição física da genitália. A partir de uma jovem idade, sempre enfatize que o sexo é entre duas pessoas que são profundamente apaixonadas uma pela outra. Tanto a mãe quanto o pai podem falar com a criança, independentemente do gênero. Meninos não têm que ter todas as suas conversas sobre sexo com os seus pais, nem as meninas com suas mães. Na verdade, é saudável manter todos os canais abertos, de forma que a criança possa aprender que os homens e as mulheres têm um interesse igual em questões de sexo. Você acha que falar de sexo fará com que o seu filho se torne sexualmente ativo mais cedo na vida? Pense novamente. Estudos mostram que crianças com uma maior compreensão das relações sexuais e de abertura sobre o tema realmente demonstram uma maior auto-contenção sexual e julgamento.

sábado, 21 de julho de 2012

A visão é turva

Sonho com uma igreja onde o discipulado não seja visto essencialmente como um método de fazer crescer numericamente. Onde não sejam estabelecidas metas e cronogramas de crescimento e multiplicação, como fazem os gerentes de marketing das grandes corporações comerciais. No Evangelho de Mateus, capítulo 10, quando Jesus enviou seus discípulos pelas cidades para pregar, ele não disse nada sobre quantidade ou taxa de sucesso. Não estabeleceu nenhuma estratégia de abordagem, a não ser a de quando entrassem em alguma casa, declarar: "paz sobre esta casa!", e se houvesse algum filho da Paz ali, ela repousaria sobre a pessoa. Jesus não fez grandes campanhas publicitárias, não disse nada para agradar as pessoas simplesmente com a intenção de atraí-las. Embora Jesus curasse muita gente e expulsasse demônios, não fazia propaganda disso. Ele apenas disse que era para anunciar a chegada do Reino de Deus e que haveria lugares que receberiam a Palavra e outros não. Simples assim. O discipulado aprendido com Jesus e os apóstolos por todo o Novo Testamento não tem seu foco ou ênfase na multiplicação do número de pessoas alcançadas, mas no ensino da Palavra. As "células", ou reuniões nas casas, aconteciam na igreja primitiva com a finalidade de promover profunda comunhão e aprendizado prático entre a irmandade. Sim, eram uma grande família. Estavam mais para grupos de convivência do que simples reuniões de estudo superficial do texto bíblico e chá com biscoito. Tudo lhes era comum, inclusive as necessidades que alguns passavam. As ofertas eram recolhidas não para comprar terrenos, construir templos ou bancar a vida luxuosa dos líderes, mas para suprir as carências que os irmãos mais pobres tinham. Muitos sinais e prodígios eram feitos pelos apóstolos, mas nem os milagres físicos eram tão prodigiosos quanto o amor vivido e proclamado naqueles dias pelos discípulos de Jesus, de forma contínua e verdadeira. Havia profundo temor no coração de todos, era um só o sentimento de comunhão e o Senhor acrescentava, todos os dias, os que iam sendo salvos. Não tenho nada contra o crescimento numérico. É claro que eu quero que o Evangelho alcance muitas pessoas; se possível, todos os que estão a minha volta. Mas nem sempre os números frios sintetizam realidades espirituais muito para além das estatísticas. O problema é quando se faz do crescimento um deus e aí passa a valer qualquer estratégia, qualquer método e desculpa para atrair as pessoas. O foco passa de pregar o que É certo para pregar o que DÁ certo. Vejo muitas igrejas cheias, lotadas de gente vazia, escravizadas por seus próprios interesses e desejos mesquinhos. Crentes não em Deus, mas no milagre prometido que às vezes demora para chegar, nas correntes infinitas de orações e sacrifícios pessoais. São lugares onde as reuniões de oração agora são chamadas de campanha e têm, em alguns casos, sete dias ou sete semanas para fazer acontecer o milagre. Quem decreta o milagre não é Deus, mas o "homem de Deus", emocionado e eufórico. E "Deus" fica como que "obrigado" a realizar o que pedem através do ato profético e do sacrifício deixado no altar. Nesses lugares, quem chega, e vai sendo chamado de discípulo, vai aprendendo a arte do proselitismo religioso/denominacional. São transformados em corretores da fé na plaquinha da igreja, o que é muito diferente da consciência de um só corpo e um só batismo pregado pelo apóstolo Paulo. Este modelo de igreja exige muito entretenimento, muita mudança exterior e asséptica, muito falso moralismo, mas que pouco tem a ver com as mudanças mais profundas até alcançar a mente de Cristo. Será este o fim? Infelizmente, para este modelo de "igreja mercado", não vejo um futuro diferente. Queria estar errado, mas este modelo vai crescer muito ainda e se alastrar porque há uma demanda e um propósito para isso. A intenção é transmitir uma falsa sensação de conversão, sem compromisso real com a Palavra. As pessoas são carentes deste misticismo, e quando ele é feito em nome de "Jesus", parece que ganha validade. Suas mentes estão cauterizadas. São cegos guiando cegos. Pensam estar agindo em nome de Deus, mas o que é adorado nestes lugares é o poder dos seus próprios líderes. Entretanto, a verdadeira igreja é de Deus. É invisível. Não tem fronteiras. As portas do inferno não prevalecem contra ela. Os discípulos de Jesus são identificados não pelo nome no letreiro de suas comunidades, mas pelo amor vivido e praticado visceralmente. O Evangelho não fica só no discurso, mas é ensinado e pregado com a própria vida, mesmo que seja preciso perdê-la. A santidade ensinada não é externa, mas faz sentido e morada na vida, na caminhada dia após dia, mudando o caráter verdadeiramente. O compromisso com o outro não é o tapinha nas costas de quem diz: "estamos juntos", mas não se envolve até as últimas consequências. Este discipulado não acontece somente entre os que estão debaixo de uma "cobertura espiritual", não acontece somente na "célula", entre um grupo restrito ou em uma hora delimitada. O encontro com Deus não está marcado para um lugar isolado do mundo exterior. O Peniel de verdade é o Evangelho praticado na rua, no trabalho, na família e também fora da igreja. O verdadeiro discipulado se aprende espiritualmente e não emotivamente. O fruto deste ensino até pode vir de forma numérica também, mas vem essencialmente na mudança provocada na vida dos discípulos. O Deus que disse: "vá e faça discípulos de todas as nações" te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

