quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pastores coisa nenhuma! Eles querem ser chamados de bispos e apóstolos


Por esses dias fiquei sabendo que um jovem pastor de uma igreja neopentecostal daqui de Niterói, ministerialmente inexperiente e despreparado teologicamente, tomou pra si o título de bispo. Isso mesmo: Ele agora é bispo! Pois é, o rapaz além de adepto das inúmeras heresias, dentre estas a “judaização do Cristianismo” resolveu acreditar que possui uma unção especial de bispo. Caro leitor, estou impressionado como esse povo procura títulos. Certa feita, ouvi um relato de uma irmã que ao dirigir-se a um senhor chamou-lhe de irmão. Para surpresa dela, o homem de modo sisudo respondeu firmemente dizendo: Irmão não. Pastor. Por favor me chame de pastor. Um outro, ficou extremamente ofendido porque um irmão lhe chamou de pastor, quando na verdade ele era apóstolo. Pois é, lamentavelmente alguns dos líderes evangélicos tupiniquins tem demonstrado ao longo dos anos uma enorme fome por titulos. Se não bastasse os oficios e titulos convencionais, esta corja aproveitadora, inventou outros tantos mais. Nesta perspectiva multiplicaram-se os apóstolos, apareceram os profetas da restauração que a reboque fabricaram os mais variados titulos. Caro leitor, essa busca desenfreada por títulos e oficios me enoja. A questão é que essa galera descompromissada com as Escrituras prefere a ostentação de uma função eclesiástica a ser um simples servo. Aliais, o termo servo, definitivamente caiu em desuso. Todavia, ao contrário do que deveria ser, parte da igreja evangélica brasileira esqueceu das Palavras de Jesus que nos ensina que todo aquele que deseja ser grande deve aprender a servir. Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Marcos 10:42-45 Lamentavelmente os homens querem ostentação, sem contudo entenderem que somos e fomos chamados para servir àqueles que conosco se relacionam. Como bem afirmou Thomas Brooks, “os cristãos que permanecem no serviço do Senhor precisam considerar mais a cruz do que a coroa.” Prezado amigo, quem somos nós? Que possuímos nós? Ora, não somos nada! Como bem disse o reformador Martinho Lutero, nós não passamos de sacos de esterco, servos inúteis carentes da graça e da misericórdia de Deus

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O QUE HÁ DE ERRADO COM O SISTEMA DE APELO NA PREGAÇÃO?

Por Roberto Aguiar “A simples aceitação de um ensinamento verdadeiro sobre a pessoa de Cristo, sem o coração ter sido ganho por Ele, e a vida ter sido devotada a Ele, é apenas mais outra etapa deste caminho “que ao homem parece direito”, mas cujo fim “são caminhos da morte” (A.W. Pink). Ao contrário do que a maioria de nós crentes imagina, o apelo feito no final do culto para que o perdido entregue sua vida à Cristo, é uma prática relativamente nova, portanto completamente desconhecida dos apóstolos. Durante seus primeiros 1.800 anos, o cristianismo se desenvolveu sem a famosa ajuda do apelo, “Quem quiser aceitar Jesus, levante sua mão”. Há propósito, alguém já encontrou o termo, “Aceite a Cristo” no novo testamento? “Foram os Metodistas e os Evangelistas reavivalistas do século XVIII que deram luz a esta novidade no cristianismo que se chama de “apelo”. Esta prática de convidar pessoas que desejam orações a colocar-se de pé e vir à frente para recebê-las surgiu de um evangelista Metodista chamado Lorenzo Dow. Posteriormente o reverendo James Taylor foi um dos primeiros a chamar pessoas para virem à frente em sua igreja em 1785 no Tennessee. O primeiro uso do altar de que se tem registro com relação a um convite público aconteceu em 1799 em um acampamento metodista em Rio Vermelho, Kentucky, E.U.A. [117] Mais tarde, em 1807 na Inglaterra, os metodistas criaram o “banco de penitentes”. [118] Agora, os pecadores ansiosos tinham um local para confessar seus pecados ao serem convidados para vir à frente. Este método chegou aos Estados Unidos dentro de poucos anos. O evangelista Charles Finney (1792-1872) acatou este “banco de penitentes”. Finney começou a usar este método a partir de sua famosa cruzada de 1830 em Rochester, Nova Iorque. [119] O “banco de penitentes” localizava-se defronte ao lugar onde os pregadores se postavam no púlpito. 120[120] Ali tanto pecadores como santos carentes eram convidados a ir à frente para receber as orações do ministro. [121] Finney elevou o “apelo ao altar” ao nível de uma obra de arte. Seu método consistia em pedir àqueles que queriam ser salvos para que se levantassem e fossem à frente. Finney tornou esse método tão popular que “após 1835, chegou a ser um elemento indispensável no moderno evangelismo”. [122] Charles Finney (1792-1872) Com o tempo, esse “banco de penitentes” dos acampamentos feito em fazendas e beira de estradas foi substituído pelo “altar” no salão da igreja. O “caminho de serragem” usado nos acampamentos deu lugar ao corredor da igreja. Assim, pois, surgiu o famoso “apelo ao altar”. [124] Talvez o elemento mais dominante proporcionado por Finney ao moderno cristianismo foi o pragmatismo. Por pragmatismo quero dizer a crença de que se algo funciona ou dá resultados, então deve ser apoiado ou aceito. Finney acreditava que o NT não ensinava nenhuma forma determinada de adoração. [125] Ele ensinava que o único propósito da