quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Igreja Precisa de Teologia?

Por João Alves dos Santos
Introdução e Conceitos É comum ouvirmos que “a teologia mata a religião” ou que “a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida”. Serão verdadeiras essas afirmações? Admitimos que há muita coisa por aí levando o nome de “teologia” que não passa de especulação humana, por não se basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E até a “boa teologia”, quando se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer uso prático e reduzir-se a mero academicismo. Não é disto que falamos aqui. Perguntamos se a verdadeira Teologia é necessária à Igreja. E o que é verdadeira Teologia? Como o próprio nome indica, Teologia é o estudo de Deus, ou, definindo mais formalmente, “é a ciência que trata de Deus em Si mesmo e em relação com a Sua obra” (B.B. Warfield). Perguntamos, por conseguinte, se a Igreja pode prescindir do conhecimento de Deus e da Sua obra e ainda ser Igreja de Deus. É quase certo que aqueles que negam a necessidade da Teologia na vida da Igreja não diriam, conscientemente, que alguém pode ser cristão sem conhecer a Deus. O que lhes falta é um bom conhecimento do que é Teologia e de suas implicações. Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós em relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele deixou revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia. Esse trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o segundo, de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e completo; e o terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras (criação e providência - Revelação Geral - Sl19:1,2; At 14:17), como, principalmente, nas Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1:1,2; 1 Pd 1:20,21). É porque Deus Se revelou que podemos conhece-Lo. Nosso conhecimento de Deus não é intuitivo, nem natural, mas comunicado por Ele mesmo através dos meios que soberanamente escolheu. “Fazer teologia”, portanto, não é inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo “descobrir” a Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é “teologia”, devidamente entendida. A palavra “teologia” não ocorre na Bíblia e o termo que lhe é equivalente, no N.T., é “doutrina” ( “didache” ou “didaskalia”, no grego), que vem de uma raiz que significa “ensinar” e pode se referir tanto ao ato de ensinar, propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6:17;1Tm 6:3-4; 2Tim 4:3-4; Tito 1:2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de um corpo de doutrinas. A essa forma ordenada de doutrinas, dá-se inclusive, o nome de “Teologia Sistemática”. O adjetivo aqui, não altera o conceito de “teologia”. Assim entendidas, fica evidente que não há diferença entre Teologia e Doutrina. Mas voltemos ao nosso tema. Duas são as razões geralmente apresentadas para se dizer que a Igreja não precisa de Teologia. Elas se baseiam em duas falsas antíteses: 1. A primeira é a suposição de que o Cristianismo se baseia em fatos e não em doutrinas. Concordamos que nossa salvação não repousa sobre um conjunto de teorias ou idéias, mesmo que extraídas corretamente da Bíblia, a que damos o nome de “doutrina”, mas sobre os atos poderosos e eficazes do nosso soberano Deus. Não somos salvos através de uma correta teoria a respeito da pessoa de Cristo, mas pela própria pessoa de Cristo; nem através de um exato entendimento da doutrina da Expiação, mas pelo próprio ato expiatório. É possível alguém ser “bom teólogo”, nesse sentido, e ainda não experimentar as graças ensinadas nas doutrinas que expõe. A doutrina realmente não salva. A obra de Cristo, devidamente aplicada pelo Espírito no coração do crente, é que assegura essa graça. Seu nascimento sobrenatural, Sua vida de perfeita obediência à Lei, Sua morte substitutiva, Sua ressurreição, Sua ascensão e assentamento à direita do Pai, Sua segunda vinda, são os grandes fatos que tornam garantida a salvação dos eleitos. Mas como sabemos que esses são os fatos? Que sentido teriam esses