terça-feira, 2 de abril de 2013

Cessaram os dons espirituais?


Por Pr Marcello Oliveira

Os dons espirituais têm sido temas de acalorados debates na academia, na internet e principalmente nos blogs. Os dons espirituais não foram dados à igreja para projeção humana nem como aferidor da verdadeira espiritualidade. Os dons espirituais foram dados para a edificação do corpo de Cristo. Pelo exercício correto dos dons a igreja cresce de forma saudável. Os dons são recursos que o próprio Espírito de Deus concedeu à igreja para que ela pudesse ter um crescimento saudável e também suprir as necessidades dos seus membros.
Há pelo menos três posições em relação aos dons espirituais dentro da igreja:
  1. Os cessacionistas. São aqueles que crêem que os dons espirituais registrados em 1Coríntios 12 foram restritos aos tempos dos apóstolos. Para estes os dons não são contemporâneos e nem estão mais disponíveis na igreja contemporânea.
  2. Os ignorantes. São aqueles que não conhecem nada sobre os dons. Paulo orienta os coríntios para não serem ignorantes com respeito aos dons espirituais. Havia pessoas na igreja que ignorava esse assunto, e por isso, não podia utilizar a riqueza dessa provisão divina para a igreja.
  3. Os que crêem na atualidade dos dons espirituais. São aqueles que crêem que os mesmos dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo no passado estão disponíveis para a igreja atualmente.
Amados, quem tem a última palavra? Nossos pressupostos, ou a infalível e inerrante Palavra de Deus? Partindo do princípio que a Palavra de Deus é a nossa regra de fé e prática, abordaremos a questão, afirmando que os dons espirituais não cessaram. Eles são contemporâneos e estão disponíveis para a edificação do corpo de Cristo.
Veja o que Paulo disse em 1 Coríntios 12.4-6:
Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Note que aqui, a Trindade está presente. No versículo 4, Paulo se refere ao Espírito Santo; no versículo 5, a palavra Kyrios refere-se ao Senhor Jesus Cristo e no versículo 6, Paulo refere-se ao Deus Pai. Pelo contexto, Paulo ensina a igreja que eles haviam abandonado aos ídolos mudos e agora estava seguindo uma nova direção: A direção do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Depois de ensinar a mudança de direção que a igreja deveria seguir, o apóstolo falará sobre a natureza dos dons espirituais. No mesmo texto de 1Co 12.4-6, Paulo fala de “dons”, de “serviços” e de “realizações”. Isso nos fala da natureza dos dons espirituais. Ou seja, os dons têm uma tríplice natureza.
1) Quanto à origem dos dons eles são chamados charismata. Paulo diz: “Ora os dons são diversos” (12.4). A palavra charismata vem de charis, graça. Assim, Paulo está falando da origem dos dons. O dom espiritual procede da graça de Deus. Ora se procede da graça de Deus, eles acabaram? Não! Se cessaram os dons, cessou-se a graça de Deus. Isto é impossível! Os dons são originados na graça de Deus e são ministrados, doados e distribuídos pelo Espírito Santo. A origem dos dons nunca está no homem, mas sempre na graça de Deus.
2) Quanto ao modo de atuar, o dom é diaconia. Paulo diz: “E também há diversidade nos serviços” (12.5). A palavra “serviços” no grego é diaconia. Isso se refere ao modo de atuação do dom que é prontidão para servir. Os dons são dados não para projeção pessoal, mas para o serviço. Deus nos dá dons para servirmos uns aos outros e não para nos exaltarmos nossas virtudes ou habilidades. A finalidade do dom espiritual não é autopromoção, mas a edificação do próximo.
3) Quanto à finalidade os dons são energémata. Paulo conclui: “E há diversidade nas realizações” (12.6). A palavra energémata vem de energia, de obras exteriores. É a energia (poder) de Deus operando nos cristãos e transbordando para a vida da comunidade. O dom espiritual é para ajudar alguém, fazer algo para alguém, trabalhar por alguém e realizar alguma coisa para alguém. Não é uma espiritualidade intimista e subjetiva. Ela é transbordante, edificante, relevante.
Eis uma preciosidade: Por que Jesus não transformou pedras em pães? Ele não poderia fazê-lo? Sim. Então, porque não o fez? Simples, milagres devem ser feitos e realizados em favor do próximo e nunca para benefício próprio!
Conclusão.
Os propósitos divinos para os dons são:
a) Os dons são dados a cada membro do corpo. Todos os cristãos, salvos por Jesus, têm pelo menos um dom. Isto não é uma palavra minha, são as Escrituras que afirmam esta verdade (cf 1Co 12.7). Cada membro do corpo de Cristo tem pelo menos um dom.
b) Os dons têm um propósito. Eles são dados visando a um fim proveitoso, ou seja, a edificação da igreja.
c) É o Espírito Santo que distribui soberanamente os dons. “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas as coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (12.11). Paulo está falando que é o Espírito Santo quem distribui os dons e também quem age eficazmente na vida daquele que exerce o dom. O homem é apenas um instrumento, mas o poder é do Espírito.
O apóstolo Paulo usou quatro verbos que ilustram a soberania de Deus na distribuição dos dons espirituais. O Espírito Santo distribui (12.11), Deus dispõe (12.18), Deus coordena (12.24) e Deus estabelece (12.28). Do começo ao fim Deus está no controle. Não há espaço para vaidades e autopromoção. Portanto, busquemos com excelência os melhores dons. Eles estão disponíveis nos celeiros celestiais.
Nele, que concede os dons para a sua igreja nos dias atuais
Pr. Marcello Oliveira