A MAQUININHA DO CARTÃO E A GENEROSIDADE DE STÊNIO MÁRCIUS

Por Antognoni Misael 
Ano passado editei parte da declaração do cantor Stênio Marcius que dizia: “Jamais a venda de CDs será prioridade. Não quero nada, fama, elogios, reconhecimento, estou bem satisfeito com a salvação. Quero + de Cristo!” Mais surpreendido fiquei quando tive uma experiência real com o querido Stênio e sua esposa, Selma – que pode parecer simples, porém foi fantástica. Durante alguns dias pude ser grandemente abençoado com a presença do querido e suas canções no evento do Encontro para a Consciência Cristã na cidade de Campina Grande-PB. Canções como O Tapeceiro, É n’Ele, Alguém como eu, dentre tantas cantadas naquele tabernáculo com mais de 6 mil pessoas, me fizeram imaginar uma sinfonia de louvor sendo entoada na eternidade para a glória de Deus. Há tempos que eu almejava ver a igreja do Senhor O adorando com canções de graça, sem mantra, pula-pula, frases desconexas, rimas pobres, etc., onde a arte, a glória e a honra são oferecidas ao maior artista, o Rei do Universo. O fato mais relevante ocorreu quando me dirigir ao standard dos CD’s do Stênio Marcius para adquirir o seu mais novo álbum A Beleza do Rei. Ao me dar conta de que estava sem dinheiro em espécie e acreditando que os queridos usavam a tão prática maquininha do Cielo para cartões de crédito e débito, perguntei a Selma se vendiam em débito automático. Ela me falou que infelizmente não tinham a maquininha. No mesmo instante, ao informar que iria realizar o saque num caixa eletrônico mais próximo e em seguida retornar para a compra fui interceptado por ela que disse: – “leve o CD, e quando puder deposite o valor em nossa conta indicada no encarte do disco”! No momento não aceitei, visto que nunca tinha feito uma compra de CD assim; embora não pondo em jogo a minha honestidade, mostrei que reprovei essa transação haja vista não ser conveniente pra quem vende: “- estamos no Brasil, e isso não é legal”, falei em tom de riso. Selma insistiu. Me constrangeu ao dizer que levasse pois sempre faz isso quando as pessoas estão sem o dinheiro na hora, e que Deus nunca lhes deixou faltar as despesas investidas nas prensagens dos discos. “- Não é você nem as pessoas que compram nossos discos que nos sustentam, mas Deus! Leve o CD, seja abençoado, e quando puder nos abençoe”, foi mais ou menos isso que ouvi. Contudo, diante dessa situação resolvi ficar com o disco “A Beleza do Rei” e constrangido com a alegria, fé e energia dela, fiquei por ali a observá-la fazer o mesmo com alguns irmãos que por lá passavam crendo que iam compra o CD via maquininha. Pouco tempo depois chega Stênio, super simpático, atencioso, gente de Deus. Pessoal, naquela oportunidade pude conversar um pouco e conhecer de perto alguém que não tem nada de astro, mas é gente simples, humilde, cheia de graça, e que vive literalmente na dependência de Deus. Alguém que de fato não tem pretensão de fama, riqueza, dinheiro, e sucesso na mídia, como bem frisou ele outrora, “estou satisfeito com a salvação”. Que possamos aprender com tal exemplo. Enquanto os astros de “Gezui$” cobram altos ingressos em prol de show’s onde o dito cujo entra pelos fundos e no fim foge pela culatra cumprindo o seu contrato profissional (ou até mesmo com medo do assédio de muitos “gospelmaníacos”), tem gente fazendo a obra de forma séria e abençoando a igreja do Senhor com simplicidade e excelência. Nos dias de hoje, falando-se de música cristã, as diferenças são claras. Quem tem olhos, veja!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

PRESENTE DE DEUS OU PROPRIEDADE DE DEUS?

Um dia desses vi uma pintura num veículo: “Foi Deus quem deu!”. Entendi a mensagem que o proprietário queria transmitir. Ele reconhecia que Deus lhe proporcionara uma bênção material. No caso, aquele carro. Mais tarde pus-me a meditar no caso. Respeitosamente, não me soa o reconhecimento correto. Na realidade, há mais de mundano que de espiritual na frase. Ela não expressa apenas o reconhecimento de que foi uma bênção, mas traz certo ufanismo. Afinal, conheço bem o movimento evangélico de hoje e sei da ênfase que ele coloca em bens materiais como sinal da aprovação divina. Quem é suficientemente bom aos olhos de Deus recebe bênçãos materiais. A doutrina da graça tem sido varrida para longe pelo neopentecostalismo. É um tal de “declarar”, “exigir seus direitos”, “reivindicar” que se vê uma total ignorância do que seja graça. Consequentemente, do que seja o evangelho. Quando alguém diz “Foi Deus quem me deu” pode muito bem estar dizendo: “Viu? Fui um bom menino, e Papai do Céu me deu de presente!”. Vejo tanto ufanismo com bens materiais! Muitos evangélicos parecem mais ligados em Mamom, o pseudo-deus das riquezas, que em Jesus Cristo. O correto não é “Foi Deus quem deu!”. Porque se somos mesmo cristãos, nada é nosso, e tudo é dele. As coisas que nos vêm às nossas mãos, na realidade não são nossas, mas dele. Estão conosco para nosso uso, mas prestaremos contas delas, porque não somos proprietários, mas servos e mordomos (Lc 12.37 e 42) e despenseiros (1Pe 4.10). Alguns acham que são donos e assim dão migalhas dos bens, do tempo, das emoções e dos afetos para Deus. Amam os bens e dizem que Deus lhes deu. Se você realmente é uma pessoa que entregou a vida (e não apenas o louvor) a Jesus, nada do que você tem é seu, mas é dele. As pessoas se lembram do Salmo 24.1 quando querem reivindicar coisas como “filhas do Rei”. Se tudo é dele, somos dele e nossas coisas são dele. Sua vida é dele? Então seu carro não foi presente dele, mas é dele. Sua casa é dele. Seus filhos são dele. Sua carreira é dele. Se ainda não entendeu isso, cante o hino 422 do Hinário Para o Culto Cristão: “Tudo o que sou e o que vier a ser eu ofereço a Deus”. Em um ato de culto ofereça a Deus o que é dele por direito. Que seja de fato. Nada seu é seu. Tudo seu é dele. Reconheça isso e viva isso antes que ele, insatisfeito com sua visão, dê a outro: “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos” (Mt 25.28). Lembra-se desta história? Aconteceu quando o senhor chegou e chamou os servos à prestação de contas (Mt 25.19). Demorou, mas veio. Você é apenas servo, e não senhor. Quando ele vier, que não chame você de “servo inútil”.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O perigo da Teologia sem a Ortopraxia

