terça-feira, 22 de janeiro de 2013

MARIA - Modelo de Igreja

Por Julio Zamparetti
No episódio das bodas de Caná, onde Jesus transformou água em vinho, temos no exemplo da Bem aventurada Virgem Maria um modelo perfeito do que é ser Igreja.

Em primeiro lugar, Maria se inquietou diante do fato de ter acabado o vinho, que é símbolo de alegria. Uma igreja, de igual modo, não pode se conformar diante de tantas circunstâncias que tolhem a alegria de nosso povo; não pode aceitar tantas injustiças, preconceitos, discriminações, desigualdades, bem como o descaso ambiental.
Em seguida, a mãe de Jesus vai até ele e intercede, não por ela, mas por aqueles que já não tinham mais vinho. O problema da igreja de hoje é que ela vive o conceito de que cada um deve buscar a sua bênção. Só que isso não é ser igreja. Ser igreja é fazer parte do corpo de Cristo que se entregou à morte, tão somente porque amou e lutou pelos injustiçados, explorados, excluídos, fracos, pobres e malditos.
Mesmo tendo uma intenção tão nobre, Maria se sujeitou à resposta de Jesus que lhe disse: “ainda não”. Igreja que é Igreja não se faz como criança mimada que tudo exige “agora”, porque Igreja que é Igreja confia que Deus tem sempre a melhor hora para tudo, e ainda que a resposta de Deus seja um ’sim’ ou um ‘não’, sabe essa é a melhor resposta.

“Façam tudo o que ele vos disser”, disse a Santa Virgem. Estou convicto de que a grande fé não é aquele que conquista o que desejamos, mas aquele que nos motiva a permanecer obedientes, mesmo quando Deus nos diz “ainda não”.

Por fim, Jesus transformou água em vinho, um vinho melhor que o primeiro, e, certamente, Maria se alegrou na alegria de sua gente. Ser Igreja não é se inflar de poder-sem-ter-pra-quê, nem buscar realizações pessoais. Ser Igreja é se alegrar na alegria de todos, é ser beneficiado no bem comum.

Carecemos de Marias. Temos visto tanta gente querendo ser senhor! Precisamos de uma igreja que, como nossa Mãe do Céu, seja serva, sujeita a Cristo e cheia de amor ao próximo.

Quem se dispõe?

A morte lhe cai bem



O título é de um filme da década de 90, “Death Becomes Her” que assumiu “A morte lhe cai bem” no lançamento no Brasil. Mas o que me interessa não é o filme, mas sim a frase e o efeito nela contido. Será possível a morte cair bem para alguém?

Tenho a nítida impressão que a maioria das respostas à pergunta acima foi sim. Para algumas pessoas, definitivamente, a morte cai bem. Não tenho como adivinhar em quem você pensou para responder a pergunta afirmativamente, mas posso tentar alguns “chutes”: Adolf Hitler, o maníaco do parque, os assassinos que arrastam meninos presos ao carro que acabaram de roubar, os pedófilos, os assassinos de policiais, políticos corruptos que desviam verbas de merenda escolar ou ambulâncias, e por aí vai.
 
Não se trata apenas de suposições, mas de um espírito de justiça e de vingança que nasce no coração das pessoas ditas de bem. É como se a morte se traduzisse no mais justo pagamento pela maldade e crueldade de alguns indivíduos. A quem defenda veementemente a pena de morte, a pena capital e certa pelos abusos cometidos. Olho por olho, dente por dente.
 
Pensando assim você pode até encontrar sentido na frase “A morte lhe cai bem”. Dá até para imaginar o justiceiro olhando nos olhos do réu e a dizendo com o aroma do prato que se come frio.
 
Contudo, a morte não foi criada para nenhum ser humano. Por mais vil e cruel que seja o homem a morte não era parte do plano para sua vida. Para nenhum de nós. Não fomos criados para ela e, com certeza, tenha a plena convicção que a morte não cai bem para nenhuma alma debaixo do céu.

Embora não planejada na essência dos seres humanos, a morte na maioria das vezes é escolhida. Isso mesmo, alguns escolhem a morte, assim como outros tantos, escolhem matar. Parecem os dois lados de uma mesma moeda de pecado e iniquidade. Abdicar da vida ou tirá-la de alguém é uma escolha do ser humano.

Vivemos manchados e carregamos conosco o resultado de nossas escolhas. Somos todos árbitros detentores de livre-arbítrio e no exercício de nossas liberdades podemos escolher rumos, tomar decisões e maquinar no caminho da morte. Morte espiritual, morte da alma, morte do corpo.

Se a morte é como um vírus que não pertence ao sistema original. Se ela não cai bem aos seres humanos. Fico, na minha pequenez, tentando alcançar o pensamento do criador. Para Ele a morte de qualquer homem tem sabor de perda, de distanciamento. Nenhuma obra de Suas mãos veio a existir para que fosse consumida. Por outro lado, era necessário sermos criados com poder de escolha, só assim o amor seria completo, do contrário seríamos obra inacabada, objetos inanimados sem a verdadeira vida. Afinal de contas, vida também é uma decisão, sempre foi.

Neste caminho o criador novamente nos chama ao sentido original da vida. Lá onde a morte não tem vez e onde as escolhas são influenciadas por um Santo Espírito. Nós, surdos em virtude de nossas decisões erradas há séculos, não escutamos mais o chamado da vida. Era preciso um megafone, uma tela grande e clara para nos mostrar que a morte nunca nos cairá bem.

Então Deus se esvazia e morre para mostrar que só há uma morte que nos cai bem. A Dele.
Toda a justiça e toda a vingança condensada num único ponto da história.
“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” 1 Co 15:55