Glorificando a Deus com o Dinheiro

Por John Piper
 
Lucas 12:32–34
 
Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino. Vendei vossos bens e dai esmola; fazei para vós bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, aonde não chega o ladrão, nem a traça o consome, porque onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.
 
A essência interior da adoração é apreciar a Deus como infinitamente valioso acima de tudo. As formas exteriores de adoração são atos que mostram o quanto apreciamos a Deus. Portanto, tudo na vida tem o sentido de adorar porque Deus disse: Se comerdes ou beberdes ou fizerdes outra coisa qualquer, façam isto para mostrar quão valiosa é a glória de Deus para você (1 Coríntios 10:31). Dinheiro e coisas são grande parte da vida e, por conseguinte, Deus deseja que eles sejam grande parte da adoração, visto que tudo na vida precisa ser uma expressão de adoração. Assim, a forma que você adora com seu dinheiro e suas posses é para tê-los, usá-los e perdê-los de um modo que mostre o quanto você aprecia a Deus, não o dinheiro. Este texto trata exatamente disso. Ele realmente é um texto sobre adoração.
 
Então, há um lugar para a adoração comunitária — que fazemos aqui, juntos, no domingo de manhã. E as mesmas definições são válidas aqui como em qualquer outro lugar: a essência da adoração é o tesouro interior, que é o Deus infinitamente valioso. E as formas de adoração são os atos que expressam esse tesouro interior, que é Deus. Esses atos são: pregação e ouvir a palavra de Deus, oração, cantar, doar, participar da Ceia do Senhor, e assim por diante. Um desses atos de adoração comunitária aqui em Bethlehem é o que chamamos "a oferta". Um conceito próximo do meio termo de nossa adoração comunitária quando adoramos com nosso dinheiro, ao retirá-lo de nosso poder e de nossos bancos para aplicá-lo na missão e ministério de Cristo.
 
Desse modo, esse ato particular de adoração no culto de adoração comunitária é uma pequena parte do padrão mais abrangente de adoração com o nosso dinheiro que fazemos todo o dia, pela forma como ganhamos, gastamos, poupamos e doamos nosso dinheiro. O texto de hoje, Lucas 12:32-34, trata do padrão maior com respeito a como adoramos com nosso dinheiro e, assim, por implicação, ele se relaciona ao que fazemos com nosso dinheiro na adoração comunitária também. Portanto, vamos examinar alguns dos principais conceitos neste texto e aplicá-los às nossas vidas, em geral, e à nossa doação comunitária, em particular.
 
Não tema
 
O primeiro conceito do texto no versículo 32 é que Deus nos ordena a não temer quando algo acontecer relacionado ao dinheiro e às coisas. Não se preocupe. Não tema. "Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino". Entretanto, há outra forma de dizer o conceito que é mais profunda. A razão pela qual Deus deseja que não temamos, no que concerne ao dinheiro e às coisas, é porque a falta de temor adoraria cinco grandes verdades sobre ele. Não temer ecoaria o quanto apreciamos essas cinco verdades a respeito de Deus. Em outras palavras, não temer se tornaria um belo ato interior de adoração.
 