Toda reflexão bíblica ou teológica sempre precisou ser transportada do campo da reflexão para a prática funcional da vida cristã. O maior desafio da teologia cristã nunca esteve atrelado aos enfrentamentos apologéticos com relação às doutrinas heterodoxas, mas em aplicar na vida prática do discípulo de Cristo os ensinamentos bíblicos. De modo que, enquanto a ortodoxia – “orthos” (reto) e “dóxa” (opinião) é a crença correta, a ortopraxia -“órthos” (reto) e “praxe” (pratica) é a prática correta da crença. Enquanto que, a ortodoxia mantém a consciência universal da obra de Deus na historia e na encarnação de Cristo, a heterodoxia (opinião diferente) é caracterizada pelas associações com as opiniões e doutrinas que discordem de uma opinião oficial ou ortodoxa. Em tempos como o nosso, onde o avanço da relativização teológica é bastante comum, é vital para a igreja manter os fundamentos bíblicos da fé cristã. É também importante destacar que, na historia do cristianismo a doutrina ortodoxa contou com os apologistas, que defenderam a fé cristã enfrentando as heresias que surgiam do lado externo (extra muro), enquanto que, os polemistas defendiam a doutrina bíblica do lado de dentro (intra muro), no próprio contexto eclesiológico. Sendo assim, a vida cristã de certo modo não subsiste apenas do entendimento sistemático da doutrina bíblica, mas principalmente na aplicação dos ensinamentos nas contingencias reais e práticas da vida cristã em comunidade e sociedade. A verdade que se crê e estuda, também deve ser vivida e praticada. Sendo assim, em síntese, a vida cristã não se resume em códigos de uma cartilha religiosa, gerando alienação ou deformação, mas antes, a teologia e a fé cristã possibilitam que o cristão seja inserido no caminho da vida, influenciando o mundo através da graça de Deus em Cristo Jesus. Porém, a referência de toda experiência e doutrinação da fé cristã se baseia nos escritos da bíblia. Sendo que, em todo momento existiu a necessidade da contextualização da mensagem bíblica no tempo e na história. Nunca foi um desafio para a Bíblia ser contemporânea, uma vez que, sua natureza é dinâmica e renovável no processo histórico da humanidade. O desafio sempre esteve presente na maneira com que os homens iriam manuseá-la, aplicando suas verdades. Uma reflexão importantíssima é de como a igreja contemporânea pode ter uma mensagem bíblica contextualizada para a sociedade pós-moderna? O que cada cristão pode fazer para que, o mundo compreenda a mensagem de Deus em Cristo Jesus? Qual o real significado e importância da bíblia para a geração contemporânea? Como identificar e praticar a doutrina bíblica em um tempo de extremo relativismo? A bíblia sempre foi alvo de atentados, fogueiras, e descrédito ao longo da história, no entanto nenhuma bigorna resistiu o confronto com a palavra de Deus. Passado o tempo da perseguição literal e concreta na idade média, que pretendia extirpar definitivamente as escrituras sagradas do alcance das pessoas, novas frentes de perseguição objetivam roubar o conteúdo bíblico. È claro que não existem mais as fogueiras, cruzadas e guerras santas em nosso tempo. A oposição às escrituras sagradas atualmente acontece por vias mais subjetivas e sutis, muitas vezes partindo de movimentos, e teológicas desenvolvidas internamente por alguns “cristãos”. Entre algumas oposições contemporâneas as escrituras sagradas, destacassem algumas: Teismo aberto – A teologia relacional ou teologia da abertura de Deus como também é conhecida o teísmo aberto não é uma teologia nova. Segundo o escritor e pastor Augustus Nicodemos – Ela tem raízes em conceitos antigos de filósofos gregos, no socinianismo (que negava exatamente que Deus conhecia o futuro, pois atos livres não podem ser preditos) e especialmente em ideologias modernas, como a teologia do processo. O que ela tem de novo é que virou um movimento teológico composto de escritores e teólogos que se uniram em torno dos pontos comuns e estão dispostos a persuadir a igreja cristã a abandonar seu conceito tradicional de Deus e a convencê-la que esta “nova” visão de Deus é evangélica e bíblica. No Brasil, o teísmo abeto é defendido por algumas lideranças bastante conhecidas no meio evangélico. Os principais pontos teológicos defendidos pelo teísmo aberto podem ser resumidos desta forma: (1) Deus não conhece plenamente o futuro, mas somente aquilo que pode ser sabido. (2) O livre arbítrio do homem depende estritamente da limitação do conhecimento de Deus no tempo. (3) O principal atributo divino é o amor, e isto, relativiza todos os demais atributos divinos. (4) Deus não é soberano, de modo que, pode ser surpreendido como no caso do terremoto no Haiti em 2010. (5) O futuro é determinado pela combinação de atitudes entre Deus e o homem. Entre as diversas oposições contra a teologia ortodoxa reformada, o teísmo aberto certamente é uma das principais, porque procura explicar o inexplicável, colocando Deus nos limites da razão humana. Seus adeptos preferem acreditar em um Deus que aprende e adquire conhecimento com o tempo, negando a soberania e a presciência divina. É verdade que a teologia tradicional adotada pelo cristianismo histórico não responde a todos os questionamentos sobre os planos de Deus, simplesmente porque estamos falando de Deus. Um “Deus” que caiba dentro dos questionamentos humanos torna-se um ídolo. O Deus revelado pelas escrituras sagradas, e fundamentado pela teologia histórica do cristianismo é soberano, pleno, onipotente, conhecedor do futuro e que se manifestou plenamente pela graça em Cristo Jesus.

Reformado ou Reformando: com o que nos parecemos?

