terça-feira, 1 de maio de 2012

Não quebre meu galho

Por Adeildo Nascimento Filho
Existe uma história antiga, cujo autor eu não conheço, que fala sobre um homem que escorregou na beira de um penhasco. Enquanto ele caía conseguiu se segurar num galho. Sentindo a situação piorar cada vez mais começou a gritar em direção do abismo: “Socorro. Tem alguém aí?” foi quando ouviu uma voz que lhe disse: “Olá. Eu sou Deus, estou aqui. Apenas solte do galho e se jogue que eu te seguro”. O homem pensou por alguns instantes e gritou novamente: “Tem alguém mais aí?”. Fé. Negócio complicado este. Fé no invisível. Piorou. Difícil colocar a fé naquilo que não vemos, não tocamos. Normalmente, e acredito que na maioria das vezes, a fé cristã é confundida com pensamento positivo. Com foco otimista no que ainda está por vir. Isso tem rendido alguns milhões para alguns espertos que começaram a comercializar este tipo de fé. Um misto de autoajuda com palavras positivistas e deterministas que acham um terreno extremamente fértil no coração de pessoas sofridas, pobres e esquecidas pelos nossos poderes públicos e escravizadas num país em que a divisão de renda não é lá essas coisas. A quem diga que a canalização dos pensamentos positivos, a verbalização dos desejos e por aí vai sejam um “segredo” dado a poucos agraciados que tem enriquecido, sarado e prosperado de uma maneira nunca antes vista. A junção deste pensamento com mensagens cristãs tem produzido um sincretismo avassalador que tem encontrado abrigo em vários ouvidos e corações. Tudo embalado em lindos pacotes floridos e coloridos produzidos e entregues em enormes campanhas de divulgação do tipo “seus problemas acabaram”. Tudo muito diferente da mensagem pregada por um carpinteiro pobre, nada bonito, nada elegante, nada midiático e muito menos engomado. Quem se jogaria de sua vida abastada, tranquila e próspera na conversa de um judeu maluco que aparece dizendo ser o filho de Deus? C.S. Lewis já havia dito isto há algum tempo atrás quando falou que Jesus não deixou espaço para dúvidas, ou era louco ou era o filho de Deus, nada além disso. Hoje já acharam o meio termo dessa história e o estão usando para angariar fundos. Jesus líder, executivo, empreendedor, psicólogo, ensinador, professor, comunicador, poeta, artista, rebelde, assistente social e por aí vai. Tudo para comprovar que “tem mais alguém aí” além do Deus encarnado, do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Tudo para tirar o foco do calvário. Note que as mensagens atuais de fé (a prova daquilo que não vemos) perderam o foco das coisas que não conseguimos ver e tocar e sutilmente deram lugar a mensagens mais palpáveis e visíveis, ou seja, é fácil se identificar com um executivo, psicólogo, etc. e muito mais difícil se identificar com alguém que deixa toda a sua glória e que morre por seus inimigos. É muito mais fácil se identificar e seguir um grande general do que alguém que oferece a outra face depois de uma bofetada. É mais fácil ter como parâmetro homens ricos e prósperos do que imitar alguém que vende tudo o que tem e dá aos pobres. Mais fácil acreditar na casa nova, no carro e na promoção do que tomar uma cruz em suas costas. A maioria até pede por socorro e busca referenciais de fé, mas quando são apresentados ao verdadeiro evangelho preferem clamar por “alguém mais” além Dele. Os espertos de plantão entenderam o novo clamor social e produziram o que eu diria ser um “Jesus Light”. Um salvador para cada tipo de freguês. Uma fé para cada tipo de necessidade. Assim ninguém precisa dar saltos de fé. Todo mundo seguro, torcendo para que seus galhos não quebrem até que passe alguém que os tire de lá sem a necessidade de que se joguem. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Hb 11:1

