quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O cativeiro intelectual do evangelho




Por Roosevelt Nunes
Na primeira epístola a Timóteo, Paulo honra a Igreja com o título de “coluna e fundamento da verdade”. Sobre isso, Calvino afirma: “a Igreja é a coluna da verdade porque, através de seu ministério, a verdade é preservada e difundida”. Embora a criação possibilite que conheçamos a realidade do mundo físico, este conhecimento é imperfeito e confuso por causa do pecado que corrompeu o intelecto humano. A revelação geral só é corretamente entendida por aquele que, mediante a iluminação do Espírito Santo, entende a especial [1]. Diante disto, a Igreja não pode fugir da mesa do debate público. E não deve fazer isso por temor ao Senhor, que deseja ver sua criação restaurada, e por amor ao próximo, uma vez que a humanidade vive num estado de caos por causa das trevas em que se encontra. Entretanto, hoje predomina um espírito de acomodação: a Igreja se exime da crítica dos valores de nossa cultura, utilizando avaliações seculares para fins de discussão. Caímos no erro do reducionismo: a mensagem cristã só se destina à salvação pessoal.
“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável…” (Rm 1.28a). Com base nesse versículo, Francis Schaeffer fala que, como os homens preferiram não reconhecer Deus no campo do conhecimento, Deus os entregou a uma mente destituída de critérios em todas as áreas da vida, tornando-se absolutamente loucos. Nesta condição, a realidade é enxergada de forma distorcida e, portanto, a sua análise terá uma série de equívocos. Os esforços dos cientistas sociais, por exemplo, alcançarão apenas os sintomas dos males da sociedade, nunca chegarão ao diagnóstico da doença, pois desprezam a Queda e o seu efeito sobre toda a criação.
Não sou favorável ao descarte de toda produção humana, mas julgo fundamental que não se esqueça o estado do autor: um homem caído. Passemos os olhos pelos diversos movimentos intelectuais, inicialmente de protesto, depois predominantes, tais como modernismo, existencialismo e relativismo, e veremos um elemento em comum: uma clara postura de oposição a Deus. Se passarmos a olhar o mundo através das lentes desses sistemas de crenças, ficaremos tateando na escuridão. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-lhes o coração insensato. E inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.21,22).
Deus deseja que a criação corrompida pelo pecado seja restaurada. Para tanto, a Igreja precisa ter uma postura ativa na discussão dos rumos de todas as áreas da vida. Na prática, isso resulta numa guerra cultural declarada entre a cosmovisão cristã e as várias cosmovisões seculares e espirituais que estão em ordem de combate contra elas [2]. O enfraquecimento de nossa posição nessa batalha se dá quando fazemos uma separação entre vida espiritual e secular, limitando o alcance do evangelho, reduzindo o mesmo a uma simples crença particular. Essa dicotomia, na prática, faz com que giremos em torno de dois pólos, o isolamento cultural e o ativismo pueril, sem a transformação do mundo decaído pela Palavra de Deus. E as conseqüências dessa mentalidade afetam também a esfera da fé privada. Como não somos ensinados a desenvolver uma cosmovisão bíblica, uma fé firmada no coração e na mente, quando nos encontramos num ambiente intelectualmente hostil, como a universidade, viramos presas fáceis às pressões da cosmovisão vigente, podendo levar a um afastamento gradual de nossas crenças.
Precisamos de uma religião do cérebro (educação em cosmovisão e apologética) para nos equiparmos na análise e crítica de cosmovisões concorrentes que encontraremos no mundo afora [3]. Só respondendo ao chamado de submeter toda existência ao comando do Deus que se revela nas Escrituras, a Igreja, o corpo de Cristo, será de fato coluna e fundamento da verdade. Do contrário, a verdade do evangelho continuará presa num cativeiro intelectual.