pregação é ganhar almas. Qualquer mecanismo que ajudasse atingir esta meta poderia ser aceito. [126] Sob Finney, o evangelismo do século XVIII se converteu em uma ciência e foi integrado à corrente principal das igrejas. [127] O cristianismo moderno nunca se recuperou desta ideologia antiespiritual. É o pragmatismo, não a Bíblia ou a espiritualidade, que governa as atividades da maioria das igrejas modernas. (Posteriormente as igrejas atentas aos seus “índices de audiência” foram além de Finney). O pragmatismo é daninho porque ensina que “os fins justificam os meios”. Se o fim é considerado “santo”, qualquer “meio” é válido. Por estas razões Charles Finney é aclamado como “o reformador litúrgico mais influente na história da igreja americana”, [e em conseqüência, da igreja moderna]. [128] Do ponto de vista do genuíno protestantismo, é necessário que a doutrina esteja rigorosamente de acordo com as escrituras para poder ser aceita. Mas pela prática da igreja, tudo é válido desde que resulte em novas conversões! Em todos os aspectos, o Evangelismo reavivalista converteu a igreja em um ponto de pregação, restringindo a experiência da ekklesia a uma missão evangelística. [129] Isto normatizou os métodos reavivalísticos de Finney e criou personalidades do púlpito como a atração dominante. A igreja passou a ser uma questão de preferência individual em vez de ser uma questão coletiva. [130] Em outras palavras, a meta dos reavivalistas era levar pecadores individualmente a uma decisão individual, por meio de uma fé individualista. Como resultado, a meta da Igreja Primitiva — a edificação mútua e o funcionamento de cada membro manifestando Jesus Cristo coletivamente diante dos principados e potestades — perdeu-se completamente. [131] Ironicamente, João Wesley, [a quem muito admiro], um dos primeiros reavivalistas, compreendeu os perigos do movimento reavivalista. Ele escreveu que “o cristianismo é essencialmente uma religião social [...] transformá-lo em uma religião solitária é certamente sua destruição”. [132] O último tempero que o Reavivalismo agregou à liturgia protestante foi fazer o “apelo ao altar” após um hino. Esta é a liturgia que domina o protestantismo até hoje”. Frank A. Viola O texto acima introduz um pouco de luz sobre o tema, nos fornecendo mais condições de entender alguns fatores pelo qual as coisas se encontram como estão. A problemática do apelo, é que numa área de extrema complexidade, a salvação do indivíduo, ele apela para um recurso extra bíblico. O apelo também não leva em consideração a necessidade de arrependimento do pecador, como condição para a sua salvação, como as escrituras determinam, “Disse Jesus: Se não se arrependerem, todos de igual modo perecerão”. Lucas 13:3. Mas alguém pode observar, “mas o que pode haver de errado em algo que é extra bíblico, se esse recurso ajuda as almas a se encontrarem com o salvador?” Realmente ajudaria se não atrapalhasse. O apelo acelera um processo que jamais poderia ser apressado. No evangelho, Jesus ensina justamente o oposto: “Grandes multidões estavam seguindo Jesus. Então Ele fez um discurso assim: “Todo aquele que quer ser meu seguidor deve amar-Me bem mais do que ao seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos ou irmãs – sim, mais do que a própria vida; caso contrário, não pode ser meu discípulo. E ninguém pode ser meu discípulo se não carregar sua própria cruz e seguir-Me. Mas é preciso pensar muito antes de resolver. Pois quem começaria a construção de um edifício sem primeiro fazer os cálculos e depois verificar se tem dinheiro suficiente para pagar as contas! Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, então todo mundo se riria dele! Estão vendo aquele sujeito ali diriam em tom de gozação: ‘Começou aquela construção e ficou sem dinheiro antes de terminar!’ E qual é o rei que algum dia pensou em ir à guerra sem primeiro sentar-se com os seus conselheiros e discutir se seu exército de 10.000 tem força suficiente para derrotar os 20.000 homens que vêm marchando contra ele’! Se acharem que não, enquanto as tropas inimigas ainda vêm longe, ele mandará uma comissão para combinar as condições de paz. “Assim ninguém pode ser meu discípulo se primeiro não resolver abrir mão de todas as outras coisas, por mim”. Lucas 14: 25 a 33 Observe que apesar da missão do messias ser fundamentalmente o resgate da humanidade, em momento algum ele minimiza ou rebaixa o padrão pelo qual os homens devem recebê-lo. Querer resolver tudo em um só evento, em algo de tamanha magnitude, é um erro crasso, é o calcanhar de Aquiles da pregação do evangelho. A verdadeira conversão é algo muito mais superior e complexo do que a nossa vã teologia supõe, podemos notar isso pelos termos que Jesus apresenta para aceitar alguém ao seu lado. Na verdade nós é que precisamos ser aceitos por Jesus, e não o contrário como se diz irresponsavelmente. Essa conversa de que a salvação é gratuita é verdade, mas com certas considerações, e jamais sem elas. Oferecer a salvação como a um brinde que pode ser recebido incondicionalmente, é propaganda enganosa, uma mentira maldosa para com os pobres ouvintes. “É impossível alguém se arrepender [segundo os padrões de Cristo] sem ter uma profunda decepção consigo mesmo” Com esse tipo de apresentação que nos acostumamos a fazer do