domingo, 12 de agosto de 2012

O Espetacular Homem Aranha: de quem é o trabalho, afinal?

Como a maioria dos críticos de cinema, eu também questionei a necessidade de outro reboot da franquia Homem-Aranha dez anos após o início da última saga com Tobey Maguire, em 2002. E, de fato, eu também não pensava que precisava assistir a história de como Peter Parker tornou-se Homem-Aranha uma vez mais. Dessa forma, se não fosse pela visita de vovô durante o feriado de 04 de julho, a nossa família provavelmente teria que esperar pelo DVD. Mas, como um devoto do Homem-Aranha ao longo da vida, posso dizer honestamente: fiquei muito contente de ver O Espetacular Homem Aranha no cinema. Valeu a pena! Antes de nos aprofundarmos em um dos temas principais, aqui vai algumas das minhas observações aleatórias: eu definitivamente gostei dessa história da “origem”, mais do que aquela do filme de 2002. Andrew Garfield foi um Peter Parker mais obscuro e menos choramingão do que Tobey Maguire – ainda que ele tenha me lembrado muito o positivamente terrível Hayden Christensen em Star Wars II. Eu também gostei de Emma Stone mais do que Kristen Dunst, bem como da relação entre Peter e Gwen. Denis Leary atua muito bem como policial o tempo todo. Rhys Ifans foi um vilão bem enfadonho. Comecei a chorar (e possivelmente até chorei) em quato momentos diferentes – não me lembro de ter feito isso em 2002. O Espetacular Homem Aranha foi definitivamente mais emocionalmente intenso do que seu antecessor. No geral, tenho que dizer que este foi um filme melhor. Como é o caso com a maioria dos filmes de super-heróis, há uma abundância de questões políticas e sociais sobre as quais poderíamos falar. A investigação científica é usada e abusada para tentar curar as pessoas de doenças. A evolução das espécies é apresentada como verdade, com o homem tendo a necessidade de realmente evoluir mais para se tornar tão forte e virulento como os animais. Os temas de vingança e justiça também estão presentes. E, há ainda a questão sobre se devemos manter as promessas ou se quebrá-las é melhor. Definitivamente, há uma abundância de boas discussões que você pode travar com os seus filhos, mesmo que considere apenas esses itens. Mas o melhor tema em O Espetacular Homem Aranha tem a ver com chamado e responsabilidade. No filme, somos re-introduzidos a um Peter Parker que é verdadeiramente uma alma perdida – um órfão, um estranho, um universitário apático, um perdedor. A morte de seus pais é mais tarde agravada pela morte do seu tio Ben. A morte do seu tio é a última gota, transformando a raiva internizada de Peter em fúria e vingança. Seus superpoderes recém-descobertos lhe dão agora a oportunidade de lutar com os valentões e caçar o homem que matou o seu tio. É somente quando salva um garoto (que é um retrato dele mesmo) que Peter abraça a sua vocação de salvar e proteger as pessoas do mal deste mundo. A cena fundamental no filme é quando Peter decide que precisa ir atrás do mutante Lizard, para essencialmente salvar todos os cidadãos da cidade de Nova Iorque. Enquanto nos braços da sua namorada Gwen, ela lhe diz: “Isso não é seu trabalho!” (derrotar Lizard). Peter apresenta-lhe uma pergunta retórica, como resposta: “E se for?”. Peter agora possui o forte senso de chamado e responsabilidade que seu tio Ben tentou ensinar-lhe antes de morrer. Num mundo onde a maioria das pessoas pensa “isso não é meu trabalho”, Peter sabia que era seu trabalho salvar outros da morte e destruição certa. [A propósito, mesmo o pai de Gwen, um capitão da polícia de Nova Iorque, tenta convencer Peter que isso não era trabalho do Homem Aranha. Felizmente, Peter não deu ouvidos a ele também!] Dessa forma, temos uma figura de Cristo em O Espetacular Homem Aranha. Jesus sabia qual era o seu trabalho, o seu chamado e a sua responsabilidade. Ele abraçou isso de maneira completa – reconhecendo e entendendo a violência, dor e vergonha. E, como Salvador do seu povo na cruz, ele completou o seu trabalho perfeitamente. Ninguém mais poderia ter feito o seu trabalho em favor da humanidade! Mas temos no filme O Espetacular Homem Aranha uma figura do cristão também. Todos os cristãos são chamados a serem usados por Deus para salvar aqueles que estão perdidos e sob o controle do Reino das Trevas. É tentador pensar que essa é a obra de cristãos “super heróis” – pastores, evangelistas, missionários, autores, etc. Mas esses ministros do evangelho em tempo integral não são os únicos que foram chamados para o trabalho de compartilhar o único evangelho que livra do mal. Todo crente deve abraçar o seu chamado de salvar o perdido pelo poder do Espírito Santo. Ora, não recebemos sentidos-aranha, super força-aranha, ou mãos-de-aranha para subir em paredes. Felizmente, recebemos muito mais, dons muito melhores – os dons do Espírito e a amardura de Deus! Essas ferramentas poderosas dadas pelo Espírito não devem ser usadas para ganho egoísta ou apenas empunhadas para evitar problemas. Como crentes, as palavras terríveis de Gwen (“Isso não é seu trabalho!”) não devem flutuar em nossa cabeça. É o nosso trabalho! Fomos todos chamados à ação! O mal está à solta o tempo todo, e devemos permanecer firmes contra ele. Louvado seja Deus, que nos equipa e é gracioso para nos usar para destruir as obras de Satanás e avançar o Reino de Deus!