acontecimentos se não tivessem sido interpretados? É a doutrina que lhes dá sentido. Como viemos a saber que aquele menino que nasceu em Belém é o Filho de Deus? Por que descansamos na eficácia da Sua morte para a expiação dos nossos pecados? Por que sabemos que a Sua ressurreição, há dois mil anos atrás, garante a nossa justificação? É porque esses fatos são todos explicados e interpretados pela doutrina. Esta não só informa o fato como também dá o seu significado. A doutrina não salva, mas pode tornar o homem sábio para a salvação (2Tm 3:15). Doutrina sem fato é mito, mas fato sem doutrina é mera história. O Cristianismo, portanto, consiste em “fatos que são doutrinas e doutrinas que são fatos”, na expressão de B.B. Warfield. Ele diz: “A Encarnação é uma doutrina: nenhum olho viu o Filho de Deus descer dos céus e entrar no ventre da virgem; mas se isso não for um fato histórico também, nossa fé é vã e permanecemos ainda em nossos pecados”( Selected Shorter Writings, vol 2, p. 234). Fato e doutrina se complementam no Cristianismo. Quando João diz: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14), não está apenas apresentando um fato; está explicando-o também. Quando Paulo afirma que Jesus “foi entregue por causa das nossas transgressões,e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4:25), de igual modo está dando uma interpretação aos fatos da morte e ressurreição de Cristo. Isto é o que se vê em toda a Escritura, especialmente nas epístolas. Até mesmo os fatos manifestos na natureza (Revelação Geral) não seriam devidamente compreendidos se não fossem explicados pela Bíblia (Revelação Especial). Podemos hoje entender que “os céus manifestam a glória de Deus” (Sl 19:1) porque o Criador nos tem revelado isso na Sua Palavra. Sem essa explicação, sua mensagem (a dos céus) passaria despercebida e eles poderiam até ocupar o lugar do Criador, gerando a idolatria (devido ao pecado), como lemos em Rm 1:18-32. Não é o acontece quando as pessoas dizem que “a natureza é sábia”, ou quando a chamam de “mãe natureza”?. Sem a revelação do Criador, a criatura toma o seu lugar. Daí dizer-se que para se conhecer a Deus é preciso que Ele fale, e não somente que Ele aja. Concluímos, portanto, que os fatos só têm sentido quando acompanhados da doutrina. Nem é pertinente perguntar qual dos dois é mais importante. Seria o mesmo que indagar qual das duas pernas é mais importante para o nosso caminhar. O ensino da doutrina é uma das ênfases da Bíblia (1Tm 3:2; 2Tm 2:2; Tito 1:9; Ef 4:11), pois sem ela não existe verdadeiro Cristianismo. 2. A segunda é a suposição de que o Cristianismo consiste em vida, não em doutrina. Por trás dessa afirmação podem estar raízes do conceito filosófico que exalta o misticismo, as emoções, o sentimento religioso do homem, e que procura eliminar da religião todo apelo ao intelecto, à razão. “Religião é vida e a vida é dinâmica, fluente; a doutrina é estática, fria, e, portanto, não pode ser compatível com o caráter do Cristianismo”, dizem. Aqueles que assim pensam até admitem um certo tipo de doutrina, desde que mutável, adaptada sempre à dinâmica da vida e conformada às “necessidades” da época e do lugar onde a vida do Cristianismo se manifesta. Até chamam a isso de “teologia contemporanizada” ou “contextualizada”. Segundo esse ponto de vista, não é a doutrina que deve dirigir a vida, mas esta àquela. “A letra mata, mas o espírito vivifica”, argumentam. A prática (práxis) é colocada acima da doutrina não só em importância, mas também no tempo: a doutrina passa a ser um produto da vida cristã, não a sua norma. Há até quem interprete assim a célebre divisa: “Igreja reformada sempre se reformando”. Mas será essa a visão bíblica do Cristianismo? Podemos dizer, com base na palavra de Deus, que o Cristianismo é vida e não doutrina, ou, primeiramente vida, depois doutrina? Existe tal antítese? Se essa posição for verdadeira, então não haverá verdade absoluta, nem princípio fixo, nem revelação objetiva. Tudo cairá no campo dos valores relativos e passará a