Primeiro, não temer demonstra que apreciamos a Deus como nosso pastor. "Não temais, ó pequenino rebanho". Somos seu rebanho e ele é nosso pastor. E se ele é nosso pastor, então o Salmo 23 se aplica: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará". Isto é, nada irá nos faltar do que necessitamos. Não temer, amplia a preciosidade de nosso pastor.
 
Segundo, não temer demonstra que apreciamos a Deus como nosso Pai. "Não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino". Não somos apenas seu pequenino rebanho; somos também seus filhos e ele é nosso Pai. O significado é claro no versículo 30: "Porque os gentios de todo o mundo procuram essas coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas". Em outras palavras, seu Pai realmente se preocupa e realmente sabe do que você precisa, e trabalhará para você ter certeza de que terá o que necessita. Apenas tome cuidado para não ditar a Deus o que você pensa ser sua necessidade em vez de saber o que ele pensa ser sua necessidade.
 
Terceiro, não temer mostra que apreciamos a Deus como rei. "Não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino". Ele pode nos dar o "reino" porque ele é o rei. Isso acrescenta um elemento formidável do poder daquele que provê para nós. "Pastor" denota proteção e provisão. "Pai" denota amor, ternura, autoridade, provisão e orientação. "Rei" implica poder, soberania e riqueza. Desse modo, se ainda confiamos em Deus como Pastor, Pai e Rei e não tememos as coisas e a falta de dinheiro, então vamos lhe mostrar como o Deus real e precioso é para nós em todas essas circunstâncias. Deus será adorado.
 
Quarto, não temer revela como Deus é liberal e generoso. "Não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino". Observe, ele dá o reino. Ele não o vende ou o aluga ou o arrenda. Ele dá o reino. Ele é infinitamente rico e não necessita de nossos pagamentos. Qualquer coisa que tentemos dar a ele já seria dele de qualquer forma. "O que tens tu que não tenhas recebido?" (1 Coríntios 4,7). Por conseguinte, Deus é generoso e livre com sua riqueza. É por isso que o louvamos quando não tememos, mas confiamos nele em nossas necessidades.
 
Finalmente, não temer demonstra que apreciamos a Deus como o Deus feliz. "Não temais, ó pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em vos dar o reino". Deus "se agradou". Dar o reino o "agrada". Ele deseja fazer isso. E fazê-lo, "agrada-o". Nem todos nós temos pais como este — que ama nos dar coisas, fica alegre por nos dar em vez de receber. Mas isto não importa, porque agora você pode ter um Pai como este, Pastor e Rei. Confie nele como seu Pai por meio da obra reconciliadora de Jesus e o verá como seu Pai.
 
Desse modo, o primeiro conceito deste texto é que deveríamos apreciar a Deus como nosso Pastor, Pai e Rei, que é generoso e feliz para nos dar o reino de Deus — para nos dar o céu, a vida eterna e alegria e tudo de que precisamos para estar ali. Se apreciarmos a Deus dessa maneira — se confiarmos nele — não teremos medo e Deus será adorado. Esse é o fundamento de todo o restante deste texto e deste sermão. O que está para acontecer é possível em virtude de sua promessa.
 
Um impulso em direção à simplicidade em vez da acumulação
 
O segundo conceito é este: confiar em Deus dessa maneira acarreta um forte impulso em direção à simplicidade em vez da acumulação. O versículo 33: "Vendei vossos bens e dai esmola; fazei para vós bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, aonde não chega o ladrão, nem a traça o consome". Foque por um momento nas palavras: "Vendei vossos bens". Com quem ele estava conversando? O versículo 22 nos fornece a resposta: "A seguir, dirigiu-se Jesus a seus discípulos, dizendo". De modo geral, essas pessoas não eram ricas. Não tinham muitos bens. No entanto, ela ainda diz: "Vendei vossos bens". Ele não diz quantos bens vender. Para o jovem rico, ele diz: "Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me". Vende tudo o que tens. Quando Zaqueu encontrou Jesus, ele disse: "Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais" (Lucas 19,8). Assim, Zaqueu deu 50% de seus bens. Em Atos 4:37, afirma-se: "Barnabé, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos". Portanto, ele vendeu pelo menos um campo.
 
