quarta-feira, 13 de março de 2013

A Fé que Salva

 


Por Solano Portela

O movimento histórico conhecido como a Reforma do Século 16 ocorreu há quase 500 anos, iniciado quando Martinho Lutero, em 31 de outubro de 1517, pregou 95 teses, ou declarações, na porta da catedral de Wittenberg, que pastoreava. Lutero foi um homem que atravessou uma profunda experiência de conversão, pela qual teve os olhos abertos à simplicidade dos ensinamentos contidos na Bíblia. Comparando esses ensinamentos com o que era pregado e praticado na igreja dos seus dias, Lutero encontrou diferenças marcantes. Ele verificou como, ao longo do tempo, distorções haviam sido introduzidas, de tal forma que o povo era conservado em ignorância espiritual, privado das verdades reveladas na Palavra de Deus que podem levar à salvação. Os reformadores (Lutero e os que se seguiram a ele) procuraram resgatar a mensagem que salva e que pode levar os homens de volta ao seu destino original, reconciliando pecadores com o Deus santo que rege os céus e a terra.
Os historiadores têm, normalmente, identificado quatro pilares da Reforma do Século 16. Quatro temas principais que dominaram os escritos e ensinamentos dos reformadores, por serem essenciais à propagação da sã doutrina. Esses “pilares” são normalmente identificados por palavras latinas, não tão difíceis de compreender: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide e Solus Christus. Vamos identificar esses significados e ver a relação deles, um para com os outros, bem como a razão da Reforma ter se concentrado nesses temas.

Sola Scriptura, significando que somente as Escrituras providenciam a fonte do nosso conhecimento religioso, das coisas espirituais cujo conhecimento é essencial à compreensão da vida. Essa era uma ênfase necessária, pois a igreja havia incorporado muitas doutrinas que não procediam da Bíblia, mas meramente de tradições humanas. Questões tais como culto às imagens, a existência do purgatório, etc., faziam parte das doutrinas ensinadas ao povo. Os reformadores, investigaram e deram um sonoro “não” a esse ensino e à consideração da “tradição” como fonte de autoridade igual ou superior à Palavra de Deus. Eles consideraram, corretamente, que isso era mortal para a saúde espiritual de qualquer um e da própria igreja.
Sola Gratia, significando que somente a Graça de Deus é a origem da nossa salvação. Na época da reforma, e mesmo nos nossos dias a tendência humana é a de exaltar a habilidade humana de salvar-se a si mesmo. Os reformadores apontaram que a Bíblia indica sem sombra de dúvidas que somente a graça de Deus, o favor não merecido da parte dele, origina um meio de salvação. Estamos todos mortos em delitos e pecados e, conseqüentemente, nada podemos fazer para nossa própria salvação. A iniciativa, de providenciar um plano de salvação, é de Deus e dele procedem todas as providências, nesse sentido.
Sola Fide, significando que somente a Fé é o meio pelo qual nos apropriamos da salvação efetivada por Cristo Jesus para o seu povo. Se a iniciativa da salvação é a graça de Deus, a Fé representa a resposta a essa iniciativa. Essa ênfase, extraída da Bíblia, era muito necessária, pois enfatizava-se as ações humanas como forma de se adquirir a salvação. Vendiam-se indulgências – pedaços de papel que, segundo os vendedores, representavam uma espécie de passaporte para o céu. Quanto mais se contribuía, mais certeza se obtinha, diziam eles, do perdão de pecados – do próprio comprador ou de parentes ou amigos que desejava beneficiar. Lutero e os demais reformadores, não encontraram qualquer base para esses ensinamentos nas Escrituras. Eles identificaram a Fé como sendo a resposta humana, provocada pelo toque regenerador do Espírito Santo de Deus, no processo de salvação.
Solus Christus, significando que somente Cristo é a base da nossa salvação. Somos salvos somente pelos méritos e pelo sacrifício de Cristo e não com base em qualquer outra situação ou ação humana. Cristo é o nosso único intermediário – assim a Bíblia especifica – e isso contrasta com tudo o que se ensinava, e ainda se ensina, relacionado com a intermediação de Maria e de outros “santos”.