Deus Controla a História


Arthur W. Pink
"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Romanos 11:36
Até agora temos visto que Deus controla tudo, incluindo a salvação das pessoas que Ele tem escolhido. Deus o Pai escolheu certas pessoas para serem salvas; Deus o Filho morreu para salvá-las, e Deus o Espírito Santo lhes outorga a vida espiritual. Mas, está Deus controlando tudo conforme um plano determinado ou está continuamente mudando este plano? Neste capítulo veremos que Deus está controlando tudo de acordo a um plano fixo e predeterminado.
Muita gente ficaria de acordo com que Deus sabe de antemão o que acontecerá no futuro. Assim sendo, se Deus sabe o que sucederá, isto só pode significar que no passado Ele decidiu o que devia acontecer; já que se Deus não tivesse decidido o que sucederia, não poderia ter conhecido com plena certeza o que haveria de acontecer. A presciência (pré-conhecimento) de Deus não faz que as coisas aconteçam,; elas acontecem devido a que Ele já tinha decidido que sucedessem. Em Atos 15:18 diz que Deus conhecia o que ia acontecer desde antes que o mundo começasse: "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras". Isto significa que Deus tem um plano fixo e que não o muda.
Vejamos qual foi o plano de Deus quando fez o mundo e todas as pessoas que o habitam. A Bíblia nos diz em Provérbios 16:4 que Deus fez todas as coisas para Si mesmo. Em Apocalipse 4:11 diz que Deus criou todas as coisas para Seu próprio prazer. Quando criou o mundo e especialmente quando criou o homem, tinha a intenção de manifestar sua própria glória. No obstante, Deus sabia perfeitamente, antes de criar o homem, que ele cairia. Portanto, antes que o mundo fosse feito, Deus decidiu salvar a muitas pessoas por meio do Senhor Jesus Cristo. Assim sendo, a salvação de muitos pecadores através de Cristo Jesus fez parte do plano de Deus antes que o mundo fosse feito. Deus planejou manifestar a sua bondade através da salvação de muitas pessoas pecadoras. E sendo que Deus sempre tem controlado o mundo desde a criação, Ele é perfeitamente capaz de executar seu plano de salvar a muitos pecadores dos seus pecados.
Num capítulo anterior vimos que Deus controla as coisas inanimadas e os animais. Também vimos que Deus tem usado tanto as coisas inanimadas como os animais para proteger, cuidar e ainda advertir o seu povo escolhido. Assim sendo, tanto as coisas inanimadas como os animais são utilizados por Deus em seu plano. Mas, como controla Deus os homens para efetuar seu plano de salvar seu povo de seus pecados? Primeiro consideraremos como Deus opera na vida dos seus, aqueles que têm sido escolhidos para serem salvos.
Em primeiro lugar, Deus vivifica espiritualmente seu povo escolhido.
Em si mesmas, estas pessoas não são diferentes das outras; ou seja, não desejam obedecer a Deus, assim como os outros também não o desejam. Porém Deus muda a natureza das pessoas que Ele tem escolhido a fim de que eles desejem realmente ser santos e obedecê-Lo. Esta mudança é tão grande que a Bíblia a define como "um novo nascimento". Ser vivificados espiritualmente não é meramente uma mudança temporal de opinião, senão um câmbio completo, o qual alcança a pessoa completa (sua mente, suas emoções e sua vontade). Esta mudança dura para sempre e é operada em conformidade com o plano de Deus.
Em segundo lugar, Deus dá fortaleza e poder a seu povo.