Assim, a Bíblia não nos diz quantos bens devemos vender. Mas por que ela diz para vender os bens? Por quê? Dar donativos — usar seu dinheiro para mostrar amor por aqueles sem as provisões e sem o Evangelho (a necessidade de vida eterna) — é tão importante que, se você não tem ativos líquidos para doar, deve vender alguma coisa para que possa doar. Entretanto, agora, pense o que isso significa no contexto. Esses discípulos não são pessoas ricas e cujo dinheiro é todo convertido em hipotecas e bens imóveis. A maioria das pessoas como essas, de fato, tem quantias razoáveis de dinheiro economizadas. Mas Jesus não disse: "Pegue alguma de suas economias e dê esmolas". Ele disse: "Vendei vossos bens e dai esmola". Por quê? A simples pressuposição é de que essas pessoas viviam bem próximas da realidade na qual não tinham dinheiro em espécie para dar e tinham que vender algo para que pudessem viver. E Jesus queria que seu povo se movesse em direção à simplicidade e não em direção ao acúmulo de bens.
 
Assim sendo, qual é o conceito? O conceito é que há um impulso na vida cristã em direção à simplicidade em vez da acumulação. O impulso procede de apreciar a Deus como o Pastor, Pai e Rei mais que apreciamos todos os nossos bens. E o impulso é um forte impulso por duas razões. Uma é que Jesus afirmou: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" (literalmente: aqueles que têm bens) (Lucas 18:24). Em Lucas 8:14, Jesus disse que as riquezas "sufocam" a palavra de Deus. Mas queremos entrar no reino muito mais que desejamos as coisas. E não queremos a palavra de Deus sufocada em nossas vidas. Desse modo, há um forte impulso para simplificar em vez de acumular. A outra razão é querermos que a preciosidade de Deus seja manifesta ao mundo. E Jesus nos diz que vender os bens e dar esmolas é uma forma de mostrar que Deus é real e precioso como Pastor, Pai e Rei.
 
Assim, o segundo conceito é que, confiar em Deus como Pastor, Pai e Rei, transmite um forte impulso em direção à simplicidade em vez da acumulação. E isso revela a adoração do interior, do recôndito do coração em ações mais visíveis para a glória de Deus.
 
O aumento do nosso tesouro nos céus, não na terra
 
O terceiro conceito desse texto é que o propósito do dinheiro é aumentar nosso tesouro nos céus, não na terra. O versículo 33 novamente: "Vendei vossos bens e dai esmola; fazei para vós bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, aonde não chega o ladrão, nem a traça o consome". Qual é a conexão entre vender os bens aqui para que possa satisfazer as necessidades dos outros (a primeira parte do versículo) e a acumulação do tesouro nos céus para você mesmo (no fim do versículo)?
 
A conexão parece ser: o modo como faz suas bolsas que não se desgastam e a forma como você acumula seus tesouros no céu que jamais acabam é mediante a venda de seus bens para suprir as necessidades dos outros. Em outras palavras, simplificar pelo amor na terra aumenta sua alegria nos céus.
 
Não deixe de compreender esse conceito totalmente radical. Essa é a forma como Jesus pensa e fala em todo o tempo. Ter a mente fixada no céu faz uma diferença radicalmente amável neste mundo. As pessoas mais poderosamente persuadidas, para as quais o que importa é o tesouro nos céus, não grandes acúmulos de dinheiro aqui, são as pessoas que constantemente sonham com formas de simplificar e servir; simplificar e servir; simplificar e servir. Eles darão e darão. E, é claro, trabalharão, trabalharão e trabalharão, como diz Paulo em Efésios 4:28, "para que tenha com que acudir ao necessitado".
 
A conexão com adoração é esta: Jesus nos ordena a acumular tesouro nos céus, isto é, ampliar nossa alegria em Deus. Ele declara que a forma como fazemos isso é vender e simplificar em virtude dos outros. Desse modo, ele motiva a simplicidade e o serviço por nosso desejo de ampliar nossa alegria em Deus. Fato que significa que todo o uso do dinheiro se torna uma manifestação de quanto nos deleitamos em Deus acima do dinheiro e das coisas. E isso é adoração.
 
