terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Predestinação: Cinco Afirmações Incontestáveis

 
John Stott

Comentário Sobre Romanos 8:28-30
 
A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra. Por isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e, enfim, chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna”. (XVII Artigo de Religião – Predestinação e Eleição). 

Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou, também justificou; aos que justificou também glorificou” (Romanos 8:28-30). Nestes dois versículos Paulo esclarece o que quis dizer no versículo 28 ao referir-se ao “propósito” de Deus, segundo o qual ele nos chamou e age para que tudo contribua para o nosso bem. Ele analisa o “bem” segundo os parâmetros de Deus, bem como o seu propósito de salvação, através de cinco estágios, desde que a idéia surgiu em sua mente até a consumação do seu plano na glória vindoura. Segundo o apóstolo, esses estágios são: presciência, predestinação, chamado, justificação e glorificação. Primeiro há uma referência a aqueles que Deus de antemão conheceu. Essa alusão a “conhecer de antemão”, isto é, saber de alguma coisa antes que ela aconteça, tem levado muitos comentaristas, tanto antigos como contemporâneos, a concluir que Deus prevê quem irá crer e que essa presciência seria a base para a predestinação. Mas isso não pode estar certo, pelo menos por duas razões. 

A primeira é que neste sentido Deus conhece todo mundo e todas as coisas de antemão, ao passo que Paulo está se referindo a um grupo específico. 

Segundo, se Deus predestina as pessoas porque elas haverão de crer, então a salvação depende de seus próprios méritos e não da misericórdia divina; Paulo, no entanto, coloca toda a sua ênfase na livre iniciativa da graça de Deus. Assim, outros comentaristas nos fazem lembrar que no hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que mera cognição intelectual; ele denota um relacionamento pessoal de cuidado e afeição. Portanto, se Deus “conhece” as pessoas, ele sabe o que passa com elas [138]; e quando se diz que ele “conhecia” os filhos de Israel no deserto, isto significa que ele cuidava e se preocupava com eles.[139] Na verdade Israel foi o único povo dentre todas as famílias da terra a quem Javé “conheceu”, ou seja, amou, escolheu e estabeleceu com ele uma aliança. [140] O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar. “Deus não rejeitou o seu povo [Israel], o qual de antemão conheceu”, isto é, a quem ele amou e escolheu (11:2). [141] À luz deste uso bíblico John Murray escreve: “’Conhecer’... É usado em um sentido praticamente sinônimo de ‘amar’... Portanto, ‘aqueles que ele conheceu de antemão’... é virtualmente equivalente a ‘aqueles que ele amou de antemão”.[142] Presciência é “amor peculiar e soberano”. [143] Isto se encaixa com a grande declaração de Moisés: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu, porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo... mas porque o Senhor vos amava...”. [144] A única fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino. 

Segundo, aqueles que [Deus] de antemão conheceu, ou que amou de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (29). O verbo predestinou é uma tradução de proorizõ que significa “decidiu de antemão” (BAGD), como se vê em Atos.4:28 (“Fizeram o que o teu poder e tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse”). É, pois, evidente que o processo de tornar-se um cristão implica uma decisão; antes de ser nossa, porém, tem de ser uma decisão de Deus. Com isso não estamos negando o fato de que nós “nos decidimos por Cristo”, e isso livremente; o que estamos afirmando é que, se o fizemos, é só porque, antes disso, ele já havia “decidido por nós”. Esta ênfase na decisão ou escolha soberana e graciosa de Deus é reforçada pelo vocabulário com o qual ela está associada. Por um lado, ela é atribuída ao “prazer” de Deus, a sua “vontade”, “plano” e “propósito”, [145] e por outro lado, já existia “antes da criação do mundo” [146] ou “antes do princípio das eras”. [147] C. J. Vaughan resume esta questão nas seguintes palavras:
Cada um que se salva no final só pode atribuir sua salvação, do primeiro ao último passo, ao favor e à ação de Deus. O mérito humano tem de ser excluído: e isto só pode acontecer voltando às origens do que foi feito e que se encontra muito além da obediência que evidencia a salvação, ou mesmo da fé a que ela é atribuída; ou seja, um ato de espontâneo favor da parte daquele Deus que antevê e pré-ordena desde a eternidade todas as suas obras. [148]
Este ensino não pode se minimizado. Nem a Escritura nem a experiência nos autoriza faze-lo. Se apelarmos para a Escritura, veremos que no decorrer de todo o Antigo Testamento se reconhece ser Israel “a única nação na terra” a quem Deus decidiu “resgatar para ser seu povo”, escolhido para ser sua “propriedade peculiar”; [149] e em todo o Novo Testamento se admite que os seres humanos são por natureza cegos, surdos e mortos, de forma que sua conversão é impossível, a menos que Deus lhes dê vista, audição e vida. Nossa própria experiência confirma isso. O Dr. J. I. Packer, em sua excelente obra O Evangelismo e a Soberania de Deus,[150] aponta que, mesmo que neguem isso, a verdade é que os cristãos crêem na soberania de Deus na salvação. “Dois fatos demonstram isso”, ele escreve. “Em primeiro lugar, o crente agradece a Deus pela sua conversão. Ora, por que o crente age assim? Porque sabe em seu coração que Deus foi inteiramente responsável por ela. O crente não se salvou a si mesmo; Deus o salvou. (…) Há um segundo modo pelo qual o crente reconhece que Deus é soberano na salvação. O crente ora pela conversão de outros... roga a Deus para que opere neles tudo quanto for necessário para a salvação deles”. Assim os nossos agradecimentos e a nossa intercessão provam que nós cremos na soberania divina. “Quando estamos de pé podemos apresentar argumentos sobre a questão; mas, postados de joelhos, todos concordamos implicitamente”. [151] Mesmo assim há mistérios que permanecem. E, como criaturas caídas e finitas que somos, não nos cabe o direito de exigir explicações ao nosso Criador, que é perfeito e infinito. Não obstante, ele lançou luz sobre o nosso problema de tal maneira a contradizer as principais objeções que são levantadas e a mostrar que a predestinação gera conseqüências bem diferentes do que se costuma supor. 