Além dos “quatro pilares”, acima explicados, adiciona-se normalmente mais um: Soli Deo Gloria– Glória a Deus somente, significando o propósito da existência de nossas pessoas e de tudo o que temos ao nosso redor. Essa ênfase, igualmente bíblica, foi surgindo com o trabalho dos reformadores que se seguiram a Lutero, especialmente com o de João Calvino, que ensinou a doutrina da vocação – o chamado de Deus para que nos envolvamos em todos os aspectos da vida, sempre centralizando nossas ações na glória que é devida a Deus. Deus fez todas as coisas para sua própria glória e nos enquadramos em nossa finalidade e encontramos a felicidade quando abraçamos esse ensino em nossas vidas.

No meio desses pontos cardeais, dessas ênfases centrais nas doutrinas bíblicas, é interessante notarmos que Martinho Lutero considerava a questão da fé: Sola Fide – Somente a Fé, como sendo aquela ênfase crucial, que devia ser propagada e defendida a qualquer custo. Obviamente que, para ele, todas as demais eram importantes, mas com a questão da fé – como único e exclusivo meio pelo qual nos apropriamos da salvação – ele tinha um cuidado todo especial. Possivelmente isso ocorreu porque foi estudando a doutrina da fé que ele foi atingido pela contundência da mensagem divina de salvação. Lutero, atribulado porque estava acostumado a ouvir a pregação das indulgências, ou a validade de relíquias e amuletos, como meios de se tornar agradável a Deus, identificou-se como “um pecador perante Deus com a consciência atribulada”. Ele estudava a carta de Paulo aos Romanos, mais especificamente o capítulo 3, quando se deparou com a declaração: “o justo viverá pela fé”, no verso 28. Lutero escreveu o seguinte: “...então eu compreendi que a justiça de Deus é o fundamento de direito pelo qual, pela graça e pela misericórdia, ele nos justifica através da fé. Imediatamente eu me senti como se tivesse atravessado uma porta aberta e penetrado no paraíso”.

Assim, a justificação pela fé passou a ser uma das doutrinas centrais dos que abraçaram a fé reformada, que ficaram historicamente conhecidos como “protestantes”. Lutero escreveu, ainda: “esta doutrina é a principal e a angular. Somente ela gera, nutre, constrói, preserva e defende a igreja de Deus; sem ela a igreja de Deus não sobreviverá por uma hora”. O ensinamento bíblico, principalmente contido no terceiro capítulo de Romanos, sobre a justificação pela fé, não significa que nós somos considerados justos com base na fé. A base de nossa justificação é Cristo e o seu sacrifício na cruz, com a subseqüente vitória da morte, obtida em sua ressurreição. Somos salvos, portanto, pela Graça de Deus, por meio da fé, com base no trabalho de Cristo. Explicando o que é justificação, João Calvino nos ensina que ela “consiste no perdão dos pecados e na imputação da justiça de Cristo”. Uma das expressões que ele utiliza, é a de que os cristãos são “inseridos na justiça de Cristo”. Ou seja, não temos justiça própria, mas recebemos a justiça de Cristo sobre nós.

Na carta de Paulo aos Efésios (capítulo 2, versos 8 a 10), lemos: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. A fé, aqui mencionada, é essa fé que salva. Aprendemos, nestes versos, que somos salvos somente pela graça proveniente de um Deus soberano. A fé, é o meio – “mediante a fé”. Mas note que não temos qualquer razão ou motivo de nos orgulharmos de termos exercitados fé. Nem temos qualquer prerrogativa ou direitos perante Deus. Somente exercemos a fé, porque ela é dom de Deus. Ele é que nos concede esse meio de resposta ao seu toque salvador. Aprendemos, também, que a salvação não vem das obras – não podemos nos orgulhar, ou nos gloriar, das nossas ações, pois elas não levam à salvação. No entanto, somos instruídos sobre o verdadeiro relacionamento entre graça, fé e obras (ações). Não existe graça verdadeira, sem a respectiva fé que salva. Não existe fé salvadora, sem as evidências dessa salvação, dessa transformação de vida – as obras, as ações de mérito, representadas pelo cumprimento dos mandamentos e das diretrizes divinas contidas nas Escrituras e que existem “para que andemos nelas”.

Essa é a fé que salva. A fé que não é simplesmente uma manifestação mística em algumas coisas. Muitos têm fé sincera em objetos que não podem salvar – em ídolos, em ritos de umbanda, em espíritos desencarnados. Mesmo em sinceridade, essa fé leva à perdição. Somente a fé em Cristo Jesus é fé salvadora (Atos 4.12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”). A fé que salva é conseqüência natural da graça. A fé que salva não é incompatível com as obras, mas as obras são uma conseqüência necessária a essa fé. Há quase 500 anos os reformadores entenderam isso e resgataram essa doutrina que não estava sendo ensinada e se encontrava velada debaixo do entulho de tradição humana que a havia soterrado. Você entende que essa fé é o único meio para a sua salvação?