Como cristãos reformados, frequentemente somos questionados por aqueles de fora da Fé Reformada: “O que significa ‘reformado’?”. Muitas respostas breves estão disponíveis, a maioria das quais enfatiza alguma relação com o movimento protestante europeu do século XVI e a sua teologia. Mas o que pensamos de nós mesmos quando pensamos na palavra “reformado”? Há uma tentação entre alguns de nós quanto a romantizar o período histórico da Reforma e pensar nele como o nosso ideal. Pode ser um problema para nós pensarmos no termo “reformado” como antigo e no tempo pretérito. Isso pode levar cristãos reformados do século XXI a uma visão de certa forma distorcida dos objetivos atuais da igreja.

Não devemos pensar na Reforma como simplesmente uma foto de alguma era dourada do cristianismo, que deve ser replicada pelos cristãos e igrejas do século XXI. Antes, devemos pensar na Reforma como sendo mais semelhante a um filme ainda em processo de ser filmado. Embora possamos honrar, admirar e concordar com muitos cristãos reformados que viveram nos últimos cinco séculos, nosso objetivo como cristãos reformados hoje não é uma mera duplicação do passado. Crescimento significa mudança, e a América do século XXI tem mudado consideravelmente em comparação aos séculos XVI e XVII na Europa. Os princípios e a teologia da Reforma Protestante têm permanecido relativamente constantes. Contudo, as questões dos nossos dias e a aplicação desses princípios e teologia mudaram em muitos aspectos.

Somente a Escritura permanece como a pedra angular da Reforma então e agora. Ela é “a única regra de fé e prática” para todos os homens, em todos os tempos e em todos os lugares. Todavia, as Escrituras são impressionantemente adaptativas no que concerne à aplicação dela a nós mesmos, nossas famílias, nossas igrejas e nossa cultura. A Bíblia nunca está fora de moda. Por exemplo, Efésios 5.25 nos instrui: ‘Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela”. É provável que todo marido cristão tenha algumas formas únicas de demonstrar o seu amor à sua esposa que difiram daquelas de outros maridos cristãos. Contudo, todo marido cristão, aplicando e adaptando a Palavra de Deus para satisfazer as necessidades de sua esposa, pode cumprir as exigências bíblicas de amar a sua esposa. Além domais, o mesmo é verdadeiro no que concerne a outras áreas da vida e do ministério. Há multidões de maneiras através das quais podemos honrar e aplicar a Escritura imutável a um mundo sempre em mudança.

A própria natureza da reforma é que ela é um processo que nunca tem fim. Há duas razões óbvias para isso. Primeiro, como homens pecadores estamos frequentemente errados em nosso entendimento da Escritura e como ela deve ser aplicada. De fato, há somente um significado objetivo da Palavra de Deus, tendo sido transmitido infalivelmente a homens. Contudo, embora a transmissão da Bíblia seja clara, sua recepção por homens caídos, mesmo os redimidos, não é sempre tão clara. Como cristãos crescemos em nosso entendimento da verdade objetiva da Escritura e passamos a ver áreas de prática incorreta ou conduta pecaminosa. Como resultado, devemos continuamente reformar (i.e., conformar aos padrões escriturísticos). A menos que sejamos perfeitos em nosso entendimento e conduta, o processo de reforma nunca deve cessar, seja pessoal ou corporativamente.

Em segundo lugar, a Reforma é um processo que nunca tem fim porque o mundo ao redor de nós está em estado constante de mudança — somente Deus não muda. Em princípio “não há nada novo debaixo do sol”; todavia, na aplicação há novas ideias, práticas, tecnologias, questões e desafios que continuamente nos confrontam como cristãos. Podemos estar lutando as mesmas antigas batalhas, mas o inimigo está usando novas táticas e armas em seu ataque. Se não estivermos atentos a essas mudanças em nossa cultura, não podemos esperar contemplar uma vitória em nossos dias. Dentro dos limites das Escrituras, cristãos enquanto indivíduos e as igrejas devem continuamente reformar suas táticas e práticas sempre que necessário, a fim de enfrentar os desafios dos nossos dias. Não podemos voltar aos “bons velhos dias” — Deus os colocou no passado.

Contudo, Deus nos colocou no século XXI como soldados de Jesus Cristo para lutar as batalhas presentes com armas de ponta. Os Reformadores dos séculos anteriores usaram as armas de seus dias para alcançar a sua geração com o evangelho. Palestras, pregação, debates públicos, universidades e testemunhos pessoais eram todos os meios de comunicar-se verbalmente com o mundo deles. O uso da imprensa e da distribuição maciça de tratados, livros e Bíblias foram também meios eficazes de espalhar a Palavra. Grandes obras de arte surgiram, e até mesmo o cântico congregacional foi uma inovação da Reforma (Martinho Lutero escreveu hinos usando a música folclórica popular do seu tempo). Os cristãos estavam com frequência na vanguarda do uso de novas ideias e tecnologias.

Da mesma forma, devemos fazer uso desses métodos de comunicar o evangelho que os nossos irmãos nos legaram. Além do mais, devemos também fazer uso dos novos métodos que estão disponíveis a nós. Temos áudio, vídeo, rádio, televisão, computadores, internet e transporte rápido. Deveríamos encorajar o uso desses meios juntamente com o desenvolvimento de novas ideias e tecnologias. Como cristãos reformados deveríamos estar liderando o caminho no desenvolvimento de arte e música bíblicas que permeiem a nossa cultura com o sal e a luz do evangelho.

O perigo de uma reforma estagnada é real. Mesmo em igrejas reformadas podemos ser tentados a dizer: “Até aqui e não mais”. A Igreja da Inglaterra fornece um exemplo vívido desse conservadorismo antibíblico e sufocante. Quando paramos de reformar paramos de viver e começamos a morrer. A vida é um processo de constante mudança chamado crescimento ou maturidade, e reforma é vida porque ela nunca cessa de aplicar a Palavra viva a todo o mundo ao redor de nós.

Certamente devemos ser cautelosos à medida que avançamos. Não queremos mudar simplesmente para estar mudando. É possível mudar de algo bom para algo ruim, ou de algo ruim para algo pior ainda. Toda ideia deve ser testada pela Escritura somente. Contudo, nem a preferência pessoal nem a tradição deveriam ficar no caminho da reforma bíblica. O medo de “ao que isso poderia levar” (a “falácia da ladeira escorregadia”), ou o fato que outros poderiam abusar da boa ideia muitas vezes nos impedem de avançar com a reforma e satisfazer as necessidades e desafios dos nossos dias. Todavia, se a Escritura permanece firmemente como nosso perímetro, então podemos avançar com segurança, conhecendo as limitações da nossa mudança. Devemos avaliar os riscos, tomar as precauções devidas para assegurar a aderência à Palavra de Deus, e então avançar com expectativa confiante das bênçãos de Deus. Caso contrário, permaneceremos presos em casa, com medo do futuro.

