segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Um Jesus brasileiro



Por Luciano Martini
Tenho a impressão de que nunca se ouviu falar tanto a respeito de Jesus no Brasil como atualmente. Se ligarmos o televisor veremos programas evangélicos, católicos, espíritas, seicho-no-ie e até umbandistas falando de Jesus. Nas livrarias então, podemos encontrar o Jesus executivo, o Jesus psicólogo, o Jesus vendedor, o Jesus consultor financeiro, o Jesus revolucionário, o Jesus casado com Maria Madalena, o Jesus milionário, o Jesus reencarnado, entre outros… Definitivamente, no Brasil, Jesus é pop, Jesus é top marketing. Há para todos os gostos, desde o Jesus semelhante ao gênio da lâmpada de Aladim, mas que ao invés de me conceder apenas três desejos está disposto a me obedecer indefinidamente, até o Jesus alienígena que veio em um disco voador e partiu incompreendido pelos terráqueos, mas que um dia voltará como o “Cristo Maitreya”. Parece que a maioria dos brasileiros não tem dificuldade em crer em Jesus, a dificuldade aparece na hora de crer no que Ele disse. É preferível olhar para o Nazareno e dizer quem ele é, do que acreditar quando Ele diz: – EU SOU. Acontece que como salientou C.S. Lewis: “Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prostrar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la”.
Enxergar Jesus como um mestre de moral, ou um executivo moderno, ou um espírito de luz é o mesmo que não enxergá-lo. Não estou dizendo com isso que o ensino mais amplo de Jesus não pode trazer princípios para áreas como a psicologia, administração, relações humanas etc; estou dizendo que Ele não veio para isso.
A leitura do Evangelho deixa muito claro que não temos como abraçar apenas o enfoque que queremos, ou escolhemos, a respeito de Jesus. Ele não veio para conquistar nossa admiração, veio para morrer por nós, nos reconciliar com Deus. Usar o nome de Jesus como referência, sem, no entanto, dar crédito as suas palavras é ultrajar a sua obra.
“- Quem o povo diz que sou? Eles responderam: – Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros que é Elias; e outros, que é um dos profetas antigos que ressuscitou.
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? – perguntou Jesus.
Pedro respondeu:- O Messias que Deus enviou.” (Lucas 9.18b-20)

Avatares!

"MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;" - 1 Timóteo 4:1.

Por Vilson Ferro Martins

Chamou-me a atenção quando observei uma criança brincando com uma figura luminosa parecida com um ser humano, mas que possuía uma espécie de rabo. Ela disse que era um "avatar". Fui pesquisar e descobri algumas coisas interessantes que, como cristão, devem nos remeter a uma reflexão, principalmente sobre o contato que crianças têm com essa "doutrina" sendo vítimas fáceis de bem elaboradas e intrincadas teias diabólicas.
Primeiro é importante saber o que significa "avatar", que segundo o dicionário Michaelis é: "No hinduísmo, encarnação (literalmente descida) de uma divindade sob a forma de um homem ou de um animal, sobretudo de Vixenu, segunda pessoa da trindade indiana". Olha só com o que as crianças estão tendo contato e se maravilhando...
Depois, como se trata de um termo novaerense, pesquisei o significado que eles dão e achei o seguinte: Segundo Alice Ann Bailey (mentora da Nova Era) a palavra "avatar" significa: "Descer com a aprovação da fonte superior da qual provém, para benefício do lugar ao qual chega" (Dicionário Sânscrito de Monier Willians). Segundo ela, os "avatares" mais conhecidos são: Buda no oriente e Jesus no ocidente. Ainda segundo ela, os "avatares" expressam dois incentivos básicos: a) A necessidade de Deus fazer contato com a humanidade e relacionar-se com os homens e b) A necessidade que tem a humanidade de entrar em contato com a divindade e ser ajudada e compreendia por ela.

