sábado, 28 de setembro de 2013

“Deus quer que sejamos milionários” – Reality show irá mostrar vida de cantor gospel #MAMOMNATV



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Um novo reality show chamado “Thicker Than Water”, expressão idiomática para dizer “Laços de Família”, mostrará a vida da família de um artista gospel.
Ben Tankard foi jogador de basquete profissional por dois anos. Em 1989 largou o esporte para iniciar uma promissora carreira musical no estilo gospel. São 17 CDs gravados desde então. Já ganhou muitos prêmios como músico e produtor. Além disso, possui sua própria gravadora voltado ao público religioso. Tem dois livros lançados. Seguidamente prega sobre “fé e finanças” e dá testemunho em diferentes igrejas evangélicas. Nas horas vagas, dedica-se a pilotar seus três jatinhos.
Ele vive em uma mansão de três andares na cidade de Nashville, juntamente com sua esposa, Jewel, os quatro filhos e a neta do casal, Diamond. Um dos aspectos que chama atenção é que seu cotidiano familiar baseia-se em uma convicção: “Deus quer que sejamos milionários”. Por isso o comercial da série anuncia que eles têm 7 veículos de luxo na garagem.
O programa ainda está sendo gravado, mas a estreia será domingo, 10 de novembro, às 21h00 no canal Bravo. Mesmo antes de chegar à telinha, já causou um grande problema para as igrejas evangélicas. Este é o terceiro reality mostrando a vida de líderes evangélicos, produzido por pequenos canais a cabo.
O primeiro era sobre esposas de pastores, mas foi um fracasso de público. O mais recente, que mostrava a vida de seis pastores bem-sucedidos da cidade de Los Angeles teve maior repercussão. Mas a fórmula parece não estar desgastada.
Um clipe promocional mostra a tônica do programa. Seu lema é “Os Tankard demonstram por que ser rico é melhor”. Ben conta que já foi pobre, mas que Deus o deixou rico. Hoje seu ministério inclui um centro de treinamento para pastores e “futuros milionários”, um trabalho de motivação de jovens pobres usando os seus jatinhos. Além do trabalho de agenciamento de potenciais jogadores de basquete profissionais.
O canal Bravo diz em seu site: “Esta família integra uma forte convicção religiosa com seu gosto pelas coisas boas da vida”. O material de apresentação, que mostra cenas do primeiro episódio traz algumas falas controversas.
A matriarca Jewel se justifica: “A primeira vez que percebi que Deus desejava que fôssemos ricos estava terminando a faculdade. Fui a um culto onde um homem e uma mulher de Deus falavam como o Senhor queria nos abençoar. Então pensei “Oh, este é o Jesus que eu conheço… Nós, os Tankard, gostamos de tudo grande, incluindo carros, aviões, casas… mas estamos apenas fazendo o que Deus nos chamou para fazer. Às vezes isso incomoda as pessoas, mas se alguém vai ficar com essas coisas, por que não nós?”.
Ela acaba de lançar o livro “Milionaries Lifestyle” [Estilo de vida dos milionários] e tem um programa na internet que mescla assuntos espirituais com dicas sobre moda, compras e casamento.
Os filhos também revelam um pouco sobre si. A jovem Brooklyn conta que já teve problemas com a policia na adolescência. É mãe solteira, mas com fé conseguiu vencer.
O filho do meio, Benji, explica que seu sonho é ser mais rico que o pai. Para isso, pretende ser milionário dentro de 5 anos. “Provavelmente terei dois hotéis, algumas franquias do McDonald’s, estarei casado e com duas ou três crianças”, planeja.
A filha mais nova, Cyrene comemora: “Ser a mais jovem da família tem suas vantagens. Sei exatamente o que dizer e o que fazer para obter tudo o que eu quero. É muito fácil”.
Tanto Ben quanto Jewel eram divorciados quando se casaram. Britney, filha do primeiro casamento de Ben, acha que sua família foge dos padrões. Além dos 4 que vivem na casa, há Markus, que preferiu não participar do show televisivo. “É meio como se fossemos um quebra-cabeça, mas as vezes tem uma peça que não se encaixa. Gosto disso. Acho que sou eu”, diz ela rindo. Com informações de Christian Post e Bem Tankard.
[Fonte: Gospel Prime]
***
Nota do blogueiro: Quanto mais leio sobre Cristo, mais nojo me causa notícias como esta. Estamos vivendo, sem sombra de dúvidas, uma geração pós- Cristã e esta desgraceira toda está ligada ao trabalho que líderes da prosperidade têm executado na mídia.
Enquanto este triste astro gospel diz que “Deus quer que sejamos milionários”, lembro que Jesus viveu como pobre, Paulo foi pobre, os discípulos não tiveram riquezas, os heróis da fé foram serrados ao meio e os primeiros cristãos reuniam-se em catacumbas…
Deus não nos quer dar riquezas, Deus quer nos dar da Sua Graça, do Seu amor, da Sua paz, da Sua Eternidade. Riqueza terrena é algo tão pobre para quem tem os Céus de graça, que já não sei mais quem realmente é pobre nesse mundo. Então note, Ser gospel ou ser cristão, a cada dia tem sido um exercício de saber diferenciar bem Judas de Jesus. Não é verdade? Que sua Graça nos baste, e o que vier é só lucro passageiro…
Voltando a matéria acima, cansemos de nos espantar com tamanha adoração a Mamom neste mundo dito Gospel. Pois já é de esperar que brevemente o gospel nacional promova seus Reality’s e ergam o altar onde o deus são eles mesmos. Ou vocês duvidam?

“Amuletos modernos”: crédito missionário, consórcio de viagem, óleo de unção e até Auxílio Funerário 100% Jesus – POR GAZETA ON LINE



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  Gazeta On Line
Na Idade Média, o comércio de relíquias sagradas e mesmo de um pedaço do céu garantia ao homem pecador a possibilidade de se livrar da pena adquirida pelos seus erros.
Na modernidade, as indulgências continuam a exercer o mesmo poder. Porém, seus conceitos foram renovados e embutidos em produtos e serviços, como seguros de vida associados a Cristo, amuletos da salvação, cartões de crédito missionários, consórcios de viagem espiritual a Israel, pílulas de emagrecimento milagroso, carnês da cura que são vendidos por igrejas, seitas e grupos religiosos nos templos, na internet e na TV.
Em alguns casos, não é preciso comprar diretamente a “bênção”. Ao fazer doações em dinheiro ou de bens, o religioso está apto a receber, não só um mover sobrenatural, mas, também brindes e presentes, como CDs de músicos famosos, DVDs de grandes pregadores, revistas religiosas, cadernos, livros sobre fortalecimento da crença, almofadas e toalhinhas cheias de poder e água consagrada capaz de realizar transformações.
No mercado da fé, que tem movido no Brasil uma montanha de dinheiro – aproximadamente R$ 15 bilhões ano no Brasil– há casos de empresas e instituições religiosas que chegam a vender a “Santa Ceia” e “óleo da unção” pelos Correios.
No entanto, um dos produtos sagrados que têm causado polêmica no Brasil é o Seguro de Vida e Auxílio Funerário 100% Jesus, de R$ 24,90 mensais, comercializado pela Igreja Mundial do Poder de Deus, em parceria com a corretora Sossego e a Mapfre.
No Estado, a promotoria de Defesa do Consumidor de Vitória começou a investigar a regularidade do serviço. A intenção é verificar se o nome do seguro é coerente, respeita a harmonia das relações de consumo ou se faz propaganda enganosa.
m2 “Notificamos a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e vamos esperar um parecer quanto à legalidade do serviço para verificar se o nome do serviço faz com que o consumidor fique vulnerável”, explica a promotora Sandra Lenbruber.
O seguro tem cobertura de R$ 8 mil e assistência funeral de R$ 3 mil, mais vale-alimentação por seis meses aos beneficiários.
Em um vídeo publicitário na TV, transmitido nos comerciais do programa da igreja, os donos do seguro tentam chamar a atenção do consumidor ao mostrar um homem atormentado, com medo de morrer. Num criado-mudo, ao lado da cama do personagem, aparece uma Bíblia e ao ouvir o locutor da peça publicitária falar das vantagens do serviço, ele sorri, apaga a luz do quarto e volta a descansar aliviado.
Ida a igreja