Vejamos cinco exemplos: 
1. Dizem que a predestinação gera arrogância, uma vez que (alega-se) os eleitos de Deus se gloriam de sua condição privilegiada. Mas o que acontece é justamente o contrário: a predestinação exclui a arrogância, pois afinal, não dá para entender como Deus pode se compadecer de pecadores indignos como eles! Humilhados diante da cruz, eles só querem gastar o resto de suas vidas “para o louvor da sua gloriosa graça” [152] e passar a eternidade adorando o Cordeiro que foi morto. [153] 
2. Dizem que a predestinação produz incerteza e que cria nas pessoas uma ansiedade neurótica quanto a serem ou não predestinadas e salvas. Mas não é bem assim. Quando se trata de incrédulos, eles nem se preocupam com a sua salvação – até que, e a não ser que, o Espírito Santo os convença do pecado, como um prelúdio para a sua conversão. Mas, se são crentes, mesmo que estejam passando por um período de dúvida, eles sabem que no final a sua única certeza consiste na eterna vontade predestinadora de Deus. Não há nada que proporcione mais segurança e conforto do que isso. Como escreveu Lutero ao comentar o versículo 28, a predestinação “é uma coisa maravilhosamente doce para quem tem o Espírito”. [154] 
3. Dizem que a predestinação leva à apatia. Afinal, se a salvação depende inteiramente de Deus e não de nós, argumentam, então toda responsabilidade humana diante de Deus perde a razão de ser. Uma vez mais, isso não é verdade. A Escritura, ao enfatizar a soberania de Deus, deixa muito claro que isso não diminui em nada a nossa responsabilidade. Pelo contrário, as duas estão lado a lado em uma antinomia, que é uma aparente contradição entre duas verdades. Diferentemente de um paradoxo, uma antinomia “não é deliberadamente produzida; ela nos é imposta pelos próprios fatos... Nós não a inventamos e não conseguimos explicá-la. Não há como nos livrar dela, a não ser que falsifiquemos os próprios fatos que nos levaram a ela”. [155] Um bom exemplo se encontra no ensino de Jesus quando declarou que “ninguém pode vir a mim, se o Pai... não o atrair” [156] e que “vocês não querem vir a mim para terem vida”. [157] Por que as pessoas não vão a Jesus? Será porque não podem? Ou é porque não querem? A única resposta compatível com o próprio ensino de Jesus é: “Pelas duas razões, embora não consigamos conciliá-las”. 
4. Dizem que a predestinação produz complacência e gera antinomianos. Afinal, se Deus nos predestinou para a salvação eterna, por que não podemos viver como nos agrada, sem restrições morais, e desafiar a lei divina? Paulo já respondeu esta questão no capítulo 6. Aqueles que Deus escolheu e chamou, ele os uniu com Cristo em sua morte e ressurreição. E agora, mortos para o pecado, eles renasceram para viver para Deus. Paulo escreve também em outro lugar que “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença”. [158] Ou melhor, ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho (29). 
5. Dizem que a predestinação deixa as pessoas bitoladas, pois os eleitos de Deus passam a viver voltados apenas para si mesmos. Mas o que acontece é o contrário. Deus chamou um único homem, Abraão, e sua família apenas, não para que somente eles fossem abençoados, mas para que através deles todas as famílias da terra pudessem ser abençoadas. [159] Semelhantemente, a razão pela qual Deus escolheu seu Servo, a figura simbólica de Isaías que vemos cumprida parcialmente em Israel, mas especialmente em Cristo e em seu povo, não foi apenas para glorificar Israel, mas para trazer luz e justiça às nações. [160] [161] Assim, Deus fez de nós seu “povo exclusivo”, não para nos tornarmos seus favoritos, mas para que fôssemos suas testemunhas, “para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. [162]
Portanto, a doutrina da predestinação divina promove humildade, não arrogância; segurança e não apreensão; responsabilidade e não apatia; santidade e não complacência; e missão, não privilégio. Isso não significa que não existam problemas, mas é uma indicação de que estes são mais intelectuais do que pastorais. E o ponto que Paulo quer enfatizar no versículo 29 é, com toda certeza, pastoral. Tem a ver com dois propósitos práticos da predestinação de Deus. O primeiro é que nós devemos ser conformes [viver de conformidade com] à imagem de seu Filho. Ou, dito da forma mais simples possível, o eterno propósito de Deus para seu povo é que nos tornemos como Jesus. O processo de transformação começa aqui e agora, em nosso caráter e conduta, por meio da obra do Espírito Santo, [163] mas só será completado e aperfeiçoado quando Cristo vier e nós o virmos, [164] e quando nossos corpos se tornarem como o corpo de sua glória. [165] 
O segundo propósito da predestinação de Deus é que, como resultado de nos tornarmos conformes à imagem de Cristo, ele passe a ser o primogênito entre muitos irmãos, desfrutando da comunhão da família como também da prerrogativa de ser o primogênito. [166]
Vamos agora à terceira afirmação de Paulo: E aos que predestinou, também chamou (30a). O chamado de Deus é a aplicação histórica da sua predestinação eterna. Seu chamado chega às pessoas por meio do evangelho; [167] quando esse evangelho é anunciado a elas com poder e elas lhe respondem com a obediência da fé, aí é que se sabe que Deus as escolheu. [168] Assim a evangelização (o anúncio do evangelho), longe de se tornar supérflua em virtude da predestinação de Deus, é indispensável, pois é exatamente ela o meio proporcionado por Deus para que o seu chamado chegue às pessoas e desperte a sua fé. Fica, pois, evidente que aqui, quando Paulo fala do “chamado de Deus”, não se trata daqueles apelos generalizados do evangelho, mas sim da convocação divina que levanta os espiritualmente morto e lhes dá vida. Geralmente se chama isso de chamado “efetivo” de Deus. Aqueles a quem Deus dirige esse chamado (30) são os mesmos que “foram chamados de acordo com o seu propósito” (28). 
Em quarto lugar, aos que chamou, também justificou (30b). O chamado efetivo de Deus capacita aqueles que o ouvem a crer; e aqueles que crêem são justificados pela fé. Como a justificação pela fé é um assunto dominante nos capítulos anteriores desta carta de Paulo, não há necessidade de se repetir o que já foi dito, a não ser talvez enfatizar que a justificação é muito mais do que simples perdão ou absolvição, ou mesmo aceitação; é uma declaração de que nós, pecadores, agora somos justos aos olhos de Deus, pois ele nos conferiu o status de justos, que na verdade trata-se da justiça do próprio Cristo. É “em Cristo”, em virtude da nossa união com ele, que nós fomos justificados. [169] Ele se fez pecado com o nosso pecado, para que nós pudéssemos nos tornar justos com a sua justiça. [170] 
Quinto, aos que justificou, também glorificou (30c). Já por diversas vezes Paulo usou o substantivo “glória”. Trata-se essencialmente da glória de Deus, a manifestação do seu esplendor, a glória da qual todos os pecadores estão destituídos (3:23), mas que se regozijam na esperança de recobrar (5:2). Paulo promete também que se participarmos dos sofrimentos de Cristo iremos participar também da sua glória (8:17), e que a própria criação irá um dia experimentar a liberdade da glória dos filhos de Deus (8:21). Agora ele usa o verbo: aos que justificou, também glorificou. Nosso destino é receber corpos novos em um mundo novo, e ambos serão transfigurados com a glória de Deus. Muitos estudiosos percebem que o processo da santificação, que ocorre entre a justificação e a glorificação, foi omitido no versículo 30. No entanto, ele está implícito ali, tanto na alusão a sermos conformados à imagem de Cristo, como na preliminar necessária para nossa glorificação. Pois “santificação é glória iniciada; glória é santificação consumada”. [171] Além disso, tão certo é esse estágio final que, embora ainda se encontre no futuro, Paulo o coloca no mesmo tempo aoristo, como se fosse um fato passado, tal como tem usado para os outros quatro estágios que já são passado. É o assim chamado “passado profético”. James Denney escreve que “o tempo da última palavra é impressionante. É a mais ousada antecipação de fé que o próprio Novo Testamento contém”. [172] Na verdade estas promessas serviram de grande estímulo para Paulo (como deveriam ser também para nós) quando ele, num ato de grande ousadia, decidiu ampliar sua visão evangelística para alcançar os gentios.

Vimos aqui, portanto, as cinco afirmações incontestáveis apresentadas por Paulo. Deus é retratado como alguém que se move irresistivelmente de um estágio ao outro; de uma presciência e predestinação eternas, através de um chamado e uma justificação históricos, para a glorificação final de seu povo em uma eternidade futura. Faz-nos lembrar uma cadeia composta de cinco elos inquebráveis.

A Predestinação e o Amor de Deus


Por Matt Perman

Cada cristão deveria estudar a predestinação. É uma doutrina de vital importância porque tem a ver com a pessoa de Deus e como Ele nos salva. Martinho Lutero disse que ela se encontrava no coração do Evangelho. O fato de pensar que o que cremos, a respeito da predestinação, não é importante, seria como dizer: Deus, estou contente por ter me salvado. Mas não sei como fizeste isso. Como um filho de Deus não se deleita em compreender o plano que Deus executou para salvá-lo, ou salvá-la?
Como veremos, ter uma correta convicção a respeito da predestinação é de fato dar a Deus a glória que Lhe é devida. E isso pode fazer vislumbrar a maravilhosa experiência do conhecer o que, de fato, significa ser amado por Deus para sempre. Mas antes de provar a glória e o amor de Deus percebidos na predestinação, é importante definir o que é predestinação e aonde que a Bíblia ensina isso.

O que é predestinação?

Em sua forma mais elementar, predestinação (algumas vezes denominada eleição) simplesmente significa que Deus decide quem Ele irá salvar. Esse aspecto doutrinário não possui controvérsias. O aspecto controvertido vem quando perguntamos: Em que se baseia Deus para decidir quem será salvo? Há duas posições para isso. Uma é chamada a visão Arminiana, a qual sustenta que Deus escolhe salvar aqueles que Ele dantes sabia que iriam escolhê-Lo. Nessa visão, compete ao indivíduo, afinal, ser salvo ou não; então Deus escolhe, em resposta à escolha individual. Não é isso o que eu entendo por predestinação.

