sábado, 9 de fevereiro de 2013

A Mentira de que tudo é Verdade


Por Jorge Fernandes

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” [Jo 17.17]

Este versículo derruba qualquer expectativa dos pós-modernistas de santificação. Também lança por terra as esperanças dos relativistas. Dos liberais. Dos mentirosos, e, sobretudo, daqueles que amam a mentira. Não há possibilidade de santificação fora da verdade; e sendo a palavra de Deus a verdade, fora dela o homem permanece morto em seus delitos.
A Escritura desmente as afirmações e tendências teológicas modernas de que é possível a salvação sem Cristo, sem a Palavra. Baseados no sentimentalismo suicida da alma natural eles crêem não ser necessário nem um nem outro para se alcançar a intimidade com Deus. Na verdade, esse homem está depositando todas as suas fichas num prêmio que acredita ser capaz de obter por seus próprios meios, mas que o deixará exatamente no mesmo estado em que se encontra: condenado.
É interessante que as religiões, mesmo o “cristianismo” humanista, proclama que qualquer caminho pode levar a Deus. De que a importância está naquilo que o homem tem no seu íntimo, no seu desejo de encontrá-lo. Mais surpreendente ainda é que a cosmovisão desse mesmo homem o levará à destruição, pois o que há nele além do mal? “Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto” [Sl 5.9].
A falácia de que se o homem for sincero Deus se apiedará dele, não passa de uma desculpa esfarrapada para a autopreservação do pecado. Não há garantia de que a sinceridade na mentira produzirá a santidade. Pelo contrário, a santidade é possível apenas na verdade. E se não houver santificação, não há salvação. Por toda a Escritura este conceito está delineado, podendo ser resumido da seguinte forma: “Como está escrito: Sede santo, porque eu sou santo” [1Pe 1.16]; e, “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” [Hb 12.14]. Cristãos professos, mas que acreditam possível manter uma vida impiedosa, sem arrependimento, sem frutos para a glória de Deus, estão esquentando os bancos das igrejas, enganam-se a si mesmos, pois sobre eles permanece a ira do Senhor [Jo 3.36].
Igualmente, os que não crêem na Bíblia como a fidedigna palavra de Deus, considerando-a um livro moral como outro qualquer; ou aqueles que a interpretam equivocadamente [guiados por suas mentes carnais e não pelo Espírito]; ou os que a negligenciam, relativizam, duvidando de sua historicidade; em suma, os que não a têm por fiel, inerrante, infalível e, portanto, verdadeira, jamais verão a Deus. Podem ser sinceros o quanto for. Podem ser eruditos o quanto for. Podem apresentar as mais plausíveis e convincentes argumentações para desacreditá-la. Podem mesmo tê-la à cabeceira da cama como um adorno, como um amuleto, ou como um livro de “máximas humanas”; podem admirá-la, e considerá-la com respeito; porém, se não for a verdade absoluta, o próprio Deus falando com o Seu povo, de nada servirá todo o seu esforço; porque está direcionado à mentira, à insensatez, de tal forma que manterá o pecado intocado, intacto, em seu efeito de produzir o homem morto para Deus.
Então, o ponto é: qualquer que seja o padrão da mentira, sua eficácia anula o conhecimento de Deus; e seus frutos permanecem latentes, à espera de se abrir as portas do Inferno.
Por isso, na oração, o Senhor não está a falar de todos os homens. O contexto de João 17 é delineado pelas palavras de Cristo: “para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste” [v.2]; “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste” [v.6]; “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” [v.9]; “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu” [v.12]; e outras citações mais no texto sagrado. O que se evidencia e se torna patente na intercessão de Jesus é que não está a pedir por todos os homens, mas o Seu alvo é definido, claramente delimitado: os que foram predestinados eternamente para serem conforme a Sua imagem. O fato da oração acontecer imediatamente após falar com os discípulos [v.1], não deixa dúvidas de por quem pedia: os eleitos, os salvos.
Como os réprobos não podem e jamais poderão ser santificados [não depende deles, mas de Deus], ainda que ouvindo a palavra, o resultado será o oposto ao produzido nos eleitos: a rejeição à verdade. O Evangelho gera salvação no eleito, e condenação no réprobo porque a palavra “há de julgar no último dia” [Jo 12.48]. O fato é que, como verdade, ele condena a mentira; e todo aquele que não pratica a verdade, “não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” [Jo 3.21], já está condenado.
Dizer que tudo é verdade, é mentira. Acreditar nela, levará a uma verdade: a morte eterna.
Não se pode esquecer que Cristo é a verdade [Jo 14.6], e também a palavra [1Jo 5.7]. Logo a santificação somente é possível por Ele. E qualquer que diga o contrário é mentiroso, ainda que sincero; porque a mentira sincera é a mais extrema manifestação de estupidez e ignorância.
Sem entrar em todos os pormenores envolvidos na santificação, o que o verso introdutório está a dizer é muito claro: ninguém pode ser santificado no engano, no erro, na falácia. Apenas a palavra de Deus é a verdade; e nela, o novo-homem, o eleito, será santificado, em obediência a ela.
Sem nos esquecer de que a salvação e a santidade foram determinadas na eternidade, e ambas acontecerão infalivelmente, aos eleitos, pelo poder de Deus.
E isto é a mais pura verdade.

