quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O que torna uma religião demoníaca?

Husband and Wife Figurines 

Por Josiah Grauman
“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Timóteo 4.1-2).
 
Quando você lê esses versos, o que você imagina que o Espírito está descrevendo? Que imagens vêm à sua cabeça quando você pensa sobre esses últimos tempos? Em que atividade estarão envolvidos esses espíritos enganadores e demônios?  Em outras palavras, quando você ouve falar de atividade demoníaca, qual a pior coisa que você pode imaginar?
 
Você estava imaginando pentagramas e velas, sacrifício humano e coisas do tipo?
 
Se sim, creio que você pode estar enganado sobre as artimanhas do diabo. Paulo nos fala explicitamente nos versos seguintes sobre qual atividade demoníaca ele está preocupado: [aqueles] que proíbem o casamento, e ordenam a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis,e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças.” (1 Timóteo 4.3)
O quê?!? Isso não parece um pouco exagerado? Um pouco de mais dizer que a atividade mais demoníaca possível nos últimos dias é um mestre proibindo sua congregação a comer certo alimento?
Se isso parece um exagero, novamente, penso que você pode não estar alerta sobre seu inimigo se mascarar como anjo de luz (2 Co 11.14). Ele faz o seu melhor para chegar o mais próximo possível da realidade do evangelho, apenas não salva. Ele orgulhosamente procura uma adoração da qual ele não é digno, projetando falsas religiões que são próximas da verdade para que ele possa ser adorado de uma maneira similar a Cristo, mas falsificada.
 Obviamente, não muitos seriam enganados se Satã adicionasse sacrifício humano ao Cristianismo; não muitos iriam se perguntar se “aquela” igreja ainda era evangélica. Mas adicione uma pequena obra, e agora parece quase idêntico aos olhos de alguém com pouco discernimento. Entretanto, assim que você adiciona uma obra, uma coisa que você tem que fazer para ganhar o favor de Deus, seja não casar, não comer bacon ou uma simples circuncisão, você perde o evangelho (Galatas 5.2). O evangelho é sobre graça e incompatibilidade com as obras. Adicione uma obra, e a graça não é mais graça (Rm 11.6); o evangelho não é mais o evangelho (Efésios 2.8-9; Gálatas 1.6).
 
Nas últimas semanas, muito tem sido dito sobre como historicamente o Catolicismo e o Cristianismo são incompatíveis, e isso é verdade. Entretanto não é isso que causa a maior preocupação. O que mais me alarma é quão bom o disfarce de tantas falsas religiões está se tornando.
O que me preocupa é que quando eu pergunto a um bispo Mórmon, um padre Católico, um líder da testemunha de Jeová ou um evangélico do tipo “somente-Jesus”: “como alguém pode ser salvo?”, ele não diz: orar a Maria, pagar algumas indulgências, construir seu caminho para o céu, vestir roupa de baixo esquisita, etc. Não, ele regurgita um ecumênico pseudo-evangelho que tem a aparência de muita sabedoria; entretanto carece de qualquer poder para salvar.
Novamente, poucos vão para o inferno conscientemente adorando Satanás ou tentando se juntar a ele no lago de fogo. A maioria vai para o inferno pensando que estão no seu caminho para o céu, fazendo parte de uma falsa religião cujo propósito é projetado para parecer próximo da verdade.
Portanto, não é o lobo que parece com um lobo que é mais perigoso; é o lobo que se parece mais com ovelha. Assim, não irei argumentar com o fato de que esse “papa” ou aquele “pastor” lê mais a Bíblia que os outros, ou que ele ora mais que os outros, ou que ele é mais evangélico que os outros, o que eu irei argumentar é se isso o torna mais como uma ovelha, ou mais como um lobo perigoso. Obviamente, se ele não ensina o evangelho bíblico, é a última opção.
Veja, existem apenas dois times possíveis em que nós podemos jogar: ou somos filhos de Deus, ou filhos do diabo; ou filhos da luz, ou filhos das trevas; salvos pelo evangelho de Cristo ou condenados pelo nosso próprio esforço.
Então, qual deve ser nossa resposta como cristãos?
1. Em relação aos outros: Nós precisamos discernir o verdadeiro evangelho para sabermos se um indivíduo é nosso irmão em Cristo ou não.  Se não, precisamos orar por sua salvação e exortá-lo para que arrependa-se do seu orgulho e creia. O problema de pensar que alguém que afirma a doutrina católica é evangélico é que você perde a urgência de argumentar com eles sobre se reconciliar com Deus. Ainda existem implicações para associações com membros dessas falsas religiões e seus mestres, mas isso vai além do âmbito desse artigo. Eu mencionaria 2 João 10-11 e 2 Corintios 6.14 como bons pontos de partida.
2. Em relação a si mesmo: Paulo termina o capitulo 4 de 1 Timóteo com a seguinte exortação: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” ( 1 Tm 4.16). Essa é a nossa guerra, lutar constantemente contra essas doutrinas demoníacas que nos influenciam a pensar que estamos contribuindo de alguma maneira para nossa posição diante de Deus. Note que a preocupação de Paulo em 1 Timóteo 4.1 é que alguns irão se afastar da fé… isto é, alguns de nós. Alguns de nós, bons frequentadores de igrejas , que devem estar intrigados em pensar que nossa religião pode salvar.  Nós devemos travar batalha contra esses pensamentos diários que crepitam de nosso orgulho perverso – “Obrigado Senhor por me dar o desejo de ir igreja e não ser como aquelas outras pessoas…” e assim pensar que Deus deve estar impressionado conosco.
Paulo escreve nossa batalha assim: “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Corintios 10.5). Fazer guerra contra pensamentos ‘religiosos’ que nos tentam a pensar que Deus aceitaria nossa ‘retidão’ (Tg 2.10, Rm 3.10-11). Destruí-los ao saber pelo verdadeiro evangelho que o Santo Deus só irá aceitar aqueles que são perfeitamente retos, e obviamente, que essa retidão não pode ser obtida por nós, mas dada a nós pela graça através da fé (Gn 15.6, Rm 3.21-22, Tt 3.5, Hb 10.14). Devemos crescer no discernimento do evangelho e então lutar cada momento, obedecendo o evangelho em todas as coisas para que não venhamos a ceder um único centímetro; esse centímetro pode fazer a diferença entre o céu e o inferno.

