quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A Doutrina Bíblica como Preservativo Contra a Imoralidade



Por Heitor Alves

A nossa conduta deve se harmonizar com a doutrina que pregamos. Por isso o cuidado de nós mesmos estarmos vinculados ao cuidado da doutrina (2Tm 4.16).

O nosso viver diário é uma conseqüência natural da filosofia de vida que adotamos. Nada mais evidente que isso. Obviamente a nossa vida religiosa é da mesma natureza que a doutrina que pregamos ou professamos. O procedimento de cada indivíduo é decorrente da doutrina religiosa ou filosófica que adota. Ele age em função dos princípios que constituem a sua vivência ou integram a sua personalidade no meio em que vive. O modo de viver de cada um é a expressão da doutrina que professa ou da sua própria irreligiosidade.

A boa doutrina gera boa conduta. Doutrina correta tem como conseqüente uma vida correta. Por isso a doutrina bíblica é essencial na vida do crente, para que o seu viver esteja em perfeita harmonia com a Bíblia. A rigidez dogmática é a condição primordial e indispensável para uma conduta disciplinada, pois de outra forma, a flexibilidade doutrinária será determinante para a frouxidão da própria vida moral, capaz de arrastar o ser humano para o abismo profundo da imoralidade. Eis a razão do por quê do liberalismo ser perigoso para o crente.

Quando a nossa vida é pautada pela única regra de fé e prática, ou seja, pelas Sagradas Escrituras, os nossos passos são seguros e firmes no caminho da retidão e da decência cristã. Aquele que vive apegado às verdades escriturísticas, possui as energias necessárias para reagir contra a força persuasiva do mal e está sempre em condições de dizer “não” ao convite sedutor do mundo.

O homem sem doutrina leva uma vida desenfreada; age sob o impulso de suas tendências pecaminosas. A doutrina constitui uma espécie de preservativo, que impede a derrocada do homem pelo caminho dos vícios e da imoralidade. Esse dogmatismo rígido deve ser mantido (ou estabelecido) em nossas igrejas, para que ela não perca a finalidade de sua existência.

A situação presente do mundo é simplesmente uma conseqüência do abandono das Sagradas Escrituras. As doutrinas exóticas, humanistas e liberais que as igrejas modernas estão pregando em nossos dias, são responsáveis por essa lassidão moral que caracteriza o nosso século.

A estrutura doutrinária de uma igreja é a garantia de sua subsistência moral e espiritual. Quando a igreja abandona a doutrina não poderá mais controlar a juventude, porque esta se descamba para o mundo e se perde na imensidão libertina de uma vida entregue às paixões carnais. A conseqüência de tudo isso será uma sociedade apodrecida e um cristianismo deturpado por elementos moralmente desqualificados.

O resultado da flexibilidade doutrinária e da posição adogmática de uns e do antidogmatismo de outros, tem refletido na vida de homens e mulheres de forma bem acentuada, comprometendo a estrutura social do país e a estrutura eclesiástica da igreja. É triste observar que as famílias vivem do amanhecer à noite como se Deus não existisse. O domingo é um dia para um sono extra, para passeios ou para se ler e estudar livros diversos. Se nada se ensina de Deus às crianças nas escolas, se dEle não se fala nos lares, só poderemos esperar no futuro uma sociedade não cristã.

A flacidez no cumprimento dos princípios doutrinários leva a igreja a ser complacente, entrando em decadência espiritual, sendo meio caminho andado para que seus membros se aprofundem na imoralidade. O homem precisa de doutrina. Sem doutrina, o homem fica abandonado às suas próprias paixões. Acaba vivendo para a satisfação de seus instintos carnais.

A exposição da doutrina bíblica tem como finalidade a oposição a qualquer forma de mundanismo, daí ela ser um preservativo contra a infiltração de tendências indecentes e imorais no meio da igreja. É a falta de doutrina que está levando a igreja a ser imitadora do mundo, com suas seduções e modismos. Quando a igreja não recebe uma orientação segura para a sua formação moral e espiritual, acaba perdendo completamente a noção da vida cristã, passando a viver ao sabor do secularismo.