Se a reforma há de continuar (i.e., viver) em nossos dias, então devemos permanecer sobre os ombros das gerações de reformadores que vieram antes de nós e chegar mais alto. Nossa geração deve ser mais do que tropas ocupacionais. Devemos ser isso, mas deveríamos ser muito mais — ainda há praias a serem invadidas — a guerra não terminou. As gerações que nos seguem enfrentarão novos desafios à sua fé e novas batalhas a serem travadas. Devemos levantá-los e apoiá-los, fornecendo um firme fundamento sobre o qual eles possam construir. Nossa tarefa não é subjugá-los, mas dirigi-los e incentivá-los. As implicações da Fé Reformada para o mundo de amanhã não podem ser vistas por nós. Nosso mundo muda a uma velocidade ofuscante. A próxima geração de reformadores não é uma ameaça para nós, mas deveria ser uma ameaça para o mundo de amanhã.

A soberania de Deus na salvação

Como pode um homem sendo pecador ser salvo? Como pode um injusto ser declarado justo aos olhos do Deus santo? Como pode o homem tão vulnerável ter garantia de salvação? Paulo responde a essas questões quando escreve sua carta aos romanos. Vamos, tratar aqui de cinco afirmações categóricas que nos afirmam a soberania de Deus na salvação. Em primeiro lugar, Deus nos conheceu desde a eternidade (Rm 8.29). Deus nos conheceu de antemão. Ele nos amou desde toda a eternidade. Amou-nos não porque viu algo em nós que despertasse seu amor, mas amou-nos incondicionalmente. Antes do sol brilhar no horizonte, Deus já havia colocado em nós seu coração. Antes dos mundos estalares virem à existência, nós já estávamos no coração de Deus. Seu amor por nós é eterno, incomensurável e incondicional. Em segundo lugar, Deus nos predestinou para a salvação (Rm 8.30). Deus nos predestinou em Cristo, para a salvação, antes da fundação do mundo, desde o princípio, pela santificação do Espírito e fé na verdade, a fim de sermos santos e irrepreensíveis perante ele. Deus não nos escolheu porque previu que iríamos crer em Cristo; cremos em Cristo porque ele nos escolheu. A escolha divina é a causa da fé e não sua consequência. Deus não nos escolheu porque viu em nós santidade; fomos eleitos para sermos santos e irrepreensíveis e não porque éramos santos e irrepreensíveis. A santidade não é a causa da eleição, mas seu resultado. Deus não nos escolheu porque viu em nós boas obras; somos feitura dele, criados em Cristo Jesus, para as boas obras, e não porque praticávamos boas obras. As boas obras são fruto da escolha divina e não sua raiz. Em terceiro lugar, Deus nos chamou eficazmente (Rm 8.30). Todos aqueles que são escolhidos por Deus na eternidade, por quem Cristo morreu no calvário, são chamados à salvação, e chamados eficazmente. O homem pode até resistir temporariamente a esse chamado, mas não finalmente. Jesus disse que ninguém pode vir a ele se o Pai não o trouxer. Disse, também, que suas ovelhas ouvem sua voz e o seguem. Os que Deus predestina, Deus chama. Há dois tipos de chamados: um externo e outro interno; um dirigido aos ouvidos e outro ao coração. Aqueles que são predestinados, ao ouvirem a voz do bom pastor, atendem-na e o seguem. Em quarto lugar, Deus nos justificou por sua graça (Rm 8.30). Aqueles que são amados, escolhidos e chamados são também justificados. A justificação é uma obra de Deus por nós e não em nós; é um ato e não um processo. É uma declaração forense feita diante do tribunal de Deus e não uma infusão da graça. É completa e irrepetível. Por isso, não possui graus. O menor crente está tão justificado quanto o indivíduo mais piedoso. Pela obra substitutiva e vicária de Cristo na cruz somos declarados quites com as demandas da lei de Deus. Não pesa sobre nós mais nenhuma condenação. Nossos pecados passados, presentes e futuros já foram julgados na pessoa de Cristo, nosso substituto e fiador. Nossos pecados foram colocados na conta de Cristo e a justiça de Cristo foi colocada em nossa conta. Estamos quites com todas as demandas da justiça divina. Em quinto lugar, Deus nos glorificou pelo seu poder (Rm 8.30). Embora a glorificação seja um fato futuro, que se dará na segunda vinda de Cristo, na mente e nos decretos de Deus já é um fato consumado. Mesmo que o caminho seja estreito e juncado de espinhos. Mesmo que os inimigos nos espreitem e toda a fúria de Satanás seja despejada contra nós, nada nem ninguém, neste mundo ou mesmo no porvir poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor. Nossa salvação foi planejada, executada, aplicada e assegurada por Deus. A Deus, portanto, a glória, agora e sempre por tão grande salvação!