Quando perdoar se torna fácil!



Por Josemar Bessa 
E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida. Gênesis 50:19-20

Contemplamos uma excelente teologia na vida de José. Ninguém que tem o caráter de José poderia ter uma má teologia. Este homem tem uma visão correta de Deus.

O que ele diz aos seus irmãos tem uma importância espiritual tremenda: "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia..." - Essas palavras são um manual da doutrina cristã da Providência de Deus. Podemos defini-la assim: é a ação santa, poderosa e sábia de Deus que rege TODAS as Suas criaturas e todas as suas ações. Nem um pardal cai no chão sem o controle de Deus, sem que seja expressão de Sua vontade, todos os cabelos de nossa cabeça estão contados... Ele governa tudo... Nada acontece sem Deus.

Como essa doutrina ( negada por muitos ao tentar aumentar o homem e diminuir Deus  ) foi essencial para José. Doutrina correta é indispensável para vida correta, caráter correto... José atravessou dificuldades enormes. Imagine ele na prisão, sofrendo injustiça nas mãos de seus irmãos... Sem precisar ouvir tantos sermões e sem resistência a Verdade, em Sua bondade Deus lhe ensinou a doutrina da Providência: que o propósito de Deus em Sua Soberania absoluta está controlando e determinando os acontecimentos de nossa vida. E agora então José está pregando este sermão maravilhoso aos seus irmãos: "O que vocês fizeram a mim quando eu ainda era um garoto, foi pura maldade, mas com isso Deus estava determinando algo bom em Seu perfeito plano”.

Um velho puritano disse: "Deus pode desenhar uma linha reta com uma vara torta".  Ou seja,  coisas que para nós parecem confusas e incompreensíveis, são coisas que Deus está usando para trazer a realidade a Sua límpida e clara vontade. Ele desenha uma linha reta com uma vara torta.

José pregou essa boa teologia ainda com lágrimas nos olhos ao se dar conhecer aos irmãos. Ele não queria humilhar os irmãos ou atacá-los de qualquer forma que seja, ele estava os instruindo e ensinando uma boa teologia. A Bíblia está cheia de ilustrações sobre o controle da Providência de Deus sobre tudo.

Olhe o pecado de Adão. O representante legal de todos os homens pecou e se rebelou contra Deus. O que poderia ser pior? O pecado entrou no mundo e passou a todos, porque todos morreram em Adão. Nascemos pecadores e culpados. E tudo que fazemos como homens naturais expressão isso. Nós merecemos a ira de Deus, o inferno, a maldição e a condenação.  Simplesmente é inacreditável os homens se queixarem porque crianças morrem tão jovens, porque tanta miséria no mundo e em nossa vidas, doença, tristeza... Não há como compreender porque as pessoas se surpreendem com isso. Se você começar com a opinião bíblica sobre a humanidade, que somos maus, então, é claro, todas essas coisas - tristezas, tribulações... serão esperadas. Agora, o que Adão fez por maldade, Deus usou e determinou para o bem. Qual foi o bem vinda através do pecado de Adão? Deus deste o princípio planejou nos dar outro Adão, um Adão infinitamente melhor, o último Adão - Cristo! A revelação de Seu Filho! Um Salvador! Um Redentor! Aquele que tem uma justiça perfeita, divina, eterna! Infinitamente melhor do que Adão jamais poderia ter sido. Que revelaria toda a Glória só conhecia pela Trindade por toda a eternidade! E não graças a Adão, mas tudo graças a Deus. Você vê como a doutrina de José se encaixa como uma chave perfeita na fechadura da história? Adão agiu com um propósito mal, mas Deus tinha um propósito perfeito para aquilo, Ele tornou aquilo num bem infinito: "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem" - Gênesis 50:20

Mas não há melhor exemplo disso do que a Cruz do Calvário. Todos nós, os salvos, fomos resgatados através de um assassinato cruel que foi determinado desde toda a eternidade: "...do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Apocalipse 13:8 - No Calvário o homem deu o seu pior. Nenhuma maldade se compara aos acontecimentos daquele dia. Se Deus pôde usar os atos mais cruéis da história para realizar a coisa mais maravilhosa jamais ouvida, então todos os outros eventos da vida humana nada são para Sua Providência invencível!

A Cruz é, ao mesmo tempo, o maior pecado da história e a maior benção da história. Quem diz se gloriar na cruz e não vê a Providência e o controle Soberano de Deus em todas as circunstâncias da vida, ou os nega, está em perfeita contradição.

Pedro, no primeiro sermão da era da igreja, proclamou exatamente esta verdade: "A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela" - Atos 2:23-24

O mundo crucificou Cristo pela maldade e depravação de seu coração:  "...a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más" -  João 3:19. E eu e você temos participação direta nessa maldade insana - nossos pecados o levaram a cruz. Mas Deus em Seu Plano eterno determinou e usou isso para o bem. A maior maldade da história resultando por causa da providência soberana de Deus no maior bem.

José chorou quando estava falando com seus irmãos. Lembrou da Soberania e Providência perfeitas de Deus, lembrou de como Deus usou caminhos inacreditáveis em sua vida e glorificou a Deus.