A GAZETA foi a uma Igreja Mundial de Vitória na tentativa de comprar o seguro. O pastor do local, bem receptivo, disse que o serviço ainda não foi lançado nas igrejas e que por enquanto estava à venda apenas no site da Mundial e na TV.
A reportagem entrou no site da Igreja Mundial (www.impd.com.br), porém, as informações sobre os planos de benefício, que até junho estavam na página, foram retiradas devido à repercussão que a história alcançou na mídia nacional. As vendas agora são feitas por outra página (www.sossego.com.br/jesus).
No site, há, inclusive, o depoimento de um dos bispos da entidade sobre a qualidade do produto.
“O Seguro 100% Jesus garante a sua tranquilidade financeira e de sua família nos momentos difíceis e evita que vocês fiquem desamparados. É seguro como a sua fé. Eu já contratei o meu”, afirma o bispo Fábio Valentte.
O apóstolo e líder da Igreja Mundial, Valdemiro Santiago, nos cultos na TV, tem negado que o seguro seja da igreja. Ela afirma só recomendar que os “obreiros” adquiram o produto apenas para proteger suas famílias.
Ao ligar para os canais de vendas do seguro, uma gravação eletrônica afirma vender produtos intitulados “família tranquila”. A atendente diz pertencer a uma empresa terceirizada contratada pela Mundial e pela Sossego para fazer a venda do seguro.
A Susep informa que o Seguro de Vida 100% Jesus se trata de um nome fantasia para um produto existente, vinculado à Mapfre. Por isso, não estaria irregular.
A Mapfre afirma que está vinculada ao produto, porém, explica que: “a adequação do produto quanto ao nome e às coberturas é de responsabilidade da instituição religiosa e da corretora.” A Igreja Mundial foi procurada, mas não respondeu à reportagem.

Carnê de cura substitui tratamento
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Sou contra a venda de produtos na igreja. Não vejo ninguém comercializando bênção. O lencinho é gratuito”. Hércules Lima membro da Mundial
O carnê da cura de uma igreja neopentecostal, pago todo o mês, prometia sarar a avó de Antonio Affonso do diabetes. Crente que estava livre da doença, ela parou de se cuidar. Um dia, a alta taxa de glicose, provocou nela um AVC fatal. “Fui conversar com o pastor e ele disse que minha vó morreu porque não teve fé suficiente. O valor que deveria ser pago à igreja dependia da doença e do poder do milagre esperado”, conta Antônio que é pastor Batista Reformado.
Ele se converteu ao protestantismo anos após a morte de sua avó e afirma que não há no Cristianismo espaço para a compra da salvação. “Ela é pela graça. O que vejo é que há muitas igrejas abusando da inocência das pessoas. O povo brasileiro é místico e carente e acaba sendo atraído por pessoas que oferecem óleo santo, pedaço da cruz. Há uma mercantilização da fé, com apelos para as ofertas”.
Óleo da bênção vira brinde
Algumas igrejas não vendem produtos consagrados, porém prometem brindes materiais e espirituais para fiéis que fazem doações. Há casos de denominações que presenteiam seus membros até com chaves sagradas e entregam para os frequentadores, dentro do envelope do dízimo, um pequeno frasco de um óleo ungido, capaz de “resolver todos os problemas”. O líquido deve ser passado nos ouvidos para que a pessoa receba boas notícias.
Membro da Igreja Mundial, Hércules Lima não se separa do lenço da bênção, que ganhou da instituição. Ele afirma que em sua igreja não é uma prática vender objetos sagrados. O que ocorre é a entrega de presentes àqueles que doam.
“Não há a comercialização de livros e DVDs. Não acho correto uma denominação vender produtos. Ninguém está acima da Palavra de Deus. Ela proíbe essa prática. Quanto às doações, não há nada imposto. Mas a pessoa tem que ter consciência que, quando dá algo a alguém, pode receber um brinde ou mesmo um presente no futuro, lá no céu”.
Estímulo à doação
Com discursos encorajadores, e com promessas de salvação ou de retorno em dobro dos bens, a máxima “é dando que se recebe” tem tomado conta das orações.
Os pedidos são feitos para arrecadar dinheiro para a construção de igrejas. Tem pastor que chega a vender, pela TV, Bíblia por R$ 900 e afirma que o dinheiro levantado servirá para ajudar nas obras de um importante templo.
A GAZETA foi a duas igrejas em Vitória e constatou que as doações, muitas vezes, são vinculadas a bênçãos. Na Igreja Universal do Reino de Deus, enquanto pedia ofertas para os fiéis, para ajudar na construção do Templo de Salomão, que ficará no Brás, em São Paulo, o bispo estipulou um valor médio de R$ 1 mil para ser doado.
m4Os exemplos de quanto poderiam doar chegaram aos R$ 20 mil. Algum tempo depois ele mudou o discurso. “Eu não vou falar o teu valor. Ou mil pra cima ou mil pra baixo. Falo esse valor só para lhe mostrar a importância de gravar esse número. Porque Deus quer te fazer grande”.
Já na Igreja Mundial do Poder de Deus em Vitória, foi constatada a entrega de brindes, como uma chave consagrada para quem fizesse doações “ouro, prata ou bronze”.
Lá também o fiel pode dar ofertas por meio de dois carnês: o da multiplicação – com valores de R$ 30, R$ 50 e R$ 100 –, e o das Grandes Realizações – no valor de R$ 100. Todos contêm o número de três contas bancárias para depósitos. Em letras pequenas, no verso da folha, encontra-se escrito “Faça aqui o seu pedido”.
Segundo o pastor Batista Antonio Affonso, as doações feitas às igrejas e os dízimos não devem estar ligados a promessas nem a brindes. E afirma ainda que o recurso deve ser aplicado nas igrejas locais. “Uma denominação não pode pedir dinheiro de forma nacional”.
Ele explica que uma das propostas das ofertas é a manutenção das atividades e que parte dos recursos podem ser aplicada no desenvolvimento de serviços comunitários. “Tem uma igreja em Cabo Frio (RJ) que utiliza parte das ofertas para construir casas para pessoas carentes. É louvável. Meu sonho era construir um prédio para atender à comunidade, oferecendo serviços sociais. A igreja tem que atender à comunidade, não pensar só em si mesma”.
Adesão à venda porta a porta
A moda do marketing de vendas diretas chegou às igrejas. Grupos religiosos estão oferecendo aos fiéis a possibilidade de se tornarem revendedores de livros, Bíblias, CDs e ainda ter uma alta lucratividade.
Dois pastores e tele-evangelistas de renome nacional estão comercializando um modelo de revendas de porta em porta e prometendo ganhos de até 100% aos sócios.
Um dos casos é do pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de Janeiro, e dono da editora Central Gospel.
O tele-evangelista tem divulgado na TV e também em suas páginas da internet a oportunidade de negócios. Para quem se cadastrar, o pastor promete até disponibilizar uma máquina de cartão de crédito.
O pedido mínimo que deve ser feito durante a adesão é de R$ 300 para qualquer categoria de revendedor: prata, ouro ou diamante. O lucro prometido varia de 25% a 100%.
Outro pastor que aderiu ao sistema de vendas diretas é R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Segundo publicidade no jornal da igreja e no site www.catalogodopovo.com.br, a pessoa pode se tornar um consultor de sucesso e lucrar muito.
O site afirma que ao formar consultores o objetivo do negócio é “levar o Evangelho do Senhor Jesus aos perdidos e também aos que precisam crescer na fé”, diz. O pedido mínimo para quem é consultor é de R$ 160. A lucratividade é de 30% do valor investido.
Suspeita de pirâmide gospel no mercado
Temas evangelísticos e produtos missionários também são usados para chamar pessoas para o setor de marketing multinível.
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Enquanto a força-tarefa de promotores de defesa do consumidor investiga 80 empresas suspeitas de formação de pirâmide financeira, o site Eu Evangelizo (www.evangelizo.com) oferece lucratividade para quem recrutar novos associados, interessados em comprar kits com materiais de evangelização.
O site afirma que o Eu Evangelizo é da Igreja Evangélica Missão Apascentar e garante lucro até o sétimo nível da rede do associado.
A GAZETA procurou os responsáveis pelo site, por meio do e-mail contato@euevangelizo.com, mas ninguém respondeu.
A Igreja Apascentar, sediada em Nova Iguaçu, foi procurada e se surpreendeu com a utilização do nome da entidade em um trabalho de marketing de rede.
Em nota, o pastor da igreja, Marcus Gregório, disse não recomendar e não ter esse tipo de parceria. “Não desenvolvemos em nosso ministério esse trabalho de marketing multinível, assim como não apoiamos tal trabalho, nem abençoamos. Na verdade amaldiçoamos e repudiamos quem está usando o nome da igreja para esse fim e até mesmo arrecadando dinheiro. O nome Apascentar está sendo usado indevidamente, sem nosso conhecimento e autorização legal”.
Até consórcio para quem quer viajar a Israel: pacote custa R$ 10 mil, que são parcelados em até 48 vezes
A busca pela proximidade com Deus está criando no Brasil um lucrativo mercado de viagens religiosas. São mais de 3,5 milhões de passeios por ano realizados fora do país, segundo estimativas do Ministério do Turismo. Um dos locais mais visados é Israel. Grupos religiosos chegam a formar agências de viagens e mesmo oferecer consórcios para os fiéis.
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Cartões de crédito que exalta a “benção à Obra do Senhor”

Só em 2012, 60 mil brasileiros foram para Jerusalém por questões religiosas, de acordo com o Ministério de Turismo de Israel.
Um dos casos curiosos é o do apóstolo Renê Terra Nova, do Ministério Internacional da Restauração, de Manaus. Ele lidera um dos maiores movimentos neopentecostais do país, tendo seguidores inclusive no Espírito Santo.
Além de pastor, é dono da agência Terra Nova Group, responsável em realizar as peregrinações para Israel. Em suas mensagens no YouTube, o apóstolo afirma que é necessário que todo o cristão vá pelo menos uma vez para Israel. O líder também estabelece a cada um dos pastores uma meta de no mínimo 10 pessoas que devem ser conquistadas para as caravanas.
No site da agência, além da contratação do pacote de viagens, que custa em média US$ 5 mil (R$ 10 mil), o consumidor pode contratar consórcio, sem consulta ao SPC e à Serasa, com carta de crédito de R$ 7 mil a R$ 10 mil. O fiel interessado pode pagar o consórcio em 12 ou 48 prestações.
Apesar de mostrar as condições do consórcio, o site não disponibiliza contrato nem explica qual é o órgão responsável pelo produto de valores mobiliários. Para conseguir informações, a reportagem ligou para a agência em Manaus, e a atendente disse que lá funcionava a Embaixada de Israel.
Outro lado
A GAZETA também contatou o diretor de Caravanas da agência, Marcus Almeida. Segundo ele, o consórcio do Terra Nova Group foi adaptado e pertence ao Banco Rodobens. “Pegamos um consórcio de serviços e demos o nome de Consórcio de Israel”.
A operação, garantiu, é legal. E ao realizar caravanas, o grupo visa a incentivar a ida à Terra Santa. “Ir para Israel é inevitável. Nós incentivamos todos a irem para lá, mas não obrigamos a comprar conosco. As metas estabelecidas não são comerciais e sim espirituais”.
Almeida acrescenta que o contrato do consórcio é fechado junto à Rodobens e que a atendente errou ao falar Embaixada de Israel. Ele explica que o nome certo é Embaixada Cristã de Jerusalém. “Com o consórcio, apenas buscamos facilidades para as pessoas. Somos os maiores divulgadores de Israel no país. Já chegamos a levar 3,5 mil pessoas para lá em um ano. Neste ano, devemos levar mil pessoas”.
Segundo a Embaixada de Israel, não há autorização para que nenhuma entidade utilize o nome do órgão por questões religiosas nem comerciais.
A instituição também explica que brasileiros gastam em média US$ 3,5 mil (R$ 7 mil) para viajar ao país.
Em nota, a Rodobens declara que não possui nenhum tipo de relação com a instituição denominada Terra Nova Group, desconhecendo totalmente eventual oferecimento de consórcio por essas pessoas em seu nome. O banco diz também não autorizar o uso de seus produtos por meio de sua rede de prestadores de serviços e parceiros comerciais.

A rede da fé

Kit comunhão
No YouTube apresenta o kit comunhão, que vem com artigos para a “Santa Ceia” e óleo ungido. O pacote custa R$ 300 e promete ajudar pessoas com problemas espirituais, emocionais, de depressão, questões financeiras, entre outras questões.
Cartão de crédito
Várias igrejas oferecem cartões de crédito para os fiéis. Algumas afirmam disponibilizar um cartão missionário, com o dinheiro arrecadado seria possível levantar recursos para realizar missões, como é o caso da Assembleia de Deus.
Lojas virtuais
Igrejas ou empresas ligadas a denominações religiosas também realizam o comércio de produtos, como CDs, canecas, chaveiros e artigos religiosos. No ramo católico carismático, o Canal Canção Nova tem uma loja virtual na internet para vender produtos e arrecadar recursos para a construção do Santuário do Pai das Misericórdias.
Feiras
Tanto no ramo católico quanto cristão evangélico, são realizados eventos como feiras. No setor católico, há caso de roupas e batinas para padres que chegam a custar R$ 7 mil. No nicho evangélico neopentecostal, as feiras, além de Bíblias eletrônicas semelhantes a um MP4, são vendidas até pílulas de emagrecimento milagroso.
Sites de compras coletivas
O mercado da fé tem mexido até com o setor de compras coletivas. Um grupo criou o Clube das Ovelhas, que vende livros e diversos produtos gospel.
Shopping do Pastor
Para pastores que estão fundando suas igrejas, há páginas na internet que oferecem produtos como manto sagrado, chaves da bênção, galão de água consagrada ou outros objetos neopentecostais.
O outro lado: Igrejas se calam
A reportagem, durante a última semana, procurou pastores e líderes das igrejas. Silas Malafaia, segundo a assessoria de imprensa, estaria com a agenda cheia e não teria como dar entrevistas. Para a Mundial do Poder de Deus, foi enviado e-mail, feitas ligações para a igreja, para o setor administrativo e para a comunicação, e nenhuma resposta foi enviada. A Igreja Internacional também não respondeu aos e-mails e aos telefonemas. A Universal também foi procurada, mas não respondeu aos e-mails nem retornou às chamadas. O canal Canção Nova, também consultado pela reportagem, não respondeu aos questionamentos apresentados.

Os Desigrejados




Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes
(reprint do post de 2010 – ainda bastante atual)
Para mim resta pouca dúvida de que a igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todos os quartéis da cristandade, e mesmo fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio apostólico de igrejas neopentecostais, a institucionalização e secularização das denominações históricas, a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, os escândalos ocorridos nas igrejas, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada. Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja.
Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas idéias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados.
Muitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo (*).
Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos.
1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.
2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente.
3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.
4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.
5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que crêem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no Frans Café numa sexta a noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada.
6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.
Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.
Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.
Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em vôo solo. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, anti-disciplina, anti-regras, anti-autoridade, anti-limites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.
É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.
1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.
2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.
3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.
4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).
5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.
6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que crêem a mesma coisa sobre o Senhor.
É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.
O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).
No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas idéias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.
Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.
Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo.
Nota:(*) Podemos mencionar entre eles: George Barna, Revolution (Revolução), 2005; William P. Young, The Shack: a novel (A Cabana: uma novela), 2007; Brian Sanders, Life After Church (Vida após a igreja), 2007; Jim Palmer, Divine Nobodies: shedding religion to find God (Joões-ninguém divinos: deixando a religião para encontrar a Deus), 2006; Martin Zener,How to Quit Church without Quitting God (Como deixar a Igreja sem deixar a Deus), 2002; Julia Duin, Quitting Church: why the faithful are fleeing and what to do about it (Deixando a Igreja: por que os fiéis estão saindo e o que fazer a respeito disto), 2008; Frank Viola, Pagan Christianity? Exploring the roots of our church practices (Cristianismo pagão? Explorando as raízes das nossas práticas na Igreja), 2007; Paulo Brabo, Bacia das Almas: Confissões de um ex-dependente de igreja (2009).

A religiosidade é contagiante

É interessante como a religiosidade é contagiante: Ela não precisa de propaganda, não precisa de incentivo, nem mesmo precisa de orientação. Na verdade, parece que a religiosidade é de certo modo inato a cada um de nós. Parece que temos a necessidade de criar regras, modelos, sistemas que tornem nossa “adoração” mais palatável e objetiva.
Entretanto, nos dias de Cristo a religiosidade tinha tudo isso: Propaganda, incentivo e orientação. Os Fariseus eram os modelos da religião e tinham tudo o que era necessário para ensinarem o que era a “verdadeira” religião para o povo.
Eles se distinguiam das outras opções religiosas nos seus dias, por sua crença e apreço pela Lei que Deus havia dado a Moisés, a Torá. Eles também advogavam ser os verdadeiros intérpretes da Lei baseada na tradição oral dos anciões, que posteriormente veio a ser codificada no documento que conhecemos como Talmud.
Segundo Flávio Josefo, grande parte da população da Palestina do primeiro século aceitava sua doutrina (Ant.18.15) de modo que até mesmo os Saduceus (outro grande grupo religioso em Jerusalém) estavam sujeitos aos Fariseus (Ant.18.17).
Os Fariseus eram os homens que levavam a vida religiosa do Templo para casas, sinagogas e para a vida pessoal do judeu comum. Eles eram os heróis da religião. Homens de alta posição social e prestígio em sua sociedade.
Mas, de modo interessante, o Talmud (Mas. Sotah 22b) registra a existência de sete tipos de Fariseus no primeiro século:
O Fariseu “ombro“: Esse é o tipo de fariseu que carrega todas as suas boas ações em seus ombros para que todos possam ver;
O Fariseu “espera só mais um pouquinho“: Esse é o tipo de fariseu que prefere esperar para ver o que vai acontecer antes de agir. Ele sempre tem uma boa desculpa teológica para não realizar uma boa obra.
O Fariseu “machucado“: Esse é aquele que fechava os olhos para evitar olhar para uma mulher, mas por fazê-lo enquanto andava, normalmente tropeçava e caia.
O Fariseu “corcunda“: Esse é aquele que evitava qualquer tipo de tentação por andar olhando para baixo. Há quem diga que isso era também era uma forma de demonstrar publicamente sua humildade.
O Fariseu “exibido“: Como o nome já diz, esse era o fariseu que tinha prazer em contar (numericamente) e contar (publicamente) seus feitos. O objetivo era ter sempre o maior número de boas obras que os outros participantes da religião.
O Fariseu “cheio de medo“: Esse era o fariseu que temia a Deus, não exatamente por causa da sua reverência ou respeito por Deus, mas por medo de Seu julgamento. Em outras palavras, era aquele que por temer o inferno se certificava de obedecer todos os mandamentos da Lei de Deus, mesmo aqueles criados pela tradição dos anciãos.
O Fariseu “que amava a Deus“: Esse era considerado o fariseu ideal, que obedecia a Deus por amor a Deus. Um grupo minoritário, que poderia ter incluido homens como Nicodemos, José de arimatéia e até mesmo Gamaliel.
Na minha opinião, o mais interessante em ler essa lista é perceber que esse tipo de farisaísmo ainda existe e está firme e forte em nossas igrejas. R.H.Stein está correto quando diz que “nem mesmo o cristianismo está isento dessa infeliz tendência“ (Stein, R. H. (2001). Vol. 24: Luke, pp. 340–341.).
A verdade é que de alguma forma os fariseus fizeram escola na igreja de tal modo que essa mesma lista poderia ser escrita para descrever sete tipos de cristãos religiosos. Deve ser por isso que também podemos dizer que ainda existe a propaganda, o incentivo e os modelos da religiosidade entre nós. É fato, a religiosidade é contagiante!

Elysium e a doutrina do “Tomo Posse” na Igreja


Por Pr. Silas Figueira
Socialistas sempre foram assim: só pensam em distribuir o que existe, nunca em criar riqueza de fato. O resultado acaba sendo apenas miséria para todos, à exceção da cúpula do poder que age em nome do povo oprimido [1]. Esse comentário foi feito por Rodrigo Constantino a respeito do filme Elysium, onde mostra a Terra no ano de 2159, numa total miséria, enquanto os ricos, que vivem fora da Terra, tem acesso a todo tipo de riqueza e tratamento contra as doenças. No entanto, os que estão na Terra, na miséria se revoltam e vão tomar o controle do sistema e tornar as riquezas disponíveis para todos.

Isso me lembra o que tem ocorrido em muitas igrejas neopentecostais por aí. Muitas dessas igrejas ensinam que a riqueza do ímpio pertence ao “povo de Deus”, no caso eles; e que a igreja precisa tomar posse desse tesouro que se encontra em mãos alheias. Quem ensina essa prática de “tomar posse” utiliza textos do Antigo Testamento, principalmente os que narram a tomada da terra de Canaã pelos Hebreus. Esses líderes dizem que da mesma forma como o Senhor deu a terra de Canaã para os judeus, a igreja precisa ter essa mesma visão e tomar posse das riquezas que se encontram nas mãos dos ímpios. Realmente é um belo discurso, só que fora de contexto. E texto fora de contexto é pretexto para heresia. E haja heresia nisso!

Eu conheço uma pessoa que foi doutrinada dessa forma na igreja que frequentava. Esse indivíduo toda vez que via alguém com alguma coisa nova logo dizia para a outra pessoa: “Eu tomo posse!” Muitas vezes essa palavra foi dirigida a mim, e eu confesso que essas palavras me irritavam profundamente. Tanto que uma vez eu lhe disse: “Porque você não toma posse do que é seu?”

Observando a vida dessa pessoa, eu via que ela realmente tinha muita coisa que “tomava posse”; ela tinha máquina de lavar usada, televisão usada, geladeira usada, muitos brinquedos dos filhos usados... Ela nunca teve o prazer de entrar em uma loja e comprar algo novo. Algo que não havia pertencido a alguém – não que eu tenha alguma coisa contra ter coisas usadas – não é isso. Mas essa pessoa vivia de migalhas, de coisas que ela havia “tomado posse”. E pior, de coisas velhas e muitas vezes quebradas. Que coisa triste! A meu ver, essa pessoa vivia de esmola e não se dava conta disso.

Essa história que estou contando tem sido uma triste realidade em muitas igrejas por aí. Pessoas que têm sido doutrinadas a ter e não a ser. A tomar posse, e não lutar para conseguir o precisam através do trabalho e, principalmente, na direção de Deus. Muitos têm sido ensinados que as bênçãos do Senhor sobre a vida de uma pessoa, são medidas pelo o que a ela possui e não pelo que ela é, ou seja, uma pessoa consagrada a Deus, tendo uma vida santa e irrepreensível.

E o que tem gerado nessas pessoas que recebem essa doutrina do “tomar posse”? Elas ficam cada vez mais gananciosas. Querem mais e mais. Ocorre com essas pessoas aquela velha frase que diz: “Tem gente que é muito engraçada, gastam um dinheiro que não tem, para comprar o que não precisa para impressionar quem não gostam”.

Tais pessoas não conhecem o verdadeiro sentido do ter e ser. Essas pessoas desconhecem o Senhor que nos garante que de tudo que tivermos necessidade Ele nos supriria. Veja o que Jesus nos falou em Mateus 6.31-33:

“Portanto, não se preocupem, dizendo: Que vamos comer?  ou que vamos beber? ou ‘que vamos vestir? Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”.

Isso sim é a verdadeira riqueza e a verdadeira posse que o Senhor tem para nós.

Mais uma vez citando Rodrigo Constantino quando disse a respeito do Socialismo: “O resultado acaba sendo apenas miséria para todos, à exceção da cúpula do poder que age em nome do povo oprimido”. Quem ensina essa doutrina está cada vez mais rico – líderes gananciosos. Enquanto os seus seguidores estão na total miséria, principalmente espiritual.

Pense nisso!
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os Três Mosqueteiros foram ao Rock in Rio

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Por Pr. Silas Figueira

O livro “Os Três Mosqueteiros” conta a história de um jovem abandonado de 18 anos, proveniente da Gasconha, D'Artagnan, que vai a Paris buscando se tornar membro do corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros. Chegando lá, após acontecimentos similares, ele conhece três mosqueteiros chamados "os inseparáveis": Athos, Porthos e Aramis. Juntos, os quatro enfrentaram grandes aventuras a serviço do rei da França, Luís XIII, e principalmente, da rainha, Ana de Áustria [1]. 


Agora vamos imaginar que os três mosqueteiros, juntamente com D'Artagnan, resolvem deixar o serviço real para virem ao “Rock in Rio” assistir um grupo de heavy metal o Iron Maiden. Uma banda britânica de heavy metal, formada em 1975 pelo baixista Steve Harris, ex-integrante das bandas Gypsy's Kiss e Smiler. O nome "Iron Maiden", homônimo de um instrumento de tortura medieval que aparece no filme “O Homem da Máscara de Ferro”, baseado na obra de Alexandre Dumas, autor também do livro Os Três Mosqueteiros [2]. Chegando lá um deles faz a seguinte declaração: “Como me arrependo de ter quebrado todos os meus discos do Iron assim que ingressei no serviço real. Que mal faz o legalismo!” Será que o rei Luis XIII e rainha Ana de Áustria ficariam felizes em ouvir tal declaração? 
O que o rei falaria com os seus homens de confiança ao saber que no momento em que eles passaram a fazer parte da guarda principal do rei eles olharam para trás e se arrependeram de ter deixado a sua antiga vida? Ou melhor, de não estarem conciliando as duas vidas? Imagine se o rei Luis XIII lhes chamassem e lhes dessem essa resposta: “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (2Tm 2.4).
Essa história na verdade é uma triste realidade que ocorreu recentemente com alguns pastores e um bispo de uma determinada comunidade. Isso demonstra que essas pessoas, na verdade, estão com suas vidas divididas. É bom lembrar que esse texto de 2Tm 2.4 não é restrita somente a pastores. Cada cristão é, num certo grau, um soldado de Cristo, ainda que seja tímido como Timóteo. Não importando qual seja o nosso temperamento, não podemos evitar o conflito cristão. Se queremos ser bons soldados de Cristo, devemos dedicar-nos à batalha, comprometendo-nos com uma vida de disciplina e de sofrimento, e evitando tudo o que possa nos “envolver” e assim nos desviar do seu propósito [3]. 
Paulo escrevendo aos Gálatas nos diz: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19b,20). A vida crucificada evita essa vida dividida. Uma vida em parte secular, em parte espiritual, em parte deste mundo e em parte do mundo acima não é, de modo algum, o que o Novo Testamento ensina [4]. O que esse bispo, juntamente com seus pastores, na verdade estão demonstrando não estarem com suas vidas crucificadas com Cristo como o apóstolo Paulo nos diz que estava, muito pelo contrário; o que eles estão demonstrando com a atitude que tomaram é que na verdade estão com as suas vidas divididas. Demonstram terem uma vida espiritual, mas estão com as suas mentes totalmente secularizadas. Se a liderança é assim o que será do rebanho que pastoreiam?
Pense nisso?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

CRENTE OU CLIENTE?



otimo 

Por Samuel Torralbo
É bastante comum encontrarmos dentro da literatura voltada para a liderança eclesiástica temas como: Aumentando a membresia da sua igreja, Como gerar crescimento na igreja, ou os 7 passos de uma igreja que se multiplica, etc., os dados estatísticos compravam que os livros mais vendidos e comercializados seguem este caráter e paradigma de conteúdo e proposta reflexiva. É evidente que o crescimento em todos os sentidos é importante e significativo, porém, é válido ressaltar que a missão da Igreja é de pregar as boas novas de salvação em Cristo Jesus, e jamais a fixação ou a obsessão em crescimento de números de membros ou adeptos religiosos.
Atualmente, dentre os diversos desafios que a Igreja contemporânea enfrenta se encontra o perigo da deturpação da verdadeira consciência do legado e missão da Igreja no mundo, uma vez que, sorrateiramente as leis do mercado parecem estar ditando o formato e o conteúdo da missão de alguns cristãos desavisados no século XXI.
Em síntese a lei do mercado ou do comércio baseia-se na relação entre o fornecedor e o cliente (ou consumidor), onde uma das máximas deste contexto diz que o cliente sempre tem a razão. Sendo assim, o fornecedor esta para servir e cumprir as expectativas e demandas daquele que paga pelo produto, a saber, o cliente.
Certa vez, ouvi um líder de uma grande igreja declarar: “Nós somos os fornecedores, Jesus é o produto e os pecadores os clientes”. Precisei prontamente discordar desta declaração que inicialmente tem um caráter inocente e até inovador. Discordei por quê?
- Primeiro porque o Evangelho não é um produto, mas uma pessoa – Cristo Jesus.
- Segundo porque a Igreja não é fornecedora de algum produto religioso, mas antes, é a noiva de Cristo Jesus que comunica a Sua graça infinita.
- Terceiro porque o pecador não é um cliente, mas um necessitado de arrependimento para perdão dos seus pecados e reconciliação com Deus.
É aterrorizante a possibilidade de que, para algumas lideranças cristãs o significado da missão da Igreja é semelhante ao mesmo significado do mercado capitalista e consumista do século XXI.
Certamente, deve ser por este motivo que algumas comunidades cristãs não pregam mais sobre o pecado, o juízo final, ou o confronto com o erro e o engano. Porque uma vez que, o pecador é uma espécie de cliente, ele agora precisa ser agradado, bajulado, e persuadido a continuar comprando uma religiosidade de mimos e agrados.
Porém, observamos que, Cristo Jesus jamais esteve em conluio ou alinhado ao espírito do mercado religioso de sua época. Cristo Jesus não pregava aquilo que agradava ou massageava o ego das pessoas, mas antes anunciava a verdade eterna de Deus –
“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”(João 6.60)
Do mesmo modo, certamente a expectativa de Deus com relação a Sua Igreja é que anunciemos o evangelho puro e simples, jamais negando a verdade, ou se prostrando diante das recompensas imediatistas e passageiras do mercado religioso que sutilmente descaracteriza a verdadeira missão da Igreja de Cristo Jesus.

PALAVRA DE PERDÃO



Por Pr. Silas Figueira

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34 

As últimas palavras de uma pessoa podem ser muito reveladoras, principalmente se estas palavras são no momento de morte. Antes de falarmos a respeito das palavras que Jesus proferiu na Cruz, eu gostaria de compartilhar com você algumas palavras de alguns homens que influenciaram a sociedade e a história. Este é um artigo do site Chamada da Meia Noite, escrito por Alexander Seibel. 

ÚLTIMAS PALAVRAS DE GRANDES HOMENS INFIÉIS 

Praticamente nada é mais esclarecedor do que o testemunho de moribundos. Mesmo mentirosos confessam então a verdade. Um olhar para o leito de morte revela muitas vezes mais do que todas as grandes palavras e obras em tempo de vida. No momento em que pessoas se veem confrontadas com a morte, muitas perdem suas máscaras e tornam-se verdadeiras. Muitos tiveram que reconhecer que edificaram sobre a areia, se entregaram a uma ilusão e seguiram a uma grande mentira. Aldous Huxley escreve no prefácio do seu livro “Admirável Mundo Novo”, que se deveria avaliar todas as coisas como se estivessem sendo vistas do leito de morte. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12), diz a Bíblia. 

VOLTAIRE, o famoso zombador, teve um fim terrível. Sua enfermeira disse: “Por todo o dinheiro da Europa, não quero mais ver um incrédulo morrer!” Durante toda a noite ele gritou por perdão. 

DAVID HUME, o ateu, gritou: “Estou nas chamas!” Seu desespero foi uma cena terrível. 

HEINRICH HEINE, o grande zombador, arrependeu-se posteriormente. Ao final da sua vida, ele ainda escreveu a poesia: “Destruída está a velha lira, na rocha que se chama Cristo! A lira que para a má comemoração, era movimentada pelo inimigo mau. A lira que soava para a rebelião, que cantava dúvidas, zombarias e apostasias. Senhor, Senhor, eu me ajoelho, perdoa, perdoa minhas canções!” 

De NAPOLEÃO escreveu seu médico particular: “O imperador morre solitário e abandonado. Sua luta de morte é terrível.” 

CESARE BORGIA, um estadista: “Tomei providências para tudo no decorrer de minha vida, somente não para a morte e agora tenho que morrer completamente despreparado.” 

TALLEYRAND: “Sofro os tormentos dos perdidos.” 

CARLOS IX (França): “Estou perdido, reconheço-o claramente.” 

MAZARINO: “Alma, que será de ti?” 

HOBBES, um filósofo inglês: “Estou diante de um terrível salto nas trevas.” 

SIR THOMAS SCOTT, o antigo presidente da Câmara Alta inglesa: “Até este momento, pensei que não havia nem Deus, nem inferno. Agora sei e sinto que ambos existem e estou entregue à destruição pelo justo juízo do Todo-Poderoso.” 

GOETHE: “Mais luz!” 

NIETZSCHE: “Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens.” 

LÊNIN morreu em confusão mental. Ele pediu pelo perdão dos seus pecados a mesas e cadeiras. À nossa juventude revolucionária se assegura insistentemente e em alta voz, que isso não é verdade. Pois seria desagradável, ter que admitir que o ídolo de milhões se derrubou a si mesmo de maneira tão evidente. 

SINOWYEW, o presidente da Internacional Comunista, que foi fuzilado por Stálin: “Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é o único Deus.” 

CHURCHILL: “Que tolo fui!” 

YAGODA, chefe da polícia secreta russa: “Deve existir um Deus. Ele me castiga pelos meus pecados.” 

YAROSLAWSKI, presidente do movimento internacional dos ateus: “Por favor, queimem todos os meus livros. Vejam o Santo! Ele já espera por mim, Ele está aqui.” 

JESUS CRISTO: “Está consumado.” 

Voltaire, David Hume e outros, certamente teriam rido ou zombado, se em tempo de vida se explicasse a eles, que sem Jesus Cristo estariam eternamente perdidos. Apesar disso, eles tiveram que reconhecer que isso é verdade e que a Bíblia tem razão ao dizer: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Como você morrerá? Será muito tarde também para você? Quais serão suas últimas palavras? [1]. 

CENAS DA MORTE DE FIÉIS 

Agora observemos algumas cenas da morte de fiéis. Ouça o que eles disseram e note o contraste: 

JOHN PAYSO - Seu leito de morte presenciou uma cena extraordinária e sublime; ele gritou: “Isto basta: Cristo morreu por mim. Estou subindo para o trono de Deus”. Então, rompendo em acordes de louvor arrebatadores, juntando as mãos como se estivesse orando, disse: “Sei que estou morrendo, mas meu leito de morte é um leito de rosas; não tenho espinhos plantados no travesseiro de minha morte. O céu já começou; a vida eterna está ganha, ganha, ganha. Tenho uma morte fácil, segura e feliz. Tu, meu Deus, estás presente, eu sei, eu sinto Tua presença. Jesus precioso! Glória a Deus” Logo depois, expirou exclamando: “Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!” 

DAVID BRAINERD – “Meu desejo é servir a Deus e ser completamente devotado à sua glória; este é o céu pelo qual anseio, esta é a minha religião e minha felicidade, e sempre foi, desde que julguei ter uma verdadeira religião. O guardião está comigo; porque a carruagem custa tanto a chegar? Porque tardam as rodas de Sua carruagem?” 

JOHN WESLEY – Quando os amigos se acercaram de seu leito de morte, ele tentou falar, mas, observando que não estava sendo entendido, parou. “Então”, disse uma testemunha ocular, “erguendo seus braços enfraquecidos num gesto de vitória, e elevando a voz debilitada em santo triunfo, gritou: O melhor de tudo é que Deus está conosco”. 

BILLY BRAY volta para casa – Na sexta-feira, ele desceu as escadas pela última vez. A um de seus amigos que, poucas horas antes de sua morte, perguntou-lhe se não tinha medo da morte, ou de se perder, ele disse: “O quê? Eu temer a morte? Eu perdido? Ora, meu Salvador venceu a morte. Se eu fosse para o inferno, iria gritando glória! Glória! Ao meu bendito Jesus, até fazer o inferno ressoar, e o miserável e velho Satanás diria: “Billy, Billy, isso não é lugar para você; saia daqui”. Então eu iria para o céu, gritando glória! Glória! Glória! Louvado seja Deus!” Pouco depois, ele disse: “Glória!”, e essa foi sua última palavra. 

MARTINHO LUTERO – Os amigos queriam que ele tomasse algum remédio. “Estou partindo e, em breve, vou render meu espírito”, disse Lutero, repetindo três vezes: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito, porque Tu me redimiste, Tu, Deus da Verdade”. Então, ficou completamente imóvel, não respondendo perguntas que lhe dirigiam, até que, friccionando seu pulso com uma solução revigorante, o Dr. Jones lhe disse ao ouvido: “Reverendo, o senhor permanece com Cristo e com as doutrinas que tem pregado? Elas resistem à agonia da morte? “Sim! Sim! Mil vezes, sim!”, gritou Lutero e, virando-se, adormeceu. 

O MARTÍRIO DE LATIMER – “Tenha bom ânimo, Mestre Ridley, e seja homem! Neste dia, acenderemos na Inglaterra, pela graça de Deus, uma vela que, confio, nunca será apagada!” Depois disso exclamou: “Ó Pai Celeste, recebe minha alma!” [2] 

APÓSTOLO PAULO - Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. 

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DA CRUZ

As últimas palavras de Jesus nos mostram que ninguém alcançará o favor de Deus se se desviar da cruz. A cruz é a dobradiça sobre a qual gira a porta da história. E nas últimas palavras do Nosso Salvador nos vemos o lado humano dEle, mas também o quanto seus ensinamentos eram mais que palavras, eram vida a ser vivida mesmo no momento da morte. Mesmo diante de tanta aflição Jesus não deixou de estar na dependência do Pai e de liberar perdão aos seus algozes. Mesmo diante de tanta dor Ele cuidou daquela que foi a sua mãe. A cruz foi o cumprimento cabal de Is 53.4,5: 

“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” 

Enquanto pende na cruz, Jesus é maltratado por três grupos de pessoas, que podem ser descritos respectivamente como “pecadores ignorantes”, “pecadores religiosos” e “pecadores condenados”. Primeiro, os que passavam descuidadamente, meneavam arrogantes a cabeça para Jesus, como os perseguidores do salmista haviam feito como ele (Sl 22.7). “Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!” (Mt 27.39,40). O que essas pessoas cheias de si foram totalmente incapazes de ver foi que este Filho de Deus não podia descer da cruz precisamente porque era o divino Salvador que estava levando “sobre si o pecado de muitos”. Os pecadores “religiosos” estavam representados por aqueles membros do Sinédrio que também saíram para escarnecer. Contudo, as suas zombarias não eram dirigidas a Jesus, mas partilhadas entre si. “Salvou os outros”, diziam,“a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele” (Mt 27.42). Os mesmos insultos, acrescenta Mateus, foram proferidos pelos pecadores “condenados”, pendurados ao lado de Jesus [3]. 

A cruz foi o resumo do ministério de Jesus, e através das suas últimas palavras nós encontramos o verdadeiro propósito de nossas vidas. Essas últimas palavras ditas pelo Senhor na cruz são importante não só por causa de quem falou, mas também pelo lugar e em que circunstâncias foram ditas. 

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34. 

Durante todo o seu ministério Jesus sempre ensinou a respeito do perdão e sempre perdoava aqueles que necessitavam de misericórdia. Quando Jesus disse para aquele paralítico em Mc 2.5 que os seus pecados estavam perdoados, houve uma avalanche de controvérsias, pois seus ouvintes sabiam que só Deus podia perdoar pecados. Jesus explicou que possuía autoridade para perdoar pecados, porque detinha credenciais de divindade. Mas agora, porém, pendurado na cruz não exerceu essa prorrogativa divina, mas pediu ao Pai que fizesse aquilo que durante o Seu ministério tanto fez. Naquele momento Jesus estava se identificando completamente conosco, abrindo mão se sua posição de autoridade. Como disse o apóstolo Paulo em sua carta em Fl 2.5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Outra coisa que nos chama atenção é que o Senhor Jesus no Sermão do Monte ensinou a seus discípulos a perdoar os seus inimigos e agora o vemos pondo em prática os seus ensinamentos (Mt 5.43,44 cf. Rm 12.19,20). Não foram ensinamentos vazios, mas foram cheios de graça. Diante do maior crime de toda a humanidade, Jesus o Único Inocente estava sendo crucificado e intercedendo pelos seus algozes diante do Pai. 

Essa primeira das sete palavras na cruz do nosso Senhor o apresenta em atitude de oração. Seu ministério público tinha sido aberto com oração (Lucas 3.21), e aqui vemos Ele sendo fechado com oração. Certamente ele nos deixou um exemplo! Ao orar por seus inimigos, Cristo não somente colocou diante de nós um exemplo perfeito de como devemos tratar aqueles que nos prejudicam e nos odeiam, mas ele também nos ensinou a nunca considerar algo como além do alcance da oração. Se Cristo orou por seus assassinos, então certamente temos encorajamento para orar agora pelo maior de todos os pecadores! 

Jesus disse “Pai”. Enquanto estava na cruz, o Senhor se dirigiu a Deus três vezes. Sua primeira declaração foi: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23.34). A quarta declaração foi: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Sua declaração final foi: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23.46). 

Suas primeiras palavras, as centrais, e suas últimas, foram todas dirigidas ao Pai. Quando o Senhor entrou em seu sofrimento, enquanto o suportava e quando emergiu vitorioso dele, Jesus falou ao Pai nos céus. Nada ameaçou seu relacionamento com o Pai [4]. 

Jesus atribuiu a razão da ignorância aos motivos dos que o crucificavam. A ignorância dos soldados foi circunstancial, porquanto foram envolvidos em acontecimentos que não haviam provocado e que não podiam controlar. A ignorância dos judeus, entretanto, foi judicial, porquanto haviam fechado os próprios olhos à realidade de Jesus, por meio de supostas exigências de sua própria lei, em face das quais atribuíam sentido blasfemo às declarações de Jesus [5]. 

Arthur W. Pink nos diz que esta primeira palavra de Jesus nos traz ensinamentos preciosos. Vejamos: 

1. Aqui vemos o cumprimento da palavra profética. Quanto Deus fez conhecido de antemão do que deveria suceder naquele dia dos dias! Que retrato completo o Espírito Santo fornece da Paixão do nosso Senhor com todas as circunstâncias que a acompanharam! Entre outras coisas, foi predito que o Salvador deveria “interceder pelos transgressores” (Is 53.12). 

2. Aqui vemos Cristo identificado com o seu povo. Perdão de pecado é uma prerrogativa divina. Os escribas judeus estavam certos quando arrazoaram: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.7). Mas dirá você: Cristo era Deus. Com toda certeza; mas homem também - o Deus-homem. Ele era o Filho de Deus que tinha se tornado o Filho do Homem com o expresso propósito de oferecer a si mesmo como sacrifício pelo pecado. E quando o Senhor Jesus clamou “Pai, perdoa-lhes”, ele estava sobre a cruz, e ali ele não poderia exercer suas prerrogativas divinas. 

3. Aqui vemos a avaliação divina do pecado e sua culpa consequente. Sob a economia levítica, Deus exigiu que a expiação devesse ser feita pelos pecados praticados por ignorância. “Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância nas coisas sagradas do SENHOR, então, trará ao SENHOR, por expiação, um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para expiação da culpa. Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado”. (Lv 5.15, 16). O pecado é sempre pecado aos olhos divinos, quer estejamos consciente dele ou não. Pecados cometidos por ignorância precisam de expiação tanto quanto os conscientes. Deus é santo, e ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência. Na verdade, ignorância é mais culpada agora do que na época de Moisés. Nós não temos desculpas pela nossa ignorância. Deus tem revelado clara e plenamente sua vontade. A Bíblia está em nossas mãos, e não podemos alegar ignorância de seu conteúdo, exceto para condenar-nos por nossa preguiça. Ele tem falado, e por sua palavra seremos julgados. 

4. Aqui vemos a cegueira do coração humano. “Porque não sabem o que fazem”. Isso não significa que os inimigos de Cristo eram ignorantes do fato de sua crucificação. Eles sabiam perfeitamente que tinham clamado: “Crucifica-o”. Eles sabiam perfeitamente que o seu vil pedido lhes tinha sido concedido por Pilatos. Eles sabiam perfeitamente que ele tinha sido pregado na cruz, pois eram testemunhas oculares do crime. O que, então, o Senhor quis dizer quando disse: “Porque não sabem o que fazem”? Ele quis dizer que eles eram ignorantes da grandeza do seu crime. Eles não sabiam que era o Senhor da glória que eles estavam crucificando. A ênfase não é sobre “porque não sabem”, mas sobre “porque não sabem o que fazem”. 

5. Aqui vemos uma exemplificação amorosa do seu próprio ensino. No Sermão do Monte nosso Senhor ensinou aos seus discípulos: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Acima de todos os outros, Cristo praticou o que ele pregou. A graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo. Ele não somente ensinou a verdade, mas ele mesmo era a verdade encarnada. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Assim, aqui sobre a cruz ele exemplificou perfeitamente seu ensino do monte. Em todas as coisas ele nos deixou um exemplo. 

6. Aqui vemos a grande e primária necessidade do homem. A primeira lição importante que todos precisam aprender é que somos pecadores, e como tais, inaptos para a presença de um Deus Santo. Não é de proveito algum tentar desenvolver um belo caráter e ter por objetivo obter a aprovação de Deus, enquanto há pecado entre ele e as nossas almas. A segunda lição importantíssima que precisamos aprender é como o perdão dos pecados pode ser obtido. O perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem que escolher entre duas alternativas: quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei, ou deve negligenciar os requerimentos da lei - uma é justiça, a outra é misericórdia. A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor, é uma terceira parte oferecer sofrer em sua própria pessoa a penalidade que o condenado merece. Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o juiz de toda a terra, não colocaria de lado as demandas da sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Através de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio de seu próprio Filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele e carregando seus pecados em seu próprio corpo no madeiro. Deus poderia ser justo e ainda misericordioso, misericordioso e ainda justo. Foi assim para que a “graça reinasse pela justiça”. 

7. Aqui vemos o triunfo do amor redentor. Note atentamente a palavra com a qual nosso texto começa. “Então”. O versículo que imediatamente o precede é lido assim: “E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda”. Então, disse Jesus, Pai, perdoa-lhes. “Então” – quando o homem tinha feito o seu pior. “Então” - quando a vileza do coração humano foi demonstrada em maldade diabólica e climatérica. “Então” - quando com mãos ímpias a criatura ousou crucificar o Senhor da glória. Ele poderia ter expressado maldições terríveis sobre eles. Ele poderia ter lançado os raios da justa ira e os matado. Ele poderia ter feito a terra abrir a sua boca, de forma que eles caíssem vivos no abismo. Mas não. Embora sujeito à vergonha indizível, embora sofrendo dor excruciante, embora desprezado, rejeitado, odiado; todavia, ele clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Esse era o triunfo do amor redentor. “O amor é paciente, é benigno... tudo sofre... tudo suporta” (1Co 13). Assim foi demonstrado na cruz [6]. 

Falar de perdão é falar de um coração muitas vezes deveras machucado. É questionar muitas vezes a justiça divina e humana. Talvez você pergunte: Como optar pelo “perdão” para uma pessoa que merece um destino pior que a morte? Como posso abrir mão da ira que, com justiça, busca compensação ou vingança? Jesus nos ajuda nesse ponto. “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.23). Jesus pode perdoar sem desistir do desejo de justiça. Ele não sentiu necessidade de ajustar as contas naquele momento e entregou o seu problema ao Juiz do Universo, aguardando o veredito final [7]. 

C. S. Lewis, disse certa feita: “É fácil falar sobre perdão até ter alguém para perdoar”. Ele estava certo em sua análise. Uma coisa é falar de perdão e outra coisa é praticar o perdão. Perdoar não é uma coisa simples, nem fácil, mas necessária. Sabe por quê? Porque nós temos a capacidade de decepcionar as pessoas e as pessoas têm a capacidade de nos decepcionar. Nós ferimos as pessoas, e as pessoas nos ferem. Por isso Jesus nos ensinou a respeito do perdão e foi até a cruz e perdoou os seus algozes. 

Mas o que é perdão? Em primeiro lugar o perdão não é algo natural. O perdão não é fácil. O perdão é o resultado da graça de Deus em nós. Sem a ação do Espírito Santo em nossos corações é impossível alguém perdoar a outra pessoa. Por isso que perdoar é deixar aquele que nos ofendeu ir em liberdade e ficar livre. É alforriar o ofensor em nosso próprio coração. Podemos dizer que perdoar é desistir de ser o juiz da vida alheia. Perdoar não é esquecer, perdoar é olhar para as cicatrizes e não sentir mais a dor.

Perdoar não é uma atitude natural. O que lateja em nossas veias e pulsa em nosso coração é a lei da vingança. Geralmente as pessoas se esquecem naturalmente as amabilidades e os favores das pessoas, mas as suas ofensas lembram-se sempre. Tanto que no mundo greco-romano a vingança era uma virtude e o perdão um sinal de fraqueza. O Cristianismo, entretanto, exalta o perdão, exige o perdão e pratica o perdão. Muitas pessoas são capazes de em paz com aqueles que lhes tratam com amor, mas são incapazes de perdoar aqueles que lhe prejudicam. A vida cristã não é apenas uma questão de ação, mas, sobretudo, uma questão de reação [8].