Amados, é testemunha que não tenho a menor intenção de propagar tal ensino, todavia, se faz necessário trazer esses relatos para que - principalmente os pais - estejam atentos sobre que tipo de "influência" que os filhos estão se expondo.

Para minha surpresa, quando fui pesquisar sobre o filme, descobri que o James Cameron (o diretor) estudou, pesquisou e demorou nada mais e nada menos do que uma década para lançar tal filme (e derivados). Estranho não? Por que demorar 10 anos para lançar um filme, sendo que bem sabemos tratar-se de um negócio bilionário? Logo percebemos que não é tanto pelo dinheiro, mas sim o momento certo de disseminar uma "doutrina". Agora, após o lançamento do filme e paralelo a ele, são lançados games, brinquedos, revistas, etc...
Sem dúvida, as crianças (mesmo as que não assistem ao filme) ficarão encantadas com o filme e suas engenhocas fascinantes, e assim serão atraídas exatamente como aconteceu com as crianças do Flautista de Hammelin. A armadilha é sempre a mesma, ou seja, criar instrumentos com os quais as crianças poderão acumular conhecimentos e absorver informações (serem doutrinadas). A tática é usar símbolos, pois, bem sabemos que a cognição funciona melhor quando expostos a simbologias.
Portanto, assim como me chamou a atenção aquele garotinho inocentemente brincando com seu avatar (ele provavelmente nem assistiu ao filme e muito menos sabe o que significa), espero que o Senhor esteja chamando a atenção de pais e mães, pois, não me canso de escrever que é bíblico dizer: "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes." (1 Coríntios 15:33). Por trás de um aparente inocente filme, brinquedo ou game, uma alma está sendo enredada por um inimigo sutil e terrível, cuja forma de ação se resume em roubar, matar e destruir, mesmo que sejam inocentes indefesos.
Em o Nome do Senhor, está dada a informação!

O verdadeiro tesouro da Igreja

 
Por Maurício Zágari
Você sabe quem foram Bacio Pontelli, Giovannino de Dolci, Perugino, Ghirlandaio, Rosselli, Signorelli, Pinturicchio, Piero di Cosimo, Bartolomeo della Gatta, Rafael, Michelangelo Buonarroti e Sisto IV? Não? Então aguarde um pouquinho que já vai saber. Mas antes vamos falar um pouco sobre tesouros.

Com a renúncia do papa Bento 16, li diferentes reportagens que falam sobre o local onde ocorre a eleição do líder católico: a Capela Sistina (foto ao lado). Em muitas dessas matérias de jornais o texto referiu-se a essa Capela como um “tesouro da Igreja”. Lembro bem das duas vezes em que tive a oportunidade de visitar a Capela Sistina, uma maravilha da arte sacra, um monumento da História da Igreja. Uma obra belíssima do bom gosto humano. Fica no Palácio Apostólico, residência oficial do papa, na Cidade do Vaticano. Seus afrescos (técnica de pintura em paredes) têm beleza e valor incalculáveis.

No entanto, falando espiritualmente, sempre que penso na Capela Sistina a imagem que vem a minha mente nunca são pessoas ajoelhadas em contrição, vidas em arrependimento sincero por seus pecados, a pregação genuína da Palavra de Deus, gente sendo discipulada, adoração de filhos ao Pai celestial. O que me lembro das duas ocasiões é uma multidão de turistas se espremendo, sentando no chão daquele santuário, uma balbúrdia incontrolável, desrespeito por um lugar sagrado, indivíduos desobedecendo todas as normas do lugar e guardas de segurança berrando em inglês “No photos!” (“Sem fotos!”) o tempo inteiro, sendo solenemente ignorados pelos turistas.

Enfim, naquele local, feito para prestar culto a Deus, o que há hoje é um coquetel alucinado de desobediência, desrespeito, desordem e indecência – e não vi ninguém entrar por aquelas portas mencionando o nome de Jesus: tudo é uma grande ode à arte das paredes e do teto. A Capela Sistina é considerada um tesouro artístico da humanidade. E é. Mas isso me faz pensar. Pois ali hoje não há nada que me lembre Cristo, que aproxime dele as hordas que se atropelam no local. Em resumo, é um tesouro de valor incalculável mas espiritualmente inútil.