domingo, 15 de julho de 2012

A cruz ontem

Por Silas Alves Figueira
Você já parou para analisar a forma cruel que era a morte na cruz? O quanto uma pessoa condenada sofria antes e durante a crucificação? Quais eram os critérios para ser morto desta forma e quem implantou esse tipo de morte? Se não, vejamos: 1 – Quem deveria morrer na cruz. Tenha em mente que a crucificação – com todos os seus horrores – era comum no primeiro século. Estima-se que os romanos crucificavam cerca 30 mil pessoas por ano. Era a forma de execução normalmente aceita para prisioneiros políticos e criminosos de várias espécies [1]. Quando Jesus foi preso, a cruz em que ele foi crucificado não era para ele, mas era para Barrabás, pois este era homicida (Mc 15.6-8). Depois do julgamento e da condenação de Barrabás, as autoridades chamaram um carpinteiro para preparar a cruz que seria dele. Ali estava o delinquente e ali estava sua cruz, preparada especialmente para ele, com suas medidas, com seu nome. Mas naquele dia os judeus prenderam Jesus. Já não havia mais tempo para chamar o carpinteiro e preparar uma cruz para Cristo. Além do mais, ali havia uma cruz vaga, apesar de ter as medidas de outro, o nome de outro, e de ter sido preparada para outro… Esse outro era eu e era você. 2 – Quem implantou esse tipo de morte. Segundo alguns historiadores este método de tortura e morte foi criado na Pérsia, sendo trazido no tempo de Alexandre o Grande para o Ocidente, sendo então copiado dos cartagineses pelos romanos. 3 – O sofrimento antes da crucificação. Neste ato combinavam-se os elementos de vergonha e tortura, e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com flagelação, depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No azorrague os soldados fixavam os pregos, pedaços de ossos, e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do açoite. As costas ficavam tão maltratadas que às vezes os cortes profundos chegavam a deixar a espinha expostas. O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna. Os açoitamentos romanos eram famosos por serem terrivelmente brutais. O comum é que consistissem de 39 chicotadas, mas com frequência esse número era ultrapassado, dependendo do humor do soldado que a aplicava. À medida que o açoitamento continuava, as lacerações atingiam os músculos inferiores que seguravam o esqueleto, deixando penduradas tiras de carne ensanguentada. Um historiador do século III de nome Eusébio descreveu um açoitamento nestes termos: “As veias do sofredor ficavam abertas, e os músculos, tendões e órgãos internos da vítima ficavam expostos”. No mínimo, a vítima sofria dores terríveis e entrava em choque hipovolêmico. Hipo significa “baixo”, vol refere-se a “volume” e êmico significa sangue; portanto, choque hipovolêmico quer dizer que a pessoa está sofrendo os efeitos de perder grande quantidade de sangue. Isso ocasiona quatro coisas. Primeiro lugar, o coração se esforça para bombear mais sangue, mas não tem de onde; em segundo lugar, a pressão sanguínea cai, causando desmaio ou colapso; em terceiro lugar, os rins param de produzir urina, para conservar o volume que sobrou; e em quarto lugar a pessoa fica com muita sede, pois o corpo pede por líquido para repor o sangue que perdeu [2]. 4 – O sofrimento durante a crucificação. A crucificação foi um método de execução cruel utilizado na Antiguidade e comum tanto em Roma quanto em Cartago. Abolido no século IV, por Constantino, consistia em torturar o condenado e obrigá-lo a levar até o local do suplício a barra horizontal da cruz, esta viga era chamada de patibulum, onde já se encontrava a parte vertical cravada no chão. De braços abertos, o condenado era pregado na madeira pelos pulsos e pelos pés e morria, depois de horas de exaustão, por asfixia e parada cardíaca (a cabeça pendida sobre o peito dificultava sobremodo a respiração). Um pouco antes de morrer há um choque hipovolêmico que faz o coração bater rapidamente por algum tempo, o que contribui para ele falhar, resultando num acúmulo de líquido na membrana em torno do coração, chamado de efusão pericardial, bem como em torno dos pulmões, chamado de efusão pleural. Por isso que quando o soldado enfiou uma lança do lado de Jesus para confirmar a sua morte, tudo indica que atravessou o pulmão e o coração, e , quando foi tirada saiu um líquido de aparência transparente , como água, e é essa efusão mencionada. Esse líquido tem aparência transparente, como água, e é seguida de um grande volume de sangue, como João descreveu (Jo 19.34) [3]. No ato de crucificação a vítima era pendurada de braços abertos em uma cruz de madeira, amarrada ou, raramente, presa a ela por pregos perfurantes nos punhos e pés. O peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a respiração, levando à morte por asfixia. Para abreviar a morte os torturadores às vezes fraturavam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum a colocação de “bancos” no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço. Quando era pregado o pulso da vítima eles acertavam um nervo chamado ulna. A dor é muito grande quando se acerta ele em cheio, principalmente se for apertado e esmagado pelos cravos. A sensação é como se apertasse esse nervo com um alicate. A dor é totalmente insuportável. Na verdade ela está além da descrição por palavras. Foi necessário inventar uma nova palavra: dor excruciante. Essa palavra significa literalmente “da cruz”. Foi necessário criar uma nova palavra, porque não havia nenhuma na língua que pudesse descrever a angústia terrível provocada pela crucificação [4]. Mas todo esse sofrimento que Jesus passou os salteadores que estavam ao seu redor também passou. Esse sofrimento foi físico, mas o sofrimento maior que Jesus enfrentou não foi esse, foi o sofrimento de levar sobre si os nossos pecados (1Pe 2.24). Por isso Ele quando estava no Getsêmani ora ao Pai intensamente para que se fosse possível passasse dele o cálice que estava por beber (Lc 22.39-45). Maior que a morte física que Jesus enfrentou era a morte espiritual no momento que Ele estaria se tornando maldito em nosso lugar, como nos diz as Escrituras: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13). A lei de Deus não foi dada a nós para nos justificar, mas para nos condenar. Deus queria mostrar como era o homem perante Ele: maldito. Todo homem! Pois “maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10). Isso é a lei do Antigo Testamento. O Antigo Testamento nos mostra que somos malditos pecadores; não somos capazes para salvar-nos; o Antigo Testamento nos mostra que precisamos de um Salvador. E o Novo Testamento nos mostra quem é este salvador: Jesus Cristo. Jesus Cristo nos salvou. Ele foi o nosso substituto. Ele se colocou em nosso lugar para tomar a maldição de Deus. Nós somos malditos, mas Cristo tomou a nossa maldição. Cristo sofreu por causa dos nossos pecados; Cristo foi castigado em nosso lugar. Paulo fala sobre isso, quando ele escreve: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13). Veja o que nos diz a Lei: “Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tiver sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus; assim, não contaminarás a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança” (Dt 21.22,23). A nossa salvação está ligada com a cruz de Cristo. A crucificação de Jesus Cristo não foi um castigo qualquer. A crucificação foi uma morte maldita. Quem morreu assim foi maldito por Deus e pelos homens. Pendurada no madeiro, entre o céu e a terra. Isso quer dizer: maldito pelos homens e por Deus; nem os homens o aceitam, nem Deus. Cristo foi maldito e a morte dele mostra isso. Mas assim Ele devia morrer. Ele devia tomar esta maldição para nos livrar da maldição. Pois Cristo estava pendurado na cruz, não por causa de um pecado pessoal dele; Cristo estava pendurado na cruz por causa do oficio dele. Sendo mediador entre Deus e os homens, representando o povo de Deus, Cristo aceitou voluntariamente o seu destino. Ele foi mandado para esta terra para realizar este sacrifício na cruz. Isso foi o seu destino. Os profetas já falaram sobre isso; os salmos já falaram sobre isso. Veja o Salmo 22, 35 ou salmo 69. Estes salmos já profetizaram sobre a morte do Cristo na cruz. Jesus devia morrer assim para nos salvar. Devemos nos lembrar sempre disso.