Qual é o mínimo necessário?


Por Josemar Bessa
Essa é uma pergunta comum. Muitos acordam pela manhã e o mote que os conduz é - “Qual é o mínimo que eu posso fazer e ainda estar agradando a Deus? Qual é o requisito mínimo?”
A ideia é - Quando estou livre para fazer o que eu quero? O que devo cumprir para depois estar livre? É a pergunta, por exemplo, que Pedro fez no que diz respeito ao perdão – Qual é o número de vezes que eu tenho que perdoar para depois ficar livre para não perdoar mais? – Mateus 18.21-35.
Assim, com este espírito, pessoas tem tratado da santidade, mundanismo... Isto expressa um coração que não entendeu o evangelho e como a Verdade é a expressão do caráter de um Deus imutável. Foi essa pergunta que os fariseus fizeram em relação ao casamento – “Qual é o mínimo necessário para que eu possa ter uma desculpa para me divorciar da minha esposa?” – Mateus 19.1-12. É a mesma pergunta do jovem rico sobre moralidade – "Qual é o mínimo que posso fazer para ter a vida eterna?" - Mateus 19.16-22. É de se espantar que ele tenha ido embora triste?

Sobre esta questão C. S. Lewis escreve sabiamente:

"Nossa tentação é sempre olhar ansiosamente para o mínimo que será aceito. Somos, de fato, muito parecidos com homens que tem que pagar seus impostos, com os contribuintes honestos, mas relutantes. Aprovamos o imposto de renda, mas só em princípio. (Muitos de nós tem tratado as coisas de Deus assim). Pagamos, mas sempre temendo o aumento do imposto. Somos sempre cuidadosos para não pagar jamais mais do que o mínimo necessário. E esperamos, com avidez, que depois de ter pago, ainda sobre o suficiente para vivermos".

É impossível viver para a glória de Deus com a mentalidade de contribuintes. É impossível viver para a glória de Deus com a obediência de contribuintes – essa é uma obediência miserável. Você deve abandonar a ideia de dividir sua vida, seu tempo, seus prazeres... entre você e Deus. Você deve ir para a cruz. Mate seu instinto de auto-preservação mundano. Mate! – “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” – Gálatas 2.20. Rendição total e absoluta é o nosso único descanso, nossa única alegria verdadeira e sólida no Reino de Deus. Fora disso o que o homem tem é apenas a tentativa de barganha de uma alma insatisfeita com tudo que Deus é em Cristo para ela.
Em 2 Coríntios 8.5, Paulo diz: “deram primeiramente a si mesmos ao Senhor” – Este é o passo que deve ser dado a cada manhã. Isto significa que eles deram seus corações a Deus, sendo conquistados por Sua beleza infinita que os satisfez completamente. (Sem barganhas – Sem coisas do tipo – “o que vai sobrar para mim?” – sem mentalidade de contribuinte).

“Deram primeiramente a si mesmos” – Entregaram suas vontades a ele para serem governados por Ele. Dedicaram suas vidas a Ele, em busca total de Sua honra e glória – “Também no caminho dos teus juízos, SENHOR, te esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma. Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” - Isaías 26:8-9


O desejo está firmado no próprio Deus, seu favor, graça, misericórdia, justiça, santidade... sua presença graciosa, a influência santificadora de sua graça sobre nós... Nossas vontades cativas, como o servo é rendido ao prazer de seu mestre. Seus desejos e interesses se tornando nossos prazeres e força de propulsão da vida.
Esqueça a mentalidade de contribuinte! “Qual o mínimo necessário” – é uma pergunta diabólica. Deleite-se em tudo que Deus é.