evangelho, não me admiro que a maior parte dos conversos abandone o caminho após uma leve ciência dos fatos, e outra parcela gigantesca das chamadas ovelhas, estejam na igreja simplesmente interpretando o personagem do cristão, após descobrirem que foram impulsionadas a optarem precipitadamente por um salvador, do qual não conheciam absolutamente nada. E o que as mantém na congregação então? É simples, disseram a elas que a salvação eterna lhes foi oferecida em troca de um consentimento verbal e público de que Jesus era o filho de Deus, o salvador. E que após essa “promoção celestial”, o que se esperava deles seria penas uma leve freqüência nos cultos, algum dinheiro, seguido do abandono de meia dúzia de maus costumes. Como dizem alguns sóbrios homens de Deus, “Nunca ninguém ofereceu tanto, por tão pouco”. “A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista de hoje. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua carnalidade e mundanismo”(A.W. Pink). Outra questão que facilitou a introdução cega do apelo foi a má interpretação da palavra Crer. No mundo secular, a palavra crer tem um significado diferente do que há na bíblia. A igreja de um modo geral, influenciada pelos reavivalistas, pegou textos sobre o tema e os interpretou segundo o contesto humano: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”(João 3:16). “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" ( Marcos 16:16). “Quem crê nele não é condenado” (João 3:18). Num país cristão, se você perguntar as pessoas se elas acreditam em Jesus, a maioria dirá que sim, claro! Elas entendem que estamos perguntado se elas acreditam na existência da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Mas o problema é que o texto não está questionando isso. O que o texto está indagando é se a pessoa acredita no que Jesus fala, e não se acredita em sua existência pessoal. E isso faz alguma diferença? Claro, faz toda a diferença, porque se tratam de coisas absolutamente diferentes! Acreditar na existência de Cristo e de sua obra, não exige nada de mim. Mas acreditar em suas palavras significa o fim da minha vida como a conheço, significa a morte do meu ego, a extinção de minha independência, a renuncia das coisas que amo, mas que me fazem mal, e o montante de tudo isso é alto demais para que seja calculado em alguns minutos. É por isso que uma decisão dessas não pode levar apenas alguns momentos. O apelo é a causa do exorbitante número de decisões por Cristo abortadas. “Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas. É exatamente isso que as igrejas modernas estão oferecendo” Em minha igreja jamais faço um apelo. E algumas pessoas me perguntam, “Mas como você sabe que alguém entregou sua vida à Cristo?” Eu respondo: É simples! Quando a vida da pessoa começa a mudar para de acordo com as escrituras, a conexão entre ela e Deus foi efetuada com sucesso. “Disse Jesus: Pelos frutos os conhecereis…” Então assim está tudo resolvido? De forma alguma! Após uma possível decisão por Jesus, trato de informá-las que uma escolha por Cristo, foi apenas o início do jogo e não o final dele. Foi apenas o primeiro, de diversos passos que deverão se suceder até o fim de suas vidas. Embora isso afete o numero de candidatos a seguidores de Cristo, nem Jesus, nem os apóstolos jamais tiveram compromisso com as estatísticas, mas sim com a verdade. Eles procuravam construir nas pessoas uma fé firme, inabalável, que resistisse a tudo e a todos. Esse tipo de fé não se consegue com decisões instantâneas, de momento, nem com o rebaixamento dos padrões bíblicos, nem com a omissão das condições impostas por Deus. “A menos que um homem seja posto no nível de sua miséria e culpa, toda nossa pregação é vã. Somente um coração contrito pode receber um [o verdadeiro] Cristo crucificado”(Robert Murray McCheyne). Existe um prejuízo em seguir ao Cristo escriturístico, existe algo à perder. Se formos sinceros, admitiremos que o messias claramente dificultava a adesão de novos candidatos a discípulo como ficou evidente no episódio do jovem rico. Jesus agia assim porque diferentemente de nós, acima de tudo prezava pela verdade, e a verdade nos obriga a sermos extremamente francos e transparentes, ingredientes indispensáveis para se construir relacionamentos profundos e duradouros. A igreja evangélica moderna, pelo menos em países pobres e em desenvolvimento, continua se expandindo sob terreno arenoso e irregular, usando técnicas de engenharia extra-bíblicas. Eles visam apenas a multiplicação do empreendimento, sem atentar para a sua solides. Fundamentos duvidosos põem em risco toda a estrutura, mas isso parece não intimidar os alto-afirmados lideres da igreja moderna. Aos servos sinceros que ainda se preocupam com a voz do mestre, aconselho a abandonarem a fobia por novos convertidos à “sangue-frio”, e a investirem o suor em serem verdadeiros discípulos. Só assim estarão aptos para fazerem discípulos de verdade. Não confundam, a ordem do mestre não foi conseguir o maior numero de “decisões”, mas de discípulos. “Não procuramos enganar as pessoas para que creiam, não estamos interessados em fazer trapaça com ninguém. Nunca procuramos fazer com que alguém creia que a Bíblia ensina o que ela não ensina. Nós nos abstemos de todos esses métodos vergonhosos” (II Coríntios 4:2).