Pela Fé Somente

Por

Um assunto que geralmente passa batido em meio às nossas discussões teológicas é a questão da salvação individual. Parece que assumimos tacitamente que todos os que se declaram cristãos concordam sobre o que é a salvação eterna e como ela é obtida - ou dada. Ao meu ver, este ponto é da mais alta importância para todos. Foi ele o ponto central da Reforma protestante do séc. XVI. A Reforma obviamente teve aspectos políticos, econômicos e culturais, mas, ao final, foi um movimento essencialmente religioso deflagrado por esta questão no coração de Lutero, "o que faço para ser salvo?"

A resposta de Lutero, seguida por Calvino, Zuínglio e todos os reformados até o dia de hoje, foi que o pecador é salvo pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo somente, e não por seus méritos pessoais ou pela mediação da Igreja. A reação da Igreja Católica veio no Concílio de Trento, que consolidou a contra-Reforma católica, realizado sob a liderança do papa Paulo III em 13 de janeiro de 1547. Nos cânones aprovados neste Concílio, que salvo melhor juízo nunca foram revogados pela Igreja Católica de hoje, temos um que trata do assunto:
Cânone 9 - Se alguém disser que o pecador é justificado pela fé somente, significando que nada mais é requerido para cooperar com o objetivo de se obter a graça da justificação, e que não é necessário de forma alguma que ele seja preparado e disposto pela ação de sua própria vontade, que seja anátema. (meu destaque)
LUTERO
Este cânone foi intencionalmente elaborado contra a doutrina protestante. Se ele continua mantido hoje, significa que a Igreja Católica defende que aqueles que acreditam na salvação pela graça mediante a fé somente são "anátema," que na terminologia católica significa exclusão definitiva da Igreja e, portanto, condenação eterna. Isto inclui todos os protestantes evangélicos que pensam, como Lutero, que a salvação é pela fé somente.

Eu sou um deles. O que segue abaixo é o que entendo ser o pensamento padrão reformado sobre o assunto. Lembro ainda que não estou querendo ser exaustivo (e nem poderia!) e que só destaquei aqueles pontos que acredito são mais relevantes para nosso cenário.

1. Todas as pessoas são carentes de salvação, pois todas elas, sem qualquer exceção, são pecadoras. Isto significa que elas, em maior ou menor grau, quebraram a lei de Deus e se tornaram culpadas diante dele. Esta lei está gravada na consciência de todos, disposta nas coisas criadas e reveladas claramente nas Escrituras - a Bíblia. Ninguém consegue viver consistentemente nem com seu próprio conceito de moralidade, quanto mais diante dos padrões de Deus. Como Criador, Deus tem o direito de legislar e determinar o que é certo e errado e de julgar a cada um de acordo com isto.

2. Ninguém é bom o suficiente diante de Deus para obter sua própria salvação ou de fazer boas obras que o qualifiquem para tal. O pecado de tal maneira afetou a natureza do ser humano que sua vontade é inclinada ao mal, seu entendimento é obscurecido quanto às coisas de Deus e sua fé não consegue se firmar em Deus somente. Sem ajuda externa - a qual só pode vir do próprio Deus - pessoa alguma pode obter ou receber a salvação da condenação e do castigo que seus próprios pecados merecem.

3. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo ao mundo para morrer por pecadores, de forma que eles pudessem obter esta salvação a qual, de outra forma, seria inalcançável. Jesus Cristo, por determinação e desígnio de Deus, morreu na cruz como sacrifício completo, perfeito, único, suficiente e eficaz pelos pecados. Ele ressuscitou física e literalmente de entre os mortos ao terceiro dia, vencendo a morte e o inferno, e subiu aos céus. Assim, somente em Jesus Cristo as pessoas podem encontrar a salvação da culpa e condenação de seus pecados. E fora dele, não há qualquer possibilidade de salvação, diante dos pontos 1 e 2 expostos acima.