Mediante este poder os crentes são capacitados para realizar o que Ele lhes ordena. Eles são capacitados para mostrar em suas vidas os frutos do Espírito: o amor, o gozo, a paz, a paciência, a fé, a mansidão e a temperança.
Em terceiro lugar, Deus guia as pessoas escolhidas a fim de que voluntariamente realizem as coisas que Lhe agradam.
Em quarto lugar, Deus cuida de seu povo para que nesta vida possam continuar amando-O e servindo-O, cumprindo assim o Seu plano.
Em todas estas formas Deus efetua seu propósito de salvar a muitas pessoas de seus pecados. Mas também Deus efetua seus propósitos controlando a muitas pessoas malvadas. Vejamos como é Seu controle sobre este tipo de pessoas.
Em primeiro lugar, às vezes Deus evita que a gente má realize coisas malvadas. Em Números 23 a Bíblia nos fala de um homem chamado Balaão, quem tinha sido contratado para amaldiçoar o povo de Deus (os israelitas). Balaão mesmo queria amaldiçoá-los, porém Deus o deteve. Em vez de amaldiçoá-los, Deus fez com que ele os abençoasse. Assim, pois, Deus às vezes detém as pessoas malvadas de realizarem coisas perversas.
Em segundo lugar, às vezes Deus muda o pensamento das pessoas más a fim de que façam a Sua vontade. Por exemplo, quando os israelitas, o povo de Deus, foi cativo dos persas, Deus fez que o rei da Pérsia (Ciro) emitisse um decreto para a reconstrução do templo em Jerusalém.
O rei Ciro era um homem muito malvado, mas a sua mente foi mudada de modo que ele fizesse a vontade de Deus.
Em terceiro lugar, às vezes Deus faz com que surja o bem das más ações das pessoas perversas. Isto se manifesta especialmente na crucifixão do Senhor Jesus Cristo. Apesar de que os homens maus simplesmente queriam matá-lo, foi por meio de Sua morte na cruz que Cristo salvou de seus pecados a todo seu povo escolhido.
Em quarto lugar, às vezes Deus faz que as pessoas más se tornem piores. (Assim o diz Romanos 9:18: "…e endurece a quem quer"). Deus faz com que sejam incapazes de ver o bom e o verdadeiro. Assim aconteceu com Faraó, o rei dos egípcios, de tal maneira que ele chegou a ser cada vez mais cruel com os israelitas. Para nós é difícil compreender por que Deus realiza tais coisas, mas podemos estar seguros de que o Juiz Justo de toda a terra não pode cometer injustiça, e que Ele manifesta a Sua grandeza e Sua soberania quando age assim.
Então, Deus tem um propósito definido ao controlar o mundo e os seus habitantes. (Isto significa que Deus controla a história e seus acontecimentos). O plano de Deus é salvar a uma grande multidão de pessoas dos seus pecados. Ele dá ao seu povo eleito vida espiritual, poder, guia e proteção. Ele também impede, debilita, dirige ou incomoda o que a gente má faz. Assim sendo, todas as coisas são controladas por Deus e Ele efetua perfeitamente seu plano de salvar seu povo dos seus pecados. Que maravilhosa sabedoria e glória pertencem a Deus! não deve maravilhar-nos que os crentes O louvem pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito.
TEXTOS BÍBLICOS:
Salmo 147:15-18: "O que envia o seu mandamento à terra; a sua palavra corre velozmente. O que dá a neve como lã; esparge a geada como cinza; o que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio? Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as águas".
Isaias 14:27: "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?"
Isaias 46:9-10: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade".
Provérbios 21:1: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer".
Provérbios 19:21: "Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do SENHOR permanecerá".