Não é segredo para nenhum de nós que vivemos na época da Teologia da Prosperidade que os males provocados por essa heresia e as igrejas que a adotaram acabaram com a imagem da Igreja evangélica como um todo diante da sociedade. Mas esqueçamos a Teologia da Prosperidade e seus seguidores por alguns momentos. Pensemos nas igrejas sérias. Nas que de fato têm lideranças honestas diante do Senhor, onde se busca discipular bem os membros e glorificar a Deus, onde se pensa mais na eternidade do que na vida terrena. Será que é possível ultrapassar até mesmo inconscientemente os limites do uso do dinheiro nessas congregações piedosas, corretas e de fato cristãs?

Sim, é.

Não é pecado os responsáveis por uma igreja se preocuparem com sua estrutura e manutenção financeira. Na verdade, se não tratarem dessa questão com muito zelo estarão sendo negligentes com a obra de Deus. É preciso sobriedade e diligência na gestão econômica de uma igreja. Mas o maior erro que cometem, muitas vezes sem maldade e sem perceber que é um erro, é pôr o dinheiro acima de pessoas. E como isso pode acontecer?

Crendo ou agindo como se o tesouro de uma igreja fosse dinheiro ou qualquer coisa relacionada a ele em vez de Deus e de indivíduos. Fazendo mal a pessoas por causa de dinheiro. Pondo em qualquer instância dinheiro acima de seres humanos.

Ouvi algumas vezes de irmãos que se dedicam amorosamente à administração monetária eclesiástica a expressão “erário da igreja”, referindo-se ao dinheiro que seus membros entregaram aos líderes na forma de ofertas e dízimos. Pelo dicionário, “erário” é, literalmente, “Conjunto dos recursos econômicos e financeiros de uma entidade ou de um Estado. = TESOURO“. Nesse sentido, é correto dizer que “erário” são os números que aparecem no extrato bancário de uma igreja. Mas chama a minha atenção a apresentação e definição de “erário” também como “tesouro”, pois imediatamente vêm à minha mente Mateus 6.21 e Lucas 12.34, passagens que mostram a afirmação de Jesus no Sermão do Monte: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”. E onde deve estar o coração de uma igreja?

Mateus 22.36-40 registra o diálogo entre Jesus e um fariseu: “Mestre, qual é o grande mandamento na Lei. Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

Eis a resposta. O tesouro de uma igreja, o erário de uma Igreja, não é dinheiro: são Deus e as pessoas. A mais bela, imponente, rica e suntuosa igreja já construída não vale um centavo aos olhos de Deus se posto em comparação com o mais humilde e desconhecido dos indivíduos. As magníficas pinturas da Capela Sistina têm zero de influência sobre o destino eterno de almas humanas. E, por esse prisma, ela vale menos do que qualquer igrejinha humilde de pau-a-pique de beira de estrada onde se realize um culto para três pessoas.

Sou favorável a termos um local de culto, um templo, um santuário. Não junto minha voz à dos irmãos bem-intencionados que julgam que igrejas nos lares ou “comunidades” são a resposta bíblica, embora entenda suas razões. São meus irmãos em Cristo e compreendo sua repulsa pelos templos institucionais, mas não coaduno de sua visão, por entender que estão condenando algo que o Senhor não condena, oferecem soluções que não solucionam e geram um debate que não leva a lugar nenhum. Não quero entrar nesse mérito aqui, as razões que me levam a acreditar na Igreja organizada já foi exposta em diversos posts deste blog (por exemplo, Jesus nunca construiu templos).