Ele poderia perdoar seus irmãos com muita facilidade, porque ele conseguiu ver em tudo a mão invisível de Deus operando para o seu bem. Ele foi ferido, tratado injustamente... tudo que poderia ser para o seu mal, Deus redundou em bem. Devemos esperar a roda dar o giro completo. Vamos descobrir que não perdemos nada por sermos pacientes, por engolir a raiva, por ter um espírito perdoador de acordo com o padrão de nosso Salvador: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lucas 23.34).

Olhe para o que José diz aos seus irmãos. Era o momento ideal para José feri-los, mas ele diz: "Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos. Assim os consolou, e falou segundo o coração deles" - Gênesis 50:21

É fácil imaginar como ele poderia dar o troco aos seus irmãos sendo governador de todo o Egito. Mas ele põe a mão em seus ombros e beija as suas faces. Ele diz - Judá, não tenha medo; Simeão, não tenha medo; Benjamim, meu irmão, não tenha medo... não lhes farei mal, vou alimentá-los e cuidarei de seus filhos. Irei fazer a vocês todo o bem possível enquanto eu viver.
Isso é cristianismo! Isso é semelhança com Cristo! "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”. Efésios 4:32
Somente a compreensão das doutrinas sobre Deus podem levar a uma vida que o exalta.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A TEOLOGIA DA REFORMA PROTESTANTE



Por Marcelo Berti

A Teologia da Reforma Protestante foi a base do ataque dos reformadores, em especial Calvino e Lutero, aos erros promovidos pela Igreja Católica durante o período conhecido como Idade das Trevas. A Reforma foi, de um ponto primeiramente eclesiástico, um chamada ao retorno das escrituras: Era o momento de romper com o paganismo religioso da Igreja Católica e estabelecer os valores e princípios das escrituras, centrados em Cristo, sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus.
Estes cinco valores fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria se tornaram o fundamento da Teologia Reformada, mas com o tempo veio a ser esquecida pela Igreja Evangélica no mundo. Por isso, em 20 de Abril de 1996 a Aliança de Evangélicos Confessionais reuniu-se em Cambrigde Massachusetts e na tentativa de resgatar os valores fundamentais da reforma redigiu uma explicação do que cada um desses princípios teológicos realmente significa, e conclamou a igreja evangélica no mundo a retornar a esses valores.
Essa redação, conhecida como a Declaração de Cambrigde, é apresentada na íntegra abaixo com o objetivo de levar os cristãos a relembrarem dos princípios estabelecidos pela Reforma Protestante e seu significado.
SOLA SCRIPTURA: A EROSÃO DA AUTORIDADE
Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.
A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.
Tese 1: Sola Scriptura
Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.
SOLO CHRISTUS: A EROSÃO DA FÉ CENTRADA EM CRISTO
À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.
Tese 2: Solus Christus
Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.
Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.
SOLA GRATIA: A EROSÃO DO EVANGELHO
A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.
A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.
Tese 3: Sola Gratia
Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.
SOLA FIDE: A EROSÃO DO ARTIGO PRIMORDIAL
A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.
Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.
Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.
Tese 4: Sola Fide
Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.
Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.
SOLI DEO GLORIA: A EROSÃO DO CULTO CENTRADO EM DEUS
Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.
Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.
Tese 5: Soli Deo Gloria
Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.
Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.
UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO E A REFORMA
A fidelidade da Igreja evangélica no passado contrasta fortemente com sua infidelidade no presente. No princípio deste mesmo século, as igrejas evangélicas sustentavam um empreendimento missionário admirável e edificaram muitas instituições religiosas para servir a causa da verdade bíblica e do reino de Cristo. Foi uma época em que o comportamento e as expectativas cristãs diferiam sensivelmente daquelas encontradas na cultura. Hoje raramente diferem. O mundo evangélico de hoje está perdendo a sua fidelidade bíblica, sua bússola moral e seu zelo missionário.
Arrependamo-nos de nosso mundanismo. Fomos influenciados pelos “evangelhos” de nossa cultura secular, que não são o evangelho autêntico. Enfraquecemos a igreja pela nossa própria falta de arrependimento sério, tornamo-nos cegos aos nossos pecados que vemos tão claramente em outras pessoas, e é indesculpável nosso erro de não falar às pessoas adequadamente sobre a obra salvadora de Deus em Cristo Jesus.Também apelamos sinceramente a outros evangélicos professos que se tenham desviado da Palavra de Deus nos assuntos discutidos nesta declaração (…).
A Aliança de Evangélicos Confessionais pede que todos os crentes dêem consideração à implementação desta declaração no culto, ministério, política, vida e evangelismo da igreja.

Desgraçando a graça



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos

“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus…Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Mt 4.4-7

É comum depararmos com coxos espirituais; digo, os que têm a perna da graça “sarada”, e a da sã doutrina, atrofiada. Chegam a opor Jesus à Bíblia, quase como se fossem excludentes. Essa seria legalista, fria; enquanto Ele é amor, graça, salvação. Afirmam a irrelevância da vida pregressa dos candidatos a salvos como se fosse uma revelação ao invés do “óbvio ululante”. Qualquer pecador, por mais sujo que esteja traz em si os “méritos” necessários para ser salvo; está morto, e precisa reviver, como o pródigo.

Entretanto, quando essa obviedade pacífica passa a ser argumento contra a disciplina dos salvos, surgem as primeiras digitais da vigarice espiritual e intelectual. Como as instruções normativas aos salvos derivam basicamente das epístolas, não diretamente de Jesus, seriam irrelevantes, de menos valia; quando não, contaminadas pelo farisaísmo; de Paulo, sobretudo.

Ora, nos textos supra, o Senhor derrota satanás com palavras “de Moisés”, ao invés de criar algo novo, mesmo podendo. Mais que isso; quando o Allan Kardec da vez tentou criar o espiritismo, o Senhor remeteu a Moisés e aos profetas como melhor alternativa: “…Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Lc 16.29.  Embora, aqueles seriam do Velho Testamento, não estavam obsoletos a ponto de ser desconsiderados.