A Soberania de Deus e as Nossas Orações


Por Arthur W. Pink
"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve." 1 João 5:14
Existem algumas perguntas que surgem na mente das pessoas quando pensam acerca da soberania de Deus.
Já dissemos que as pessoas são incapazes de escolher ser salvos de seus pecados a menos que Deus mesmo mude sua natureza pecaminosa.
Então, a primeira pergunta que responderemos é esta: se Deus realiza o câmbio na natureza das pessoas, por que devem esforçar-se os crentes em pregar o evangelho a todos? temos aprendido que por natureza os homens são pecaminosos, que por si mesmos não podem escolher crer em Cristo. Por que, então, os crentes devem urgir às pessoas a crerem? A resposta é esta: aos crentes lhes é ordenado por Deus pregar o evangelho a todos.
Não pregamos o evangelho pensando que os ouvintes inconversos tenham em si mesmos a capacidade para receber a Cristo como seu Senhor. Pregamos porque sabemos que isto é o que Deus tem nos comissionado fazer.
Sabemos que quando o evangelho é pregado, Deus mesmo fala eficazmente a alguns daqueles que escutam. Àquelas pessoas que Deus tem escolhido, lhes é dada a disposição para crer. Crer que Deus está no controle de tudo é de grande ajuda e estímulo para a pregação evangélica. Os crentes sabem que as pessoas escolhidas por Deus se arrependerão dos seus pecados quando escutem acerca de Jesus Cristo o Salvador.
De fato, esta convicção de que Deus está realizando seus propósitos mediante a pregação, é a base da verdadeira pregação evangélica. Veja Isaias 55:10-11, 2 Coríntios 2:14-17, Romanos 10:14-15 e 1 Pedro 1:23.
Em segundo lugar, outra pergunta que pode surgir é esta: se Deus tem determinado o que vai acontecer, e se também tem o controle sobre tudo o que acontece, então, existe alguma razão para orar? Se Deus já tem tomado todas as decisões, seguramente a oração não tem valor algum. Nós não podemos mudar a vontade de Deus. A nossa resposta é a seguinte: devemos entender o significado verdadeiro da oração. Alguns dizem que a oração é a forma em que Deus permite que as nossas vontades tenham influência no que acontece. Mas a Bíblia ensina claramente que é Deus quem faz com que as coisas sucedam. Portanto, a idéia de que as nossas orações fazem que as coisas aconteçam é errada. Outras pessoas dizem que a oração é uma forma de conseguir que Deus mude a Sua vontade. Mas, como já vimos, Deus já tem decidido exatamente o que vai acontecer. A oração não é algo que possamos usar para mudar as coisas; a nossa oração não muda a vontade de Deus.
A oração é a maneira assinalada por Deus para honrá-Lo. A oração é um meio de adoração a Deus. a oração é o reconhecimento de que dependemos totalmente de Deus, por todo o que somos e o que temos. A oração é o método divino para pedir a bênção de Deus.
A oração faz com que percebamos quão pequenos e fracos somos, e quão grande é Deus. a oração é um dom de Deus para seu povo, a fim de que eles Lhe peçam as coisas que Deus tem determinado. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para efetuar os Seus propósitos eternos. (Veja os seguintes textos que afirmam esta verdade: Mateus 5:10; 1 João 5:14; Romanos 8:26-27).
Além disso, Deus tem determinado que a oração seja um meio para efetuar sua vontade, tal como a pregação do evangelho é o meio utilizado por Deus para salvar os pecadores. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para executar Seus propósitos eternos.
