sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

NEM MONGE NEM EXECUTIVO


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
É moda entre os evangélicos citar monges como modelo de espiritualidade. Apesar de permanecerem idólatras, são mostrados como exemplos para nós. Por exemplo, Philip Yancey, que exibe grande ressentimento contra tradicionais, é mestre em exaltar monges. Nesta esteira veio o livro O monge e o Executivo, de James Hunter, tido como uma “bíblia” de liderança.
Quando vi o livro de Paul Freston, Nem monge nem executivo, gostei e adquiri. Pelo título e por Freston, que combina espiritualidade e brilho intelectual. Li de uma assentada. É um livro de meditações nos evangelhos. Analisando personagens que se relacionaram com Jesus, começando por Maria, Freston mostra como suas vidas foram radicalmente modificadas. Ao invés de olhar para homens como modelos de espiritualidade, ele acena com o modelo de vida de Jesus. Não trata de liderança, mas como Jesus é um modelo de espiritualidade invertida, uma espiritualidade serviçal. Freston não combate o livro de Hunter. Nem eu. Li O monge e o executivo, aprendi com ele, e vejo valor nele. Mas Jesus é realmente fantástico. Um homem absolutamente despreocupado consigo mesmo, sem qualquer desejo de dominar. Na realidade, um antilíder, pois sua preocupação maior era de ser servo.

Jesus é o maior líder, o maior vulto da história. Escolheu doze homens sem relevância social, numa região atrasada, subdesenvolvida, e trabalhou com eles por curtos três anos. Foi traído por um deles e abandonado pelos demais. Foi morto com requintes de crueldade, sob intensa zombaria. Não deixou uma linha escrita. Mas mais livros se escreveram sobre ele que sobre qualquer outro personagem. Mais músicas se compuseram sobre ele que sobre qualquer tema. Sua maior viagem não ultrapassou 300 km. Mas marcou o mundo. Fundou um movimento que chamou de “minha igreja”, e que tem atravessado os milênios, duramente perseguida. Até mesmo por gente que diz segui-lo. Há gente na igreja que serve ao inimigo: odeia-a. Muitas vezes seus seguidores o desonraram e fizeram coisas erradas em seu nome. E ele continua como o maior homem que já existiu.

Ninguém recuperou mais vidas que ele. Ninguém reconstruiu mais lares que ele. Ninguém encheu os homens de esperança e vigor para uma vida correta mais que ele. Gosto de Beethoven, mas não morreria por ele. Gosto de Machado de Assis, mas não sofreria por ele. Não apenas eu como milhões de pessoas morreriam por Jesus, vendo isto como privilégio.

Jesus é o modelo. Um líder que não aprendeu com monges. Era menos executivo e mais office boy: sua preocupação era fazer a vontade do Pai. Nunca usou as pessoas como trampolim para seu ego, mas deu a vida por elas. Ninguém chega aos seus pés.
Sim, nem monge nem executivo. Jesus.

Caçadores de Heresias

Por J. W. McGarvey

Algumas pessoas têm idéias muito confusas sobre a caça de heresias e sobre a liberdade cristã.
Se um homem avançar e procurar propagar ensinos que eu considero muito injuriosos- insultantes, se é que não os considere totalmente destruidores, e eu retornar este ataque atacando tais ensinos com vigor, tal vigor que ele se sinta incapaz de resistir a respeito dos méritos da questão [ante a Bíblia tomada literalmente, dentro do contexto de cada texto], é comum que a ele e seus amigos só reste o truque de gritarem, "Caçador de Heresias! Caçador de Heresias!"

Se os muitos de nós forem espionar noite e dia as palavras de algum homem para encontrar algo errado, do mesmo modo como alguns cães de caça, trancados em um quintal, ficam desesperadamente latindo toda a noite até mesmo contra insetos ou inimigos imaginários... nós poderíamos ser justamente acusados de loucos "Caçadores de Heresias"; mas se aqueles cães de caça têm visto uma raposa sair da galinheiro de algum homem, ninguém objetaria se eles derem o alarme e saírem em perseguição do sanguinário animal. A raposa pôde gritar com todos seus pulmões alegando ter liberdade pessoal, e dizer, "eu tenho todo direito de ter uma galinha para jantar e você não tem nenhum direito de me denunciar tão escandalosamente, muito menos de me perseguir," não obstante, o julgamento comum da humanidade diria que isso, perseguir a raposa, afastando-a, seria um ato reto e louvável, enquanto o ato da raposa matar as galinhas é nocivo.

Longe, no Oeste, há caçadores de ursos. Eles vão rastejando furtivamente ao redor entre os montes e as rochas, tentando surpreenderem um urso e prevalecerem sobre ele. Nisto, esses caçadores são como reais "Caçadores de Heresias". Mas se um homem estiver andando ao longo da estrada pública, e encontrar-se com um urso em pé sobre suas patas traseiras, tentando despedaçá-lo com suas patas dianteiras, é certo que haverá uma luta ou uma corrida a pé; e se o homem lutar contra o urso, ninguém poderia, por causa disto, chamá-lo de um caçador de ursos. O urso pode dizer, "eu sou livre, e tenho tanto direito a essa estrada estrada quanto você tem, e tenho o direito de matá-lo", e o homem poderia responder, "eu também sou livre e tenho tanto direito a esta estrada quanto você tem, e tenho direito de resistir e não me deixar ser morto".
E se o homem dissesse também, "Você está procurando me abraçar, e você abraça todos que você pode, assim eu passarei uma bala através de você", o cidadão médio diria que o homem estava no seu direito. Assim, se uma heresia não quiser ser recebida a balas, deve manter-se bem escondidinha, e não sair de onde deveria ficar, e vir para fora, para a estrada pública, a fim de atacar todos que nela passam"

"Tolerância é uma virtude para aqueles que não têm nenhuma convicção." - Anônimo