Seu coração se move em direção àquilo que você ama
 
Então, o último conceito esta manhã do texto é: seu coração se move em direção àquilo que você ama e Deus quer que você se mova em direção a ele. O versículo 34: "Porque onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração". Essa declaração é dada como a razão por que devemos buscar o tesouro nos céus, que jamais acaba: "Porque onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração". Se o teu tesouro estiver nos céus, onde Deus está, então é ali onde seu coração estará também.
 
Agora, o que este versículo, aparentemente simples, realmente diz? Considero que a palavra "tesouro" significa "o objeto amado". E penso que a palavra "coração" significa "o órgão que ama". Portanto, leia o versículo assim: "Onde o objeto que você ama estiver, ali estará o órgão que ama". Se o objeto que você ama é Deus nos céus, seu coração estará com ele nos céus. Você estará com Deus. Mas se o objeto que você ama é o dinheiro e coisas na terra, então seu coração estará na terra. Você estará na terra, separado de Deus.
 
É o que Jesus quis dizer em Lucas 16:13, quando afirmou: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de se aborrecer de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas". Servir ao dinheiro é amar ao dinheiro e buscar todos os benefícios que ele pode oferecer. O coração vai em busca do dinheiro. Mas servir a Deus significa amá-lo e buscar os benefícios que ele pode nos conceder. O coração busca a Deus.
 
E isso é adoração: o amor do coração a Deus e a busca por ele como o tesouro acima de todos os tesouros.
 
A oferta: um ato de adoração
 
Concluo simplesmente por relacionar esses quatro conceitos ao ato de adoração comunitária que chamamos "a oferta". Esse momento e esse ato em nosso culto serão adoração para você, não importa a quantia — desde a moeda da viúva pobre ou os milhares do milionário — se, por doar, você diz do coração: 1) por meio desta oferta confio no Senhor, Deus, como meu feliz, generoso Pastor, Pai e Rei, de modo que não temerei quando tiver pouco dinheiro para suprir as necessidades dos outros; 2) por meio desta oferta, a pressão incrível de nossa cultura para acumular mais e mais, lanço meu destino com o impulso para a simplicidade por causa dos outros; 3) eu, por meio desta oferta, guardo o tesouro nos céus e não na terra para que minha alegria em Deus seja ampliada para sempre; e 4) com esta oferta, declaro que, desde que meu tesouro está no céu, meu coração busca a Deus.

C. S. Lewis, Pilatos e um “evangelho” de tolos!



Por Josemar Bessa

Pilatos era um homem pragmático. Ele se tornou peça importante no desenrolar do drama da redenção exatamente por se parecer com nossa sociedade, nossa cultura, com as perguntas que nossa geração tem feito, com seus objetivos... e infelizmente, com a motivação da pregação de nossos dias e com a motivação dos ouvintes de nossos dias.

Pilatos estava diante da Verdade encarnada... mas tudo que ele queria saber era... “como essa situação poderá ser vantajosa para mim? Que tipo de benefício pessoal eu posso tirar disso tudo?” A Verdade será útil para mim?

Num ensaio famoso, C. S. Lewis diz que foi convidado a escrever sobre um tema a ele proposto. O tema era: “Você não pode ter uma vida boa sem crer no cristianismo?”

Esse tipo de tema desnuda toda a mentalidade de nossa geração, seu interesse, seu propósito, seu objetivo na vida. C. S. Lewis diz que antes de começar a escrever a respeito tinha um comentário mais importante e imediato a fazer sobre a pergunta. Ele diz que esse tipo de pergunta, que é tão comum em nossa geração, e feito por pessoas que antes de perguntar disseram a si mesmas: “Eu não me importo se o cristianismo é de fato verdade ou não. Eu não estou interessado em saber se o Deus revelado na Bíblia é como ela diz que é... tudo que me interessa é levar uma boa vida. Eu quero escolher uma crença, não porque ela seja a verdade ou não, mas se ela vai ser útil para minha vida...”