Assim sendo, quando os crentes oram não o fazem para mudar o plano de Deus, senão para que o pano de Deus seja executado. Os crentes podem orar por certas coisas com confiança porque sabem que estão incluídas no plano de Deus. Quando dizemos a Deus as nossas necessidades, estamos encomendando-nos ao Seu cuidado, e Lhe suplicamos que trate com elas de conformidade com Seu plano. Então, pode perceber-se que a oração é basicamente uma atitude, uma atitude de dependência total de Deus. A oração é o oposto de dizer a Deus o que Ele tem que fazer, porque a oração pede para que a vontade de Deus seja feita. Assim, isto responde a nossa pergunta acerca da razão para orar. Os crentes oram por coisas que concordam com o plano que Deus tem pré-determinados, ou seja, coisas que são parte do mesmo plano de Deus. Os crentes oram, não para mudar o plano de Deus, senão para aceitá-lo e achar a bênção de Deus através desse plano.
Em terceiro lugar, talvez a seguinte pergunta tenha chegado a inquietar você: Se Deus tem decidido todo o que sucede, então por que devem preocupar-se os crentes em serem bons? Se Deus tem planejado que os crentes serão bons, então, por que devem preocupar-se de sê-lo eles mesmos?
Mais uma vez, a resposta básica é que os crentes fazem bem, porque Deus tem lhes mandado fazer o que é bom. Em realidade, o conhecimento de que Deus controla todas as coisas ajuda os crentes a realizar o que é bom.
Os crentes confiam em que Deus pode lhes dar a capacidade de realizar coisas boas. Os verdadeiros crentes sabem que em si mesmos não têm o poder de fazer o que Deus tem lhes ordenado. É, portanto, que confiam em que Deus pode lhes dar a fortaleza que necessitam para obedecer a Sua vontade.
Por último, talvez você tenha pensado que é injusto e cruel de parte de Deus escolher só certas pessoas para serem salvas. Porém, lembre-se do seguinte: se Deus não tivesse escolhido e salvo alguns, então ninguém teria sido salvo do pecado. Se Deus não tivesse escolhido ninguém, então todos nós teríamos morrido em nossos pecados. Deus não é injusto ao escolher salvar alguns e outros não, porque ninguém tem o direito de ser salvo, quer dizer, Deus não "deve" a salvação para ninguém. A salvação é inteiramente um assunto da bondade de Deus para as pessoas que não a merecem. Deus tem mostrado sua bondade a certas pessoas, segundo melhor Lhe pareceu a Ele (veja Mateus 11:25-27).
Nós poderíamos pensar que teria sido melhor que Deus salvasse todos, mas não estamos capacitados para decidir isto. Não somos capazes de ver e compreender todo o que Deus vê e compreende. Os caminhos de Deus não são como os nossos caminhos, e nós não podemos compreendê-los integramente (Veja Isaias 55:8-9 e Romanos 11:33-36). Todo quanto podemos dizer é que Deus tem demonstrado seu amor na eleição e salvação de gente que não merece sua bondade. Então, permita-me fazer-lhe uma última pergunta: É você uma das pessoas que Deus tem escolhido para salvação? Existe algum desejo em seu coração de ser uma das pessoas que pertencem a Deus?
TEXTOS BÍBLICOS:
João 17:6, 9: "Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. (...) Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus".
2 Pedro 1:3: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude".
Efésios 2:10: "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas".
1 Pedro 1:5: "Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo".
1 Samuel 3:18: "Então Samuel lhe contou todas aquelas palavras, e nada lhe encobriu. E disse ele: Ele é o SENHOR; faça o que bem parecer aos seus olhos".
Jó 1:20-21: "Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR".