Atraso! Uma benção temporária de Deus!

Por Josemar Bessa
Há alguns dias atrás um instrutor de paraquedismo do exército sofreu um acidente num salto de instrução. O paraquedas se embolou com o paraquedas reserva e ele caiu de uma altura enorme e apesar da queda quebrou apenas o braço... Sobreviveu de maneira incrível. Em momentos assim, muitas vozes dizem que Deus “gosta” daquela pessoa em particular – “Alguém lá em cima olha por mim!” E quando a pessoa tem uma vida longeva, 70, 80, 90, 100 anos. Imagine todos esses anos num mundo cheio de perigos, quantos livramentos aconteceram, quantas vezes se venceu enfermidades, acidentes... desde a infância. Todo problema está sobre que interpretação o homem dá a isso. Na contagem dos livramentos nós tentamos achar a razão. E em nosso mundo, libertação é interpretada com aprovação. Se Deus não estivesse de alguma forma satisfeito ele teria deixado essa pessoa morrer, não teria dado tantos livramentos, não daria uma vida tão longa... Olhando para a natureza da paciência de Cristo, longanimidade e tolerância para com os pecadores, qual é o veredicto da Bíblia? Ela mostra que o pecador erra ao tentar interpretar a paciência de Deus. Não havendo punição imediata sobre o pecado, dando continuidade a misericórdias temporais, o pecador faz a leitura oposta a que devia fazer: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” Romanos 2:4 Devemos lembrar que a demora de Deus não é uma fraqueza moral. Não é uma visão tolerante para a vida do homem em pecado. Muitos põe sua fé, não na revelação bíblica de Deus, mas num aspecto que mais lhe agrade. Pensam então que porque Deus não puniu o pecado de uma vez só, nunca irá chamar o homem para a prestação de contas. Então ele morre cheio de fé, não no evangelho, mas na paciência de Deus. Ao olhar a paciência de Deus experimentada em toda sua vida, o homem interpreta isso como sinal do favor divino, e ele morre assumindo que essa tolerância vai durar para sempre. Mas a tolerância não é aprovação. A tolerância divina não é absolvição, a tolerância divina não é o cancelamento da dívida. Esse tempo é apenas um atraso temporário do julgamento. Esse atraso está cheio de paciência, misericórdia, generosidade... “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” - Romanos 2:4-5 O atraso não é aprovação, ira vai sendo represada a medida que os anos vão passando. E nós sabemos que algo represado quando finalmente e liberado a destruição provocada é muito mais trágica. Ajudemos aos outros a interpretar corretamente as misericórdias temporais de Deus e jamais olhemos as misericórdias de Deus como aprovação a tudo que Ele despreza, em nós ou no mundo. “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Isaías 55:5

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Deus é misericordioso por não nos contar tudo

Por Jon Bloom
Há mais misericórdia do que imaginamos quando Deus decide não nos contar tudo. Quando os discípulos estavam com Jesus no Monte das Oliveiras, logo antes de sua ascensão ao Pai, um deles fez uma pergunta que provavelmente estava na cabeça de todos: “Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?” (Atos 1.6) Havia sido uma longa espera. Já havia se passado 2000 anos desde que Abraão recebera a promessa de uma semente que abençoaria todas as famílias da terra. 1500 anos desde a profecia de Moisés que um grande profeta surgiria para liderar o povo e 1000 anos desde que Davi recebera a promessa de um herdeiro eterno para seu trono. Agora, após a ressurreição gloriosa e triunfal de Jesus, eles finalmente entenderam que o Rei tinha que sofrer e morrer antes que o reino viesse. Jesus era o Cordeiro sacrificial de Deus, cuja morte iria expiar os pecados de seu povo para sempre. Tudo fazia glorioso sentido. O palco estava preparado. Tendo conquistado a morte, o Rei era invencível. Que resistência poderia oferecer o Sinédrio, Herodes, Pilates ou César? Certamente o tempo havia chegado em que o tão aguardado Rei iria assumir seu reino terreno, certo? A resposta de Jesus: “Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.” (Atos 1.7-8) Em outras palavras, “Agora não é a hora. E vocês não precisam saber quando será. Por hora, eu tenho um trabalho para vocês fazerem”. Você pode imaginar como os discípulos se sentiriam se o Senhor explicasse para eles que não assumiria seu reinado terreno por, pelo menos, mais 2000 anos, período no qual a Igreja iria, por meio de lutas e sacrifícios, crescer e se espalhar por todo o mundo? 2000 anos! Deus é misericordioso ao não nos contar tudo. Ele nos diz o suficiente para nos sustentar se confiarmos nele. Mas às vezes não nos parece o suficiente. Realmente pensamos que deveríamos saber mais. Em seu livro The Hiding Place, Corrie Ten Boom se recorda de uma vez que, quando era criança, estava voltando pra casa de trem, com seu pai, após acompanhá-lo em uma compra de peças para seu negócio de conserto de relógios. Ela pediu que ele explicasse como as crianças nasciam. Seu pai se levantou e pegou a sacola com as peças que havia comprado: “‘Você pode carregar essa sacola para mim, Corrie?’, ele disse. Eu me levantei e agarrei-a. Estava cheia de relógios e peças soltas que ele havia comprado naquela manhã. ‘É muito pesada’, eu disse. ‘Sim,’ ele disse. ‘E eu seria um pai muito ruim se pedisse para que a minha filhinha carregasse um peso assim. É a mesma coisa, Corrie, com o conhecimento. Certos conhecimentos são pesados demais para crianças. Quando você for mais velha e mais forte, você poderá carregá-los. Por hora, confie em mim para carregá-los para você”. Deus também é um pai Sábio que sabe quando o conhecimento é pesado demais para nós. Ele não está nos enganando quando não dá uma explicação completa. Ele está levando nossos fardos (1 Pedro 5.7). Se entendermos que nossos fardos são pesados demais, deveríamos confiar nele para carregá-los. O fardo que ele nos dá para carregar é leve (Mateus 11.30). Deus é muito paciente e misericordioso conosco. Um dia, quando formos mais velhos e mais fortes, ele nos deixará carregar mais peso de conhecimento. Mas até lá, deixemos alegremente que ele continue carregando o peso por nós.

