domingo, 27 de janeiro de 2013

Será mesmo que Deus ama e deseja a salvação de todos?


Heitor Alves
Se fizermos esta pergunta para todos o evangélicos, a maioria esmagadora responderiam afirmativamente. São vários os motivos para se responder positivamente a pergunta. Existe um sentimento de que o homem é bom e que não merece ser castigado. O interessante é que querem que Deus sinta este mesmo sentimento quando o assunto é condenação. Deus não pode condenar o homem e nem quer fazer isso. O homem tem valor. Ele é bom, não é tão mau a ponto de merecer o inferno.
Este sentimento tem penetrado nas igrejas evangélicas, distorcendo a teologia bíblica. A teologia predominante nos púlpitos é uma teologia humanista, uma teologia agradável ao homem. Se ouve, domingo após domingo, assuntos relacionados ao existencialismo, onde colocam Deus como um super-herói preparado para enfrentar as dificuldades que o homem venha a sofrer. Se Deus procura "evitar" que o homem sofra nesta vida, muito mais Ele fará na alma do homem. Por isso, vemos aquela doutrina satânica de que Deus deseja e quer a salvação de todos os homens!
Esse é o resultado prático de um cristianismo que jogou no lixo as Sagradas Escrituras. Estão pisando na Palavra de Deus. Rasgando suas páginas e jogando-as nas fogueiras de uma "inquisição" construída para não abalar a credibilidade e não desvalorizar o homem. E de que modo é praticada esta moderna "inquisição"? Não é mais com fogueiras literais ou confisco de bens, ou até mesmo de perda da liberdade. Mas esta moderna forma de "inquisição" é praticada quando é negada a autoridade absoluta e suprema das Escrituras sobre a igreja, e se busca novas revelações extrabíblicas, tratando-as como suprema autoridade.
Por isso encontramos uma grande hostilidade quando vamos expor o que de fato as Escrituras afirmam sobre os assuntos abandonados pelos evangélicos atuais, dentre eles o assuntos sobre a expiação limitada.
Deixando de lado todas as emoções ou humanismo, vamos expor aquilo que a Bíblia fala a respeito do desejo de Deus com respeito a salvação do homem. Afinal de contas, Deus quer a salvação de toda a humanidade?
Todos os arminianos, sem exceção, ao começarem uma discussão a respeito do amor de Deus, lembram logo de João 3.16. “Deus amou o mundo”! Todos são alvos do amor de Deus! É injusto lembrarmos apenas do verso 16. Por que não citar até o verso 21?
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.
O texto não diz que Deus ama todos os homens. Jesus está dizendo que o amor de Deus não se estende apenas aos judeus de sua época, mas o seu amor alcança pessoas além dos limites da Judéia. O seu amor se estende também aos gentios. Interessante que os arminianos não conseguem enxergar que o alvo do amor de Deus são aqueles que crêem em Jesus Cristo, e somente eles. Veja que o verso 18 decreta a condenação daqueles que não crêem "porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus". Deus não pode amar aquele que se mantém rebelde contra Jesus. O amor de Deus não está nele, e sim a sua ira: "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).
O curioso do ensinamento arminiano é que a teologia arminiana diz uma coisa e a bíblia diz outra. Por exemplo: se Deus ama a todos indiscriminadamente (como afirmam os arminianos) a lógica é Cristo orar e desejar a salvação de todos! Mas ele não deseja isso. Podemos notar isso na oração que ele faz em João 17. Cristo ora para que Deus conceda a vida eterna para um grupo seleto de pessoas: "Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste" (Jo 17.6-8). Em seguida, Cristo fulmina os arminianos com as seguintes palavras: "É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus" (v.9). Por todo o capítulo 17, Cristo repete sempre as mesmas palavras "aqueles que tu me deste", "homens que me deste do mundo".
Eu não posso acreditar que há um desentendimento entre o Pai e o Filho. Não posso acreditar numa confusão na Trindade! Deus desejando salvar a todos, mas o Filho orando por alguns. O próprio Jesus afirmou que Ele veio fazer a vontade do Pai, esta é a sua comida (Jo 4.34). Deus não ama a todos e não quer a salvação de todos!
Para encerrar, tenho mais uma prova de que Deus não deseja a salvação de todos. A prova está em Mateus 11.20-24.
20 Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido:
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.
22 E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.
23 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
24 Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo.
Cristo passa a condenar as cidades que tiveram a oportunidade de presenciar a pregação do evangelho (que naquela época era acompanhada da operação de milagres que testificavam da pregação). Corazim, Betsaida e Cafarnaum foram as cidades onde Cristo pregou o evangelho e mesmo assim estas cidades não se converteram. A partir daí, Cristo nos revela algo que nos incomoda: ele começa a “passar na cara” destas cidades que se ele tivesse pregado (e operado milagres) nas cidades de Tiro, Sidom e Sodoma, elas teriam se arrependido “com pano de saco e cinza” e permanecido “até ao dia de hoje”.
Se Cristo sabia que essas cidades iriam se arrepender com sua pregação, então, porque ele não foi até elas? Porque Cristo abriu mão dessas cidades, sabendo que os seus habitantes seriam convertidos e ingressados no reino dos céus? Deus não ama a todos? Então porque Deus deixou de fora dos céus os homens, as mulheres, os idosos, as crianças, os jovens e os adolescentes de Tiro, Sidom e Sodoma? Não foi o próprio Jesus quem afirmou: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15:10)? Porque Deus evitaria causar uma grande festa no céu por ocasião de três cidades arrependidas? Deus não ama a todos?
Isso me faz lembrar um outro texto: Isaías 6.9-13:
9 Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
10 Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
11 Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.
13 Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.
Deus envia Isaías para pregar a um povo que não se arrependerá. Não se arrependerá porque Deus tornará insensível o coração desse povo. Não se arrependerá porque Deus endurecerá os ouvidos. Não se arrependerá porque fechará os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo”.
Somente os eleitos de Deus são os alvos do amor salvífico de Deus. Somente os seus eleitos experimentarão a graça de serem participantes do seu reino.
Não cabe a nós imaginarmos quem é o alvo do amor de Deus e quem não é. Não temos esse poder. Não podemos deixar de pregar o evangelho a alguém achando que esse alguém não faça parte dos eleitos. Resta-nos pregar o evangelho ao máximo de pessoas possíveis, sem fazer distinção. Precisamos olhar para as pessoas como um “eleito” em potencial. Todos os homens são passíveis de receberem a Cristo de bom grado e de coração. Por isso precisamos pregar o evangelho a toda criatura. A pregação do evangelho a todos não garante salvação. Precisamos ser o agricultor que joga as sementes em vários tipos de solos; mas isso não garante que todos os solos receberão as sementes e se transformarão em belas plantas e árvores. Deus mesmo fará com que as sementes da Sua palavra caia em corações que Ele mesmo preparou para recebê-las.
Devemos cumprir com nossa obrigação de pregar o evangelho a todos. Inclusive aos nossos parentes. Não sabemos o que Deus planejou para a vida de cada um deles. Não sei o destino eterno da minha esposa, do meu filho, do meu marido, do meu irmão, do meu pai, da minha mãe... Não cabe a mim fazer conjecturas. Cabe a mim pregar o evangelho e orar a Deus e entregar a alma do meu parente nas mãos de Deus.
O próprio Espírito de Deus acalmará nossa ansiedade, acalmará nosso espírito, se estivermos com dúvidas a respeito daquele parente que faleceu. Por mais que seja triste e dolorosa a partida de um ente querido que morreu sem Cristo, Deus mesmo nos dará o consolo necessário e suficiente para nossa dor. A nossa postura diante de Deus deve ser uma postura de honra, louvor, adoração, de submissão, de entrega total de nossas vidas a Ele, reconhecendo que Ele pode fazer o que bem entender com suas criaturas.
Soli Deo Gloria!

A doce ilusão de um reino de Deus no Brasil


Por João A. de Souza Filho
Pois meus amigos, vocês que são leitores assíduos do que venho escrevendo poderão ou não concordar comigo de que a igreja brasileira vive a doce ilusão de que é possível implantar o reino de Deus através da política. A velha crença de que se tivermos um governo cristão, com um Presidente comprometido com os ideais de Cristo, e que se tivermos no Senado e na Câmara bons cristãos – evangélicos é claro – dizem alguns, teremos outro Brasil.
Não quero desiludi-los. Nem me refiro a ter ou não mais liberdade religiosa, porque esta liberdade está garantida pela atual constituição. Quem sabe os amigos do “rei” ganhariam mais emissoras de rádio e de tevê; que mais verbas da cultura ajudassem as editoras a publicar livros com cunho cristão e que livrarias se interessassem por tudo o que gospel.
Mas, a igreja nunca precisou de liberdade para pregar o evangelho, porque este é pregado independentemente de haver liberdade ou não, com a única possibilidade de que os cristãos não sejam julgados e presos. Mas, se tivéssemos um governo totalmente evangélico, por certo que caminharíamos para um governo radical, xiita, que censuraria tudo o que fosse escrito, televisado ou falado no rádio, cerceando a liberdade religiosa de credos diferentes dos cristãos. Não é verdade? Os evangélicos não são maduros suficientemente para governarem uma nação, porque, caso o presidente por eles eleito comparecesse a uma festa social e beneficiasse credos diferentes, logo haveriam de execrá-lo do poder. É assim que funciona. Seríamos iguais aos países religiosos totalitários do Oriente.
O segundo aspecto é que desde as eleições de 1988 ainda não vi um político evangélico que não tenha se corrompido moral e politicamente com a política. Obviamente que o político precisa, primeiramente se comprometer com os ideais de seu partido, inda que tais ideais sejam de partidos que sistematicamente perseguiram e mataram os cristãos na Europa Oriental em décadas passadas. Os políticos que não se comprometem com o programa do seu partido são expulsos, e, convenhamos o programa do partido do atual governo é contrário aos ideais cristãos. Os políticos evangélicos os não-evangélicos têm um discurso atraente e convincente antes de serem eleitos, mas depois a prática da política os conduz pelos corredores da propina e do enriquecimento – às vezes ilícito – esquecendo-se de onde vieram, e das promessas feitas em campanha.
O terceiro aspecto, é que o sistema mundial que governa o curso deste mundo está nas mãos de Satanás, e o mundo só terá um governo de justiça por ocasião do segundo advento de Cristo. Qualquer pessoa, por mais intencionada que esteja terá que seguir o curso do sistema, ou chocar-se-á contra ele e se espatifará. Isso tem acontecido com todos os que não concordam com o sistema. Conheço vários ex-políticos que se desiludiram porque o sistema os estava destruindo, e alguns até foram destruídos. É bem possível que alguns que estão no cenário da política nacional não tenham se corrompido – o que não acredito – porque em escala menor ou maior já obtiveram vantagens pessoais com o cargo que exercem.
Os apóstolos deixaram claro seu posicionamento em relação ao sistema, avisando que o mundo está no maligno; que o deus deste século cega o entendimento das pessoas. Se a tendência é o de deixar a malignidade tomar conta do coração, como Deus alertou o povo de Israel – “e não seja maligno o teu coração” (Dt 15.10), imagine cair no sistema maligno! “Que harmonia, entre Cristo e o Maligno?” (2 Co 6.15) pergunta Paulo. Nenhuma, diz João, porque “o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 Jo 5.19), e Jesus afirmou que nada tem a ver com o “príncipe deste mundo” (Jo 14.30).
Admiro a todos os políticos evangélicos que se arriscam trilhar o perigoso caminho da política sob cuja égide age abertamente Satanás. Oro por eles, como sempre orei por meus amigos que desde 1988 entraram para a política e se corromperam. Construíram uma “linda” carreira e a tão sonhada estabilidade financeira, ao custo de algumas perdas, quem sabe, a maior delas, a perda do galardão que lhes estava preparado. Não me refiro à salvação, adquirida pelos méritos de Cristo, mas ao galardão que está preparado a todos os que são fieis. Reconheço seus avanços e a forma como impediram que certos decretos e leis fossem estabelecidos com prejuízo para o povo de Deus, e nisto são elogiáveis – mas também sei que a igreja vive acima das leis, sua existência terrena é revestida de transcendentalidade.
Como afirmou certo escritor no passado: “... a trilogia das atividades humanas se resume nestas palavras: fama, prazer e bens. Tudo está subordinado a esses três objetivos, em defesa dos quais o mundo apresenta hábeis argumentos, criando a ilusão de que são realmente dignos”.
Pense nisso. Vote consciente, afinal, vivemos numa falsa democracia em que somos obrigados a votar. Escolha bem, se é que você tem opções, caso contrário, compareça às urnas e opte por não votar em ninguém! Para o bem do país!

Se ele é todo poderoso, como ofendê-lo, como resistir a ele?

 

Se ele é todo poderoso, como ofendê-lo, como resistir a ele?

A pergunta correta é: Se Deus é todo-poderoso, como podemos agir com livre-arbítrio?

Nos dias da criação, Deus construiu um universo perfeito. Todos os seres vivos, sistemas ecológicos, leis físicas… tudo estava sob seu perfeito controle. Até o homem foi feito na maior perfeição e teve as demais coisas criadas sujeitas à sua vontade, pois assim Deus determinou. E Deus fez mais: presenteou o homem com um atributo que nenhuma das suas outras criaturas teve: livre-arbítrio, o direito de escolher segundo seu desejo. E Ele fez desta forma porque queria que o homem estivesse em comunhão plena com seu Criador, por vontade própria; que o servisse e fosse seu amigo, não por obrigação, mas por amor. Amor livre, pois amor forçado não é amor, é estupro. E assim Adão e Eva foram criados.

É obvio que a liberdade de escolha é uma faca de dois gumes: pode-se tanto escolher o bem quanto o mal. E Deus estava ciente disto. Uma de suas características que O eleva ao status de Todo-Poderoso é a onisciência: o poder de saber todas as coisas, até mesmo antes delas acontecerem – chamado presciência. Desta forma, é impossível que alguém surpreenda a Deus. A queda do homem em Adão não pegou Deus de surpresa.

Mas Deus tratou todas as consequências do pecado humano antes do primeiro homem ser aparecido na face da terra: (…) do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap. 13:8). E ninguém pode criticá-lo pela forma que Ele fez (e faz) isto: acaso o oleiro há de ser reputado como barro, de modo que a obra diga do seu artífice: Ele não me fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem entendimento? (Is 29:16). Deus age no momento mais oportuno sempre e a Sua vontade por fim ficará evidente a todos: (…) e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Flp 2:11).

Como ofendê-lo? Como resistir a Ele? Todo pecado é uma ofensa direta contra Deus. Pecar é resistir à sua Vontade soberana. É usar a boa estrutura de tudo que Deus criou contra o objetivo que Deus desejou para esta estrutura. Mas Deus não fica sem ação diante destes atos de rebeldia. Ele pode agir com justiça em todas as situações. Ele deixaria de ser todo-poderoso se assim não fosse. O grande poder de Deus está no fato de Ele poder agir em qualquer ocasião; nada sai do seu controle. Como seres finitos que somos, parece-nos às vezes que o mal está ganhando. Mas o final já está escrito, com o grande Vencedor, Jesus Cristo, reinando triunfante (1Co 15.24-28; Ap 20-22).