Deus Sempre Responde à Oração?


Por A. W. Tozer
Contrariamente à opinião popular, o cultivo de uma psicologia da crença acrítica não é um bem incondicional e se levado longe demais, pode tornar-se positivamente um mal: O mundo inteiro caiu estupidamente nas arapucas do diabo, e a arapuca mais mortal é a religiosa. O erro nunca parece tão inocente como quando se acha no santuário.
Um campo em que armadilhas aparentemente inofensivas, mas de fato mortais, aparecem em grande profusão é o da oração. As doces noções sobre oração existentes são tantas que não caberiam num volumoso livro, todas elas erradas e sumamente prejudiciais às almas dos homens.
Penso agora numa dessas falsas noções que se acha muitas vezes em locais aprazíveis, em sorridente consórcio com outras noções de inquestionável ortodoxia. É a de que Deus sempre responde à oração. Este erro aparece entre os santos como uma espécie de terapia filosófica para todos os fins, para impedir que algum cristão decepcionado sofra um choque forte demais quando se evidencia que as suas expectativas, calcadas na oração, não se estão cumprindo. Dá-se a explicação de que Deus sempre responde à oração, seja dizendo Sim, seja dizendo Não, ou substituindo o favor desejado por alguma outra coisa.
Ora, seria difícil inventar um artifício mais bonito que esse para salvar a situação do suplicante cujos pedidos foram negados por sua desobediência. Assim, quando uma oração não é respondida, ele só tem de sorrir vivamente e explicar: “Deus disse Não”. Isso tudo é muito cômodo. Sua hesitante fé é salva de confusão e permite que sua consciência minta tranqüilamente. Mas eu pergunto se isso é honesto.
Para receber-se resposta à oração, como a Bíblia emprega o termo e como historicamente os cristãos o tem entendido, dois elementos precisam estar presentes: (1) Um claro pedido feito a Deus, de um favor específico. (2) Uma clara concessão desse favor, feita por Deus, em resposta ao pedido. É preciso que não haja nenhum desvio semântico, nenhuma troca de rótulos, nenhuma alteração do mapa durante a viagem empreendida para ajudar o embaraçado turista a encontrar-se a si mesmo.
Quando nós dirigimos a Deus a petição de que Ele modifique a situação em que nos achamos, isto é, de que Ele responda a oração, precisamos preencher duas condições: (1) Devemos orar segundo a vontade de Deus e (2) devemos estar naquilo que os cristãos à moda antiga muitas vezes chamam de “território da oração”; isto é, devemos estar vivendo de modo agradável a Deus.
É vão pedir a Deus que aja de maneira contrária aos Seus propósitos revelados. Para orar com confiança, o peticionário deve assegurar-se de que a súplica se enquadra na livre vontade de Deus quanto ao Seu povo.
A segunda condição também é de vital importância. Deus não se pôs na obrigação de acatar pedidos de cristãos mundanos, carnais ou desobedientes. Ele só ouve e responde às orações dos que andam em Suas veredas. “Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos diante dele o que lhe é agradável… Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (1 João 3:21, 22; João 15:7).
Deus deseja que oremos e deseja responder às nossas orações, mas Ele faz o nosso uso da oração como privilégio, fundir-se com o Seu uso da oração como disciplina. Para recebermos respostas à oração precisamos cumprir os termos de Deus. Se negligenciarmos os Seus mandamentos, as nossas petições não serão levadas em consideração. Ele somente alterará situações à solicitação de almas obedientes e humildes. O sofisma, Deus-sempre-responde-às-orações, deixa sem disciplina o homem que ora. Pelo exercício desta peça de lisonjeiro casuísmo, ele ignora a necessidade de viver sóbria, justa e piedosamente neste mundo, e de fato entende a peremptória recusa de Deus a responder sua oração como sendo a própria resposta. É natural que tal homem não cresça em santidade; que nunca aprenda a lutar e a esperar; que nunca saiba o que é ser corrigido; que nunca ouça a voz de Deus, convocando-o para ir avante; que nunca chegue ao ponto em que estaria moral e espiritualmente apto para ter respondidas as suas orações. Sua filosofia errônea o arruinou.
Por isso exponho a má teologia em que se firma a sua má filosofia. O homem que a aceita nunca sabe onde está; nunca sabe se tem a verdadeira fé ou não, pois, se o seu pedido não é atendido, ele evita a conclusão certa com o artifício de declarar que Deus fez girar a coisa toda e lhe deu outra coisa. Ele não se sujeitará a atirar num alvo, de modo que não se sabe se é bom ou mau atirador.
De certas pessoas Tiago diz claramente: “… pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” Dessa breve sentença podemos aprender que Deus rechaça alguns pedidos porque aqueles que os fazem não são moralmente dignos de receber a resposta. Mas isto nada significa para aquele que foi seduzido pela crença em que Deus sempre responde à oração. Quando um homem desses pede e não recebe, faz um passe de mágica e identifica a resposta com alguma outra coisa. A uma coisa ele se apega com grande tenacidade: Deus nunca manda ninguém embora, mas invariavelmente atende todos os pedidos.
A verdade é que Deus sempre responde à oração que se harmoniza com a Sua vontade revelada nas Escrituras, contanto que aquele que ora seja obediente e confiante. Além disto, não nos atrevemos a ir.
A.W.Tozer.