depender do subjetivismo, da “piedade”, das emoções. Não admira que haja tanta “fluidez” e instabilidade entre os que assim pensam, e que sejam facilmente levados “por todo vento de doutrina”. Para estes, a doutrina é o que menos interessa. Concordamos também que Cristianismo é vida, e graças a Deus por isso! Onde a vida não se manifesta, nos moldes escriturísticos, falta a alma da verdadeira religião. Mas devemos ou podemos prescindir da doutrina para que essa vida se manifeste? Antes de tudo, é a verdade de Deus relativa? Depende o seu valor do lugar e da época em que se encontram os homens? Sabemos que esta é a posição atual dos que se denominam pluralistas e esse é o pressuposto básico desta posição. Será que aquilo que foi deixado por Paulo e pelos outros apóstolos como doutrina para os seus dias deveria ser mudado nos dias de Agostinho, depois nos dias de Lutero e Calvino, depois nos dias de Warfield e dos Hodge e, assim, sucessivamente, até os nossos dias, para dar lugar às manifestações de vida? Não creio que a Bíblia justifique essa posição nem que esses teólogos a tenham entendido assim. O princípio de que “a Igreja reformada deve estar sempre se reformando” visa manter sempre a mesma posição em relação à verdade, não alterá-la, para que seja aplicável em todas as épocas. É para que continue sempre sacudindo de si toda tradição e acréscimo humano que não estejam de acordo com os valores fixos e absolutos da palavra de Deus. Reformar é voltar às origens, ao que foi intencionado no princípio por Deus. E não há outra forma de se fazer isto a não ser pela doutrina. Foi a doutrina bíblica, tão bem exposta pelos reformadores e tão negligenciada pela Igreja, que a trouxe de volta às origens e lhe recuperou a vida, no século XVI. Foi a falta da verdadeira doutrina que enfraqueceu a Igreja e a lançou num tradicionalismo vazio e pagão. É a correta aplicação da doutrina que produz a verdadeira vida cristã. Não basta apenas um sentimento religioso para fazer de um homem um cristão. É preciso que sua vida seja moldada na doutrina de Cristo. É a doutrina que dá característica à vida. Sem dúvida, não estamos afirmando que apenas a doutrina, independente da obra santificadora do Espírito, produz vida. A doutrina é, isto sim, o meio que o Espírito soberanamente usa para nos fazer conhecer a vontade de Deus e nos levar a praticá-la. É através dela que ficamos sabendo que a vontade de Deus é a nossa santificação e que, sem esta, ninguém verá o Senhor (1 Ts 4:3; Hb 12:14). É ela que nos aponta os meios de graça deixados pelo próprio Senhor, que é quem nos santifica (Lv 20:7-8; Ef 5:26). Nas epístolas paulinas, a íntima relação entre doutrina e prática é evidenciada pelo seu método de apresentar primeiro a argumentação teológica (doutrinária) para depois tirar as implicações práticas dela decorrentes (Ex. Rm 1-11: doutrina; 12-16: prática). Isso se torna ainda mais claro na oração sacerdotal de Cristo, em que Ele associa a prática da santificação com a doutrina da Palavra: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 15 :17) e em João 7:17, onde o fazer a vontade de Deus está ligado ao conhecer a doutrina: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”. O conhecimento de Deus começa pela porta do intelecto, da razão, para depois pervadir todas as áreas do ser e se transformar em manifestações de vida que O agradem e glorifiquem. Por isso, o ensino da doutrina é indispensável na Igreja, tanto através do púlpito como pelos estudos semanais, pela Escola Dominical e por qualquer outro meio disponível. Nossa demonstração de vida pode impressionar as pessoas e despertar nelas certa admiração, mas é pela pregação da Palavra que vem a fé que transforma (Rm 10:7) A espada do Espírito é a Palavra (Ef 6:17). Conclusão Concluímos, portanto, que a Igreja precisa da Teologia, porque precisa da doutrina nela contida para dar sentido e expressão aos fatos do Cristianismo e para prover os meios de manifestação da verdadeira vida cristã.

Pastores ou Psicólogos: Do que a Igreja precisa?