Suspeito que essas ênfases na graça não visam colocar em relevo o óbvio; mas, pacificar sem mediador ao pecador contumaz. Claro que renovamos todos os dias nossos erros, e, paralelamente a misericórdia se “renova a cada manhã”; como enfatizou Jeremias. Isso não basta para que pretendamos andar sem disciplina, como adverte a epístola aos Hebreus;“Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hb 12.6-8.

Na verdade Cristo tornou a Lei mais rigorosa em Sua releitura; ensinou a ir além das expressões visíveis buscando as sementes, no coração. A diferença em relação ao Antigo Testamento é que Seu sacrifício basta, não carece ser renovado; nosso arrependimento, sim. O Advogado não cria processo sem petição do cliente.

O legalismo não consiste em observar a Lei; antes, em descansar na aparente observância ignorando a intenção espiritual no preceito da mesma. Por isso o Senhor advertiu: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mt 5.20.

Não se trata de pleitear salvação pelas obras; mas, de evitar que a graça seja barateada a tal ponto, que venha a prescindir dos devidos frutos que testificam o que ela fez. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 3.10.

O Renovo da “raiz de Jessé” não brotou para fazer sombra nas árvores adoecidas ; antes, para mudar suas naturezas. Onde isso não ocorreu, resta trabalho a ser feito; “… todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is 55.12-13.

Embora seja muito mais confortável parecermos “legais”, por incrível que pareça, somo desafiados a ser santos; não “canonizados” após a morte dado o reconhecimento de dois milagres, como faz o catolicismo; antes, demonstrando em vida a eficácia de dois milagres: A salvação, e a santificação mediante o Espírito. Isso deve ser tão visível, quanto uma cidade edificada sobre um monte; radiante como a luz, relevante como o sal. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt 5.17.

Enfim, não há dificuldade com o passado de nenhum pecador; antes, com o presente de ministros que se esforçam mais em agradar aos homens que a Deus. A Palavra de Deus foi rejeitada em Moisés, em Josué, em Samuel, em Jesus, sobretudo; em Paulo… por que não o seria em nós?

Ainda assim, nosso papel é anunciar retamente a mensagem da graça que desafia o agraciado com um sonoro, “não peques mais”! Se gastarmos nosso tempo martelando a penha da doutrina para alargar o caminho estreito seremos inúteis a Deus e aos homens. Esperar da graça mais do ela dá, acabará em desgraça.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PALAVRA DE PERDÃO


Por Pr. Silas Figueira

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34 

As últimas palavras de uma pessoa podem ser muito reveladoras, principalmente se estas palavras são no momento de morte. Antes de falarmos a respeito das palavras que Jesus proferiu na Cruz, eu gostaria de compartilhar com você algumas palavras de alguns homens que influenciaram a sociedade e a história. Este é um artigo do site Chamada da Meia Noite, escrito por Alexander Seibel. 

ÚLTIMAS PALAVRAS DE GRANDES HOMENS INFIÉIS 

Praticamente nada é mais esclarecedor do que o testemunho de moribundos. Mesmo mentirosos confessam então a verdade. Um olhar para o leito de morte revela muitas vezes mais do que todas as grandes palavras e obras em tempo de vida. No momento em que pessoas se veem confrontadas com a morte, muitas perdem suas máscaras e tornam-se verdadeiras. Muitos tiveram que reconhecer que edificaram sobre a areia, se entregaram a uma ilusão e seguiram a uma grande mentira. Aldous Huxley escreve no prefácio do seu livro “Admirável Mundo Novo”, que se deveria avaliar todas as coisas como se estivessem sendo vistas do leito de morte. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12), diz a Bíblia. 

VOLTAIRE, o famoso zombador, teve um fim terrível. Sua enfermeira disse: “Por todo o dinheiro da Europa, não quero mais ver um incrédulo morrer!” Durante toda a noite ele gritou por perdão. 

DAVID HUME, o ateu, gritou: “Estou nas chamas!” Seu desespero foi uma cena terrível. 

HEINRICH HEINE, o grande zombador, arrependeu-se posteriormente. Ao final da sua vida, ele ainda escreveu a poesia: “Destruída está a velha lira, na rocha que se chama Cristo! A lira que para a má comemoração, era movimentada pelo inimigo mau. A lira que soava para a rebelião, que cantava dúvidas, zombarias e apostasias. Senhor, Senhor, eu me ajoelho, perdoa, perdoa minhas canções!” 

De NAPOLEÃO escreveu seu médico particular: “O imperador morre solitário e abandonado. Sua luta de morte é terrível.” 

CESARE BORGIA, um estadista: “Tomei providências para tudo no decorrer de minha vida, somente não para a morte e agora tenho que morrer completamente despreparado.” 

TALLEYRAND: “Sofro os tormentos dos perdidos.” 

CARLOS IX (França): “Estou perdido, reconheço-o claramente.” 

MAZARINO: “Alma, que será de ti?” 

HOBBES, um filósofo inglês: “Estou diante de um terrível salto nas trevas.” 

SIR THOMAS SCOTT, o antigo presidente da Câmara Alta inglesa: “Até este momento, pensei que não havia nem Deus, nem inferno. Agora sei e sinto que ambos existem e estou entregue à destruição pelo justo juízo do Todo-Poderoso.” 

GOETHE: “Mais luz!” 

NIETZSCHE: “Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens.” 

LÊNIN morreu em confusão mental. Ele pediu pelo perdão dos seus pecados a mesas e cadeiras. À nossa juventude revolucionária se assegura insistentemente e em alta voz, que isso não é verdade. Pois seria desagradável, ter que admitir que o ídolo de milhões se derrubou a si mesmo de maneira tão evidente. 

SINOWYEW, o presidente da Internacional Comunista, que foi fuzilado por Stálin: “Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é o único Deus.” 