Que tipo de simpatia, diz C. S. Lewis, podemos ter com este estado de espírito... uma das coisas que difere o homem dos animais é que ele pode saber coisas... descobrir o que é a realidade, simplesmente – se não tiver motivo mais nobre – por uma questão de saber. Quando este desejo é completamente extinguido, o homem se tornou menos humano.

C. S. Lewis faz o link dessa abordagem do tipo: “Isso será útil para mim?” – com a pregação do evangelho que na verdade é mera pregação do pragmatismo. Ele diz que essa pergunta é feita constantemente a cristãos por causa de pregadores tolos que sempre pregam a verdade bíblica nos termos de como o cristianismo vai ajudar você e como ele é bom para a sociedade, as desigualdades... o que levou todos esquecerem que o cristianismo não é um mero medicamento patenteado. O cristianismo afirma fatos relacionados a vida agora e a vida para sempre. Então, se o cristianismo não é verdadeiro, crer nele será perda total de tempo, ainda que você achasse alguma utilidade em tal crença. Agora, se ele é a Verdade, então não crer nele será fatal, ainda que neste instante você não encontre utilidade... A questão da utilidade surge na mente que vê as coisas apenas como uma ferramenta para deixar a vida mais confortável ou não. Essa é a tolice da mente pragmática ao olhar a Verdade, e essa é a tolice ainda maior dos pregadores que nisso baseiam sua pregação. Ela é, no ponto de partida, uma falsificação total do que é a verdadeira pregação.

Voltemos a Pilatos... Ele era um homem de sabedoria mundana pragmática – toda questão era de como as coisas lhe seriam úteis. Não é a abordagem da maioria das pregações e essa não é a busca da maioria das pessoas que chegam ao evangelho? Pilatos, como a maioria das pessoas, se veem como realistas... mas a ironia disso tudo é que quando você está completamente errado, você está completamente fora da realidade.

Pilatos via Jesus como um peão no jogo da vida. Um peão que podia ser usado em seu benefício, algo útil... Não é essa a motivação da pregação contemporânea. “Olhe o que o evangelho pode fazer por você!” Não se trata mais de : “Olhem, isso é a verdade!” Pilatos era pragmático e só podia ver assim, ele estava num jogo de xadrez político. Ele usaria Jesus da maneira mais útil possível. Esse é o grande erro da maioria das pessoas que se dizem cristãs em nossa geração... como isso é útil para mim? Como é útil para a sociedade? Que tipos de benefícios sociais isso trará?... e por aí vai no caminho do pragmatismo que vê o Cristo, o cristianismo..., como dissemos, como mero remédio patenteado e não como a Verdade absoluta sobre Deus e o homem. Uns abraçados a “teologia da prosperidade”, outros ao evangelho social... mas todos com a pergunta: “A Verdade será útil para mim? Será útil para a sociedade?...”

O que Pilatos não percebia era que Jesus não era um peão no “jogo de utilidade” que ele estava jogando... Pilatos sim, era um peão descartável, Jesus não era um peão, era o Rei. Quando Jesus disse: “...Meu reino não é deste mundo... para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”João 18.38 – Numa mente pragmática como a de Pilatos, um reino que não é deste mundo não pode ser útil... e a verdade não lhe interessa, porque o interesse de Pilatos é o interesse de nossa cultura e de muitos que estão na igreja pregando e ouvindo: “Como isso pode ser útil a mim? Como pode ser útil a sociedade?...”

A pergunta de Pilatos revela o desinteresse pela verdade num coração pragmático. Ele pergunta: “Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir com os judeus...” – Bem pós-moderno! “O que é a verdade?” – E como um bom pós-moderno, ele nem esperou a resposta, não conseguia ver nada de útil para sua carreira na resposta que Jesus poderia dar.

A abordagem do tipo: “como essa situação poderá ser vantajosa para mim? Que tipo de benefício pessoal eu posso tirar disso tudo?” “A Verdade será útil para mim? Útil para os problemas sociais? Útil...” – Mostra que a abordagem do mundo, de nossa geração e cultura, dos pregadores e da maioria dos que se dizem cristãos é exatamente a de Pilatos, a questão não é de forma alguma a verdade... mas o evangelho não é um remédio patenteado e útil tendo como centro o que o homem acha ser necessário, útil e relevante para a sua vida... é a Verdade de Deus.