Mesmo sendo bastante óbvio, não é exatamente isso que têm acontecido em muitas de nossas igrejas. O que temos visto é uma série de atitudes de pastores ignorando o aconselhamento paltado nas Escrituras e assumindo uma filosofia de aconselhamento mundano e antibíblico. O avanço da psicologia é tão alarmante que ela se agregou em todos os segmentos da sociedade, chegando ao ponto de seduzir pastores e líderes. A penetração no meio evangélico se destaca nas mais diversificadas formas: através dos púlpitos, com mensagens psicologizadas, e no aconselhamento "pastoral", onde a Bíblia é colocada em pé de igualdade com a psicologia. Os pastores e líderes estão procurando respostas para o problema humano e em particular de suas ovelhas, fora da Palavra de Deus. O consolo que esses pastores têm a oferecer em suas igrejas está na filosofia humanista da psicologia. Os aconselhamentos "bíblicos" não passam de mensagens de motivação ou de auto-ajuda. Renato Vargens, em um de seus artigos, afirmou: No entanto, em virtude do relativismo de nosso tempo, onde o que mais se enfatiza é a satisfação pessoal, inúmeros lideres cristãos, das mais diversas denominações, tem abandonado o estudo sistemático da Palavra de Deus para dedicar-se ao estudo do comportamento humano, proporcionando com isso a "adequação" do evangelho de Cristo aos padrões humanistas deste tempo pós-moderno.
Fico a questionar qual o propósito desses pastores. Será que querem aprender como lidar com o ser humano em suas sucessivas etapas de desenvolvimento? Ou querem aprender como ajudar pessoas no relacionamento interpessoal? Ou pretendem psicanalizar? Ou acham que através da psicanálise eles serão habilitados para a tarefa pastoral do aconselhamento? Em suma, creio que estão procurando entender o ser humano e suas angústias. Talvez achem que a Bíblia tem pouco a fornecer sobre a constituição moral, ética e espiritual do homem, ou que, talvez, Deus deixou com os humanistas parte de tudo que precisamos para termos um vida equilibrada, cheia de paz, feliz e segura. Isso demanda o quão raso é o conhecimento e a aplicação da teologia bíblica em nosso meio. Ah, sim, a aplicação da teologia bíblica é a base para um verdadeiro aconselhamento bíblico. Mais uma vez cito Renato Vargens que declarou que acredita que "tanto o pastor como o teólogo deveriam priorizar exclusivamente o estudo das Sagradas Escrituras, como também da Teologia". Mas, como aconselharão se não tiverem teologia? Essa busca mostra o quão desqualificados são para uma tarefa tão nobre que é o aconselhamento bíblico. A fonte do autêntico conselheiro bíblico é imensurável, rica, inesgotável, incomparável, insubstituível, imprescindível, indispensável, inequívoca, indiscutível, infalível, etc. A Bíblia, a Santa Palavra de Deus é o nosso maior e melhor manual de aconselhamento. O pastor não pode ficar no campo da superficialidade, ou trocando a Bíblia por recursos desprovidos de Deus. A conseqüência inevitável é a digressão do rebanho com raquitismo espiritual gerando muita infidelidade a Deus. Por que igrejas que antes eram cheias, hoje se conta nos dedos o número do que freqüentam os cultos? Será que a fraqueza espiritual está tomando conta da igreja? Pode ser que sim, Deus constituiu pastores para pastorearem a sua igreja. Bom, o que os pastores têm feito para manter a espiritualidade de sua igreja em alta? E quando eles não aconselham utilizando-se da psicologia, indicam um. Há um caso de uma igreja cujo pastor se ofereceu para indicar um psicólogo bastante conhecido para uma irmã se consultar. A irmã precisava sim de uma orientação bíblica para sua angústia, visto que há muito tempo esta irmã andava angustiada com o que acontecia em sua vida. E o máximo que ela ouviu do pastor foi: "irmã, vou indicar um psicólogo pra você procurar". Por que um psicólogo? O pastor não tem condições de aconselhar a irmã? O pastor não sabe aconselhar? Onde está o aconselhamento bíblico? Porque entregar um membro da igreja a um psicólogo, se é o pastor quem deveria tratar com o membro? Em outro caso, um rapaz procurou o pastor para falar sobre problemas que ele estava enfrentando em seu casamento. O máximo que ele ouviu foi: "irmão, isso acontece com todas as pessoas. Isso é normal. Dê tempo ao tempo". Quer dizer que o aconselhamento "bíblico" se resume em apenas "isso é normal" ou "acontece com qualquer um", ou “dê tempo ao tempo”? Onde está o aconselhamento bíblico? Onde está a iniciativa do líder em reunir o casal e falar sobre problemas