Razões porque não voto em pastores.

Bastam as eleições se aproximarem, que se torna absolutamente comum aparecer nos arraiais evangélicos, pastores afirmando que receberam um chamado especial da parte de Deus para se candidatar a algum cargo publico. Na verdade, boa parte destes advogam o fato de terem sido comissionados por Deus para servirem a igreja nos palácios do governo. Entretanto, a história recente do Brasil nos mostra que a chegada de políticos evangélicos a cargos públicos não tem feito diferença na ética política do país. Basta ver que, nos últimos anos, o envolvimento da maioria dos evangélicos com a política produziu mais males do que benefícios. Lembro que certa feita enquanto oficializava uma cerimônia fúnebre, um destes “pseudos-politicos-cristãos”, solicitou-me uma pequena oportunidade para que publicamente pudesse demonstrar sua solidariedade à família enlutada, além obviamente de falar de sua candidatura à Câmara Municipal da Cidade. Fato que obviamente não permiti. Em época de eleição é comum receber a solicitação de inúmeros pastores, os quais em nome de “Deus”, advogam a crença de que o Todo-Poderoso os convocou a uma missão hercúlea, a qual somente eles conseguirão viabilizar. Tais cidadãos fazem uso de chavões e de frases prontas do tipo: "Somos cabeça e não cauda", “ A política brasileira precisa de homens de Deus”, chegou a nossa hora, vamos mudar o Brasil e etc. Ora, não acredito em messianismos utópicos, nem tampouco em pastores especiais, que trocaram o santo privilégio de ser pregador do evangelho eterno por um cargo público qualquer. Não estou com isso afirmando de que o crente em Jesus não pode jamais concorrer a um cargo público. Tenho convicção de que existem pessoas vocacionadas ao serviço público, as quais devem se dedicar com todo esmero a esta missão. No entanto, acredito que o fator preponderante a candidatura a um cargo qualquer, deve ser motivada pelo desejo de servir o povo e a nação, jamais fazendo do nome de Deus catapulta para sua projeção pessoal. Agora, se mesmo assim o pastor desejar candidatar-se, que deixe o pastorado, que não misture o santo ministério com o serviço público, que não barganhe a fé, nem tampouco confunda as ovelhas de Cristo com o gado marcado para o abate. Que não comercialize aqueles que o Senhor os confiou, nem tampouco se locuplete do nome de Deus a fim de atingir seus planos e objetivos. Encerro este artigo lembrando do pastor Billy Graham que ao receber o convite para concorrer à presidência da República dos Estados Unidos da América, recusou dizendo: “Por acaso eu trocaria o Santo Ministério da Palavra de Deus por um cargo tão insignificante?” Pois é cara pálida, ouso afirmar que infelizmente alguns dos nossos pastores ao contrário do Dr. Billy Grahan aceitariam o convite na hora.