Sermões flácidos e com pouca (ou nenhuma) dose de doutrina bíblica são responsáveis pela atitude leviana com que muitos encaram a vida religiosa. Pregadores que, ao invés de combater o pecado, acabam incentivando-o. Disso podemos extrair o mau exemplo de pastores e líderes eclesiásticos que defendem o homossexualismo. Sermões sem doutrina geram pessoas acomodadas com a situação em que vivem, continuando a praticar o pecado e a agir ao sabor de uma vivência existencialista. A doutrina é o antídoto contra essa situação aberrante e despudorada do presente século.

A maioria dos sermões pregados nas igrejas está repleta de meros testemunhos ou exemplos de vida de outras pessoas. A igreja jamais crescerá na fé ouvindo apenas testemunhos e exemplos de vidas. Saber o que Deus tem feito na vida dos outros não fortalece minha profissão de fé. É preciso saber o que Deus tem a dizer a mim tão-somente. É preciso saber como a minha vida deve ser vivida, e não saber da vida dos outros! A igreja cresce através da exposição doutrinária das Sagradas Escrituras somente. Ouvir sobre relatos de vidas ou até mesmo ouvir testemunhos não firma a minha fé em Deus. É preciso de doutrina, teologia!

É estarrecedor o resultado do liberalismo teológico. A igreja chega ao ponto de não considerar mais pecado a promiscuidade sexual, tais como adultério, a prostituição etc. A rigidez na doutrina exige a disciplina de quem não está procedendo de acordo com a doutrina. Este processo garante a pureza da igreja através de seus membros.

Se não quisermos que as nossas igrejas se aprofundem no lamaçal do pecado, temos que manter a nossa fidelidade doutrinária e rejeitar o liberalismo. Temos que sustentar rigidamente os ensinos bíblicos. A Bíblia deve ser a base de nossa pregação. Temos que pregar o Cristo das Escrituras e o Deus dos antigos e pregar aos homens a existência do pecado e do inferno.

A boa doutrina é a condição sine qua non para a preservação e pureza da igreja. Rigidez no ensino da verdade bíblica deve ser a nossa meta para salvaguardar a igreja contra as impurezas e imoralidades presentes em nossa sociedade.

Como permanecer cristão no seminário

Por David Mathis
 
“E isto afirmo”. Adoro quando Paulo diz isso em 2 Coríntios 9.6. Ele assegura que tem nossa atenção e então fala abertamente. Por trás da prosa fundamentada e do desenvolvimento retórico, aqui está onde ele quer chegar – clara, simples e abertamente. “E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceiferá; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará”. Lindamente direto.

A mesma abordagem humilde nos ajuda quando consideramos o tópico “permanecer cristão” no seminário. Há muitos (bons) conselhos a serem dados. Há muitas experiências a serem transmitidas, advertências a serem consideradas, recomendações a serem dadas e compromissos a ressaltar. Há verdades específicas para enfatizar e sugestões práticas para fazer.
Mas no final das contas, qual é o ponto principal? Existe alguma coisa que sustenta todos os conselhos e recomendações juntos? Quando você vai direto ao ponto e apara todas as arestas, qual é o coração da questão “permanecer cristão no seminário”?
O ponto é esse: Seja um cristão no seminário. A chave para permanecer cristão no seminário, e em qualquer época e fase da vida, é ser um cristão.
Talvez o maior perigo que seminaristas enfrentem em todas as gerações é a tentação de colocar alguns aspectos do seu cristianismo “em suspenso” enquanto ele entra nessa “temporada de preparação para o ministério”. Somos atraídos a nos dar uma folga do cristianismo diário enquanto nos preparamos para ser um instrumento (ironicamente) de graça diária para outros.
Seja o próprio Tentador, o pecado dentro de nós ou apenas ingenuidade, o seminarista pode começar a raciocinar assim:
 
Não preciso do hábito de oração particular e tempo devocional na Bíblia; já estou envolvido com essas coisas o tempo todo.
Não preciso estar profundamente conectado a pessoas em uma igreja local, onde eu possa ser ministrado e ministrar a outros; minha comunidade do seminário é suficiente. Além disso, essa é uma fase temporária – não há razão para fincar raizes aqui.
Não preciso exercer meu papel de homem em casa enquanto estiver no seminário; minha esposa pode segurar as pontas temporariamente e assumir o meu papel enquanto eu estudo.
E assim, o seminarista começa a ir ladeira abaixo. Ele pensa que, de alguma maneira, seu cristianismo “real” pode retomar a marcha quando sua vida real começar do outro lado da gradução. Ele sutilmente coloca “em suspenso” sua própria busca diária da constante graça de Deus, do caminhar pela fé em Cristo e no Evangelho dele, para que ele possa se preparar melhor para apresentar a outros a mesma vida cristã normal que ele tão estrategicamente negligenciou.
Talvez ajude ouvir que seminário é vida real. Tudo na vida, do berço à sepultura, é vida real na economia de Deus. Para o cristão, não há intervalos, pausas ou “temporadas” onde as coisas principais ficam suspensas à medida que nos preparamos para as próximas. Não há uma convocação cristã para negligenciar sua própria máscara de oxigênio para que você possa ser treinado para ajudar os outros com as máscaras deles. A única coisa que você vai conseguir é ficar sufocado no processo.
Quão trágico é quando o seminarista zeloso, inundado de compromissos e capturado pelo desejo de ser bem sucedido academicamente, começa a ignorar os meios de graça que Deus usou para cultivar o zelo inicial dele pelo ministério do evangelho. O resultado é de partir o coração: o seminário encarado de forma errada começa a esmagar o próprio zelo que, no início, o levou para lá.
Quão trágico é quando o seminarista zeloso é negligente em ministrar primeiro para sua esposa e filhos porque ele está em uma temporada de “preparação para o ministério”. O apóstolo Paulo não ficaria impressionado.
Quão trágico é quando começamos a ficar impressionados com o quanto estamos aprendendo, o quanto sabemos, e que grande presente seremos para a igreja após a graduação. O Apóstolo nos lembraria: Esse “saber” ensoberbece, mas o amor edifica. Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber (1 Co 8.1-2).
Busque durante tempo suficiente o caminho para “permanecer cristão” no seminário, e você perceberá que ele é menos sobre que temporada especial o seminário é e mais sobre o que o cristianimo é em todas as temporadas da vida, em todas as eras da história da igreja, em todos os lugares do planeta. Permanecer cristão no seminário é permanecer cristão em geral.
A maneira de permanecer cristão no longo prazo é ser um cristão todo dia. É caminhar diariamente na luz da fascinante e extraordinária graça de Deus para nós no evangelho. É estar completamente confiante no Espírito de Deus, aprofundando-se na Palavra de Deus, entre o povo de Deus. É manter ambos os olhos voltados para Jesus – não apenas nas Escrituras, mas em cada área de nossa existência. Lute contra o orgulho. Sirva sua esposa. Deseje atender as necessidades dos outros, ministrar e ser ministrado por amigos crentes e compartilhar o evangelho e você com aqueles que não O conhecem.
Não existe um “estado de espera” para o cristão. O chamado de Deus para o seminário não supera – ele complementa –o chamado dEle para nós, pela Sua graça, para sermos o tipo de marido, pai, amigo e discípulo de Jesus, todos os dias, que esperamos que nosso ministério formal pós-seminário um dia produza.

O protesto infundado

Por Bispo Walter McAlister
Que tempos interessantes são estes! Para os mais velhos é uma época estranha, assustadora e, até certo ponto, incompreensível. “Como pode?” é um questionamento que gente da minha geração anda se fazendo muito, a ponto de eu ficar até um pouco impaciente quando o escuto. Minha resposta se resume a “é o que é”. Qualquer aluno de História sabe que mudanças são uma das certezas da vida, aconteçam elas a um indivíduo ou a uma cultura, uma sociedade ou uma civilização. Fui lembrado recentemente que um dos impérios mais gloriosos da face da terra, a Babilônia, hoje nada mais é do que um dos maiores parques arqueológicos do mundo. Ou seja, ela não passa de milhares de quilômetros quadrados de ruínas e areia. Quem diria que os jardins suspensos da Babilônia, tidos como uma das sete maravilhas do mundo antigo, passariam por uma mudança tão absoluta e irreversível. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein até pensou em reconstrui-los, mas isso jamais ocorreu.
O ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, já falou: “Queremos que tudo seja como sempre foi, mas a História não permite”. Pronto. É isso. As coisas mudam. Quem vai discordar? Quem vai tentar provar o contrário? Insensatez e jactância. É uma tarefa inútil e impossível tentar argumentar pela permanência perene de qualquer coisa. Até a Bíblia diz que “céus e terra passarão, mas a minhas palavras jamais passarão” (Mt 24.35).
Por outro lado, diga que as coisas vão mudar para pior e um coral de vozes se levanta em protesto. “Pessimista!”, “incrédulo!” e “infiel!” são acusações que constam entre as muitas já feitas contra mim. Mas eu creio. Creio nas palavras do Mestre. Creio somente no que não passa. Creio na certeza do Céu. Creio na obra da Cruz. Creio em Deus Pai, criador dos céus e da terra. Creio em seu unigênito Filho. Creio no Espírito Santo. Creio na Santa Igreja. Creio que um dia Cristo voltará para resgatar os seus e para julgar toda a criação. Creio piamente nisso. E aposto todas as minha fichas no que creio.

Todavia, não creio no modelo atual adotado por grande parte da Igreja. O Corpo de Cristo já passou por tantas fases que seria absurdo pensar que aquilo que entendemos por igreja, e como ela se manifesta na atualidade, é o que ela sempre será até a volta de Jesus. Isso seria negar o testemunho da História e até das Escrituras Sagradas.
Tampouco creio em muitas das práticas que hoje poluem a Igreja. São próprias da nossa geração, pois não foram utilizadas pelos nossos antepassados nem pelos heróis da fé. “Determinar”, “tomar posse” e “sapatinho de fogo”, entre tantas outras, são expressões específicas da nossa geração, bem como doutrinas como a Teologia da Prosperidade e outras. Os que dizem que toda essa poluição está na Bíblia têm que contender com o testemunho dos nossos pais na fé. Têm que argumentar contra o peso da literatura cristã produzida nos últimos dois mil anos.
Nos meus vídeos e posts publicados aqui tenho tratado pontualmente dos elementos que fazem parte da doutrina e da prática saudáveis, assim como daquilo que diverge da ortodoxia e da ortopraxis. Prometo continuar a fazer exatamente isso ao longo de 2013. Neste site, nem todos os comentários serão expostos, tampouco tratados. Certamente os que se limitam a me acusar de ser incrédulo ou pessimista não terão suas vozes ecoadas aqui. Vejo pelos sites que costumam reproduzir meu material que há um grupo que tem prazer em me desmerecer. Aí, já é prerrogativa dos que administram tais sites dar voz aos que sumariamente querem fazê-lo sem dar ouvidos às minhas ponderações. Mas volto a dizer: cada uma delas é preparada com o propósito de promover saúde e vigor espiritual e ajudar aqueles que compõem a Igreja a ter uma leitura fiel dos tempos em que vivemos e das Escrituras que atravessam os tempos sem nunca mudar a sua mensagem. Sim, céus e terra estão passando. Estão enfrentando mudanças. Mas as palavras do Mestre permanecem, tanto no que diz respeito a seu sentido quanto à sua mensagem e ao seu poder.
Na paz,