A questão é que paredes não são a riqueza de uma igreja. Nem bancos. Vitrais. Ou o batistério. Os instrumentos musicais. A decoração do teto. A arquitetura. A decoração. A conta bancária. No dia em que o “erário” de uma igreja passa a ser dinheiro em detrimento das almas que entram por suas portas essa igreja faliu. Tornou-se um monumento vazio e triste. Na Segunda Guerra Mundial os bombardeios assolaram dezenas de igrejas e catedrais pela Europa, que viraram montes de escombros (veja foto à dir.). Todo o dinheiro investido ali virou pó. Basta um terremoto, uma enchente, uma praga de cupins e o “erário” vai por água abaixo.

Passo com frequência na porta de igrejas suntuosas, como, por exemplo, a belíssima Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. Você sabe dizer quem idealizou sua construção? Eu não. Sabe quem foi seu arquiteto? Eu não. Sabe os nomes dos presbíteros do Conselho que aprovaram sua edificação? Eu não. Não sei nada de sua história. Mas conheço diversas pessoas que ali conheceram Cristo e desenvolveram sua fé. Pessoas que, junto com o Deus que ali é adorado, são o verdadeiro erário, o tesouro daquele local. Aquele lindo templo não é a realização de seus idealizadores e construtores: os seres humanos que passaram por suas portas e por sua história são.

Fico imaginando quando chegaram ao céu os príncipes, reis e sacerdotes da Europa que idealizaram e financiaram igrejas monumentais, banhadas a ouro, com vitrais e rosetas coloridas, órgãos de tubos magistrais e pés direitos de dezenas de metros; e Deus lhes perguntando: “O que você tem a apresentar?”. Ao que responderam: “Ergui igrejas e catedrais magníficas para ti, Senhor”. E, em meu exercício de imaginação, consigo pensar em Deus balançando a cabeça e dizendo: “Não, meu filho, você não entendeu a pergunta. Quero saber quantos seres humanos você amou de modo desinteressadado. Quantas vidas você abençoou. Quantas almas edificou. Qual o nome de cada indivíduo que entrou pelas portas dessas igrejas, o que você fez para sanar suas dores, para dar paz a seus corações. A quantos estendeu perdão real. Quem preferiu em honra. Exerceu justiça com todos? Pois foi esse o erário que entreguei em suas mãos para que você cuidasse”.

É com isso, acima de tudo, que devemos nos preocupar. Grandes monumentos eclesiásticos serão comidos pela traça e a ferrugem. Virá um bombardeio, um terremoto, extremistas islâmicos ou uma enchente e as maiores catedrais valerão algo somente para algum ferro-velho. A magnífica Catedral de Córdoba, na Espanha (foto à esq.), erguida para  Jesus, virou uma mesquita para adoração de Alá após a conquista do país pelos mouros no ano 711. Se aquilo fosse o erário da igreja espanhola ela estaria sem nada para apresentar a Deus no dia da grande prestação de contas. No local do Templo de Jerusalém existe atualmente uma mesquita e só sobrou um muro onde judeus lamentam sua assolação, um erário de interesse meramente histórico para a Nova Aliança. No subsolo da famosíssima Catedral de Milão hoje há apenas um amontoado de pedras do que foi sua primeira construção, considerada (como diz o folheto para turistas) “uma pérola arqueológica”. Como local espiritual de adoração a Jeová seu valor é zero. Mas, quando estive lá, aos meus pés havia um buraco insosso que outrora foi o ricamente adornado tanque batismal onde Ambrósio batizou um dos mais valiosos itens do erário celestial: Agostinho de Hipona, um dos maiores teólogos de todos os tempos, um homem que há 1.700 anos abençoa vidas com seus ensinamentos – e elas sim são o seu legado.

