sábado, 29 de setembro de 2012

As boas novas do evangelho num mundo de más notícias

 
Por Rev. Hernandes Dias Lopes

O mundo está empapuçado de más notícias. Tem um prazer mórbido de se alimentar com as informações dragadas do submundo do crime, da corrupção e da violência. Notícia boa não vende jornal nem desperta interesse. O homem corrompido refestela-se com os petiscos imundos do pecado. É nesse contexto de mazelas e decadência que Paulo escreve sua carta aos Romanos, para falar do evangelho. Destacamos, aqui, algumas lições:
 

Em primeiro lugar, qual é a natureza do evangelho. O evangelho trata das boas novas de salvação num mundo imerso na mais completa perdição. O homem morto em seus delitos e pecados é escravo da carne, do mundo e do diabo. É filho da ira e caminha para a perdição. Está no reino das trevas e sob a potestade de Satanás. Sem qualquer mérito existente nesse homem, Deus o amou. Mesmo sendo inimigo de Deus, o próprio Deus caminhou na sua direção para reconciliá-lo consigo mesmo por meio de Cristo Jesus. O Evangelho, portanto, é Deus buscando o perdido. É Deus abrindo para o pecador um novo e vivo caminho para o céu. O evangelho é a expressão da graça de Deus, manifestada em Cristo, aos pecadores perdidos.

Em segundo lugar, quais as atitudes que devemos ter em relação ao evangelho. O apóstolo Paulo assumiu três atitudes importantes em relação ao evangelho. "Eu sou devedor" (Rm 1.14). "Eu estou pronto a anunciá-lo" (Rm 1.15). "Eu não me envergonho" (Rm 1.16). Somos devedores porque Deus nos confiou esse tesouro e não podemos retê-lo apenas para nós. Precisamos ser mordomos fiéis na entrega fiel dessa mensagem salvadora. Devemos estar prontos a anunciar o evangelho em todo tempo, em todo lugar, a todas as pessoas, de todas as formas legítimas, usando todos os recursos disponíveis. Não podemos nos envergonhar dessa mais importante mensagem, a boa nova de que Deus nos amou e enviou seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna!


Em terceiro lugar, qual é a eficácia do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. Porque Deus é onipotente, o evangelho também o é. Não há outra alternativa para o homem ser salvo a não ser pelo evangelho. Não há pecador tão arruinado moralmente e tão perdido espiritualmente que o evangelho não possa alcançá-lo. O evangelho não é um poder destruidor. É o poder de Deus para a salvação. É o poder que levanta o caído, que encontra o perdido e dá vida ao que está morto em seus pecados. O evangelho revela-nos que a salvação está em Cristo e somente nele. Nenhuma religião pode salvar o homem. Nenhum credo religioso pode reconciliar o homem com Deus. Nenhum sacrifício ou obra humana pode aliviar a consciência do pecador nem mesmo conduzi-lo à salvação.


Em quarto lugar, qual é a exigência do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. O evangelho de Cristo oferece salvação a todos sem acepção, mas não a todos sem exceção. Há uma limitação imposta. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê e não para aqueles que permanecem incrédulos e impenitentes. A ideia de que no dia final todos serão salvos está absolutamente equivocada. A salvação universal, ou seja, para todos sem exceção é uma grande falácia. A ideia de que aqueles que rejeitaram o evangelho serão destruídos e deixarão de existir, também, não possui amparo nas Escrituras. A Palavra de Deus fala de bem-aventurança eterna e tormento eterno. O inferno não é a sepultura nem a cessação da existência. O inferno é um lugar um estado de penalidades eternas que está no final de toda vida sem Cristo.


Sabendo que o evangelho é a melhor notícia, vindo do céu, da parte do próprio Deus, acerca da salvação eterna em Cristo Jesus, oferecendo-nos redenção, remissão de pecados e vida eterna, precisamos tomar duas atitudes: Primeira, recebermos com gratidão, pela fé, essa gloriosa oferta. Segunda, comprometermo-nos a proclamar essa mensagem com senso de urgência, no poder do Espírito Santo.