CHURCHILL: “Que tolo fui!” 

YAGODA, chefe da polícia secreta russa: “Deve existir um Deus. Ele me castiga pelos meus pecados.” 

YAROSLAWSKI, presidente do movimento internacional dos ateus: “Por favor, queimem todos os meus livros. Vejam o Santo! Ele já espera por mim, Ele está aqui.” 

JESUS CRISTO: “Está consumado.” 

Voltaire, David Hume e outros, certamente teriam rido ou zombado, se em tempo de vida se explicasse a eles, que sem Jesus Cristo estariam eternamente perdidos. Apesar disso, eles tiveram que reconhecer que isso é verdade e que a Bíblia tem razão ao dizer: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Como você morrerá? Será muito tarde também para você? Quais serão suas últimas palavras? [1]. 

CENAS DA MORTE DE FIÉIS 

Agora observemos algumas cenas da morte de fiéis. Ouça o que eles disseram e note o contraste: 

JOHN PAYSO - Seu leito de morte presenciou uma cena extraordinária e sublime; ele gritou: “Isto basta: Cristo morreu por mim. Estou subindo para o trono de Deus”. Então, rompendo em acordes de louvor arrebatadores, juntando as mãos como se estivesse orando, disse: “Sei que estou morrendo, mas meu leito de morte é um leito de rosas; não tenho espinhos plantados no travesseiro de minha morte. O céu já começou; a vida eterna está ganha, ganha, ganha. Tenho uma morte fácil, segura e feliz. Tu, meu Deus, estás presente, eu sei, eu sinto Tua presença. Jesus precioso! Glória a Deus” Logo depois, expirou exclamando: “Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!” 

DAVID BRAINERD – “Meu desejo é servir a Deus e ser completamente devotado à sua glória; este é o céu pelo qual anseio, esta é a minha religião e minha felicidade, e sempre foi, desde que julguei ter uma verdadeira religião. O guardião está comigo; porque a carruagem custa tanto a chegar? Porque tardam as rodas de Sua carruagem?” 

JOHN WESLEY – Quando os amigos se acercaram de seu leito de morte, ele tentou falar, mas, observando que não estava sendo entendido, parou. “Então”, disse uma testemunha ocular, “erguendo seus braços enfraquecidos num gesto de vitória, e elevando a voz debilitada em santo triunfo, gritou: O melhor de tudo é que Deus está conosco”. 

BILLY BRAY volta para casa – Na sexta-feira, ele desceu as escadas pela última vez. A um de seus amigos que, poucas horas antes de sua morte, perguntou-lhe se não tinha medo da morte, ou de se perder, ele disse: “O quê? Eu temer a morte? Eu perdido? Ora, meu Salvador venceu a morte. Se eu fosse para o inferno, iria gritando glória! Glória! Ao meu bendito Jesus, até fazer o inferno ressoar, e o miserável e velho Satanás diria: “Billy, Billy, isso não é lugar para você; saia daqui”. Então eu iria para o céu, gritando glória! Glória! Glória! Louvado seja Deus!” Pouco depois, ele disse: “Glória!”, e essa foi sua última palavra. 

MARTINHO LUTERO – Os amigos queriam que ele tomasse algum remédio. “Estou partindo e, em breve, vou render meu espírito”, disse Lutero, repetindo três vezes: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito, porque Tu me redimiste, Tu, Deus da Verdade”. Então, ficou completamente imóvel, não respondendo perguntas que lhe dirigiam, até que, friccionando seu pulso com uma solução revigorante, o Dr. Jones lhe disse ao ouvido: “Reverendo, o senhor permanece com Cristo e com as doutrinas que tem pregado? Elas resistem à agonia da morte? “Sim! Sim! Mil vezes, sim!”, gritou Lutero e, virando-se, adormeceu. 

O MARTÍRIO DE LATIMER – “Tenha bom ânimo, Mestre Ridley, e seja homem! Neste dia, acenderemos na Inglaterra, pela graça de Deus, uma vela que, confio, nunca será apagada!” Depois disso exclamou: “Ó Pai Celeste, recebe minha alma!” [2] 

APÓSTOLO PAULO - Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. 

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DA CRUZ

As últimas palavras de Jesus nos mostram que ninguém alcançará o favor de Deus se se desviar da cruz. A cruz é a dobradiça sobre a qual gira a porta da história. E nas últimas palavras do Nosso Salvador nos vemos o lado humano dEle, mas também o quanto seus ensinamentos eram mais que palavras, eram vida a ser vivida mesmo no momento da morte. Mesmo diante de tanta aflição Jesus não deixou de estar na dependência do Pai e de liberar perdão aos seus algozes. Mesmo diante de tanta dor Ele cuidou daquela que foi a sua mãe. A cruz foi o cumprimento cabal de Is 53.4,5: 

“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” 

Enquanto pende na cruz, Jesus é maltratado por três grupos de pessoas, que podem ser descritos respectivamente como “pecadores ignorantes”, “pecadores religiosos” e “pecadores condenados”. Primeiro, os que passavam descuidadamente, meneavam arrogantes a cabeça para Jesus, como os perseguidores do salmista haviam feito como ele (Sl 22.7). “Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!” (Mt 27.39,40). O que essas pessoas cheias de si foram totalmente incapazes de ver foi que este Filho de Deus não podia descer da cruz precisamente porque era o divino Salvador que estava levando “sobre si o pecado de muitos”. Os pecadores “religiosos” estavam representados por aqueles membros do Sinédrio que também saíram para escarnecer. Contudo, as suas zombarias não eram dirigidas a Jesus, mas partilhadas entre si. “Salvou os outros”, diziam,“a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele” (Mt 27.42). Os mesmos insultos, acrescenta Mateus, foram proferidos pelos pecadores “condenados”, pendurados ao lado de Jesus [3]. 