É natural que a preocupação de um pastor seja fazer a igreja que lidera congregar no melhor templo possível. É compreensível e penso que eu, se estivesse à frente de uma congregação, faria o mesmo. Nunca, porém, erigiria uma construção suntuosa, prefiro um espaço onde se consiga conhecer todos pelo nome e se pastorear bem as ovelhas, de perto. No dia em que houvesse superlotação abriria congregações. Não gastaria muito dinheiro na obra, para que sobrasse o suficiente que me permitisse abençoar vidas, enviar e sustentar pelo tempo necessário muitos missionários, ajudar os necessitados, construir talvez uma pequena escola, editar livros que viessem a edificar e consolar vidas. Enfim, administraria o “erário” não para que ele se tornasse uma Capela Sistina – belíssima mas inútil para o Reino de Deus -, mas que fosse investido para aproximar cada vez mais o verdadeiro erário de Deus do maior erário que um homem pode ter: Jesus de Nazaré.

Agora, respondendo à pergunta do início: Bacio Pontelli foi o arquiteto que projetou a Capela Sistina, já tinha ouvido falar dele? Giovannino de Dolci foi quem supervisionou a obra, já tinha ouvido falar dele? Perugino, Ghirlandaio, Rosselli, Signorelli, Pinturicchio, Piero di Cosimo, Bartolomeo della Gatta, Rafael e Michelangelo Buonarroti são os artistas que embelezaram o local, já tinha ouvido falar de todos? Talvez de Rafael e Michelangelo, os mais famosos. E Sisto IV foi o papa católico que financiou a transformação da antiga Capela Magna na que veio a se chamar Sistina, em sua homenagem. Já tinha ouvido falar dele?

Nosso tesouro está no Céu, meu irmão, minha irmã. Enquanto estamos na terra, nosso tesouro são pessoas e Deus. Que nunca nos esqueçamos que aquilo que fazemos para os seres humanos e o nosso relacionamento com Deus são o nosso verdadeiro foco nesta vida. Pois é única e exclusivamente isso que nos fará sermos chamados “servos bons e fiéis”.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

VONTADE DE DEUS E ATOS DAS PESSOAS

Por Isaltino Gomes Coelho Filho
“Ele os ensinava, dizendo: Não está escrito: a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a transformastes num antro de assaltantes” (Marcos 11.17, Almeida Século 21)

“Mas”. Você conhece esta palavra. É uma conjunção adversativa. Sua função é estabelecer um contraste entre duas afirmações. Há um “mas” na palavra de Jesus que encima este artigo. Na primeira sentença, encontramos o que Deus desejava que o templo de Jerusalém fosse: uma casa que atraísse pessoas de todas as nações. Nela, as pessoas de todas as raças poderiam orar a ele. Na segunda, iniciada pela adversativa, o que os homens fizeram: transformaram-na num antro, um covil, de assaltantes. Na primeira, a vontade de Deus. Na segunda, o que os atos das pessoas produziram.

O templo recebia judeus do mundo inteiro, que traziam seu dinheiro em moeda de outro país. Precisavam comprar animais para oferecer em sacrifício, mas sua moeda não tinha valor em Jerusalém. Algumas tinham efígie de algum rei, e os judeus não as aceitavam porque isto lhes soava com idolatria. Por isso, os sacerdotes fizeram uma “casa de câmbio” no pátio do templo. Também fizeram tendas para vendas de animais para os sacrifícios. Outros vendiam azeite, sal e óleo que eram necessários para os sacrifícios. O lugar santo, que deveria atrair fiéis do mundo inteiro, com propósitos espirituais, se tornou um lugar de comércio, lucro, extorsão, etc. E lugar de hipocrisia, porque os sacerdotes aceitavam as moedas estrangeiras com efígie, muitas delas de ouro, mas como as tinham como impuras pela idolatria, pagavam bem menos por elas.

Jesus ficou indignado com isso e expulsou os vendedores, os cambistas e não permitiu que atravessassem o lugar conduzindo animais e mercadoria.