O que a Teologia da Prosperidade, igreja virtual, culto show... tem em comum?

Por Josemar Bessa
 
Nossa geração deseja todas as coisas que os povos idólatras do passado desejavam, e quando a igreja deseja ser relevante para mentes assim, ela entra no mesmo jogo.
 
Pense na idolatria no passado. Ela tinha uma fórmula simples. Tudo que a maioria das pessoas buscam é uma maneira simples de resolver seus problemas, ser “feliz”... um atalho. A fórmula deles era crie um deus, esculpa um deus numa madeira, ou ouro, ou... e o deus irá entrar neste ícone que você criou. Assim você tem um deus no seu meio e um deus controlável. Você agora tem toda a atenção dele quando você quiser e para os seus próprios fins.

Agrade a esse deus, satisfaça as necessidades dele, e ele satisfará as suas. Você tem com ele um elemento de barganha. Eles precisam de comida e sacrifícios... você precisa de benções. Faça a sua obrigação e ele estará obrigado a fazer a dele. Esse era a ideia... não parece com a maior parte do “evangelho” pregado hoje?

Outra característica da idolatria é que ela é fácil. O deus não tinha interesses morais em você, era uma atividade religiosa vã. A questão era: faça o que quiser com a sua vida, contanto que você ofereça os sacrifícios exigidos. O resto é contigo. Como e bom ouvir um “evangelho” assim...

Por isso a idolatria sempre é conveniente. Deuses do mundo antigo eram fáceis de encontrar, um para cada necessidade, o acesso era em toda parte, você pode levar o amuleto para casa, enquanto se desloca...

A idolatria era normal. E como isso define para a maioria das pessoas o seu padrão – a maioria faz isso – quase todos prestam culto assim... Todo mundo faz isso. Cultuar assim não pode estar errado.

A idolatria é lógica para a mente natural. Nações são diferentes, pessoas são diferentes... suas necessidades e desejos são diferentes... Obviamente deve haver uma divindade diferente, ou que pelo menos se ajuste a todas essas diferenças. Dessa forma cada um pode encontrar algo que lhe seja confortável e satisfaça suas necessidades. Isso não é lógico? Quanto mais opções melhor, mais pessoas podem ser alcançadas.

A idolatria era e é agradável aos sentidos. Temos que ter algo que impressione vários sentidos das pessoas – audição, visão, tato... para ajudá-las ver o seu deus... objetos de contato, de fé... é muito difícil alguém ficar impressionado com algo que não pode ver, tocar, sentir...

A idolatria sempre é indulgente. Grande parte dos sacrifícios não exige de fato muito sacrifício do adorador, ele continua senhor de sua própria vida... e depois de tudo ele podia desfrutar do sacrifício... sobrava muito para o homem... bebida, comida... ou os benefícios que seriam recebidos... não havia perdas reais. Generosidade para com os deuses colocava você na festa deles...

A idolatria era sensual... Todo sistema era cheio de erotismo. Que assunto mais encanta essa geração? Como os sermões seriam, na mente de muitos, mais interessantes se estivessem cheios de erotismo... sensualidade... como podemos ter mais, como podemos ser mais plenos e realizados eroticamente... esse é o grande tema da nossa geração, dentro e fora da igreja. A idolatria naqueles dias era assim, sensual. Os rituais poderiam se transformar em orgias. Sexo na terra significava sexo no céu, e sexo no céu significava chuva na terra, colheitas e grandes rebanhos... ah! Os deuses da fertilidade...

Você pode perceber porque havia e há tanta atração na idolatria? Você pode ver porque Israel ao se misturar com os povos nunca esses povos se voltavam para Deus e sim Israel para a idolatria?

Você como esse tem sido o ponto nevrálgico da igreja no mundo? Você entende porque o mundo está na igreja e a “igreja” ao crescer o mundo não tem se tornado como a igreja mais o oposto tem acontecido? Você como a estratégia de ser cada vez mais parecido com o mundo em seus valores, temas... já é uma derrota disfarçada de estratégia?