no casamento? Acredito que é a falta de conteúdo teológico que irá determinar um fraco aconselhamento ou, o que é mais grave, a ausência do aconselhamento. É assim que o líder acha que sua igreja vai crescer? É com esse tipo de aconselhamento que o pastor acha que sua igreja vai crescer na fé? É com esse tipo de abordagem que o pastor acha que estará formando uma igreja sólida e firme para enfrentar as adversidades da vida? É com esse tipo de "conselhos" que o pastor acha que os casais solidificarão seus casamentos? É com esse tipo de aconselhamento que o pastor acha que suas ovelhas farão dele uma imagem de um pastor bíblico, dedicado com suas almas, preocupado com suas angústias, pronto a ajudar, sempre dedicado no ensino da Palavra com um alto teor de teologia? Acho que não. Eu estou plenamente convencido de que se um pastor não tem uma boa teologia, não terá condições alguma de prestar um aconselhamento bíblico o suficiente para consolar o afito, estabilizar relacionamentos e matar pecados e vícios de suas ovelhas. Quero deixar algo bem claro para pastores, presbíteros, seminaristas e membros de igrejas. Creio ser de fundamental importância que os pastores busquem aprofundamento bíblico. Bacharelado, mestrado, cursos de capacitação ministerial etc. O conhecer nosso Deus e a sua Palavra não é algo limitado, "E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber" (1Co 8.2). Não procure ajudar suas ovelhas com teorias humanistas, quando você tem a pura expressão da vontade soberana do nosso Deus através da sua Palavra. A ovelha precisa de pastor e não de psicólogo.

O grave problema dos pastores que trocaram a Bíblia pela Psicologia

Por Renato Vargens
Nos últimos 20 anos tem se multiplicado assustadoramente o número de pastores que abandonaram as Escrituras Sagradas e o aconselhamento bíblico em detrimento ao estudo da psicologia e da psicanálise. Na verdade, boa parte dos líderes evangélicos acreditam ainda que inconscientemente, que a Palavra de Deus não é suficientemente capaz de sarar o coração ferido, sendo assim necessário a aplicação de técnicas terapeuticas bem como o auxílio de doutrinas psicológicas. Nesta perspectiva, tenho visto e testemunhado dezenas de pastores dedicando a maior parte de seu tempo tentando aprender aquilo que Freud e cia tem a dizer sobre o comportamento humano. Bom, antes que seja apedrejado pelos psicólogos que me lêem, afirmo que considero a profissão de psicólogo extremamente importante em nossa sociedade, entretanto, ao contrário de outros segmentos, acredito que tanto o pastor como o teólogo deveriam priorizar exclusivamente o estudo das Sagradas Escrituras, como também da Teologia. No entanto, em virtude do relativismo de nosso tempo, onde o que mais se enfatiza é a satisfação pessoal, inúmeros lideres cristãos, das mais diversas denominações, tem abandonado o estudo sistemático da Palavra de Deus para dedicar-se ao estudo do comportamento humano, proporcionando com isso a "adequação" do evangelho de Cristo aos padrões humanistas deste tempo pós-moderno. Ora, nestes últimos anos, o número de pastores interessados em psicologia aumentou consideravelmente. Em 2000, A revista Veja trouxe um artigo intitulado "A Bíblia no Divã", mostrando que é cada vez maior o número de pastores que têm procurado os cursos de formação rápida de psicanálise tentando conciliar Freud com o Senhor Jesus Cristo. Caro leitor, sinceramente fico a questionar qual o propósito desses pastores. Será que querem aprender como lidar com o ser humano usando concomitamente a Bíblia e Freud? Será que acreditam que através da psicanálise estão habilitados para a tarefa pastoral do aconselhamento? Confesso que sinto-me profundamente entristecido em ver que homens de Deus têm abandonado a suficiência das Escrituras em detrimento aos ensinamentos da psicanálise. Ora, sem a menor sombra de dúvidas a Bíblia é fonte inesgotável, incomparável, insubstituível, indispensável, inequívoca, indiscutível de sabedoria. As Escrituras Sagradas contém remédio para a psiquê. A Santa Palavra de Deus é o nosso maior e melhor manual de aconselhamento. Como bem disse o salmista: a Palavra de Deus é “perfeita e restaura a alma”; é “fiel e dá sabedoria aos símplices”; é correta e alegra o coração; é pura e “ilumina os olhos”. Seus ensinos são “mais desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado”. Por meio dela, o povo de Deus é advertido, protegido do erro e de angústias, e, “em os guardar, há grande recompensa” (Sl 19.7-11).