4. As pessoas tomam conhecimento da pessoa e da obra de Cristo mediante o Evangelho, o qual é pregado ao mundo todo. Sem o conhecimento do Evangelho, é impossível para as pessoas se salvarem. Cristo é a luz do mundo, o caminho, a verdade e a vida, e ninguém pode ir ao Pai senão por ele. Este Evangelho está claramente exposto na Bíblia, e é por ouvir a Palavra que vem a fé em Jesus Cristo. Com respeito àqueles que nunca ouviram falar de Cristo, o Deus justo haverá de tratá-los sem cometer injustiça e em conformidade com a luz que receberam, quer da sua própria consciência, quer da natureza. Todavia, não poderão alegar desconhecer a lei de Deus.

5. Mediante a fé em Jesus Cristo, como seu único e suficiente Salvador, as pessoas, quem quer que sejam, de qualquer país ou cultura, sem distinção alguma de raça, sexo, posição social ou educação, são perdoadas completamente de seus pecados, aceitas por Deus como filhos e recebem o Espírito de Deus como selo e penhor desta salvação, iniciando assim uma nova vida neste mundo. Nesta nova vida, elas demonstram arrependimento pelas obras más cometidas, humildade e constante penitência diante de Deus, aliadas a uma grande alegria e gratidão a Ele por tão grande e completa salvação. A certeza que eles têm aqui nesta vida de terem sido salvos da condenação eterna não decorre de seus méritos ou obras - os quais eles não possuem - mas da graça e do favor de Deus. Por isto falam desta salvação não em termos arrogantes, mas humildemente, como pessoas que foram misericordiosamente salvas do justo castigo que mereciam.

6. A fé salvadora não é uma força emocional mística. Antes, é a confiança que parte de um coração regenerado por Deus em todas as suas promessas, principalmente aquela de vida eterna na pessoa de Jesus Cristo, Seu Filho. Esta confiança envolve uma compreensão básica do que o Evangelho nos diz sobre Cristo e sua morte e ressurreição e um assentimento intelectual a estes fatos. Como nem esta compreensão e nem mesmo a fé têm origem na capacidade humana, afetada como está pelo pecado, segue-se que a salvação, tendo custado um alto preço que foi a morte de Cristo, é dada gratuitamente por Deus. Ela não depende de obras, mérito, esforço ou qualquer outra coisa que tenha origem no ser humano. É puramente pela graça, mediante a fé.

É claro que estou falando somente da salvação da culpa e da condenação merecidas por nossos pecados. A obra de Cristo inclui muito mais, desde a santificação até a ressurreição dos mortos e a glorificação - que poderão ser assuntos de outros posts. Na verdade, o que Cristo fez e o que Ele é impactam todas as áreas da vida. Mas isto é assunto para mais adiante.

A igreja deve dar às pessoas o que elas querem ou o que elas necessitam?

 


 
Qual é afinal de contas a finalidade da Igreja? Para que estamos aqui? Qual a mensagem que o Senhor quer que preguemos? Devemos dar as pessoas o que elas querem ou lhes dar o que elas na verdade necessitam? Mas do que elas necessitam?
Muitas vezes por falta de discernimento a Igreja inverte os valores do Reino e passa a agir segundo os ditames do mundo e não segundo a vontade de Deus. Para exemplificar o que quero abordar aqui, eu gostaria de analisar o texto de Atos 3.1-8:
”Quando Pedro e João sobem ao templo para o momento de oração. Diz assim o texto: “Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona. Era levado um homem, coxo de nascença, o qual punham diariamente à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Vendo ele a Pedro e João, que iam entrar no templo, implorava que lhe dessem uma esmola. Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós. Ele os olhava atentamente, esperando receber alguma coisa. Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus”.
Ao analisarmos esse texto nós encontramos as respostas para esses questionamentos. Vejamos o que podemos aprender aqui.
 
Em primeiro lugar o texto nos diz que Pedro e João estavam indo ao templo para orar. Mesmos depois da decida do Espírito Santo a igreja e principalmente os apóstolos mantiveram esse hábito de estarem no templo orando, pois isso já fazia parte da tradição religiosa deles como também eles aprenderam muito com Jesus a esse respeito.
 
Segunda coisa que nós observamos é que diariamente era posto ali um coxo de nascença em uma das entradas do templo. Se esse coxo era colocado ali diariamente na entrada do templo, certamente Jesus e seus discípulos já haviam passado por ele várias vezes, no entanto ele nunca alcançou a cura. Eu entendo aqui a soberania de Deus, se aquele coxo durante todo o ministério de Jesus nunca fora confrontado para ser curado era porque não era o tempo de Deus manifestar em sua vida esse milagre. Eu aprendo aqui que nem sempre por onde Jesus passa tem que haver necessariamente algum milagre extraordinário. O tempo de Deus não é o nosso tempo, e nem Jesus cura todo mundo a torto que é direito. Ele faz o que Ele quer, quando quer e do jeito que Ele quer e quando há um propósito para isso.
 