Vergonha e Desabafo


Sinto vergonha! Quando percebo as virtudes cristãs e as bases que solidificam a nossa fé, serem trocadas por evasivas filosóficas que condicionam a Verdade ao relativismo agonizante da medida do homem, e o Deus soberano sendo transformado em um ser apequenado, surpreso e cheios de sonhos infantis. Sinto vergonha! De ver a teologia ser tratada como uma abominação do conhecimento a ponto de muitos ditos “cristãos” aconselharem a fugir dela para não ter a sua “fé” esfriada; ou, sendo tratada como um mero conjunto de doutrinas do saber empírico, gerando teólogos que disputam preciosismos doutrinários em detrimento do povo cristão que anseia por unidade e paz. E assim, o púlpito foi transformado em um moderno areópago para demonstrações de oratória e homilética, em vez de lugar para a manifestação do poder de Deus pela sua Palavra por meio do Espírito. Sinto vergonha! Por acompanhar as disputas televisivas de muitos pastores midiáticos e seus ministérios gigantescos despejando promessas que Deus não fez. Brigando por coisas que não pertencem ao Reino, manipulando o telespectador para as vultosas doações numa verdadeira barganha celestial. Sinto vergonha por terem feito da oportunidade de comunicar o evangelho em uma corrida por audiência com direito a demonstração de quem mais expulsa demônios, de quem mais cura, de quem mais realiza feitos miraculosos, etc. Sinto vergonha! Quando a Bíblia é cada vez mais usada de acordo com o “achômetro” de cada um, ou como um livro mágico, enquanto fazem das experiências, que são bem pessoais, serem transformadas em doutrinas e normas, criando com isso, cadeias idolátricas em torno dos “vasos” que operam “moveres” que glorificam o homem e não mais a Deus. Sinto vergonha! De ver o misticismo, o bruxismo e o paganismo adentrar na Igreja Evangélica Brasileira e cada vez mais a ética, o exemplo e o viver a Palavra com dignidade se tornar um ideal utópico em vez de normalidade cristã. Sinto vergonha! Quando calvinista e arminianos se escalpelam em guerras que levam ao desgaste fraterno e o desamor crescente entre os irmãos. Sinto vergonha! Que o outrora povo protestante, não mais proteste, não mais examine, não mais discerna; que expressa uma espiritualidade fantasmagórica e caminhe por caminhos que não são os nossos; caminhos que não podemos e que não devemos ir. Sinto vergonha! Que este povo, que dantes recebera a alcunha de “os bíblicos” não mais leia, estude, nem perscrute como Bereanos a Palavra que lhes foi dada, e passou a confiar plenamente nos pregadores estranhos e suas “revelações esdrúxulas”, tendo-as como verdade absoluta sem ao menos um exame acurado nas Escrituras. Sinto vergonha! Que a Escola Bíblica Dominical, os Cultos de Doutrina e Orações sejam flagrantemente negligenciados e trocados por qualquer entretenimento fácil e alienante. Sinto vergonha dos cultos centrados no homem e em busca de bens de consumo numa ânsia neoliberal desenfreada e sem precedentes na história eclesiástica, enquanto remissão de pecados e o retorno de Cristo quase não mais constarem nas pautas dos sermões dominicais. Sinto vergonha de mim, por minha inércia, impotência e vontade de desistir, pelo riso ante as cenas dantescas que se tornaram tão comuns hoje em dia e que deve nos levar a o choro, jejum e oração. Mas não te renego, nem te desprezo e não desisto de ti, simplesmente por te amar Igreja Evangélica Brasileira. Em Cristo, que se entregou pela Igreja.

Thalles Roberto é ungido Pastor com direito a profecia de Estevam Hernandes


Algumas indagações ferveram em minha mente após ver este vídeo. Confesso que não tenho tanto conhecimento bíblico e preciso de ajuda. Me respondam por favor: - Thalles sentiu vontade de ser pastor e foi ungido – É assim que funciona a coisa? - Herança sacerdotal?- Alguém me explique o que é isso? - O Espírito do Senhor se aparta de nós na Nova Aliança? – Como assim? - Que saia fogo de minhas mãos – Haducken? - Ungido pastor sob línguas estranhas é algo sinistro – Cadê os intérpretes? - “Apóstolo” Estevam Hernandes ungindo Thalles? – Não há perigo de ele receber a “unção” da grana suja do Estevão!? Gente, estas indagações irônicas não estão aí pra tentar diminuir ou deslegitimar o trabalho de Thalles. O preocupante, e que eu já consigo ver como realidade, são as decisões precipitadas e a triste hierarquização no reino – quando o cara é cantor, que se acha levita e se intitula pastor fico a procurar quais as reais motivações diante do ministério. Pensemos. Infelizmente, em muitos casos, após se tornarem astros, ricos, famosos, muitos buscam ou a insubmissão de líderes e se auto promovem a pastor, ou tomados por uma má orientação decidem, sem preparo teológico algum, serem além de cantores, pregadores de púlpito sem qualquer chamado. Se escavacarmos o dossiê de alguns dos astros do Gospel, notaremos que a grande maioria após a fama, inventaram um pastoreio. Mas fico pensando, será se eles realmente exercem um pastoreio de forma integral, com excelência, ou se apenas carregam esse título em detrimento de uma prioridade de agenda de show’s? Eu ainda vejo uma certa validade em canções de Thalles como “Ele é contigo”, “Deus do Impossível”, por exemplo, mas como a Bíblia diz que “as más companhias corrompem os bons costumes (1 Coríntios 15:33), eu não tenho dúvidas, o negão tá se cercando de gente peçonhenta. Então, com muito din din dos shows que não param de entrar e convivendo com gente como Estevam Hernandes, R.R. Soares, dentre outros, certamente este novo pastor não terá problemas com a teologia da prosperidade e outras teologias estranhas à Palavra, terminando de se confirmar como mais um o vexame gospel. Falo isso sem nenhum tipo de desejo ou pessimismo, mas tentando manter os pés nos chãos e compreendendo que estes são, realmente, tempos difícies.