A maior de todas as “heresias” protestantes

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Por Sinclair Ferguson

Comecemos com uma pergunta de prova de história da igreja. O cardeal Roberto Belarmino (1542-1621) não foi uma figura para se desconsiderar. Ele era o teólogo pessoal do Papa Clemente VIII e uma das figuras mais capazes no movimento de Contra-Reforma no Catolicismo Romano do século dezesseis. Em uma ocasião, ele escreveu: “A maior de todas as heresias protestantes é ______________.” Complete, explique e discuta a afirmação de Berlarmino.

Como você responderia? Qual a maior de todas as heresias protestantes? Talvez a justificação pela fé? Talvez o Sola Scriptura, ou uma das palavras de ordem da Reforma?
Tais resposta fazem sentido lógico. Mas nenhuma delas completam a frase de Belarmino. O que ele escreveu foi: “A maior de todas as heresias protestantes é a certeza.”

Um momento de reflexão explica o motivo. Se a justificação não é apenas pela fé, apenas por Cristo, apenas pela graça — se a fé precisa ser completada por obras; se a obra de Cristo é de alguma maneira repetida; se a graça não é gratuita e soberana, então alguma coisa sempre precisa ser feita, ser “adicionada” para que a justificação final seja nossa. Este é exatamente o problema. Se a justificação final é dependente de algo que temos de completar, não é possível desfrutar da certeza de salvação. Pois então, teologicamente, a justificação final é contingente e incerta, e é impossível para qualquer um (à parte de uma revelação especial, concedida por Roma) ter certeza da salvação. Mas se Cristo fez tudo, se a justificação é pela graça, sem obras contributivas; é recebida pelas mãos vazias da fé — então a certeza, mesmo “certeza completa” é possível para todo crente.

Não me admira que Belarmino tenha pensado que a plena, gratuita e irrestrita graça era perigosa! Não me admira que os Reformadores tenham amado a carta aos Hebreus!

Eis o motivo. Conforme o autor de Hebreus pausa para respirar no clímax de sua exposição da obra de Cristo (Hebreus 10:18), ele continua seu argumento com um “pois” ao estilo de Paulo (Hebreus 10:19). Ele, então, nos urge a aproximarmo-nos “em plena certeza de fé” (Hebreus 10:22). Nós não precisamos reler toda a carta para ver o poder lógico de seu “pois”. Cristo é nosso Sumo Sacerdote; nossos corações foram purificados de uma má consciência assim como nossos corpos foram lavados com água pura (v.22).

Cristo se tornou de uma vez por todas o sacrifício por nossos pecados, e foi ressurreto e vindicado no poder de uma vida indestrutível como nosso sacerdote representativo. Pela fé nele, somos justos diante do trono de Deus como ele é justo. Por sermos justificados em sua justiça, sua justificação singular é nossa! E nós podemos perder essa justificação tanto quanto ele pode cair do céu. Assim, nossa justificação não precisa ser completada nada mais do que a justificação de Cristo precisa!

Com isso em vista, o autor diz: “com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:14). A razão pela qual podemos ficar de pé diante de Deus em plena certeza é porque agora experimentamos nossos corações “purificados de má consciência” os corpos “lavados com água pura” (Hebreus 10:22).

“Ah,” replicou a Roma do Cardeal Berlamino, “ensine isso e aqueles que creem nisso viverão em licença e antinomismo.” Mas ouça, então, à lógica de Hebreus. Desfrutar desta certeza leva a quatro coisas: Primeiro, uma firme fidelidade à nossa confissão de fé apenas em Jesus Cristo como nossa esperança (v.23); segundo, uma cuidadosa consideração de como podemos encorajar uns aos outros ao “amor e às boas obras” (v.24); terceiro, uma comunhão contínua com outros cristãos em adoração e todo aspecto de nossa amizade (v.25a); quarto, uma vida na qual exortamos uns aos outros para nos mantermos olhando para Cristo e sendo fieis a ele, conforme o tempo de sua volta se aproxima (25b).