Porque nossa geração, porque muitos que estão na igreja visível tem esse coração que diz: “Eu quero uma espiritualidade que me deixe senhor de mim mesmo, que me custe pouco, que seja fácil de ver, fácil de fazer, que tenha poucos limites éticos e doutrinários, que me garanta o sucesso, que me faça sentir bem, que não me ofenda, que não ofenda os que me rodeiam... pregue isso e eu ouvirei.”

A tragédia é que nós, nossa geração, grande parte das pessoas que enchem as igrejas... querem o mesmo que todos os povos idólatras mostrados na Bíblia queriam.

Podemos ir a todas essas coisas de uma maneira um pouco diferente, mas...

Queremos uma fé que nos leve as coisas desejadas e que garanta o sucesso em nossas vidas (Evangelho da prosperidade).

Queremos um discipulada que é sempre conveniente (Igreja virtual).

Queremos uma religião ritualística ( Cristianismo nominal ).

Queremos culto que satisfaça desejos não espirituais ( Culto ao entretenimento)...

Queremos seguir a Deus de uma maneira que faça sentido para o mundo, que nos faça sentir bem, e que seja fácil para qualquer homem natural entender.

Em toda a Bíblia, nos dois Testamentos, a idolatria sempre foi a maior tentação para o povo de Deus. Dê uma olhada honesta ao seu redor, para dentro do seu próprio coração – e diga a verdade, a idolatria ainda é a maior tentação para aqueles que se dizem povo de Deus. Ainda é, nunca minimize isso, pois esse foi um erro trágico no passado, e ainda é o erro trágico de nossos dias.