Terceira coisa que eu observo aqui é que quando aquele mendigo olha para os apóstolos ele esperava receber alguma coisa deles. O texto nos diz que ele implorava que lhe desse uma esmola. Não sabemos se esse homem havia alguma vez recebido alguma esmola deles ou de algum outro discípulo, mas uma coisa é certa, naquele dia ele desejava receber alguma ajuda deles. No entanto Pedro e João dizem para ele: “Olha para nós”. Quando o mundo olha para nós o que ele precisa receber? O que eles querem ou o que temos para dar? Será que temos alguma coisa para dar?
Aqui entra o meu questionamento. Esses apóstolos representavam a Igreja do Senhor Jesus. Como Igreja o que eles deveriam fazer? Amados, por falta de discernimento a igreja muitas vezes tem metido os pés pelas mãos. O que os apóstolos deveriam fazer? Dar a esmola que aquele homem tanto desejava ou lhe dar o que ele realmente precisava?
Eu tenho visto a igreja hoje dando as pessoas que as frequenta não o que o eles necessitam, mas o que o povo quer. Observe as campanhas de muitas igrejas por aí. Geralmente essas campanhas vão de cura e libertação a tomar posse das riquezas dos ímpios. As pessoas não vão a igreja adorar ao Senhor, mas vão buscar uma bênção, e o pior é que muitos vão buscar um milagre não importando de onde proceda se de Deus ou do diabo, o negócio é ver o milagre. As pessoas querem ver, sentir, serem reveladas, ouvir profetadas e vai por aí a fora. Isso sem contar a macumba gospel onde “deus” passa para os objetos “ungidos” o seu poder milagroso.
Se Pedro e João tivessem dado aquele coxo o que ele queria ele certamente chegaria ao fim de seus dias aleijado. Mas os apóstolos não tinham o que ele queria, mas tinha algo muito melhor. A igreja tem a mensagem certa para a ocasião certa e para as pessoas certas, mas está faltando em muitas igrejas o que havia naqueles dois homens discernimento de espírito (detectar o problema e não aplicar um paliativo). Eu não tenho nada contra igrejas que fazem campanhas de arrecadação de alimentos, distribuem cestas básicas e outras coisas nessa área, mas eu não creio que a igreja foi levantada com esse propósito. Quando modificamos a mensagem do evangelho nós deixamos de ver o extraordinário de Deus acontecer na vida de muitas pessoas. É o caso daquela viúva pobre que procurou o profeta Eliseu para tentar resolver o seu problema, pois credor queria levar os seus dois filhos como escravos para ser quitada a dívida que seu marida havia deixado para ela. Se Eliseu metesse a mão no bolso e pagasse a dívida dela ela certamente não vivenciaria o milagre que vivenciou. Discernimento é o que a igreja precisa.
Voltando a questão dos apóstolos. Eles olham para aquele homem e lhe dizem que não possuíam nem ouro e nem prata, mas o que possuíam isso eles lhe dariam, em nome de Jesus anda. Aqui entra o meu questionamento, quantas vezes a igreja tem dado ao povo o que o povo quer (pão e circo), mas não lhes tem lhe dado o que o Senhor quer fazer na vida das pessoas. Aquele mendigo não precisava de esmola, ele precisava era de um milagre. E digo mais, ele recebeu o que o seu coração tanto deseja alcançar que nenhuma esmola poderia comprar. Eu imagino aquele homem desde a infância sendo colocado ali na entrada dom templo e nunca poder entrar naquele lugar, estar a porta, mas não adentrar os seus lugares de culto. Vivendo à custa da misericórdia do povo. No entanto, o Senhor se voltou para ele e ele agora está vivendo o milagre de Deus em sua vida. Essa é a mensagem da Igreja ao homem perdido, Jesus quer operar o verdadeiro milagre. O milagre é a Palavra dele em nossas vidas nos levantado e tirando de uma vida de mendicância podendo adentrar os seus átrios o adorando em Espírito e em Verdade.
 
A Igreja precisa de discernimento e poder através da Palavra para que não venhamos satisfazer a vontade das pessoas e não lhes dando o que o Senhor tem para elas. Espero vivenciar em minha vida o que está escrito em Mc 16. 20: “E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam”.