Ecumenismo, avanço ou uma ameaça à igreja?

Por Rev. Hernandes Dias Lopes
  Está na moda o diálogo inter-religioso. Vivemos a época do inclusivismo, fruto da ideia pós-moderna, que não existe verdade absoluta. Muitos pastores, em nome do amor, sacrificam a verdade e caem nessa teia perigosa do ecumenismo. Precisamos afirmar que não existe unidade espiritual fora da verdade, assim como luz e trevas não podem coexistir. Não podemos ser um com aqueles que negam a salvação pela graça de Cristo Jesus. Não é um ato de amor deixar que aqueles que andam pelo caminho largo da condenação sigam “em paz” por esse caminho de morte. Esse falso amor tem cheiro de morte. Essa atitude de dar as mãos a todas as religiões, numa espécie de convivência harmoniosa, acreditando que toda religião é boa e leva a Deus é uma falácia. Toda religião é vã a não ser que pregue a Cristo, e este crucificado. Toda religião afasta o homem de Deus, a não ser que anuncie Jesus Cristo como o único caminho para Deus! Vamos deixar esse discurso falacioso de amor a todos, e vamos amar de verdade às pessoas, de todas as religiões, pregando a elas, com senso de urgência, o evangelho que exige arrependimento e fé e oferece vida eterna. Obviamente, a união de todas as religiões e de todas as crenças não é um avanço, mas uma ameaça à igreja de Cristo. O que está por trás dessa tentativa de unir todas as crenças é a heresia de que toda religião é boa e todo o caminho leva a Deus. O ecumenismo, o diálogo inter-religioso e a fraternidade com todos os credos é um engano fatal. É um falso entendimento do que Jesus ensinou sobre a unidade espiritual da igreja. Não há unidade espiritual fora do evangelho de Cristo. O argumento de que Jesus acolheu publicanos e pecadores e por isso devemos receber todos os credos é uma falsa interpretação do texto bíblico. O amor não é um substituto da verdade. Todos são convidados a vir a Cristo, mas de todos é exigido arrependimento e fé. É preciso alertar, ainda, que essa frouxidão doutrinária do liberalismo desemboca na relativização moral. O entendimento pós-moderno é que cada um tem sua própria verdade. A verdade deixou de ser objetiva para ser subjetiva. Com isso, assistimos, estarrecidos, não apenas um ataque aos valores morais, mas uma inversão dos valores morais. O profeta Isaías já havia denunciado essa atitude: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5.20). É isso que estamos vendo na mídia todos os dias. Faz-se apologia do aborto, do adultério, do homossexualismo, da violência e da mentira. Porque uma ideia falsa foi plantada no passado, estamos fazendo uma colheita desditosa no presente. A igreja de Cristo precisa estar firme contra todas essas ondas de engano e permanecer inabalável no cumprimento de sua vocação de levar o evangelho a toda criatura, em todo o mundo.

Verdadeiros adoradores não são tribais!


Por Josemar Bessa
O que nos leva a adorar a Deus? Responder isso nos livraria de muitos desvios daquilo que é essencial ser proclamado. No mundo há milhares de culturas e povos. Num mesmo país existem pessoas muito diferentes entre si – Nível econômico diferente, educacional... velhos, jovens... O que quebra isso não é um evangelho que se adapte a cada cultura, classe social, idade... O que vence isso é algo muito maior e que nos liberta da cadeia de nos transformarmos em portadores de um evangelho camaleão e que perde seu ponto central que une todas coisas. Em Mateus 2.2 está escrito: “Viemos adorá-lo” – Adorá-lo é o nosso chamado. Quem foi adorar Jesus naquele dia? Os magos – ao que parece, astrólogos do império persa. Quem estava lá também? Os pastores de Belém. Nada poderia ser mais diferente do que essas pessoas, então porque estão juntas? Alguém bolou algo que ‘funcionasse’ para Magos? Ou alguém pensou em algo que ‘funcionasse” para pastores de ovelhas? Nós podemos apontar muitas diferenças entre esse grupo de homens e apenas uma semelhança – mas ela faz toda a diferença. Veja a diferença racial – os pastores eram judeus, já os magos gentios. Essa era uma tremenda barreira. Barreira essa que as estratégias humanas falhariam para quebrar. Veja a diferença intelectual - Intelectualmente os pastores eram homens iletrados, homens simples, homens do campo. Não tinham um emprego que exigisse cultura, estudo... Já os magos eram homens cultos, sábios, estudiosos... Gastaram anos em suas pesquisas e conseguiram a reputação que a educação dá, a qual, os pastores não tiveram acesso. Veja a Diferença Social - Socialmente – Pastores faziam parte da classe social mais baixa – poderíamos incluí-los entre os desfavorecidos ( o evangelho para eles seria diferente? O que os levaria a adorar? Uma abordagem única?) – Já os Magos – com seus presentes caros – tinham recursos – podiam fazer uma viagem que demandaria meses... Muitas pessoas olham para os homens em seu mundo e cultura e esperam que o evangelho tenha uma mensagem com um aspecto que toque cada uma delas. Não entendemos ainda que o Reino de Deus gira em torno daquele que naqueles dias era um bebê e que juntou Magos e Pastores. Temos perdido o cerne dessa mensagem. A despeito de todas as barreiras – Raciais, sociais, intelectuais – Barreiras que tem esse nome porque de fato separam pessoas – não existe uma mensagem que mantenha as pessoas em seus guetos – um evangelho para Pastores de Belém – ou abordagem para Magos do Oriente – e por aí vai pelo caminho sem fim das diferenças humanas. Mil evangelhos seriam suficiente? O ‘evangelho’ do jovem serviria para o homem maduro e para o velho? Para o velho educado e para o velho culto? Para o homem maduro rico e o homem maduro pobre? Para o homem de uma raça e outro de outra? Que estratégia usaríamos hoje para os Magos? Que estratégia usaríamos para os pastores? Apesar de todas as barreiras os Magos e Pastores estavam UNIDOS em sua ADORAÇÃO ao Senhor Jesus. Todas as religiões estão ligadas a culturas, etnias, grupos, raças... Mas não o evangelho. Sua mensagem central é a mesma para cada homem que nasceu e que irá nascer neste mundo. Ele fala da relação do homem com Deus. De um pecador com um Deus santo. Um Deus que se ira todos os dias. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – O evangelho não é segmentado – ele une todas as culturas, tribos e nações em adoração àquele que é o centro de todas as coisas e o único que pode reconciliar qualquer homem (Magos ou Pastores) com Deus. Qual é o ‘encanto’ que une pessoas tão diferentes? JESUS! Ele é o encanto universal – o amado do Pai. A mensagem ofensiva da cruz será a mesma pregada a todas as gerações, nações, classes sociais, etárias... A verdade sobre Cristo reconciliando o homem com o Pai operada eficazmente pelo Espírito Santo é que faz homens tão diferentes adorarem – “viemos adorá-lo” – Cristo é o imã – não a cultura, não os gostos... Agora, Cristo só é o imã para os que receberam um novo coração – aí já não importa se são Magos ricos e educados ou Pastores pobres e incultos – estarão lá, adorando o Rei – Juntos! – “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.29-31). Verdadeiros adoradores não são tribais, foram escolhidos na eternidade e chamados no tempo para se deleitarem completamente em Cristo e se gloriarem em Sua cruz. O que une esses adoradores flui de seus novos corações e não da cultura a sua volta. Fonte: Josemar Bessa