Acredito que a Bíblia ensina o que é comumente chamado de Calvinismo. Deus decide incondicionalmente quem será salvo à parte de qualquer condição encontrada na pessoa. Significa dizer que é Deus quem decide, afinal, quem irá crer em Cristo e quem será salvo. Deus baseia Sua decisão em Si próprio e apenas em Seu santo propósito, não numa fé preconcebida que um pecador exercitaria através de seu livre-arbítrio. De fato, a humanidade é tão pecadora que se Deus nos deixasse a escolha final para a salvação, todos nós O rejeitaríamos

Onde isso é ensinado?

Esse ensinamento, denominado eleição incondicional, é abundantemente ensinado na Bíblia. Jesus disse para Seus discípulos que vós não Me escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi a vós... (Jo 15:16). Em João 10:26, Jesus disse aos judeus incrédulos que vós não credes, porque não sois das Minhas ovelhas. Ele não disse vós não sois Minhas ovelhas, porque não crêem. Ele disse o contrário. Notoriamente, você não se torna uma ovelha pela fé. Deus deve ter escolhido fazer de você uma ovelha antes de você vir a crer. E aqueles que Deus torna ovelhas de Cristo sempre virão a Ele. As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu as conheço, e elas Me seguem; Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da Minha mão. (Jo 10:27-28). Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também Me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz (Jo 10:16).

Atos 13:48 nos dá o motivo pelo qual alguns dos que ouviram as pregações de Paulo creram: e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna. Em Romanos 9:16, Paulo nos relata que aquela eleição não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Os Arminianos dizem que a eleição é para o homem que a quiser. O Calvinismo diz que não é para o homem que a quiser. O apóstolo Paulo não estabeleceu definitivamente o resultado neste versículo?

Em Romanos 9:10-13 Paulo dá Jacó e Esaú como exemplos de dois tipos de pessoas, o eleito e o não-eleito, e então diz que pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: O maior servirá ao menor. Como está escrito, Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Paulo é claro [ao dizer] que a escolha de Deus não está em nada baseada no indivíduo. Se isso não está claro a você, eu te encorajo a ler novamente o versículo.

Romanos 9:18 também é muito claro [ao dizer] que a salvação é escolha definitiva de Deus, não do homem. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece. Romanos 11:6 diz que os Judeus crentes no dia de Paulo eram uns remanescentes conforme a graciosa escolha de Deus. Em II Timóteo 2:25 aprendemos que o arrependimento é causado por Deus e Ele afinal decide se a pessoa irá se arrepender ou não: ...corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade."

Em Efésios 1:4-6 Paulo nos diz que [Deus] nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade. Ele relata que a predestinação é baseada junto ao bel-prazer da vontade de Deus, não da nossa.

Deus é capaz de salvar aquele em quem Ele se apraz, o que faz dEle o único que finalmente determina os que recebem a salvação. ...o Filho dá a vida a quem Ele quer (Jo 5:21). Se Deus se propõe em salvar uma pessoa, Ele efetuará seu propósito a todo o instante: Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora. (Jo 6:37). De acordo com este versículo, quem vem a Jesus? Resposta: aqueles que o Pai Lhe deu! A razão pela qual uma pessoa vem a Jesus é porque o Pai primeiramente a escolheu para dar-lhe a Jesus, e ninguém daqueles escolhidos para salvação deixarão de vir. Evidentemente, o ser humano não tem o poder definitivo de veto para malograr a vontade salvífica de Deus. Jó diz a Deus que Bem sei que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido (Jó 42:2).

A Predestinação é centrada em Deus

Pelo fato de Deus ser o mais valioso e mais virtuoso ser no Universo, a meta de Deus em tudo que Ele faz é glorificar a Si mesmo. Se Ele, afinal, não atuasse para Sua glória em todas as coisas, Ele não seria justo. Isto ocorre porque Ele estaria designando o valor de algo mais, acima da infinita virtude de Sua glória. Com a predestinação, não é diferente. Sua meta final nesta é glorificar a Si mesmo: e [Ele] nos predestinou... para o louvor da glória da Sua graça. (Ef 1:5-6)

Mas [o fato de] Deus buscar Sua própria glória em todas as coisas não é desamor. Ao invés disso, Quando você pára para pensar sobre isso, esta é a coisa mais amorosa que Deus já pôde fazer até hoje; pois o maior benefício que os seres humanos podem receber até agora é de conhecer e de participar da glória de Deus. [1] O propósito de Deus de glorificar a Si mesmo não é estranho com o Seu amor por nós! Para Deus, significa atuar em amor maior justamente quando Ele atua à busca de Sua glória! O Teocentrismo do amor de Deus é algo maravilhoso! Mesmo ao nos amar, o valor superior da virtude de Deus é magnificado.

A grandeza do amor eletivo de Deus

Desta forma, a eleição é ao mesmo tempo glorificar a Deus e é também a expressão final do amor de Deus. Por conseguinte, se não temos um entendimento conveniente sobre a eleição, não teremos um entendimento conveniente sobre o modo pelo qual Deus nos ama. Mas se entendemos e cremos que Deus incondicionalmente escolheu para nos salvar isto nos evidenciará a irresistível experiência de ser amado pessoalmente pelo vigoroso amor eletivo de Deus. [2]

No Novo Testamento, a eleição, por parte de Deus, individual e incondicional dos Seus santos, novamente está cada vez mais aliada ao Seu amor por cada um deles de maneira individual. [3] Conhecendo, irmão, amados de Deus, a vossa eleição (I Ts 1:4). Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade... (Cl 3:12). Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) (Ef 2:4-5). A construção em grego de João 13:1 indica que Deus ama Seus filhos de maneira mais completa do que Sua capacidade de amar as criaturas. ...tendo amado a Si mesmo que estava no mundo, Ele os amou até o fim. [4] Ademais, o amor de Deus por Seus filhos não tem começo nem fim. Ele não começou a te amar quando você nasceu, mas quando você foi feito uma de Suas ovelhas, Ele tem te amado para sempre. Pois que com amor eterno te amei, também como benignidade te atraí. (Jr 31:2-3). Mas é de eternidade a eternidade a benignidade do Senhor sobre aqueles que O temem. (Sl 103:17). Agora considere essa grande verdade: se você é crente em Cristo, isto [ocorre] porque Deus te escolheu de maneira pessoal, individual, incondicional e cheia de amor, para a salvação, antes da fundação do mundo.

O especial amor eletivo de Deus é grande conforto e força para o coração. Muitas pessoas não têm experiência pessoal de conhecer que foram eternamente amadas por Deus e por Ele serão cuidadas com amor onipotente e supridor de todas [as necessidades] para todo o sempre. Muitas pessoas pensam no amor de Deus apenas em termos de algo que oferece e espera, mas não nos conduz a Ele mesmo e atua com entusiasmo infinito para nos manter e nos glorificar para sempre. Ainda esta é a experiência disponível para todo aquele que vier e beber de graça da água da vida (Ap 22:17). [5]

Enquanto é verdade que Deus ama a todas as pessoas (não apenas Seus eleitos), Ele não ama a todos da mesma maneira. Ele ama Seus eleitos com um amor especial, vigoroso, intenso, afetivo e eletivo que não pode falhar. Você já se habituou a crer que Deus ama aqueles que são condenados eternamente ao inferno da mesma maneira que Ele te ama, uma de suas ovelhas? Se sim, apague essa idéia da sua mente; se não, ela encobrirá sua experiência do amor de seu Pai por mais tempo. Regozije-se na grandeza do Seu especial amor por você. Para Deus, amar Seus santos da mesma maneira que Ele ama aqueles que Ele condenou eternamente ao inferno seria como um esposo dizendo: Claro, eu amo minha esposa. Mas eu a amo da mesma maneira que amo todas as outras mulheres.