Solilóquio, uma conversa no espelho

A marca distintiva da sociedade contemporânea é a superficialidade. Somos rasos em nossas avaliações. Falta-nos reflexão. Falta-nos introspeção. Estamos atarefados demais e cansados demais para examinarmo-nos a nós mesmos. Corremos atrás de coisas e perdemos relacionamentos. Sacrificamos no altar das coisas urgentes, as coisas que de fato são importantes. Como muito bem afirmou George Carlin, num artigo sobre o paradoxo do nosso tempo: “Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente e odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do fast-food e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados”. Solilóquio é conversar consigo mesmo. É olhar nos olhos daquele que vemos no espelho e enfrentá-lo sem subterfúgios. É entrar pelos corredores da alma e não escapar pelas vielas laterais. É lidar com o nosso mais difícil interlocutor. É falar com o nosso mais exigente ouvinte. A introspecção, porém, é uma viagem difícil de fazer. Olhar para dentro é mais difícil do que olhar para fora. É mais fácil falar para uma multidão do que conversar com a nossa própria alma. É mais fácil exortar os outros do que corrigir a nós mesmo. É mais fácil consolar os aflitos, do que encorajar-nos a nós mesmos. É mais fácil subir ao palco e pregar para um vasto auditório do que conversar com aquele que vemos diante do espelho. O salmista, certa feita, estava muito triste e percebeu que precisava endereçar sua voz não para fora, mas para dentro. Então disse: “Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). É preciso dizer à nossa alma que a tristeza não vai durar para sempre. Devemos levantar nossos olhos e saber que Deus está no controle da situação, ainda que agora isso não seja percebido pelos nossos sentidos. Devemos proclamar, em alto e bom som para nós mesmos, que o louvor e não o gemido; a alegria e não o choro é que nos esperam pela frente. Não nos alarmemos com nossas angústias; consolemo-nos com as promessas de Deus. Não basta reflexão, é preciso introspecção. Não basta falarmos aos outros, precisamos falar a nós mesmos. Não basta lançarmos mão do diálogo, precisamos de solilóquio. O salmista, disse certa feita: “Volta minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7). Muitas vezes, ficamos desassossegados, quando deveríamos estar em paz. Curtimos uma grande dor na alma, quando deveríamos estar experimentando um bendito refrigério. E por que? Porque deixamos de pregar para nós mesmos. Deixamos de exortar nossa própria alma. Deixamos de fazer viagens rumo ao nosso interior. Deixamos de conversar diante do espelho. Deixamos o solilóquio. É preciso alertar, entretanto, que o solilóquio só é saudável, quando estamos na presença de Deus, quando nossa esperança está em Deus, quando encontramos em Deus nosso refúgio e fortaleza, quando podemos dizer como o salmista: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.