“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém”.
1 João 5:21

Deus: 100% complexo, 100% simples

Por Maurício Zágari
Nossos dias são vinhetas da MTV: alucinados, corridos, confusos, barulhentos, nonsense. TV, internet, games, apps… a lista não acaba. Impossível não querer que isso nos afete. Afeta. E, quando vemos, fomos sequestrados pelo turbilhão da vida pós-moderna. Fomos cooptados. Sugados. É quase uma lobotomia consciente. Mas, de repente, por meios que você jamais imaginaria, Deus põe o dedo sobre os lábios e diz: “Shhhhhhh, acalma-te e cala”.  Quando vem esse tranco, cessa o acelerar do coração, estanca-se  a produção de adrenalina e, motivados pelas mais diversas razões, paramos. Chega. Hora de respirar. Retroceder. Voltar para a retaguarda. Se esconder da humanidade. Correr para longe da multidão de vozes e buscar o isolamento, deixando Deus refazer tudo. E, em meio a todo o ruído ensurdecedor do silêncio que se apresentou a mim quando vivi isso descobri algo encantador: a simplicidade.
De início é pura dor. Dói e dói muito. Mas, acredite, com o tempo você descobre que é um privilégio. Mesmo que seja pelas razões mais dolorosas: se você consegue viver o século 18 em pleno século 21, desfrute. Quem passa por isso experimenta uma época única e inédita na vida. Um período de introspecção, reflexão, oração; época de repensar, refazer, mudar, reconstruir. De buscar o silêncio e fugir do barulho. Em certos momentos, farfalhar de páginas e a voz dos meus pensamentos muitas vezes é o máximo a que me permito ou me foi permitido. Simplicidade.
Em nossos dias, algo raro de se conseguir e muito desvalorizado. Uns são empurrados a viver a simplicidade pelas circunstâncias. Outros, por perdas. Outros, ainda, pela depressão. Ou a descoberta de uma doença terminal. Há os que busquem a vida monástica. Ou a reclusão urbana. Seja qual for a razão ou o meio, conseguir trancar-se ou ser trancado numa bolha em meio ao corre-corre da existência nos leva a um lugar psicológico e espiritual que é puro silêncio.
Simplicidade traz paz. É comida sem requinte, bate-papos triviais, vento nos cabelos, rir de piada sem graça, a incerteza dos planos do Alto para nós e a certeza de que a vida é muito mais do que nos fizeram crer. É viver com pouco dinheiro, descobrir que um punhado de amigos que se preocupam vale mais do que multidões de amigos da boca pra fora, que Dorothy estava certa ao bater seus calcanhares. E, quando a simplicidade te alcança, ali você descobre Deus como nunca antes.
Deus é o ser mais complexo do mundo. Impossível compreendê-lo, desista. Como explicar alguém que não teve começo nem terá fim, que é um e três, que é amor e fogo consumidor, que vira homem sem deixar de ser glória? Não dá. Eu não consigo. Os que tentam acabam criando ídolos. Não, não consigo.  Mas tentei, por muito tempo tentei. Busquei nos livros. Busquei nas conferências. Busquei até os neurônios fritarem. E, sem querer, foi na simplicidade involuntária que percebi que o ser mais complexo do mundo é também o mais simples.  100% complexidade, 100% simplicidade.
A simplicidade de Deus está em muitas coisas. Está, por exemplo, em podermos chamá-lo de Pai. Há coisa mais simples do que deitar no colo de um pai e simplesmente desfrutar do afago nos cabelos? Consequentemente, também está na simplicidade do amor paterno. Saímos do chiqueiro, voltamos cabisbaixos para casa e lhe dizemos com o coração sincero que só queremos ser servos, absolutamente certos de que carregaremos para sempre a lama grudada em nossa alma. E Ele balança a cabeça ante nossa puerilidade e diz com carinho que não entendemos nada: o anel será posto em nosso dedo e o banquete estará na mesa.  É tão só isso que você fica paralisado, sem entender ou se ver digno de um amor tão simples, só deixando os lábios tremerem em silêncio enquanto as lágrimas descem por seu rosto. E você, perdoado, aprende a perdoar. Hoje entendo por que minha filha me beija e agarra meu pescoço após sair de um merecido castigo. Pois o amor de Deus é simples como o amor de uma criança. Quem complica somos nós, adultos bobos.
A simplicidade de Deus torna-se visível quando Ele não se apresenta como uma quimera de vinte tentáculos, dez olhos e fúria titânica, mas como o mais singelo dos animais: o manso Cordeiro. De balido baixo. Calmo. Pacífico. Não, não encontro mais Deus nos berros e barulhos, nos shows e nos gritos de êxtase. Tenho me encontrado com Ele nos momentos de penumbra, nos entardeceres na beira da praia,  nas manhãs de chuva em que - achamos – que não temos o que fazer, que o dia está monótono. Mas monotonia é simplicidade pedindo para ser explorada, é o Rei chamando para conversar. Pois Ele está conosco todos os dias, até a consumação do século, sejam dias de céu azul ou cinzentos. E saber isso basta. É simples. Não é complicado. Ele é e Ele está. Feliz é quem descobre isso a tempo.
É no silêncio da oração sussurrada, na felicidade da lágrima de agonia, na alegria dos joelhos que doem contra o chão duro, na paz da vida destruída… que você olha Deus nos olhos. Jó olhou e viu. Pois nada mais ele tinha. Em meio a sua desgraça, só restou a Jó o monturo e o caco de telha. Sua vida, embora devastada, tornou-se simples. E, em meio à simplicidade, Jó vislumbrou a essência do Redentor e disse a Ele aquilo que todo cristão deveria dizer:
“Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42.3-6)
Por muito tempo busquei Deus na complexidade e hoje vejo o quanto isso me afastou dele. Não desejo mais um Deus complexo, frio e distante. Agora que descobri a simplicidade do carpinteiro de Nazaré quero vivê-la em sua plenitude, pois foi nela que meus olhos o viram. Não quero perder nunca mais esse reflexo em minhas retinas. E que eu morra depois de viver uma vida da qual o meu Salvador possa se orgulhar -  amando a ele e ao próximo, sem devolver mal com mal, depositando meu tesouro no lugar certo e tratando das feridas de quem estiver caído à beira do caminho. É hora de viver essa simplicidade, para que a hora de morrer faça sentido. Simples assim.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício