quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O conhecimento de Deus na criação e o Evangelismo

conhecimentoevan
Por Alex Daher

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis. (Romanos 1.20).

Todas as pessoas em todos os lugares do mundo sempre estiveram inundadas com o conhecimento de Deus através da criação. Para onde quer que alguém olhe, ali está uma manifestação visível do Deus invisível. A terra está cheia da glória de Deus (Is 6.3) e os céus proclamam essa glória o tempo todo (Sl 19.1).

Refletindo sobre esse fato – chamado geralmente de revelação geral (ou natural), Stephen Charnock (1628-1680) lista dez atributos de Deus que podem ser vistos através da natureza:

(1) o poder de Deus, ao criar um mundo a partir do nada; (2) a sabedoria de Deus, na ordem, variedade e beleza da criação; (3) a bondade de Deus, na provisão que Deus faz para Suas criaturas; (4) a imutabilidade de Deus, porque se Ele fosse mutável, Ele não possuiria a perfeição do sol e dos corpos celestes, “nos quais nenhuma mudança tem sido observada”; (5) Sua eternidade, porque Ele precisa existir antes daquilo que foi feito no tempo; (6) a onisciência de Deus, pois como Criador Ele precisa necessariamente conhecer tudo o que Ele fez; (7) a soberania de Deus, “na obediência que suas criaturas devem a ele, ao observar suas várias ordens e ao se moverem no espaço em que ele as coloca”; (8) a espiritualidade de Deus, pois Deus não é visível, “e quanto mais espiritual é uma criatura no mundo, mais pura ela é”; (9) a suficiência de Deus, pois Ele deu a todas as criaturas um início, então o ser delas não era necessário, o que significa que Deus não precisava delas; e finalmente (10) Sua majestade, vista na glória dos céus.¹
De um lado, então, temos as cosmovisões ateísta e agnóstica, que defendem a ideia de que Deus não existe (ateísmo) e de que não é possível realmente saber se Deus existe ou não (agnosticismo). Do outro lado temos a cosmovisão cristã, afirmando que “os atributos invisíveis de Deus [...] claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, por meio das coisas criadas” (Rm 1.20). Segundo o testemunho bíblico, portanto, o problema do homem não é falta de evidência, mas um coração insensato que obscuresse o entendimento (v.21) e deixa o homem em um estado de ignorância espiritual. John Piper explica nestes termos:

Nossos corações centrados em nós mesmos distorcem nossa razão ao ponto de que somos incapazes de concluir inferências verdadeiras sobre o que realmente está lá. Se nossa desaprovação à existência de Deus é suficientemente forte, nossas capacidades sensoriais e racionais não serão capazes de inferir que ele está lá. [...] A corrupção do nosso coração é a raiz mais profunda de nossa irracionalidade.²
Implicações para o Evangelismo

Diante da realidade de que o homem não dá a glória e gratidão que são devidas a Deus, podemos pensar em algumas implicações relacionadas ao evangelismo:

  • 1) Não há pessoas inocentes. Mesmo aqueles que nunca ouviram o Evangelho estão em rebelião contra Deus. “Devemos abandonar o mito do indígena inocente”.³ Não há nenhum justo, nem um sequer (Rm 3.10-18).

  • 2) O problema da humanidade é a dureza de coração, não simplesmente seu comportamento externo ou sua incapacidade intelectual. Somente um novo coração (Ez 36.26) através do novo nascimento (Jo 3.3) pode resolver nosso problema de cegueira espiritual. E somente o Espírito Santo tem poder para isso.

  • 3) O evangelho deve ser pregado. Como o cristianismo histórico tem afirmado: O conhecimento de Deus através da criação é suficiente para condenar, mas não para salvar. Somente a mensagem do evangelho pode levar o homem à reconciliação com o Criador e ao verdadeiro conhecimento que dá a vida eterna (Jo 17.3, 1 Jo 2.3). “E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14).

Isso deve nos impulsionar a pregar o Filho de Deus crucificado e ressurreto para a remissão de pecados. O conhecimento que salva está disponível somente em Cristo, “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3). A natureza não pode salvar. Apenas Cristo é capaz de revelar o conhecimento de quem Deus é para a salvação (Jo 1.18).

Por causa disso, aqueles que desistem de sua rebelião com Deus, se arrependem e recebem a Cristo pela fé, o fazem somente por causa da ação da graça soberana de Deus em seus corações. Não foi algum tipo de resto de bom senso pós-queda, um raciocínio mais desenvolvido ou boa capacidade de reflexão. Não fosse pelo Evangelho de Cristo, toda a humanidade teria permanecido em um estado de incredulidade, mesmo diante de tantas manifestações dos atributos de Deus na criação. Não fosse a misericórdia do Rei, todos os súditos rebeldes seriam justa e eternamente condenados.

