terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amor ou obsessão denominacional?

Por Pr. Magdiel G Anselmo 
Há uma linha tênue entre o amor e a obsessão pela denominação a que somos membros. Alguns dentre nós parecem amar mais a denominação do que o próprio Deus. Parecem amar mais a forma da organização do que a própria Bíblia. Defendem com muito mais vigor a "sua igreja" do que propriamente as doutrinas bíblicas fundamentais. Esse "amor" desmedido pela denominação da qual fazem parte traz um orgulho, que sabemos, não é saudável. Temos que entender que a denominação não é infalível e muito menos perfeita. Seus métodos e sua forma de se organizar pode não ser a melhor ou a mais eficaz hoje como eram a tempos. Não temos que "fechar os olhos" para seus erros administrativos e metodológicos. Em toda organização existem momentos de manutenção e acerto de direção em sua trajetória. Temos sim que levar em conta que o aperfeiçoamento dos processos deve ocorrer, e em alguns casos, a mudança ou até o abandono de formas antigas pode ser inevitável e necessária para que haja alcance, abrangência e acima de tudo, edificação. Isso não significa negligenciar ou desrespeitar a tradicão, mas sim, aprender com ela e quando necessário fazer dela o "trampolim" para novos procedimentos e novos dias. O amor denominacional é compreensivo, mas tudo tem limite, não pode se tornar em obsessão cega. Quando vivemos grande parte de nossa vida envolvidos com e em uma organização é comum adquirirmos por ela forte zelo e amor. Isso não é ruim, desde que direcionado corretamente. Todo desequilíbrio traz problemas, inclusive nesse caso. O amor pela "nossa igreja" não pode suplantar ou sobrepujar a reflexão e o discernimento do que é correto e do que é razoável. O que é inquestionável e imutável devem ser sempre preservados como são o caso das Escrituras. As metodologias, formas e organizações que são criadas pelo homem devem sempre passar pelo crivo bíblico e, também pela prova do tempo e da sua eficiência em cada momento da história. Não é pecado aperfeiçoar ou mudar, desde que não incorramos em desrespeito ou infrinjamos os ensinamentos bíblicos já nos revelados. Mas, lamentavelmente o que vêmos muitas vezes é que somente a possibilidade em mudar traz um perplexidade tamanha que parece que estamos a negar a nossa fé em Cristo. Modificar uma estrutura de muitos anos parece ser mais difícil que a transformação de vidas em Cristo. Inevitavelmente esse conceito conduz a arrogância e orgulho denominacionais. "A minha igreja é a melhor", "o nosso jeito é o melhor", afirmam soberbamente sem discernir se realmente isso é uma verdade atualmente, como se a forma, o jeito, o método, etc... estivesse ao mesmo nível ou até superior a própria Palavra de Deus, essa sim uma verdade em qualquer época ou contexto. Os limites para se adentrar na caracterização de uma seita quase são ultrapassados. Temos que fugir do exclusivismo e da tendência de pensar que somos os mais perfeitos dentre os mortais. A forma pode variar desde que não afete o conteúdo, a essência - isso é que devemos propagar e defender. Aí então, percebemos que muitos defendem com mais energia a não mudança ou o aperfeiçoamento de métodos e formas já comprovadamente ineficazez do que a própria fé cristã como orienta a epístola de Judas. O zelo tornou-se obsessão arrogante e o amor transformou-se em cegueira espiritual. O orgulho denominacional tem crescido, principalmente nas igrejas mais antigas, tradicionais e históricas, e esse crescimento nada traz de bom a causa de Cristo ou a expansão da Igreja, mas tem alcançado também as novas e já percebemos os conflitos desnecessários que causam. Mais reflexão bíblica e menos paixão denominacional, são aconselháveis em nosso contexto atual. Nos desapegarmos de costumes e tradições denominacionais que já não tem sentido ou necessidade é algo a se considerar para que cresçamos e façamos a diferença em nosso presente século. A idéia equivocada de que é pecado mudar procedimentos ou formas deve ser rejeitada e o aprimoramento de nossa atuação exige muitas vezes um replanejamento e direcionamento adequados e contextualizados. O questionamento da postura de meros replicantes do passado é crucial. O cristão "papagaio de pirata" que somente repete sem avaliar, sem julgar o que lhe é ensinado ou imposto pelas organizações não tem mais espaço em uma Igreja que deseja aprender com seus erros e progredir em sua expansão. As questões secundárias (as que não dizem respeito ao texto bíblico) devem ser reavaliadas e provadas em seu funcionamento, operacionalidade e eficiência. Não podemos e não devemos canonizar o que não é sagrado. As desculpas de termos e seguirmos linhas teológicas variadas e de possuirmos histórias diferentes não justificam ou explicam os erros cometidos ou a ausência de reflexão sobre o assunto em questão. Pensemos urgentemente com seriedade sobre essas questões.