BOAS INTENÇÕES QUE LEVAM A MORTE

A Bíblia nos relata que o Rei Davi depois que se estabeleceu como rei de Israel, quis trazer a Arca do Senhor que estava na casa de Abinadabe para Jerusalém. Só que nesse percurso ouve um incidente que marcou a sua vida, é que Uzá, um dos que estavam guiando o carro que trazia a Arca do Senhor quando viu que o boi havia tropeçado e a Arca estava para cair, ele colocou a mão nela para evitar que isso ocorresse. O texto bíblico relata que Uzá, por ter feito isso, o Senhor o matou. A narrativa bíblica é muito clara em relação a isso, veja: “Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus” (2Sm 6.6,7). Porque Deus fez isso com um homem tão bem intencionado? Havia naquele ambiente temor e tremor diante de Deus. As pessoas ali, a começar pelo próprio rei, estavam alegres e cultuando a Deus levando a Arca para Jerusalém, e de repente Deus se levanta com ira santa e mata aquele homem. Porque isso ocorreu? Porque a ira de Deus se acendeu contra Uzá? Durante muito tempo eu me questionei a respeito desse texto até o dia em que eu parei de questionar e procurei em oração estuda-lo e descobri porque isso tudo ocorreu. Vamos analisar esse texto e observar as lições que esse episódio tem para nos ensinar e que se adapta muito bem para os dias de hoje, mas para isso temos que retornar cerca de oitenta anos, no tempo do sacerdote Eli. O contexto histórico. Na época do sacerdote Eli os seus dois filhos Hofni e Finéias, que eram também sacerdotes, estavam em pecado. Apesar de eles serem responsáveis em levar o povo a cultuar a Deus e interceder por ele, estes dois sacerdotes estavam agindo na contra mão das suas funções. Além de menosprezarem o sacrifício a Deus oferecido pelo povo, eles também se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação (1Sm 2.12-17, 22-26). O Senhor então falou para o sacerdote Eli que sua família não continuaria mais no sacerdócio e o sinal que Eli receberia como prova de que isso provinha do Senhor era que os seus dois filhos morreriam no mesmo dia, pois Eli honrava mais aos seus filhos que a Deus (1Sm 2.27-34). Entenda uma coisa, os filhos do sacerdote Eli eram sacerdotes, mas eram homens que segundo a Bíblia, eram filhos de Belial, ou seja, eles eram homens sem valia ou rebeldes. Homens que não se importavam com o Senhor (1Sm 2.16). Nesse período, houve uma guerra entre Israel e os Filisteus. Na primeira batalha os filisteus venceram (1Sm 4.2), então os israelitas tiveram a brilhante ideia de levar para o campo de batalha a Arca do Senhor, pois para eles, aquela batalha havia sido perdida porque o Senhor não estava com eles através da Arca. Observe o texto: “Mandou, pois, o povo trazer de Siló a arca do SENHOR dos Exércitos, entronizado entre os querubins; os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da Aliança de Deus” (1Sm 4.4). Para o povo a Arca da Aliança representava somente um patuá, um amuleto, pois eles não entendiam que a manifestação da glória do Senhor no meio do seu povo vinha de uma vida consagrada e o Senhor não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele. No entanto, o povo era o reflexo do que era o ofício sacerdotal naquela época. Sacerdotes de si mesmos e não do Deus Altíssimo. Sacerdotes segundo a vontade do povo e não segundo os princípios estabelecidos por Deus em sua Palavra. Não eram diferentes dos líderes que temos visto nos dias de hoje. Como disse Judas, irmão de Jesus em sua epístola a respeito dos líderes que estavam se levantando em sua época: “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre” (Jd 11-13). E este mesmo espírito está até hoje em nosso meio, agindo na vida e no ministério de muitos líderes por aí. Como Deus não compactua com o pecado e para cumprir a Sua Palavra já antes anunciada ao sacerdote Eli, os israelitas perderam a batalha, os seus dois filhos morreram e a Arca do Senhor foi levada pelos filisteus. Quando a notícia chegou a Siló, o sacerdote Eli que estava assentado numa cadeira ao pé do caminho, pois temia pela Arca do Senhor, quando soube que a Arca havia sido tomada pelos filisteus, caiu para trás, quebrou o pescoço e morreu, pois era um homem pesado e idoso, ele tinha noventa e oito anos. Ele havia julgado Israel por cerca de quarenta anos. A nora do sacerdote Eli, esposa de Finéias, quando soube que a Arca havia sido tomada, que seu sogro havia acabado de falecer e que seu marido havia morrido também; ela, que estava para dar a luz teve seu filho naquele momento, mas não se alegrou com o nascimento do filho e ainda pôs o nome dele de Icabô, que quer dizer: “Foi-se a glória de Israel” (1Sm 4.12-22). Tudo isso devido a consequência do pecado de um pai que não ousou com autoridade repreender seus filhos, por deixa-los exercendo o sacerdócio e ainda permitir levar a Arca da Aliança para o campo de batalha mesmo depois de ter ouvido o que o Senhor lhe havia dito. A Arca ficou na terra dos filisteus por cerca de sete meses (1Sm 6.1). Nesse período eles foram atacados por várias enfermidades e pragas de ratos que estavam destruindo a terra (1Sm 6.5). Diz a Bíblia que lhes nasceram tumores e muitos morreram devido a isso. A Arca do Senhor foi então enviada para cinco cidades diferentes e onde a Arca chegava isso ocorria. Então resolveram devolver a Arca aos israelitas com uma oferta de cinco ratos e cinco tumores ambos de ouro dentro de um cofre, representando os males que os estavam assolando. Colocaram em um carro novo guiado por duas vacas com crias. Diz-nos as Escrituras que elas foram em direção à terra dos israelitas andando e berrando, mas sem se desviarem nem para a direita nem para a esquerda (1Sm 6.12). Por fim chegou ao território dos israelitas e a Arca ficou na casa de Abinadabe e consagraram seu filho Eleazar para guardar a Arca do Senhor (1Sm 7.1). Nos dias do rei Davi. Passaram-se cerca de oitenta anos, Davi já estava estabelecido como rei em Israel, então ele propôs em seu coração trazer a Arca do Senhor que estava na casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim (1Cr 13.5), para Jerusalém. Nesse percurso houve então esse incidente e nos diz a Bíblia que Davi muito se desgostou por isso ter ocorrido. Mas a questão é, porque isso ocorreu já que o rei estava tão bem intencionado? Vamos mostrar os erros que Davi cometeu passo a passo e os erros que as outras pessoas cometeram também. Primeiro erro: Davi foi consultar ao povo e não a Deus (1Cr 13.1-4). “Consultou Davi os capitães de mil, e os de cem, e todos os príncipes; e disse a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do SENHOR, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arredores, para que se reúnam conosco; tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela. Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo.” Davi agiu como alguns tipos de líderes que querem estar bem com o povo, fazer a vontade deles e ao mesmo tempo ver se a sua vontade está de acordo com o gosto dos liderados. E ainda usam o nome de Deus para satisfazerem o seu egocentrismo. Observe o final do texto: “porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo”, ou seja, as pessoas é que estavam ditando o que queriam. O que mais temos visto hoje em dia são igrejas ao gosto do freguês, e esse tipo de “igreja” é formada por pessoas que não tem compromisso com Deus, mas com o seu prazer e suas vontades. Os líderes por sua vez são os balconistas que estão para servi-los e agrada-los. Segundo erro: Davi trouxe a Arca do Senhor imitando os filisteus (2Sm 6.3). “Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.” Isso deu certo com os filisteus, mas não foi isso que a Lei determinava. A Arca deveria ser levada nos ombros pelos levitas e não em carro novo: “Também lhe farás moldura ao redor, da largura de quatro dedos, e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor da moldura. Também lhe farás quatro argolas de ouro; e porás as argolas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés. Perto da moldura estarão as argolas, como lugares para os varais, para se levar a mesa” (Êx 25.25-27). “Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR” (1Cr 15.15). Outro detalhe importante, não era qualquer levita que podia levar a arca, deveria ser os filhos de Coate (Nm 4). Somente os coatitas que podiam lidar com as coisas santíssimas. Hoje em dia tem gente que pensa fazer tudo de qualquer maneira passando a frente dos verdadeiros responsáveis na igreja. Todo mundo pensa que pode ser pastor e vai por aí a fora. Outra coisa a Arca deveria ser coberta e quem pusesse a mão nela morreria (Nm 4.15). Uzá sofreu as consequências do que já estava escrito na Lei do Senhor. Tem gente que lê a Bíblia e pensa que o que está nela não é bem assim, que as coisas hoje estão diferentes, e vai por aí. Cuidado, com Deus não se brinca! Os filisteus simbolizam o mundo e Davi estava imitando o mundo. Mas isso tem ocorrido em muitas igrejas hoje. Tem muitas igrejas se mundanizando, ao invés de observarem a Palavra de Deus observam as últimas novidades e como podem aplica-las em suas igrejas, são como os atenienses na época de Paulo, que só queriam saber as últimas novidades (At 17.21). Recentemente eu vi uma igreja que tinha um ringue de luta livre dentro dela, outra tinha lutas de capoeira. Se a igreja pretende competir com o mundo em divertimento certamente irá perder, primeiro porque a igreja não tem esse papel e segundo, a igreja foi levantada para adorar a Deus e não agradar as pessoas. Devemos ir a igreja para ouvir a voz de Deus e não uma palavra que nos agrade. Devemos ir a igreja cultuar a Deus e não nos divertir. Para isso existem os cinemas, teatros e shows dos mais diversos por aí. Quer se divertir vá para o mundo, quer adorar a Deus vá a um culto. Eu não adoro a Deus imitando o mundo, mas negando a mim mesmo e tomando a minha cruz. Foi isso que Jesus nos ensinou (Lc 9.23). Terceiro erro: Uzá e Aiô não quiseram contrariar o rei Davi. Esses dois homens eram netos de Abinadabe, filhos de Eleazar, eles sabiam muito bem como Arca deveria ser transportada e a maneira como o rei estava fazendo estava totalmente errada. O rei deveria ser corrigido, mas nenhum deles deve coragem de desafiar as suas ordens. Eles foram coniventes com o erro. Uma coisa é administrar uma nação outra é culto a Deus. Eles foram completamente diferentes dos sacerdotes da época do rei Uzias. Diz-nos a história bíblica que o rei Uzias resolveu oferecer incenso no templo e foi barrado pelos sacerdotes (2Cr 26.16-20). O texto nos fala assim: “Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior firmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para este mister; sai do santuário, porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Então, Uzias se indignou; tinha o incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR, junto ao altar do incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira.” Aquele não era o papel do rei, ele poderia ser rei, mas dentro da Casa do Senhor quem tinha autoridade eram os sacerdotes. Eles desafiaram o rei e não permitiram tal atitude. Já Uzá e Aiô não tiveram a mesma coragem e permitiram que o rei Davi fizesse o que bem lhe agradara. O resultado com Davi foi morte de Uzá, já no caso de Uzias a lepra recaiu sobre ele. Devemos seguir a Palavra para agradar a Deus e não aos homens. Ainda que tais homens estejam revestidos de autoridade o que não nos obriga a satisfazê-los e nem seguir as suas leis. Estamos vivendo uma época em que muitas pessoas querem nos dizer como devemos adorar a Deus. Como devemos ver o pecado, não como pecado, mas como algo natural e que não ofende a Deus; afinal de contas Deus é amor. Estão tentando nos dizer como devemos educar nossos filhos. Dizem-nos que o homossexualismo não é pecado contra Deus (teologia inclusiva). Tentam até controlar o que fazemos com o nosso dinheiro ensinando que o dízimo é coisa do AT com suas mais esdruxulas teologias. Pessoas sem nenhuma autoridade espiritual tentando nos convencer a relativar a Palavra de Deus. Pessoas assim agem da mesma forma que Satanás agiu com os nossos primeiros pais (Gn 3). Mas nós não seguimos homens, o que nos direciona é a Palavra de Deus, pois se não for assim geraremos morte e não vida. Outro problema aqui detectado é o que podemos chamar de culto à celebridade. Uzá e Aiô deixaram de cultuar a Deus para cultuar o rei Davi. Fizeram uma celebração não ao Rei dos reis, mas a um rei terreno e falho. Hoje o que mais se vê por aí é show e não culto a Deus. As pessoas vão ao culto para ver o cantor famoso, a banda de sucesso, o pregador das multidões, mas Deus que é bom mesmo não é cultuado. Quarto erro: indiferença para com as coisas de Deus. Aiô e Uzá eram netos de Abinadabe e filhos de Eleazar. Os dois sacerdotes cresceram com a Arca em sua casa e aquilo se tornou algo familiar para eles. O fato de toda a sua vida ter conhecido a Arca aliando à geral indiferença poderia ter gerado neles sentimento de excessiva familiaridade com a mesma. Eles não tinham zelo pelo sagrado, aquilo se tornou corriqueiro para eles. Daí eles fizeram como o rei queria, pois para eles aquilo não importava muito. Isso me chama a atenção para a nova geração que está crescendo em nossas igrejas, principalmente filhos de pastores que correm o mesmo risco de verem a igreja como um ganha pão do pai ou ver o pai pastor como uma celebridade e que ele, como filho do pastor, podendo fazer qualquer coisa na igreja e fora dela, pois ele é filho do “dono da igreja”. E é exatamente isso que temos visto por aí. Filhos de pastores que não tiveram ainda uma experiência de conversão e estão seguindo inclusive a “carreira” do pai. A culpa de tudo isso, geralmente, são dos pais. Veja a história do sacerdote Eli que é um bom exemplo disso e até mesmo das dos filhos de Samuel posteriormente: “Tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel. O primogênito chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito” (1Sm 8.1-3). Muitas vezes o pastor tem tempo para as famílias da igreja, mas não dá a devida atenção aos seus próprios filhos. Filhos de pastor não são pastorzinhos e muito menos devem ser tratados de forma diferente dos filhos dos membros da igreja. Isso é muito sério. E o que gerou tudo isso? Morte. Quem anda na contra mão da Palavra de Deus tendo a responsabilidade de ensiná-la e não a faz gera morte em sua vida e na vida dos outros. Deu não foi mau com Uzá, Deus foi bom com o povo, pois se Ele não fizesse isso o erro continuaria e Ele não compactua com o erro. Saiba de uma coisa, a Bíblia nos ensina como devemos cultuar ao nosso Deus, mas tem muita gente querendo fazer do seu jeito. O Senhor Jesus disse que devemos adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23,24) e não com o espírito de mentira. Cuidado por onde você anda! Devido a esse ocorrido, Davi deixou a Arca na casa de Obede-Edom por cerca de três meses. E nos diz o texto sagrado que a casa deste foi abençoada por causa da arca que estava em sua casa. Observe que em momento algum as Escrituras dizem que a casa de Abnadabe foi abençoada, mas nos diz que a casa de Obede-Edom e tudo que ele tinha foi abençoado (2Sm 6.11,12). Sabe por que disso? Postura diante do sagrado. Reverência diante das coisas de Deus. Isso faz toda diferença em nossas vidas também. Davi então resolve trazer a Arca para Jerusalém, só que desta vez de forma correta. Os levitas a estavam trazendo em seus ombros: “Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR” (1Cr 15.15). Quais foram as consequências dessa atitude correta em relação a Arca do Senhor? Primeiramente Davi se alegrou (2Sm 6.15). Desta vez não houve morte, mas abundância de alegria na presença de Deus. Como disse Deus a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” (Gn 4.7a). Deus age de acordo com os seus preceitos pré-estabelecidos em Sua Palavra, ou seja, Deus é lógico. E bem sabemos que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A Palavra de Deus é a nossa regra de fé e prática, mas tem muitas pessoas que são meros expectadores e não praticantes. O próprio Senhor Jesus falou para os saduceus que eles erravam por desconhecerem as Escrituras e o poder de Deus (Mt 22.29). Esse desconhecimento leva ao erro e o erro a morte. Mas quando conhecemos e praticamos temos abundante alegria em nossas vidas. Segunda coisa, Davi abençoou o povo (2Sm 6.18). Por Davi estar abençoado ele tinha condições de abençoar as pessoas também. E isso ocorre conosco também. O senhor nos chamou para sermos canal de bênção na vida das outras pessoas. Quando Deus chamou Abraão para deixar sua terra, seus parentes e amigos e seguir para um lugar que ele ainda não sabia ao certo onde seria, para ali criar uma nova nação e estabelecer um povo para Deus, deu-lhe uma recomendação nestes termos: "Sê tu uma bênção". Tal imperativo definiu um perfil diferente na vida de Abraão. Ser bênção, e não simplesmente viver à procura dela, faz uma grande diferença. Muitos hoje perguntam por que a Igreja Evangélica no Brasil, que tanto cresceu nas últimas décadas, não tem promovido as mudanças que imaginávamos iria promover quando tivesse as oportunidades que tem hoje. Arriscaria uma resposta simples: tornamo-nos consumidores religiosos com todos os direitos que um consumidor tem. Ao invés de ser bênção, queremos receber bênçãos; usamos a igreja, a família e a sociedade para alimentar nossas ambições mais mesquinhas. Não somos mais agentes de transformação; viramos espectadores ingratos e exigentes. Ao invés de promover a prosperidade social, transformamo-nos em parasitas sociais, querendo cada vez mais e melhor para nós e não para os outros. A conversão é a transformação do ser passivo num ser ativo; do paciente num agente; do parasita social num ser solidário; do consumidor religioso num canal de bênção e cura para os outros. A solução para as mazelas sociais que vivemos em nosso país não será conquistada por uma Igreja que exige o melhor para si; que reivindica o direito de ser cabeça e não cauda; que busca a sua prosperidade em detrimento da miséria dos outros. A vida de muitos homens e mulheres de Deus ao longo da História foi ricamente abençoada porque viveram dominados pelo sentimento de dívida. Isso fez deles pessoas gratas, generosas, entregues, corajosas. Não esperavam que os outros viessem consolá-los; eles consolavam. Não viviam exigindo ou reivindicando direitos, mas carregavam um enorme senso de dívida; não viviam aguardando que alguém fosse procurá-los - eles é que procuravam. Eram bênção na vida dos outros e, consequentemente, eram abençoados. Ser bênção para a vida dos outros é criar os meios para que a graça de Deus os envolva trazendo salvação, reconciliação, cura e libertação. É criar os meios para que o cansado encontre alívio, para que o doente ache consolo, para que o perdido seja achado. E usar os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas esperanças e para alimentar a fé dos outros [1]. Terceira coisa: Davi foi abençoar a sua casa (2Sm 6.20a). A manifestação da glória de Deus precisa estar em nossa casa. Parafraseando uma palavra de Jesus que disse: “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua casa”. Há vários exemplos bíblicos de pais que enfrentaram problemas familiares sérios, isso não é para nos mostrar que ninguém está isento de problemas, mas acima de tudo, para nós vigiarmos e evitarmos seguir os mesmos exemplos negativos que eles cometeram. A Bíblia é um espelho e ela reflete a minha condição espiritual como também o da minha família, mas ela reflete para concertarmos o problema e não só para identifica-los. Há na Bíblia promessas de bênçãos sem medida para o nosso lar, leia o Salmo 128 e você verá isso. Mas para que eu possa ser canal de bênção para minha família é necessário eu ser uma pessoa abençoada, e de que forma eu sou abençoado, andando em conformidade com Deus e com a Sua Palavra. Não fazendo do Evangelho uma religião, nem uma filosofia de vida como muitos fazem, mas tendo o Senhor Jesus como SENHOR em minha vida. Entregando-lhe a direção da minha vida e deixando-o direcionar os meus passos assim como fez Rute a moabita: “Faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver” (Rt 1.17). AS ADVERSIDADES EXISTEM Agora entenda uma coisa, não é por andarmos de forma correta na presença de Deus que iremos agradar todo mundo. Quando Davi foi para sua casa para abençoá-la ele encontrou resistência e até mesmo rejeição pelo que havia feito. Mical, sua esposa, filha de Saul, não se agradou nem um pouco com a atitude de Davi: “Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!” (2Sm 6.20). Mas Davi lhe respondeu sem pestanejar: “Disse, porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes do que a teu pai e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do SENHOR, sobre Israel, perante o SENHOR me tenho alegrado. Ainda mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas, de quem falaste, delas serei honrado” (2Sm 6.21,22). Que tenhamos essa mesma postura diante dos nossos opositores. Jesus já nos havia alertado que os nossos inimigos seriam os de nossa própria casa: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (Mt 10.34-36). A vida cristã é feita de escolhas, se escolhermos andar com Cristo seremos muitas vezes perseguidos, mas teremos a Sua companhia conosco todos os dias. Como disse Pedro em sua carta: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pe 4.12-16). Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis a Sua Palavra mesmo que venhamos sofrer perseguição. Que não venhamos ser encontrados desqualificados, mas aprovados pelo Senhor de nossas almas. Que o Senhor nos ajude a sermos suas fiéis testemunhas todos os dias. Que Deus nos abençoe!