Que essa realidade nos mova a compaixão por aqueles que estão fora de Cristo, e tenhamos a mesma convicção de Spurgeon: “Evangelismo é um mendigo contando a outro mendigo onde encontrar pão”. E assim aqueles que antes estavam cegos possam olhar para a natureza com os olhos iluminados pela fé e dizer:

O que é a verdadeira conversão?

 
 
Por Josemar Bessa
 
Nenhuma geração anterior a nossa teve uma visão tão superficial sobre conversão como a atual. Esse tem sido o resultado de um afastamento de toda a verdade bíblica a respeito.

Certa vez Spurgeon pregando a respeito da conversão disse:
"Quando a Palavra de Deus converte um homem, tira dele seu desespero, mas não tira dele o seu arrependimento e contrição profundo na visão da malignidade do seu pecado. E isto o acompanha por toda a vida.

Verdadeira conversão dá ao homem perdão, mas jamais faz dele alguém presunçoso. Verdadeira conversão dá a um homem perfeito descanso, mas jamais para o progresso em sua vida. Verdadeira conversão da segurança ao homem, mas ela não permite ele deixar de ser vigilante. Verdadeira conversão dá força e pode ao homem para uma vida de santidade, mas nunca o deixa se vangloriar..."


Sentes a diferença da visão bíblica da conversão? Isto é assim por ela ser uma obra Soberana e miraculosa do Espírito no coração de homens mortos espiritualmente, e não fruto de estratégias de crescimento, estratégias missionais...

A convicção produzida pelo Espírito não anda pela superficialidade do simples – “você quer ir para o céu ou inferno” – nem os demônios querem ir para o inferno – Ou “Deus tem um plano maravilhoso para a sua vida...” – Coisa que o ímpio interpreta como as coisas que um coração caído e inimigo de Deus acha maravilhoso.

A Convicção espiritual atinge não alguns, mas todos os pecados, os pecados do coração, os pecados da vida, os pecados da nossa natureza, os pecados das intenções, os pecados da prática... Onde o Espírito trabalha eficazmente, Ele o faz transformando a Palavra num espelho que mostra ao pecador sua condição como Deus a vê. Abre seus olhos para ver toda a deformidade e imundice que está em seu coração por natureza.

Olhe como Paulo era cego para a sua pecaminosidade, como era justo aos seus próprios olhos, como se achava um homem bom... até que o Espírito lhe revelou a verdade sobre ele mesmo. Já não era questão de – “quer ir pro céu... Deus tem algo maravilhoso...” – Mas era uma visão: “Miserável homem que sou!”

O Espírito sozinho e nada mais, pode fazer o pecador ver toda a deformidade que está dentro. Só Ele tira todos os trapos do pecador e faz com que ele veja a sua nudez e condição miserável. O que Ele mostra é a profundidade de uma alma separada de Deus e apegada e cheia de amor ao pecado e escuridão. Só Ele mostra a cegueira da mente, a teimosia da vontade, quão corrompidas estão as afeições, o endurecimento da consciência, a praga de nossos corações, o pecado da nossa natureza e o total desespero de nosso estado.

A convicção natural, que não flui do Espírito e nem leva a verdadeira conversão, leva a alma se fixar no mal que vem como resultado do pecado e não no mal que o pecado é e como ele rouba a glória de Deus. Convicção natural pode levar ao temor do inferno – principalmente se a morte se aproxima – ou se alguém está vivendo algum drama... mas não a vileza e natureza hedionda do pecado!

A convicção espiritual que flui do Espírito trabalha no interior do homem uma visão de toda a insensatez e de todo mal que está no próprio pecado em si, do que a concentração do mal que vem como o resultado do pecado. A convicção espiritual mostra a desonra e horror que é andar contrário a Deus, as “feridas” feitas no coração de Cristo ( Seu amor nos constrange ) e como ele entristece o Espírito... tudo isso fere a alma sobre verdadeira convicção infinitamente mais do que mil infernos.

As convicções naturais não duram, morrer rapidamente... vem e vão, vem e vão... Elas são como pequenos cortes na pele que podem sangrar um pouco, doer um pouco, mas logo cura e em pouco tempo nem cicatriz resta mais.

Convicções espirituais, produzidas pelo Espírito tão somente pela Palavra, são duráveis, não descartáveis. Elas permanecem na alma até completarem o seu trabalho, atingirem o seu fim – “O que começa a boa obra a termina” – como diz Paulo aos filipenses. Elas não estão a mercê do pecador. As convicções produzidas pelo Espírito Santo são como uma ferida extremamente profunda que vão até os órgãos vitais e parece pôr em perigo a vida do paciente – é uma feria mortal para o homem natural – e apenas restaurada – homem espiritual – pela grande e soberana habilidade do Médico celeste.

As convicções verdadeira produzidas na conversão do homem, ainda estarão lá no momento de saúde, prazer... e no momento de sua morte... e estarão lá pela eternidade sem fim.
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. - 2 Coríntios 5:17