sábado, 7 de julho de 2012

Como se desintoxicar do neopentecostalismo

Tenho recebido inúmeros relatos de pessoas que se dizem sobreviventes de igrejas neopentecostais e suas práticas equivocadas e até mesmo perigosas do ponto de vista bíblico. Uma frase em especial me chamou a atenção: “Estou tentando me desintoxicar, após anos no neopentecostalismo”, compartilhou comigo um internauta. Com isso em mente, permita que eu ofereça conselhos práticos de como fazer essa “desintoxicação”: Ache uma igreja tradicional e que tenha uma Escola Bíblica Dominical para adultos. Por que fazer isso? Sempre defendi que o que os tradicionais precisavam era se abrir mais para a atualidade dos dons espirituais. Continuo a defender essa causa. A igreja que mais abusou dos dons no mundo antigo, a de Corinto, foi a que recebeu de Paulo a seguinte admoestação: “Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons” (1 Co 12.31). Isso quer dizer que a cura para o abuso de dons espirituais não é abandoná-los, mas buscar o seu emprego com equilíbrio e afinco. Não estou falando de abandonar o sobrenatural de Deus, mas de procurar quem o ensine com mais equilíbrio. Aqui temos de dar honra a quem honra é merecida. Os tradicionais, na sua grande maioria, são mais dedicados ao estudo das Escrituras. Batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais são os mais indicados. Há igrejas dessas denominações que não ensinam? Claro. Há igrejas dessas denominações sendo muito mal pastoreadas? Sim, muitas. Há igrejas de orientação liberal ou política entre elas? Tragicamente, sim. Mas há algumas que continuam a ensinar a sã doutrina. Ache uma. Digo isso não porque seja necessariamente a igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como parte da sua “desintoxicação”. Você precisa estudar a Bíblia a fundo. Um dos pecados da ala neopentecostal é o abuso ou o abandono das Sagradas Letras. Para quem quer se desintoxicar, tem que ser um “obreiro aprovado” (“Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” – 2 Tm 2.15). Alguns talvez estranhem que eu não esteja recomendando a própria igreja que lidero, nem tampouco uma igreja pentecostal clássica. É claro que recomendo qualquer uma das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV). São ótimas. Mas, quando se faz uma desintoxicação, é necessário se afastar de tudo o que pode te levar de volta ao vício. Toda e qualquer igreja pentecostal, inclusive a nossa, usa termos, jargões e conceitos que trazem ligeira semelhança com os do neopentecostalismo, mesmo que não sejamos neopentecostais. Como um Presbitério, reconhecemos que em tempos passados andamos perto de um neopentecostalismo tácito, só que há um bom tempo esse não é mais o caso. Leia dois livros importantíssimos: O Fim de Uma Era (de minha autoria) e A Verdadeira Vitória do Cristão (de Maurício Zágari). Antes que alguém proteste que este artigo não passa de autopromoção, permita que eu diga que não recebo um centavo das vendas do meu livro, embora fosse absolutamente legítimo fazê-lo. Todos os direitos autorais são revertidos para fins missionais. Então promovo meu livro com a consciência absolutamente livre de qualquer consideração mercadológica. Acontece que esses dois livros ajudam a entender exatamente onde estão alguns dos problemas mais graves da cosmovisão da igreja atual. Quem os ler entenderá mais sobre o enorme engano que mora no seio da nação neopentecostal. As duas obras estão disponíveis em livrarias pelo país, como também no site www.editoraanoodomini.com.br Aumente seu interesse por teologia. O argumento “não preciso de teologia, só de Jesus”, é um apelo à ignorância e não acrescenta nada a nossa vida espiritual. Pelo contrário: teologia é a formação de conceitos corretos e bíblicos. É a maneira pela qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o traduziram à prática e ao culto cristão. Há muitas disciplinas de teologia: teologia bíblica, cristologia (sobre Cristo), pneumatologia (sobre o Espírito Santo), eclesiologia (sobre a Igreja), soteriologia (sobre a salvação) e outras mais. Uma boa Teologia Sistemática seria um santo remédio para quem quer botar os pés de volta no chão. Recomendo a da editora Vida Nova, escrita por Franklin Ferreira e Alan Myatt. Entre no site deles. É um livro grande e vai levar tempo para ler. Mas estamos falando de uma desintoxicação e isso não é feito sem um pouco de esforço. Teologia é a linguagem da Igreja. Mesmo negando fazer teologia, os neopentecostais endoutrinam com a sua própria teologia. Só que não usam livros. Usam frases feitas, adesivos, chavões e uma cultura interna massacrante de autoajuda e pensamento positivo. A única maneira de renovar a sua mente (Rm 12.1,2) será por meio de um esforço mental consciente e excelente. Desligue-se da televisão evangélica e das mesas redondas. Neopentecostalismo se perpetua nas conversas do dia a dia. É nas frases feitas e afirmações positivas que ele cresce. É só mais um vigoroso “em nome de Jesus” pronunciado na hora certa que a intoxicação volta a acontecer. É só pelo “eu determino” sacado na hora “H” e seus brios neopentecostais vão deixar você arrepiado e “cheio de poder”. Lembre-se: os Alcoólicos Anônimos sempre dizem que o segredo é evitar o primeiro gole. Triunfalismo é um verdadeiro tóxico. Faz com que nos sintamos “poderosos”. É um engodo. Só com temor a Deus, pé no chão e o nariz nos livros é que você vai conseguir se libertar. Vivemos dias de enorme corrupção nos quadros cristãos e evangélicos. Sob essa rubrica há de tudo: liberalismo, neopentecostalismo, ativismo político e uma série de males que estão desfigurando a face da Igreja de Jesus Cristo. Para quem está despertando para esta realidade, conte com a minha pequena contribuição neste blog, nos vídeos e nos livros.