Com que facilidade as pessoas podem distorcer o que é santo! A religião pode se tornar comércio, fonte de lucro, e não um espaço para se buscar a Deus e conhecer a Jesus Cristo. É preciso ter bastante cuidado e distinguir entre o que Deus recomenda em sua Palavra e o que nós achamos que é o melhor. Os oficiais do templo estavam cheio de boas intenções, como facilitar as coisas para quem não tinha a moeda local ou precisava comprar um animal (ninguém faria uma viagem de navio ou em caravanas carregando animais e aves). Mas com isso a santidade do lugar ficou comprometida. Não podemos tomar atitudes baseados apenas em boas intenções, e sim buscar o que seja a vontade de Deus. Nem sempre isso nos parecerá claro, mas uma boa pista está aqui: o que está escrito na Palavra de Deus? Esta atitude que tomarei vai honrar a Deus? É bom lembrar que nem sempre o que pensamos é o que Deus deseja. Muito cuidado com esta postura de alguns: “Farei o que estiver no meu coração!”. Esta é a maneira mais fácil de errar. Nosso coração não é Deus, é pecador e corrompido (leia Jeremias 17.9). E algo pode estar nele e ter sido inspirado pelo Maligno. Quem pensa desta maneira se tem em alta conta, porque presume que seu coração é completamente santo e totalmente sábio. Nós precisamos ser guiados pela Palavra de Deus e não pelos nossos “eu acho” ou “eu sinto”.

Neste episódio vemos também que fé e comércio nem sempre têm uma convivência harmoniosa. Comerciar não é errado. Precisamos comprar e para isso alguém tem que vender. Mas é preciso bastante equilíbrio para não corromper o que é sagrado. O comércio da fé que se verifica em nossos dias é uma vergonha e mau testemunho. Há gente vendendo sabonete ungido, óleo santo, crucifixos feitos de lascas da cruz de Cristo, pedaços da toalha com a qual o pregador cheio de poder se enxugou, etc. A igreja precisa de recursos financeiros para sobreviver, mas estes devem vir de dízimos e de ofertas, como a Bíblia ensina, e não de venda de objetos e da comercialização da fé. Este autor se recorda que em um pastorado seu, na Amazônia, foi chamado pelos pais de uma criança para orar por ela, que estava enferma. Foi, orou, e graças à misericórdia de Deus, a criança recuperou a saúde. Mas o que o impressionou foi a pergunta do pai: “Quanto o senhor vai cobrar? Por que na Igreja Tal o pastor pediu R$ 50,00 para ir lá em casa orar”. Que tristeza! A família não era crente e procurou alguém para orar pelo filho e esta pessoa pediu dinheiro! A ganância religiosa é um pecado sombrio, que tira de Deus o aspecto de um Deus da graça e o torna em um deus (com d mesmo) mesquinho, que age movido por dinheiro. Fuja dos comerciantes da fé. E nunca seja um deles. A igreja precisa ser santa não apenas no louvor, mas também na vida material, inclusive no jeito de lidar com o dinheiro.

E há uma lição muito valiosa que passou despercebida aos líderes judeus. Jesus se anunciou, em outro lugar, como sendo o novo templo (João 12.13-21). O templo era o polo de atração para o mundo, na teologia judaica. Com a chegada de Jesus, o polo de atração mudou. Não é um prédio. É ele: “E eu, quando for levantado da terra atrairei todos a mim!” (Jo 12.32). Os judeus do mundo inteiro sonhavam em ir um dia a Jerusalém, para conhecer o templo, a casa de Deus, e ali manter comunhão mais profunda com ele. No Novo Testamento, não precisamos ir a algum lugar definido, mas basta crermos em Jesus Cristo. Ele é Deus conosco (Is 7.14). A glória de Deus não está numa casa, mas em Jesus. É nele que encontramos Deus.

E há mais uma verdade, decorrente dessa: agora nós somos o templo de Deus (1Co 3.16). É em nós que a glória de Deus habita. E é em nós que o mundo sem Cristo deve ver a glória de Deus. Que nossa vida seja casa de oração, uma vida de comunhão com Deus, e não um antro de assaltantes. Que ela honre não desonre a Deus.