Esta é a boa árvore que produz bons frutos, não o contrário. Nós não somos salvos pelas obras; somos salvos para as obras. De fato, nós somos o trabalho de Deus trabalhando (Efésios 2:9-10)! Assim, ao invés de levar a uma vida de indiferenças moral e espiritual, a obra definitiva de Jesus Cristo e a plena certeza da fé que ela produz, fornece aos crentes o mais poderoso ímpeto para viver para a glória e o prazer de Deus. Ademais, tal plena certeza é arraigada no fato de que o próprio Deus fez tudo isso por nós. Ele revelou seu coração a nós em Cristo. O Pai não requer a morte de Cristo para persuadi-lo a nos amar. Cristo morreu porque o Pai nos ama (João 3:16). Ele não está à espreita atrás de seu Filho com um intento sinistro desejando nos fazer mal se não fosse pelo sacrifício que seu Filho fez! Não, mil vezes não! — o próprio Pai nos ama no amor do Filho e no amor do Espírito.

Aqueles que desfrutam de tal certeza não vão aos santos ou a Maria. Aqueles que olham apenas para Jesus não precisam olhar para nenhum outro lugar. Nele nós desfrutamos a pena certeza da salvação. A maior de todas as heresias? Se for uma heresia, deixe-me desfrutar da mais bendita de todas as “heresias”! Pois ela é a verdade e a graça do próprio Deus!

A igreja da moda

 
Por Renato Vargens
 
Outro dia passei de carro juntamente com minha esposa em frente uma escola na agradável e pacata cidade de Niterói. Lembro que na ocasião fiquei impressionado com a quantidade de automóveis parados em frente ao educandário. No mesmo instante, tomado por perplexidade, emiti um comentário dizendo: "Quanta gente! Essa escola está abolutamente lotada!" Mal terminei de falar, minha esposa replicou dizendo: "Essa é a escola da moda. Eles nem são tão bons assim, o ensino não é dos melhores e os professores nem são tão qualificados, mas é a escola da moda."

Pois é,  não sei se você já percebeu mais entre as igrejas é assim também. Por incrivel que pareça existem igrejas que se transformaram em Igrejas da moda e como tais estão absurdamente lotadas, todavia, o fato de estarem repletas de pessoas não significa necessariamente que sejam saudáveis.  Na verdade,  ouso afirmar que algumas igrejas da moda, além de possuírem um púlpito fraco, possuem uma Escola Bíblica deficiente, cujos pastores e professores são desprovidos de bom conteúdo teológico.

Bom, isso não importa não é mesmo? O que vale é que o povo está sendo "abençoado" não é verdade? Lamento lhe contrariar, mas importa e muito, até porque o fato de ser membro de uma igreja saudável não significa necessáriamente fazer parte da igreja da moda.

Isto posto, gostaria de elencar algumas diferenças entre uma igreja saudável e uma igreja da moda:

Uma igreja saudável vive para glória de Deus; uma igreja da moda vive para o engrandecimento do seu próprio nome.

Uma igreja saudável adora; uma igreja da moda promove entretenimento.

Uma igreja saudável prega a Palavra; uma igreja da moda anuncia conceitos de autoajuda.

Uma igreja saudável prega Cristo e a necessidade de arrependimento e conversão; uma igreja da moda prega como ser próspero.

Uma igreja saudável prega o evangelho; uma igreja da moda prega o que dá certo.

Uma igreja saudável prega, vive e ama as Escrituras; uma igreja da moda relativiza a Palavra do Senhor.

Uma igreja saudável vive em comunhão; uma igreja da moda promove ajuntamento descompromissado.

Uma igreja saudável estuda as Escrituras; uma igreja da moda defende as idéiasda psicanálise.

Uma igreja saudável jamais negocia a verdade; uma igreja da moda desconhece a verdade.

Uma igreja saudável é centrada no evangelho; uma igreja  da moda é personalista.

Uma igreja da saudável permanece; uma igreja da moda esmore.

Uma Igreja saudável persiste, uma igreja da moda desiste.

Uma igreja saudável é; uma igreja da moda deixa de ser.