A eleição incondicional de Deus por você é uma expressão do profundo amor dEle por você. Ser incondicionalmente escolhido significa simplesmente ser incondicionalmente amado. Muitos evangélicos norte-americanos adoram falar do amor incondicional de Deus; entretanto, furtam a si mesmos o conforto e o deleite das grandes implicações que ele traz que o amor incondicional é manifestado na eleição incondicional. J. I. Packer descreve como a recusa do amor incondicional de Deus e o invencível amor eletivo tem resultado numa redução da grandeza do Evangelho nas mentes de muitos norte-americanos: Falamos do trabalho remidor [de Cristo] como se Ele não tivesse feito nada mais do que agonizar o mais possível por nós para nos salvarmos pela fé; falamos do amor de Deus como se este não fosse mais do que a boa vontade de receber aquele que irá mudar [de vida] e crer; e depreciamos o Pai e o Filho, não quanto à atuação independente em conduzir pecadores a Eles, mas quanto ao esperar na silenciosa impotência da porta de nossos corações para Os deixarmos entrar. [6]

Também, freqüentemente, acabamos por mudar o tom do amor de Deus dentro do desejo impotente de salvar uma pessoa, o qual não atua decisivamente para realmente trazermos essa pessoa a Cristo. Não é o tipo de amor que o Novo Testamento ensina. O amor de Deus salva. Todo o que o Pai Me dá virá a Mim (Jo 6:37).

[Minhas ovelhas] jamais perecerão (Jo 10:28). Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida... nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8:38-39). Porque os que dantes conheceu (isto é, primeiramente amou e escolheu), também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho... e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. (Rm 8:29-30). O conhecimento primordial de Deus citado nesse versículo não significa que Ele olhou com desdém os corredores da história e predestinou aqueles que Ele primeiro conheceu como os que seriam por Ele escolhidos. Esse versículo fala de Deus conhecendo as pessoas, não os fatos. Na Bíblia, o conhecimento divino de alguém é algo pessoal e íntimo que envolve compromisso e seleção por Sua parte. Isso torna-se claro com o uso desse termo em muitas passagens, incluindo Jr 1:5 e Am 3:2. Em Jeremias 1:5 Deus diz, Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e em Amós 3:2 Ele diz que De todas as famílias da terra só a vós (Israel) vos tenho conhecido [isto é, escolhido]. Jesus diz conheço as Minhas ovelhas, e elas Me conhecem (Jo 10:14). O que Romanos 8:29-30 diz é, então, que Todos aqueles que Deus escolheu para colocar junto de Seu amor e Ele pessoalmente Se comprometeu antes de ter criado o mundo, ... Ele também justificou.

O adágio popular Deus amará você lealmente até o inferno (com o intuito de preservar seu livre- arbítrio) insulta a grandiosidade do amor eletivo de Deus e faz dele antropocêntrico. Crendo em algo do tipo pode furtar de você uma apreciação e deleite completos da verdade do amor profundo e vigoroso de Deus por você.

J. I. Packer realiza um trabalho magistral ao mostrar a radical diferença de concepções do amor de Deus entre o Calvinismo e outras visões que fazem da salvação algo que, afinal, dependa de uma decisão pessoal, para se crer, ao invés disso, na soberana eleição de Deus. Ao passo que, para o Calvinismo, a eleição de Deus é quem resolve para salvar, para o Arminianismo a salvação não repousa nem na eleição divina nem na cruz de Cristo, mas com a cooperação de cada um aliada com a graça, que é algo que Deus não garante de Si mesmo. [7] Como resultado da visão Arminiana, Nossas mentes estão condicionadas a imaginar a cruz como uma redenção que realiza menos do que a libertação, e de Cristo como um Salvador que faz menos do que a salvação, e do amor de Deus como uma fraca afeição que não pode manter qualquer um no inferno sem auxílio, e da fé como a ajuda humana da qual Deus necessita para Seus propósitos... [8] O Calvário... não meramente fez possível a salvação para aqueles por quem Cristo morreu; isto garantiu que eles seriam trazidos para a fé e suas salvações tornar-se-iam reais. A cruz salva. Quando os Arminianos apenas disserem: Eu não posso ter conquistado minha salvação sem o Calvário, os Calvinistas irão dizer, Cristo conquistou minha salvação para mim no Calvário. [9]

Que concepção do amor de Deus é maior (sem mencionar, bíblica): a que diz que, em Seu amor, tudo o mais que Deus pode fazer é tornar possível a salvação, ou aquela que diz que o amor de Deus é tão maravilhoso e grandioso que pode trabalhar sempre de maneira eficaz para tornar realidade uma salvação pessoal? Como o amor de Deus pode ser sempre um rochedo de refúgio se sua eficácia depende, afinal, de se estar próximo à nossa vontade vacilante e pecadora? Se Deus me ama e deseja de todo o Seu coração me levar ao paraíso, para com Ele estar e experimentar eternamente de Seu amor, que bondade é essa se Ele é menos poderoso para garantir que isso irá acontecer? Os Arminianos louvam a Deus por Seu amor em providenciar um Salvador para todos os que possam vir a encontrar a vida; os Calvinistas o fazem da mesma forma, e então continuam a louvar a Deus por realmente trazê-los aos pés do Salvador. [10]

Evidentemente, a predestinação nos dá um entendimento conveniente da maravilhosa graça e amor de Deus. Seu amor não apenas faz possível nossa salvação, mas a torna realidade. Deus não barganha com as pessoas; Ele não oferece apenas a salvação para aqueles a quem Ele profundamente ama e pára aí; Ele faz o efetivo oferecimento Ele os salva. Podemos nos confortar nesse forte, poderoso, intenso e carinhoso amor de Deus que não irá cessar em nada para manter aquele que é amado para a perdição. Se nós não entendemos a nossa divina eleição, não podemos nos acalentar e nos deleitar em Seu grande amor por nós. Ademais, não podemos dar toda glória a Deus por Sua graça que nos salvou se pensarmos que tudo o que Deus fez foi nos tornar possível a salvação, mas não cuidou das medidas necessárias para nos salvar com certeza. Se pensarmos que nossa escolha foi o elemento decisivo em nossa salvação, não estaremos dando toda glória ao Senhor.

Há talvez um problema em sua mente sobre esse retrato do amor de Deus. Nos dias da Reforma, desde [então], os tratamentos do amor de Deus na eleição foram freqüentemente moldados, encobertos, e de fato havia opções por questionamentos de natureza abstrata sobre a soberania de Deus na condenação [escolhida não para salvar ninguém]. Mas no Novo Testamento, mais precisamente em Romanos 8:28-11:36 e em Efésios 1:3-14, a eleição é um tema pastoral, fascinante para encorajamento dos crentes, confirmação, sustento, e louvor. [11]. Imploro a você para deixar as Escrituras falarem. Deixem-nas contarem a você sobre o amor de Deus ao invés de moldar seu entendimento com suposições dos arredores, de como você pensa que Deus deveria amar ou não. Não deixe o fato de que Deus não escolheu amar todos da mesma maneira, de mantê-lo regozijado no amor especial, perfeito e vigoroso que Deus tem por você.

Concluindo, um correto entendimento sobre o amor de Deus, especialmente tal como manifesto na incondicional eleição, proverá para uma igreja forte, fiel, leal e cheia de alegria. (...) Força do caráter, fidelidade na conduta, coragem da convicção, humildade de espírito, e esperança para o futuro são todas sustentáculo para essas gloriosas doutrinas da graça. Com elas, a igreja será mais forte; sem elas, a igreja terá obstáculos. [12]