A cruz foi o resumo do ministério de Jesus, e através das suas últimas palavras nós encontramos o verdadeiro propósito de nossas vidas. Essas últimas palavras ditas pelo Senhor na cruz são importante não só por causa de quem falou, mas também pelo lugar e em que circunstâncias foram ditas. 

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34. 

Durante todo o seu ministério Jesus sempre ensinou a respeito do perdão e sempre perdoava aqueles que necessitavam de misericórdia. Quando Jesus disse para aquele paralítico em Mc 2.5 que os seus pecados estavam perdoados, houve uma avalanche de controvérsias, pois seus ouvintes sabiam que só Deus podia perdoar pecados. Jesus explicou que possuía autoridade para perdoar pecados, porque detinha credenciais de divindade. Mas agora, porém, pendurado na cruz não exerceu essa prorrogativa divina, mas pediu ao Pai que fizesse aquilo que durante o Seu ministério tanto fez. Naquele momento Jesus estava se identificando completamente conosco, abrindo mão se sua posição de autoridade. Como disse o apóstolo Paulo em sua carta em Fl 2.5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Outra coisa que nos chama atenção é que o Senhor Jesus no Sermão do Monte ensinou a seus discípulos a perdoar os seus inimigos e agora o vemos pondo em prática os seus ensinamentos (Mt 5.43,44 cf. Rm 12.19,20). Não foram ensinamentos vazios, mas foram cheios de graça. Diante do maior crime de toda a humanidade, Jesus o Único Inocente estava sendo crucificado e intercedendo pelos seus algozes diante do Pai. 

Essa primeira das sete palavras na cruz do nosso Senhor o apresenta em atitude de oração. Seu ministério público tinha sido aberto com oração (Lucas 3.21), e aqui vemos Ele sendo fechado com oração. Certamente ele nos deixou um exemplo! Ao orar por seus inimigos, Cristo não somente colocou diante de nós um exemplo perfeito de como devemos tratar aqueles que nos prejudicam e nos odeiam, mas ele também nos ensinou a nunca considerar algo como além do alcance da oração. Se Cristo orou por seus assassinos, então certamente temos encorajamento para orar agora pelo maior de todos os pecadores! 

Jesus disse “Pai”. Enquanto estava na cruz, o Senhor se dirigiu a Deus três vezes. Sua primeira declaração foi: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23.34). A quarta declaração foi: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Sua declaração final foi: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23.46). 

Suas primeiras palavras, as centrais, e suas últimas, foram todas dirigidas ao Pai. Quando o Senhor entrou em seu sofrimento, enquanto o suportava e quando emergiu vitorioso dele, Jesus falou ao Pai nos céus. Nada ameaçou seu relacionamento com o Pai [4]. 

Jesus atribuiu a razão da ignorância aos motivos dos que o crucificavam. A ignorância dos soldados foi circunstancial, porquanto foram envolvidos em acontecimentos que não haviam provocado e que não podiam controlar. A ignorância dos judeus, entretanto, foi judicial, porquanto haviam fechado os próprios olhos à realidade de Jesus, por meio de supostas exigências de sua própria lei, em face das quais atribuíam sentido blasfemo às declarações de Jesus [5]. 

Arthur W. Pink nos diz que esta primeira palavra de Jesus nos traz ensinamentos preciosos. Vejamos: 

1. Aqui vemos o cumprimento da palavra profética. Quanto Deus fez conhecido de antemão do que deveria suceder naquele dia dos dias! Que retrato completo o Espírito Santo fornece da Paixão do nosso Senhor com todas as circunstâncias que a acompanharam! Entre outras coisas, foi predito que o Salvador deveria “interceder pelos transgressores” (Is 53.12). 

2. Aqui vemos Cristo identificado com o seu povo. Perdão de pecado é uma prerrogativa divina. Os escribas judeus estavam certos quando arrazoaram: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.7). Mas dirá você: Cristo era Deus. Com toda certeza; mas homem também - o Deus-homem. Ele era o Filho de Deus que tinha se tornado o Filho do Homem com o expresso propósito de oferecer a si mesmo como sacrifício pelo pecado. E quando o Senhor Jesus clamou “Pai, perdoa-lhes”, ele estava sobre a cruz, e ali ele não poderia exercer suas prerrogativas divinas. 

3. Aqui vemos a avaliação divina do pecado e sua culpa consequente. Sob a economia levítica, Deus exigiu que a expiação devesse ser feita pelos pecados praticados por ignorância. “Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância nas coisas sagradas do SENHOR, então, trará ao SENHOR, por expiação, um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para expiação da culpa. Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado”. (Lv 5.15, 16). O pecado é sempre pecado aos olhos divinos, quer estejamos consciente dele ou não. Pecados cometidos por ignorância precisam de expiação tanto quanto os conscientes. Deus é santo, e ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência. Na verdade, ignorância é mais culpada agora do que na época de Moisés. Nós não temos desculpas pela nossa ignorância. Deus tem revelado clara e plenamente sua vontade. A Bíblia está em nossas mãos, e não podemos alegar ignorância de seu conteúdo, exceto para condenar-nos por nossa preguiça. Ele tem falado, e por sua palavra seremos julgados. 

4. Aqui vemos a cegueira do coração humano. “Porque não sabem o que fazem”. Isso não significa que os inimigos de Cristo eram ignorantes do fato de sua crucificação. Eles sabiam perfeitamente que tinham clamado: “Crucifica-o”. Eles sabiam perfeitamente que o seu vil pedido lhes tinha sido concedido por Pilatos. Eles sabiam perfeitamente que ele tinha sido pregado na cruz, pois eram testemunhas oculares do crime. O que, então, o Senhor quis dizer quando disse: “Porque não sabem o que fazem”? Ele quis dizer que eles eram ignorantes da grandeza do seu crime. Eles não sabiam que era o Senhor da glória que eles estavam crucificando. A ênfase não é sobre “porque não sabem”, mas sobre “porque não sabem o que fazem”. 

5. Aqui vemos uma exemplificação amorosa do seu próprio ensino. No Sermão do Monte nosso Senhor ensinou aos seus discípulos: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Acima de todos os outros, Cristo praticou o que ele pregou. A graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo. Ele não somente ensinou a verdade, mas ele mesmo era a verdade encarnada. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Assim, aqui sobre a cruz ele exemplificou perfeitamente seu ensino do monte. Em todas as coisas ele nos deixou um exemplo. 

6. Aqui vemos a grande e primária necessidade do homem. A primeira lição importante que todos precisam aprender é que somos pecadores, e como tais, inaptos para a presença de um Deus Santo. Não é de proveito algum tentar desenvolver um belo caráter e ter por objetivo obter a aprovação de Deus, enquanto há pecado entre ele e as nossas almas. A segunda lição importantíssima que precisamos aprender é como o perdão dos pecados pode ser obtido. O perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem que escolher entre duas alternativas: quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei, ou deve negligenciar os requerimentos da lei - uma é justiça, a outra é misericórdia. A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor, é uma terceira parte oferecer sofrer em sua própria pessoa a penalidade que o condenado merece. Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o juiz de toda a terra, não colocaria de lado as demandas da sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Através de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio de seu próprio Filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele e carregando seus pecados em seu próprio corpo no madeiro. Deus poderia ser justo e ainda misericordioso, misericordioso e ainda justo. Foi assim para que a “graça reinasse pela justiça”. 

7. Aqui vemos o triunfo do amor redentor. Note atentamente a palavra com a qual nosso texto começa. “Então”. O versículo que imediatamente o precede é lido assim: “E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda”. Então, disse Jesus, Pai, perdoa-lhes. “Então” – quando o homem tinha feito o seu pior. “Então” - quando a vileza do coração humano foi demonstrada em maldade diabólica e climatérica. “Então” - quando com mãos ímpias a criatura ousou crucificar o Senhor da glória. Ele poderia ter expressado maldições terríveis sobre eles. Ele poderia ter lançado os raios da justa ira e os matado. Ele poderia ter feito a terra abrir a sua boca, de forma que eles caíssem vivos no abismo. Mas não. Embora sujeito à vergonha indizível, embora sofrendo dor excruciante, embora desprezado, rejeitado, odiado; todavia, ele clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Esse era o triunfo do amor redentor. “O amor é paciente, é benigno... tudo sofre... tudo suporta” (1Co 13). Assim foi demonstrado na cruz [6]. 

Falar de perdão é falar de um coração muitas vezes deveras machucado. É questionar muitas vezes a justiça divina e humana. Talvez você pergunte: Como optar pelo “perdão” para uma pessoa que merece um destino pior que a morte? Como posso abrir mão da ira que, com justiça, busca compensação ou vingança? Jesus nos ajuda nesse ponto. “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.23). Jesus pode perdoar sem desistir do desejo de justiça. Ele não sentiu necessidade de ajustar as contas naquele momento e entregou o seu problema ao Juiz do Universo, aguardando o veredito final [7]. 

C. S. Lewis, disse certa feita: “É fácil falar sobre perdão até ter alguém para perdoar”. Ele estava certo em sua análise. Uma coisa é falar de perdão e outra coisa é praticar o perdão. Perdoar não é uma coisa simples, nem fácil, mas necessária. Sabe por quê? Porque nós temos a capacidade de decepcionar as pessoas e as pessoas têm a capacidade de nos decepcionar. Nós ferimos as pessoas, e as pessoas nos ferem. Por isso Jesus nos ensinou a respeito do perdão e foi até a cruz e perdoou os seus algozes. 

Mas o que é perdão? Em primeiro lugar o perdão não é algo natural. O perdão não é fácil. O perdão é o resultado da graça de Deus em nós. Sem a ação do Espírito Santo em nossos corações é impossível alguém perdoar a outra pessoa. Por isso que perdoar é deixar aquele que nos ofendeu ir em liberdade e ficar livre. É alforriar o ofensor em nosso próprio coração. Podemos dizer que perdoar é desistir de ser o juiz da vida alheia. Perdoar não é esquecer, perdoar é olhar para as cicatrizes e não sentir mais a dor.

Perdoar não é uma atitude natural. O que lateja em nossas veias e pulsa em nosso coração é a lei da vingança. Geralmente as pessoas se esquecem naturalmente as amabilidades e os favores das pessoas, mas as suas ofensas lembram-se sempre. Tanto que no mundo greco-romano a vingança era uma virtude e o perdão um sinal de fraqueza. O Cristianismo, entretanto, exalta o perdão, exige o perdão e pratica o perdão. Muitas pessoas são capazes de em paz com aqueles que lhes tratam com amor, mas são incapazes de perdoar aqueles que lhe prejudicam. A vida cristã não é apenas uma questão de ação, mas, sobretudo, uma questão de reação [8].

Falta de perdão tem cheiro de diabo

Por Maurício Zárari
Não tenho nenhuma vaidade de querer ser criativo; desejo muito mais que o APENAS seja eficiente naquilo a que se presta: alcançar corações e levar pessoas a pensar de forma crítica e construtiva nas questões ligadas à fé - para, assim, se aproximar de Deus. Por isso, hoje decidi postar uma reflexão que, embora o texto seja escrito por mim, o conteúdo não é de minha autoria. Quero compartilhar a pregação que meu pastor fez domingo passado em nossa igreja. Foi uma mensagem profunda e bíblica, dura e reconfortante. Pode falar ao teu coração, como falou ao meu. Tenho o hábito de fazer anotações dos pontos principais dos sermões que ouço para posterior meditação, portanto o que você lerá a seguir é um resumo da mensagem trazida para a igreja por meu pastor. Praticamente todas as frases transcritas aqui são, ao pé da letra, o que ele pregou. O tema: perdão.