Respondendo Algumas Objeções À Doutrina da Predestinação

Por Solano Portela

I. Introdução Em artigo anterior, analisamos as bases bíblicas à doutrina da predestinação, bem como, as dificuldades encontradas na sua compreensão. Avaliamos as situações antibíblicas e ilógicas encontradas pelas posições que rejeitam tal ensinamento. Verificamos que Deus possui realmente um plano maravilhoso, que é mais do que alternativas de reação ao desenrolar da história. É um plano singular que abrange, inclusive, o plano de salvação do Seu Povo.
Passeando rapidamente pela história da Igreja, verificamos o testemunho abundante ao longo dos séculos e, os servos do Senhor que habilmente defenderam e ensinaram a importância crucial da Soberania divina, como chave para compreensão do nosso papel, como peregrinos aqui na terra, servos do Deus Altíssimo.
Fazendo distinção entre “livre arbítrio” e “livre agência”, procuramos mostrar como Deus executa os Seus planos através de nossas vontades, ou seja de nossa “livre agência”. Igualmente, verificamos como as pessoas são escravas de sua natureza, incapazes de “escolher” o bem, a não ser pela ação e intervenção direta da maravilhosa graça de Deus, pela atuação do Seu Santo Espírito, em nossas vidas.
Apesar da abundante evidência bíblica, a rejeição natural das doutrinas relacionadas com a soberania de Deus é algo muito forte e presente em amplo segmento do mundo evangélico contemporâneo. Numa era onde se procura o fortalecimento da autonomia do homem, onde se multiplicam as igrejas-entretenimento, onde se procura agradar para conquistar, onde está perdida a finalidade principal de todos nós – a glorificação de Deus – são levantadas muitas objeções a qualquer ensinamento que coloque o homem em seu devido lugar – como incapaz de reger o seu destino em um mundo regido pelo Deus soberano.
Neste artigo, queremos abordar algumas dessas objeções, apresentando respostas bíblicas a cada uma delas, culminando com uma dedutiva conclusão.
II. Cinco Objeções Comumente Levantadas Contra a Doutrina da Predestinação e aos Decretos de Deus, com Respectivas Respostas.
1. “A Predestinação é incoerente com o livre arbítrio do homem e com a responsabilidade moral deste, para com as suas ações.”
Resposta — Realmente, a Bíblia não apresenta o homem como sendo um autômato, um robô. De uma certa forma, ele cumpre livremente suas ações, não se esquecendo de que, como pecador, ele está escravizado à sua natureza pecaminosa. Entretanto, ele não é forçado a cometer o pecado. Ele comete porque se deleita nele, porque segue sua própria natureza. O outro lado da questão, é que ele só pode “escolher” o bem verdadeiro, quando possibilitado pelo Espírito Santo. Ocorre que, mesmo considerando o fato de que nenhuma força compulsória age sobre o homem, isto não significa que Deus não tenha um plano e que Ele seja impotente para realizar este plano, a não ser que o homem concorde com Ele. NÃO! A soberania e onipotência de Deus são manifestadas na maneira como Ele opera: trabalhando através da vontade do homem, e não contra ela. É assim que temos essa verdade expressa em Fl 2.12-13: “De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.
Vejamos alguns exemplos bíblicos, sobre a maneira como Deus opera a sua vontade através da livre agência das pessoas:
1. José no Egito: Seus irmãos agiram livremente, sem nada que os compelisse a praticar o mal cometido. Entretanto, estavam cumprindo o plano predeterminado de Deus. É importantíssimo notarmos que todos eles foram responsáveis por suas ações diante de Deus. Considere as seguintes referências, no livro de Gênesis:
42.21 – Os irmãos sabiam de sua culpa: “Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia”.
45:5 – José tinha consciência de que Deus agia soberanamente sobre todos os incidentes: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós”.
45:8 – A causa final era Deus: “Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito”.
50:20 – O Plano soberano de Deus contemplava o bem, como resultado final: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida”.
2. Faraó: Agiu injustamente contra o povo de Deus e por causa disto foi castigado e responsabilizado por Deus. Entretanto, agiu sempre livre e voluntariamente, apesar de estar cumprindo os propósitos de Deus. Aprendemos isso na leitura dos seguintes versos:
Ex 9.16 – Faraó agia livremente, externando a sua obstinação despótica e pecaminosa, mas cumpria o propósito de Deus:“... mas, na verdade, para isso te hei mantido com vida, para te mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”.
Ex 10.1-2 – Deus endureceu o coração de Faraó: “Depois disse o Senhor a Moisés: vai a Faraó; porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para manifestar estes meus sinais no meio deles, e para que contes aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais que operei entre eles; para que vós saibais que eu sou o Senhor”.
Rm 9.17 – Paulo utiliza o incidente para demonstrar a soberania de Deus: “Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra”.
3. O Rei Ciro: Agiu livremente ordenando a reconstrução do Templo, em Jerusalém. Não sabia que Deus trabalhava por intermédio de sua livre agência e que estava cumprindo os desígnios de Deus.
Ed 1.1-3 – Vemos Deus em controle da história e o Rei em suas mãos: “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que ele fez proclamar por todo o seu reino, de viva voz e também por escrito, este decreto. Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo (seja seu Deus com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém”.
Pv 21.1 – Este verso indica o governo soberano e incontestável de Deus: “Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer”.
4. A Crucificação de Cristo: Era um evento CERTO, INEVITAVEL e planejado (Atos 4.27,28 – “Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse”). Entretanto, nem por isto os Judeus foram forçados a crucificar a Cristo. Judas cumpriu LIVREMENTE, como fruto de sua própria ganância e impiedade, o propósito de Deus, mas não foi inocentado pelo fato de estar “apenas” cumprindo os Decretos de Deus. Os Judeus seguiram, também, suas próprias inclinações malévolas, mas cumpriam, mesmo assim, a predeterminação de Deus. Note que Pedro não os inocentou por isto. Muito pelo contrário! Foram responsabilizados pelos seus atos, em Atos 2.23 (“...a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos”). Essa responsabilização ocorre na mesma passagem em que a Soberania de Deus é apontada como estando por trás de todos os eventos.
5. Dois exemplos adicionais, de como Deus pode cumprir os seus propósitos e planos, mesmo assim preservando a responsabilidade humana:
Ap 17.17 – Deus coloca nos corações a execução de suas intenções: “Porque Deus lhes pôs nos corações o executarem o intento dele, chegarem a um acordo, e entregarem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus”.
2 Sm 17.14 – Absalão segue um conselho, mas sem saber cumpre os desígnios de Deus: “Então Absalão e todos os homens e Israel disseram: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de Aitofel: Porque assim o Senhor o ordenara, para aniquilar o bom conselho de Aitofel, a fim de trazer o mal sobre Absalão”.
2. “Se tudo que acontece é pré-ordenado, como lemos, na Bíblia, que Deus ‘se arrepende’?” — Por exemplo, em Gn 6.6 (“...arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra ...”) ou Joel 12.13(“...se arrepende do mal”)
Resposta —A expressão “arrependimento”, utilizada na Bíblia com relação a Deus, indica uma mudança em um curso de ação ou em um relacionamento da parte de Deus, da forma em que estava sendo encaminhado até a ocasião da mudança. Não tem, esta expressão, as mesmas conotações deste sentimento no homem. Na linguagem teológica, dá-se o nome a estas expressões de ANTROPOMORFISMO, ou seja, a utilização de linguagem e formas humanas para expressar qualidade, ações ou características de Deus, em um sentido figurado (Ex.: Gn 18.20,21; 22.12; Jr 7.13; Lu 20.13).
No caso da passagem de Joel, o contexto está descrevendo Deus como misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, grande em benignidade e nem sempre executa o julgamento que seria o curso natural (“se arrepende do mal”). O julgamento é iminente. Ele é apropriado. Ele é justo. Ele procede do Deus todo poderoso. Ele é mortal. Mas ele é executado pelo justo juiz que detém o poder e a prerrogativa de sustá-lo.
O termo “arrependimento”, portanto, utilizado com relação a Deus, não tem o mesmo significado de quando ele é utilizado com relação às pessoas. A dissociação é estabelecida por Números 23.19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?” Os homens, os filhos dos homens, mentem – dizem uma coisa e fazem outra; ou se arrependem – (o mesmo sentido) dizem que farão uma coisa e fazem outra; Deus é diferente. Ele é veraz.
Da mesma forma, 1 Sm 29.15, diz: “Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende, por quanto não é homem para que se arrependa”. Deus é perfeito. Ele é soberano. Ele diz e faz; ele fala e cumpre; ele tem um plano e executa. Quando A Palavra, portanto, diz que ele se arrepende; não é arrependimento no significado do termo para descrever ações dos filhos dos homens. A utilização da expressão, para descrever ação humana, abriga, muitas vezes, o conceito de “remorso”.
“Arrepender-se”, no que diz respeito a Deus, significa aparente mudança de curso de ação; significa colocar em prática as prerrogativas de perdão, de retenção de julgamento. Significa a expectativa de que o julgamento, mesmo justo e devido, não fosse executado
Em todo e qualquer caso mesmo o “arrependimento”, a mudança do curso de ação, estava contemplada em seus planos insondáveis e maravilhosos.
3. “Se existe um plano predeterminado por Deus para tudo, como é que a Sua vontade e a Sua missão é muitas vezes derrotada, como por exemplo em Mateus 23.37?”
Resposta — Os Plano de Deus não são frustrados. Temos que discernir entre a VONTADE PRECEPTIVA de Deus e a Sua VONTADE DECRETIVA. Esta última, é o Seu desejo refletido em Seus Decretos, que serão certamente cumpridos (Is 46.10 – “O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade”.). A primeira (preceptiva) representa os Preceitos de Deus, Seus PADRÕES de conduta. Apesar dele ser onipotente e ter poderes para executar tudo, Ele não desejou decretar tudo que está contido em Sua Vontade Preceptiva. Um exemplo disto é II Pedro 3.9, onde Pedro expressa a Vontade Preceptiva de Deus e indica que Ele “…quer que todos venham a arrepender-se…” Ele certamente teria poderes para executar este desejo, mas sabemos por outras passagens bíblicas que “poucos são os escolhidos”, demonstrando que Deus não decretou tudo que é sua vontade COMO PRECEITO.
Verifique a situação apresentada em Mateus 23.37 (“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!”), comparando-a com Isaías 65.2 (“Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que não é bom, após os seus próprios pensamentos”). Vemos que apesar do desejo de Deus ser o recebimento de Jerusalém em seu seio, o seu plano já previa a pregação e a rejeição por um povo rebelde. Este povo, mesmo estando incluso neste plano, rejeitou a Cristo VOLUNTARIAMENTE.
Uma analogia humana, logicamente imperfeita como toda tentativa de exemplo humano, pode ilustrar esta dualidade de vontades. Referimo-nos a um juiz reto que não tem vontade alguma em uma sentença qualquer, mas justamente por ser reto decreta condenar alguém, quando tal condenação é cabível, e assim o faz.
4. “Se a doutrina da Predestinação é verdade, como pode a Bíblia efetivar uma oferta sincera de salvação a todos, e como podemos nós, também, oferecê-la a todos os homens?”
Resposta — Temos que nos lembrar que não sabemos quais são os Predestinados. Nossa missão não é a de Pesquisadores de Predestinados, mas a de DECLARADORES DA VERDADE. A conversão e a chamada eficaz pertencem ao Espírito Santo. Deus nos conclama a declarar a verdade a todos. Mesmo que houvesse a certeza da rejeição, não estaria eliminada a necessidade da pregação. Isaías 1.18-19 (“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã; Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra”) é um exemplo da chamada universal ao arrependimento. Temos também Isaías 6.9-13, onde Deus manda Isaías realizar o chamado amplo, mas, ao mesmo tempo, já revela ao pregador que haverá uma rejeição operada pelo próprio Deus. Isaías chega quase ao desespero: “Então disse eu: Até quando, Senhor?” Em essência, Deus responde: cumpra sua missão, até que meus propósitos sejam cumpridos.
Situação semelhante temos em Ezequiel 3.4-14, onde Deus comissiona o profeta a realizar a oferta de salvação “quer ouçam, quer deixem de ouvir”. Ocorre que Deus havia registrado que a casa de Israel não iria querer ouvir. Mesmo assim, permanecia a obrigação do profeta de ir e pregar. Com sentimentos semelhantes aos de Isaías, o profeta registra: “e eu me fui, amargurado, na indignação do meu espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim”.
A oferta de salvação não somente é veraz como sincera. Ela pode ser assim apresentada pelos profetas e pelo próprio Cristo com a consciência de que a concretização da salvação estava incrustada nos planos eternos e soberanos de Deus.
De qualquer forma, a mesma objeção poderia ser apresentada aos que dizem que Deus apenas CONHECE os que acreditarão nele, mas que não determina os que serão salvos: se Ele conhece aquele que acreditará, como pode oferecer o Evangelho ao que não acreditará, sabendo que isto somente aumentará a sua condenação? A Oferta é sincera, porque ela representa a verdade — “quem crer será salvo!” Agora, nós sabemos, sempre a posteriori, e nunca antecipadamente (como Jesus o sabia), que “os que creram” foram os predestinados, como nos ensina Atos 13.48 (“...e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna”.).
5. “A Predestinação apresenta um Deus que faz acepção de pessoas!”
Resposta — Acepção de pessoa significa aceitação ou rejeição baseada em qualidades ou em um potencial intrínseco de uma pessoa, que venha a motivar esta aceitação ou rejeição. A Predestinação bíblica é INCONDICIONAL, isto é, não é baseada em nada existente NO HOMEM, mas unicamente nos propósitos insondáveis de Deus. Deus não é parcial, mas sim SOBERANO. Suas dádivas são fruto da Graça (Rm. 9.15-18, Mt 20.13-15). De qualquer forma, qualquer sistema teológico apresenta esta dificuldade, pois têm todos a mesma oportunidade? Não. As pessoas nascem em locais e circunstâncias diferentes, uns com mais oportunidades do que outros.
Conclusão
A doutrina da Predestinação é reconhecidamente uma doutrina difícil, mas não deve ser negligenciada nos nossos estudos e exposição pois ela apenas enaltece a Deus. Ela apresenta a Deus em toda a Soberania que lhe é na Bíblia atribuída. Muitas vezes, a rejeitamos porque “achamos” que ela pode desencorajar a pregação do evangelho. Nestes casos, devemos deixar a Bíblia falar por si -- se ela nos revela um Deus que predestina, devemos aceitar esta revelação, independentemente de nossas projeções pragmáticas sobre o que pode ou não acontecer. Deus é maior que as nossas precauções e temores. Suas verdades não podem ser diminuídas sob pena de distorcermos a mensagem que devemos proclamar a um ponto em que ficam totalmente irreconhecíveis. Mesmo que não entendamos todos os pontos, devemos aceitar a majestade e soberania de Deus da forma que a Sua Palavra nos revela!
Que Deus possa nos ajudar a considerar esta doutrina como a bênção que ela verdadeiramente é. É glorioso saber que estamos nas mãos de um Deus Soberano, que nos amou, nos deu a Salvação e que rege os nossos passos. Temos o Deus que tudo pode e que, por esta razão, temos plena confiança no cumprimento das suas promessas, na vitória e na comunhão final ao Seu lado. Que Ele nos possibilite, cheios desta convicção, a andarmos segundo os seus preceitos, responsavelmente fazendo o que Ele nos manda!

A Predestinação de Todas as Coisas



Por John Gill

Sobre a doutrina da predestinação, pode ser considerada igualmente, em geral, relativa a TODAS AS COISAS que foram, são e que haverão de ser, ou feitas no mundo; todas as coisas acontecem sob a determinação e desígnio de Deus; “Ele fez”, como a assembléia de ministros diz em sua confissão, “de toda a eternidade, imutavelmente ordenou tudo quanto vem a suceder”; ou, como eles expressam em seu catecismo, “os decretos de Deus são sábios, livres e santos atos do conselho de Sua vontade”; como, de toda a eternidade, Ele tem, pela Sua própria glória, imutavelmente pré-ordenado tudo o que vem a acontecer ao longo dos tempos: e esta predestinação e pré-desígnio de todas as coisas, podem ser deduzidos do pré-conhecimento de Deus. “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.” (do grego aion, “desde a eternidade”) Atos 15:18. Elas são conhecidas por Ele como futuras, como haverão de ser, os quais vieram a ser assim pela Sua determinação em relação a elas. A razão porque Ele sabe como elas haverão de ser, é por causa que Ele determinou como elas deveriam de ser: da providência divina e Seu domínio sobre o mundo, que é “segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1:11). Ele fez todas as coisas de acordo com o que ou como determinou em Sua mente. A predestinação neste sentido não é outra coisa senão a eterna providência, no qual a atual é a sua execução.

Negar isto é negar a providência de Deus e Seu domínio sobre o mundo, o que deístas e ateístas fazem; pensar e falar menos que isto é desprezar a Deus, como Ele não tendo toda a sabedoria e conhecimento e soberania sobre o mundo. Uma vez mais, a verdadeira maravilha, profecia ou predição das coisas que estão por vir, não poderia ser sem uma predestinação delas; dos quais há muitos exemplos nas Escrituras; como o tempo de permanência dos israelitas no Egito exatamente 430 anos como fora profetizado, e sua saída daquele lugar; os setenta anos de cativeiro deles em Babilônia como foi predito e seu retorno ao fim deste tempo; o exato tempo da vinda do Messias como foi profetizado; e muitos outros mais, e alguns em sua maior parte aparentemente casuais e inesperados; como o nascimento de pessoas pelo nome uma centena ou várias centenas de anos antes deles nascerem, como Josias e Ciro; e de um homem carregando um cântaro de água em tal tempo para tal lugar (1 Reis 13:2) como poderiam essas coisas serem anunciadas com exatidão, senão por determinação e desígnio?
Nada vem a suceder da parte de Deus por casualidade, nada é feito sem Seu conhecimento, nem sem a Sua vontade e nada sem a Sua determinação. Todas as coisas, mesmo as mais diminutas em relação as Suas criaturas e o que é feito neste mundo em todos os períodos e eras é pelo Seu desígnio. Como prova vejamos as seguintes Escrituras:

Eclesiastes 3:1-2: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;”

Jó 14:5: “Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles”.

Daniel 4:35: “E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”
Efésios 1:11: “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;”

Atos 17:26: “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;”

Mateus 10:29-30: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.”

Predestinação pode ser considerada como especial em relação a pessoas em particular e para coisas espirituais e eternas; ao passo que predestinação em geral diz respeito a todas as criaturas e coisas, mesmo sendo temporais e públicas.

Primeiro, o próprio Senhor Jesus Cristo é o objeto da predestinação; Ele foi preordenado para ser o mediador entre Deus e o homem; para ser propiciação pelo pecado; para ser o Redentor e Salvador de Seu povo; para ser o cabeça da Igreja, Rei dos santos e Juiz da Terra: por isso Ele foi chamado, eleito de Deus e Sua escolha foi única; e tudo o que aconteceu por Ele ou foi feito por Ele, foi pelo determinado conselho e pré-conhecimento de Deus; mesmo todas as coisas relativas aos Seus sofrimentos e morte: como prova disto, eis as seguintes Escrituras:

Romanos 3:25: “Ao qual Deus propôs (do grego preordenado) para propiciação;”
I Pe 1:20: “O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo,” que é o Cordeiro (veja também o capítulo 2:4).

Lucas 22:29 : “E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou”

Atos 17:31: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. (Veja também capítulo 10:42).

Isaías 42:1: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma”; (veja também Mt 12:18).

Lucas 22:22: “E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!” (Veja também Salmos 109).

Atos 2:23: “A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;”

Atos 4:28: “Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.”

Segundo, anjos também são objetos da predestinação, tanto os bons quantos os maus; os santos anjos foram os escolhidos para a vida e para continuarem em seu estado de felicidade por toda a eternidade: e sua perseverança nisto e eterna felicidade são devido a eterna escolha deles em Cristo, seu cabeça; “Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas,” (I Tm 5:21). Os anjos maus são os rejeitados de Deus e deixados neste estado miserável que sua apostasia os trouxe, sem qualquer provisão de graça e misericórdia para com eles: eles estão entregues “às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo;” (ou então, de acordo com o determinado conselho e vontade de Deus) (II Pe 2:4, Mt 25:41).

Terceiro, predestinação que as Escrituras especialmente tratam, é o que diz respeito ao homem e consiste de duas partes, eleição e reprovação; uma é a predestinação para a vida, a outra para a morte.

Primeiro. Eleição é uma predestinação para a vida, é um ato da livre graça de Deus, de Sua soberana e imutável vontade, pelo qual desde toda a eternidade Ele escolheu em Cristo da multidão de todo o gênero humano, alguns homens, ou um certo número deles, para serem participantes das bençãos espirituais aqui e felicidade futura, para a glória de Sua graça.

Segundo. Os objetos da eleição são alguns homens, não todos que uma escolha supõe; tomar todos não seria uma escolha; chamou, portanto, um “remanescente, segundo a eleição da graça” (Rm 11:5). Estes são um certo número, que embora desconhecido para nós, em relação a quantidade e quem eles sejam, são conhecidos por Deus: “O Senhor conhece os que são seus” (II Tm 2:19). E ainda que eles sejam “uma multidão, a qual ninguém podia contar” (Ap 7:9), no entanto, quando comparados com os que não foram escolhidos, eles são poucos; “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. (Mt 20:16). Estes são os tirados fora da mesma multidão do gênero humano, não importando o estado desta multidão, se considerada pura ou corrupta, todos estavam em um mesmo nível quando a escolha foi feita: “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Rm 9:21). Estes não são todas as nações, igrejas e comunidades, mas indivíduos em particular, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro; “Amei a Jacó” & etc, “Saudai a Rufo, eleito no Senhor” (Rm 9:13 e Rm 16:13). Eleição não é um conjunto de proposições ou de características, mas de pessoas; ou um homem sob tais e tais características, como crença, santidade, etc, mas pessoas, como “nem tendo feito bem ou mal” (Romanos 9:11); antes eles não tinham feito nenhum nem outro.

1. Este ato de eleição é um ato da graça livre de Deus, pelo qual Ele não é movido por qualquer motivo ou condição no objeto escolhido, nem pela Sua presciência sobre eles: razão porque é chamada de “eleição da graça”; concernente com o que o Apóstolo raciocina de forma forte e invencível; “...se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.” (Rm 11:6). Está de acordo com a soberana e imutável vontade de Deus e não de acordo com a vontade ou obras do homem; “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,” (Ef 1:5 e verso 11), “havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”; consequentemente permanece imutavelmente firme e indubitável, mesmo “o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama”, (Rm 9:11).

2. Este ato de eleição independe de fé, santidade e boas obras, como as causas ou condições; a fé provém dela; é um fruto e efeito dela, é garantido por ela, e teve consequência dela: “e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” (At 13:48), por esta razão é chamada de “a fé dos eleitos de Deus” (Tt 1:1) e embora santidade seja um meio provado no ato da eleição, não é causa dela; nós não somos escolhidos porque somos santos, mas “para que fôssemos santos” (Ef 1:4); boas obras não aparecem primeiro, mas vem após a eleição; isto é negado a eles, como antes observado, e isto foi aprovado antes de tudo ser feito (Rm 9:11 e 11:5,6) eles são os efeitos dos decretos de Deus e não a causa deles; “as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. (Ef 2:10).

3. O ato da eleição foi feito EM Cristo, (não em Adão) como o cabeça, em quem todos os eleitos foram escolhidos e em cujas mãos por este ato de graça foram colocados como Seu povo, graça e glória e isto em eterno ato de Deus nEle; “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1:4) e dessa maneira, o apóstolo diz aos tessalonicenses que “por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação” (II Ts 2:13) não da primeira pregação do evangelho a eles, ou do tempo de sua conversão por ele, mas do começo dos tempos, até mesmo de toda a eternidade. Consequentemente, nada que foi feito no tempo poderia ser a causa ou condição dela. Os homens são escolhidos neste ato pela graça e para glória futura; todas as bençãos espirituais, adoção, justificação, santificação, fé na verdade e salvação por Jesus Cristo. Salvação é o fim proposto em relação ao homem; santificação do Espírito e fé na verdade são os meios apontados e preparados para este fim. “... nos elegeu nele”, “para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;” “E nos predestinou para filhos de adoção”, etc (Ef 1:4,5). “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;” (II Ts 2:13). “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (I Pe 1:2). “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”. (I Ts 5:9).

Ambos, modos e fins são sem dúvida para escolhas individuais – desde que este é um ato da imutável vontade de Deus; esses são os redimidos pelo sangue de Cristo. Ele morreu por seus pecados e ficou satisfeito por eles: eles são justificados pela Sua retidão e nenhuma acusação pode ser feita contra eles; eles são efetivamente chamados pela graça de Deus; eles são justificados pelo Seu Espírito; eles perseverarão até o fim e finalmente não poderão ser enganados nem perecer, mas serão eternamente glorificados. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena?” Este é o eleito (Rm 8:33).“Pois é Cristo quem morreu”(vers. 34). “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.” (Rm 8:30). “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt 24:24); mas isto não é possível.

4. O resultado final de tudo isto em relação a Deus, é a Sua própria glória; a glória de toda a Sua divina perfeição; a glória de Sua sabedoria em formar tal plano, em fixar começo e fim e preparar os meios para isto; a glória de Sua justiça e santidade, na redenção e salvação dos que escolheu, através do sangue, retidão e sacrifício de Seu Filho; e a glória da riqueza de Sua graça e misericórdia exibida em Sua bondade para eles através de Seu Filho; e o conjunto total de tudo isto é “Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,” (Ef 1:6).

Esta é agora a doutrina bíblica da predestinação, ou essa parte dela que é chamada de eleição; de onde aparece para ser ABSOLUTA E INCONDICIONAL, sem restrições de qualquer coisa no homem como a causa e condição dela no tempo ou eternidade. O senhor Wesley acredita que “eleição é como uma divina designação de alguns homens para a felicidade eterna”; assim ele reconhece uma eleição particular e pessoal e chama isto de eterno decreto; mas acredita que é algo condicional: mas se isto é condicional, a condição é para ser citada; ele deixou de citar a condição; ele deixou de citar este ponto para nós, e em qual passagem da Escritura ela está; isto faz dele um enganador, e eu insisto sobre isto, ou senão ele nos daria sua noção não bíblica de eleição condicional. Marcos 16:16 não é a manifestação deste decreto, mas uma declaração da revelada vontade de Deus: e não cita para nós qual será o estado eterno dos crentes e descrentes: mas crentes, como tais, que são crentes verdadeiros, são os eleitos de Deus; mas por conseguinte a razão porque eles são os eleitos de Deus não é causa ou condição de sua eleição, mas sua eleição é a causa de sua fé; eles foram escolhidos quando não tinham feito nem o bem nem o mal e assim antes de crerem: e eles creram em tempo, em consequência de serem ordenados para a vida eterna, desde a eternidade passada: fé no tempo propício, eleição antes do mundo existir; nenhuma circunstância temporal pode ser a causa ou condição do que é eterno. Isto é a doutrina das Escrituras. Se o senhor Wesley não observa isso, deixe-o ouvir os artigos de fé de sua própria igreja [A Igreja da Inglaterra, ou Igreja Episcopal]; o sétimo, do qual segue:

“Predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus por meio do qual (antes da fundação do mundo) Ele desde sempre decretou pelo Seu conselho, secretos para nós, salvar da desgraça e danação os que Ele escolheu em Cristo dentre toda a espécie humana e os trouxe a Cristo para perpétua salvação como vasos de honra. Para que eles sejam investidos com tão excelente benefício de Deus, ser chamado de acordo com o propósito de Deus pelo Seu Espírito trabalhando no tempo devido: eles através da graça obedeceram ao chamado: eles são justificados livremente: eles são feitos filhos de Deus por adoção: eles são feitos a imagem de Seu único primogênito o Filho de Deus, Jesus Cristo: eles andam religiosamente em boas obras e na longanimidade e misericórdia de Deus, eles obtem eterna felicidade”. Este é um artigo em conformidade com as Escrituras; um artigo em que ele como um verdadeiro filho da igreja traiçoeiramente se afastou; um artigo no qual o senhor Wesley deve ter subscrito e concordado; um artigo que deve ser proeminente diante de seus olhos, contanto que subscrições e juramentos oficiais representem qualquer coisa para ele.

A doutrina da eleição como acima declarada e estabelecida de forma tão clara à luz das Escrituras e mostrada com tal evidência que é impossível para toda sabedoria e sofisma humano pôr de lado; o outro ramo da predestinação necessariamente segue, o qual não negamos, mas mantemos. O senhor Wesley alega ter encontrado uma eleição em que não implique em uma reprovação; mas que eleição pode ser essa, que a inteligência humana não pode delinear; se alguns foram escolhidos, outros foram rejeitados; e a noção de eleição do senhor Wesley em si mesma implica nisto;

I. O outro ramo da predestinação é comumente chamado de reprovação; o qual é segundo um imutável decreto de Deus, de acordo com Sua soberana vontade, pelo qual Ele determinou tomar alguns homens de toda a raça humana, do qual ele escolheu outros para legitimamente puni-los em relação ao pecado com eterna danação, para a glória de Seu poder e justiça. Este decreto consiste de duas partes, uma negativa e uma positiva; a primeira é chamada por alguns de preterição ou abandono, uma desistência de alguns quando outros são escolhidos; o qual não é outra coisa senão uma não-eleição; esta é chamada de pré-danação, sendo o decreto de Deus para condenar ou rejeitar os homens pelo pecado.

II. Primeiro, preterição é um ato de abandonar ou de deixar alguns homens quando Ele escolheu outros, de acordo com Sua soberana vontade e satisfação; do qual ato está em clara evidência na Sagrada Escritura; bem como necessariamente implica no ato eletivo de Deus o qual há incontestável prova. Estes são “o resto”, os que permaneceram como não-eleitos enquanto que outros o foram; “os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos”. (Rm 11:7), ou pessoas eleitas que obtem justiça, vida e salvação em consequência de serem escolhidas e o resto delas foram deixadas e permanecerão em seu estado de ignorância e trevas e por seus pecados entregam-se a cegueira e dureza de coração. Esses são os que foram deixados de fora do livro da vida enquanto que outros tem seus nomes escritos desde a fundação do mundo; do qual se diz: “esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. (Ap 13:8 e capítulo 17:8)

Segundo, pré-danação é o decreto de Deus para condenar o homem por causa do pecado, ou puni-lo com eterna danação por causa dele; e este é o sentido das Escrituras; e esta é a visão que elas nos dão desta doutrina. “O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”. (Pv 16:4). Não que Deus tenha feito o homem para condená-lo; as Escrituras não dizem tal coisa, nem nós; nem é este o sentido da doutrina que defendemos; nem inferimos tal coisa disto. Deus não fez o homem nem para condenená-lo nem para salvá-lo, mas para Sua própria glória, que é Seu objetivo final em nos criar, o qual é respondido se ele é salvo ou perdido: mas o significado é, que Deus designou o homem mau para o dia ruim e destruição por sua perversidade. “... homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.”(Jd 4). Por esta razão os objetos deste decreto são chamados “vasos da ira” (Rm 9:22), que é pelo pecado. E agora o que há de chocante nesta doutrina ou desagradável às perfeições de Deus? Deus não condena nenhum homem, mas por causa do pecado, e Ele decretou condenar nenhum, mas por causa do pecado [assim ele o fez].

Terceiro, este decreto, dizemos, está de acordo com a soberana vontade de Deus, nada pode ser a causa de Seu decreto senão Sua própria vontade: deixe o objeto desta parte do decreto que é chamada preterição, que considerou nem corrupto ou puro todo o gênero humano, como criaturas caídas ou não, eles são considerados na mesma visão e em igual nível com os escolhidos; e portanto, nenhuma outra razão pode ser dada, mas a vontade de Deus, que Ele deveria tomar alguns e deixar outros. E embora neste ramo que é um desígnio do homem para a condenação, o pecado é a causa deste decreto, a condenação; no entanto, isto é a vontade de Deus que a causa do decreto em si mesmo, por esta invencível razão ou de outro modo Ele deveria ter designado todos os homens para a condenção, desde que todos os homens são pecadores; deixe qualquer outra razão ser designada se isto puder ser, porque Ele decidiu condenar alguns homens pelos seus pecados e não outros,

Quarto, o propósito de Deus nisto tudo é glorificar a Si mesmo, Seu poder e Sua justiça; Seus desígnios são “por Si mesmo”, para Sua própria glória e isto entre o resto, “Deus, querendo mostrar a sua ira”, Sua justiça vingativa, “e dar a conhecer o seu poder,” na punição dos pecadores pelo pecado, “suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição;” (Rm 9:22).