O texto base é Mateus 8, a partir do versículo 23. É a parábola de Jesus em que Ele compara o reino dos céus com um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. Chega um que lhe deve dez mil talentos, mas não tem como pagar. Seu senhor manda, então, que ele, toda sua família e seus bens sejam vendidos como pagamento da dívida. Desesperado, o servo prostra-se e pede paciência, perdão e misericórdia. Diz a Bíblia: "O senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida".

Só que o mesmo servo logo depois encontra um conhecido que lhe devia uma quantia, o agride e exige que lhe pague. O conservo devedor humilha-se e implora, pedindo paciência e perdão. Em vez disso, o homem que havia sido perdoado pelo rei o lança na prisão. Ao tomar conhecimento do ocorrido, o monarca manda chamar o homem, lhe recorda do perdão que tinha recebido e o entrega aos carrascos, para que o torturem até que pague toda a dívida. E Jesus conclui: "Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão". Segue a síntese da pregação:
 
"Essa passagem deixa claro que perdoar é o único caminho para se ter saúde espiritual. Quem não perdoa vive uma vida espiritual pobre e moribunda. Quem não perdoa está morto diante de Deus em seu coração. É como um sino que ressoa (1 Co 13.1): algo que faz barulho, tem aparência e volume... mas não tem vida própria. Pior: quem não perdoa não será reconhecido por Jesus no último dia, pois não está pondo em prática um dos fundamentos da fé cristã: a certeza de que o bem que quero que me façam devo fazer ao outro. Se você gosta de ser perdoado, perdoe, para que haja saúde e sua vida espiritual não se perca.

Para perdoarmos biblicamente, é importante sabermos o que significa exatamente perdoar. Romanos 12.17 nos dá a resposta:

"Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: 'Minha é a vingança; eu retribuirei', diz o Senhor.  Pelo contrário: 'Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele'. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem".

Não devolver mal com mal. Vencer o mal com o bem. Eis a resposta. Pois vingar-se significa vencer alguém mas deixar Satanás vencer você.

O grande engano dos cristãos é achar que perdão é algo emocional. Não é. Não tem a ver com "sentir" algo, mas com "fazer" algo. O perdão está relacionado a atos e atitudes. É ação. É agir como se o pecado nunca tivesse existido. As emoções, de acordo com a Bíblia e o Evangelho, estão sujeitas à razão. Assim, perdoar é um ato de sã consciência, é saber o que Deus quer. Se eu não perdoo, simplesmente isso mostra que não sou alimentado pela graça de Deus.
 
Então, o perdão ocorre em duas etapas: Primeiro se perdoa racionalmente (sabendo que aquilo é necessário, que é a vontade de Deus). É uma decisão mental, racional. O segundo passo são as ações. É não se alegrar com o mal que quem lhe ofendeu sofre. É orar pedindo que Deus ajude a pessoa que lhe ofendeu e que está em dificuldades. Mais ainda: é procurar quem lhe ofendeu e se oferecer para ajudá-lo no que ele precisa, com obras da graça e da bondade de Deus. E, por fim, é não causar danos ou perdas a quem lhe ofendeu.

É ao fazermos - ou não - tudo isso que demostramos quem de fato somos. Se pensamos em nós e em cumprir o que nossa justiça manda mais do que pensamos em Deus e na justiça dele, simplesmente estamos pecando. Pois nada é imperdoável quando contamos com a ajuda de Deus, nenhuma ofensa que nos fizeram é imperdoável. Tudo pode ser zerado.
 
A pessoa que não perdoa em forma de atitudes tem cheiro de diabo. Satanás nunca estende a mão a ninguém e quem se recusa a estender a mão está agindo como o diabo e, logo, é servo dele. Temos sempre que lembrar: não perdoar só satisfaz e alegra... o diabo.

Se dizemos que perdoamos nossos ofensores mas não retomamos a vida como tudo seguia antes da ofensa... na verdade não perdoamos. Pois isso mostra que ainda guardamos rancores, ressentimentos, medos, mágoas ou sentimento do gênero. É perdoar de boca mas não por obras. E a fé sem obras é morta. Fé sem perdão expresso em atitudes em prol de quem nos ofendeu não é fé cristã.

Não adianta eu saber orar se eu não souber perdoar. Minha oração não será respondida (Mt 6.14,15). Pois, se estou em litígio com Deus ao não perdoar meu próximo, o que posso esperar do Senhor? Nada.

A natureza desse assunto é grave. Pois Deus é perdoador. E, se eu não perdoo, não estou identificado com Deus. Não ando com Deus se não perdoo como Ele perdoa. E o perdão de Deus é absoluto, é uma quitação total da dívida e não parcial. O perdão verdadeiro nunca põe seus próprios interesses acima dos daquele que precisa de perdão (1 Co 13).

E para que perdoamos?  Primeiro, para ter paz com os outros. Segundo, para ter paz com Deus (Mt 6.15).
 
A renovação da mente de Romanos 12.2 passa por demonstrar perdão. Pois só tem a mente de Cristo quem perdoa, esquece das ofensas e retoma a vida a partir do ponto onde ocorreu a ofensa. Quem não o faz não perdoou, não teve a mente renovada e não age conforme a natureza de Cristo. É um cristão que não age como Cristo. Que Deus nos ensine a perdoar e a praticar o perdão. Em cada situação e a cada dia. Que Deus cure quem não perdoa. Pois a falta de perdão é uma grave doença espiritual. Quem nasceu de novo tem obrigação de perdoar.

Que Deus nos perdoe da nossa demora em fazer o que Ele quer. Que Deus nos perdoe por não perdoar. Podemos encontrar mil desculpas para não perdoar, mas não perdoar aos olhos de Deus... não tem desculpa".

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício