quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Feminização da Família


Por William O. Einwechter
O feminismo é um movimento radical. Como tal, ele atinge até as raízes do relacionamento entre homem e mulher, e busca alterar a estrutura social e institucional, que é percebida como conflitante com as ideais e objetivos do feminismo. Janet Richards declara que “O feminismo é em sua natureza radical… nós protestamos primeiramente contra as instituições sociais… se considerarmos o passado não há dúvida de que toda a estrutura social foi planejada para manter a mulher inteiramente sob a dominação do homem.”[1] Sendo uma ideologia radical, o objetivo do feminismo é a revolução. Gloria Steinem fala pelas feministas quando diz: “Pregamos uma revolução, não apenas uma reforma. É uma mudança mais profunda que qualquer outra.”[2] Feministas querem criar uma “nova sociedade” onde as condições restritivas sociais do passado sejam para sempre removidas.[3] Quão bem sucedidas feministas foram em promover sua agenda de revolução social? Davidson diz: “Hoje, o feminismo é a ideologia de gênero da nossa sociedade. Desde as universidades até as escolas públicas, da mídia até as Forças Armadas, o feminismo decide as questões, determina os termos do debate, e intimida oponentes em potencial ao ponto do silêncio absoluto.”[4]

A instituição social que o feminismo tem mirado como uma das mais opressivas a mulher é a família tradicional. Por “família tradicional” queremos dizer a estrutura familiar desenvolvida na sociedade Ocidental, sob a influência direta do Cristianismo e a Bíblia. Na família tradicional, o homem é o cabeça do lar e o responsável por prover as coisas necessárias para o sustento da vida. A mulher é a “mantenedora do lar”, e sua principal responsabilidade é o cuidado com as crianças. A família tradicional assim definida é de acordo com o plano bíblico para o lar. Feministas odeiam a família que é padronizada de acordo com a Palavra de Deus porque é contrária a tudo que aceitam como verdade. Portanto, seu objetivo é a destruição total da família tradicional. A feminista Roxanne Deunbar disse claramente: “Em última análise, queremos destruir os três pilares da sociedade de classes e castas – a família, a propriedade privada, e o estado.”[5] Feministas buscam subverter a família tradicional, e no seu lugar almejam uma instituição social radicalmente diferente que é moldada segundo o dogma feminista.

Quando consideramos a natureza radical do feminismo e da sua agenda para subverter a família que é estruturada segundo o modelo bíblico, seria sábio parar um pouco e refletir o quão bem sucedidas feministas tem sido em remodelar a família de acordo com o seu próprio desígnio. O fato é que na sociedade Ocidental o feminismo tem sido enormemente bem sucedido em destruir a família tradicional. A feminização da família já foi estabelecida! Por “feminização da família” queremos dizer o moldar da família de acordo com as crenças e objetivos do feminismo. Essa feminização ocorreu nos últimos trinta anos e com pouca oposição dos homens. Os homens sumiram amedrontados com as acusações feministas de sexismo, repressão, tirania e exploração, como um covarde fugiria diante de acusações de determinado inimigo em campo de batalha. Nada parece ter aterrorizado tanto os homens do que encaradas e palavras iradas de feministas.

Agora, quando dizemos que a feminização da família já foi estabelecida, não queremos dizer que as feministas alcançaram totalmente seus objetivos em relação à família. Queremos dizer, no entanto, que uma revolução na vida da família por influência feminista e de acordo com a ideologia feminista já foi estabelecida na sociedade ocidental. Hoje, a instituição social da família está mais alinhada com a visão de Betty Friedan do que com os ensinamentos do apóstolo Paulo. Isso representa um triunfo (pelo menos parcial) da visão radical feminista de revolução social.

A feminização da família é observada em pelo menos seis áreas:

1. O casamento foi desestabilizado, e o divórcio está numa crescente.

A “demonização” feminista do casamento fez do divórcio algo “socialmente e psicologicamente aceitável, através da ideia de que é uma possível solução para uma instituição defeituosa e já em seu leito de morte.”[6] O ensinamento bíblico que casamento é uma instituição divina e pactual que une homem e mulher para o resto da vida através de um voto sagrado (Gen. 2:18-24; Mat. 19:3-9) foi repudiado pela sociedade moderna. O conceito bíblico foi substituído pela noção de que casamento é uma mera instituição humana, e por isso imperfeita, e que o divórcio é uma forma aceitável de lidar com qualquer problema associado ao casamento.

2. A liderança masculina na família foi substituída por uma organização “igualitária” onde marido e esposa “compartilham” as responsabilidades da liderança na família.

A ideia bíblica de que o homem é o cabeça da família (1 Cor. 11:3-12; Ef. 5:22-23) e senhor do seu lar (1 Pe. 3:5-6) é considerada por feministas algo tirânico e bárbaro, um vestígio do homem primitivo e sua habilidade de dominar fisicamente sua parceira. Nos nossos dias, a esmagadora maioria de ambos homens e mulheres zombam da noção de que a esposa deve se submeter à autoridade do marido.

3. O homem como provedor foi rejeitado, e introduzido um novo modelo de responsabilidade econômica compartilhada.

A visão da nossa era é que o homem não é mais responsável do que a mulher por prover as necessidades financeiras da família. Feministas creem que o ensinamento bíblico que o homem é o provedor da família (1 Tim. 5:9) é parte de uma conspiração masculina para manter as mulheres sob seu domínio por fazerem delas economicamente dependentes dos homens.

4. A mulher como uma dona do lar de tempo integral é zombada, e a mulher que trabalha fora buscando realização e independência é agora a norma cultural.

O mandamento bíblico para que a mulher seja “dona do lar” (Tito 2:4-5) ou é desconhecido ou ignorado. Pessoas com a mentalidade feminista consideram algo indigno que uma mulher fique em casa e limite suas atividades à esfera do lar e da família. Uma carreira profissional é considerada mais conveniente e significante para as esposas e mães de hoje.

5. A norma bíblica da mulher como cuidadora de suas crianças foi substituída pelo ideal feminista de uma mãe que trabalha fora e deixa seus filhos na creche para que ela possa cuidar de outros assuntos importantes.

A responsabilidade da maternidade é vista em termos muito diferentes do que no passado. O chamado bíblico para a mãe de estar com suas crianças, amá-las, treiná-las, ensiná-las, e protegê-las (1 Tim. 2:15; 5:14) é rejeitado pela visão feminista de uma mulher que foi libertada de tais limitações sobre sua individualidade e realização própria.

6. A ideia de que uma família grande é uma “bênção” é rejeitada por uma noção de que uma família pequena de um ou dois filhos (e para alguns, nenhum filho) é muito melhor.

O conceito de “planejamento familiar” objetivando reduzir o número de crianças num lar é defendido por quase todos. O ensino bíblico de que uma família grande é sinal de bênçãos e da soberania de Deus (Salmo 127; 128) é ignorado por famílias modernas, até mesmo aquelas proclamando serem cristãs. A visão feminista que nós determinamos o número de crianças que nós teremos, e que nós somos soberanos sobre esse assunto é agora aceito sem questionamento. E é claro, essa suposta soberania humana sobre a vida e o nascimento leva a justificação do aborto, que é o maior controle de natalidade de todos.

Sim, a feminização da família foi estabelecida no Ocidente! O conceito cristão de família foi substituído pela ideia feminista de família: divórcio fácil substituiu a visão pactual do casamento; igualitarismo substituiu a liderança masculina; o homem e a mulher como provedores em parceria substituiu o homem como provedor; a esposa e mãe que trabalha fora do lar substituiu a mulher como dona do lar; a mãe como uma empregada profissional substituiu a mãe como cuidadora de suas crianças; “planejamento familiar” e “controle de natalidade” substituíram a grande família.

Dois fatores contribuíram significantemente para o sucesso do feminismo na subversão da estrutura e prática familiar que é baseada na Bíblia.

O primeiro fator é a covardia dos homens; sim, até mesmo homens cristãos. Até certo ponto é compreensível (mesmo assim vergonhoso) que homens não-cristãos se acovardassem diante das feministas e seus ataques contra eles e a família tradicional. Mas que homens cristãos, que tem a Palavra de Deus, igualmente tenham se rendido é realmente lamentável. Deus chamou homens para defenderam a Sua verdade no mundo e viverem Seus preceitos. Mas um olhar para o lar evangélico cristão mediano revelará que até mesmos eles foram largamente feminizados. Feministas radicais e anticristãs transformaram nossos lares, e os homens cristãos quase não objetaram contra isso, nem disputaram por esse santo território, que é o padrão familiar bíblico. E ainda, maridos e pais cristãos também demonstraram covardia ao serem incapazes de liderar e assumir a responsabilidade que Deus os entregou. Eles estiveram mais que dispostos a abrir mão da carga total de liderança e provisão para suas famílias; eles estiveram mais que alegres de compartilhar (ou despejar) essas cargas com (ou sobre) suas esposas. A família foi feminizada porque homens cristãos abandonaram seus postos.

O segundo fator é o silêncio e a passividade da igreja. A feminização da família ocorreu em boa parte porque a igreja na maior parte do tempo esteve em silêncio sobre a questão. A igreja não resistiu os ataques feministas com a espada da Palavra de Deus. Ao invés disso, e vergonhosamente, a igreja abandonou seu posto diante da investida feminista, e na verdade até absorveu várias ideias feministas. A igreja vem sendo cúmplice ao ensinar coisas como um casamento igualitário, “planejamento familiar”, e por apoiar a ideia de mulheres profissionais e mães trabalhando fora. Muito da culpa deve ser depositada aos pés de pastores e anciãos que ou foram enganados ou se acovardaram de pregar ou se posicionar pela verdade concernente à família como Deus a revelou na Sua Santa Palavra. Feministas tem sido bem sucedidas em alterar a família porque a igreja falhou em viver e ensinar a doutrina bíblica positiva sobre a família e não expôs, denunciou, e respondeu as mentiras das feministas.

Qual deve ser a nossa resposta como cristãos diante da feminização da família? Nossa resposta começa com o reconhecimento de que isso aconteceu. Negar o fato não nos fará bem algum. Então, devemos assumir a tarefa de “desfeminização” da família e da “re-Cristianização” da família. Essa tarefa é o dever de cada família cristã individualmente; mas é principalmente o dever de maridos e pais cristãos que foram escolhidos por Deus como líderes de seu lar. Homens devem liderar através de preceitos e exemplos na erradicação de todos os aspectos da influência feminista da vida e estrutura de suas famílias, e a restaurar segundo o padrão bíblico. Homens devem ser homens e tomar sobre si a carga total da responsabilidade confiada a eles por Deus. Homens devem parar de se intimidar com a retórica feminista e devem promover a ordem de Deus em suas famílias sem receio.

A tarefa de reconstrução da família de acordo com a Palavra de Deus também faz necessário que a igreja ensine fielmente o que a Bíblia diz sobre a família, e em muitos casos, a alterarem a estrutura de suas igrejas e ministérios (que também foram feminizados) para fortalecerem a família em vez de miná-la. Faz-se necessário que pastores e anciãos respeitam a instituição pactual da família, e parem de entregar o senhorio de suas famílias, e parem de perseguir aqueles homens que buscam uma “desfeminização” das suas próprias famílias. Faz-se necessário que pastores e anciãos sejam um exemplo para o rebanho na “desfeminização” das suas próprias famílias. E faz-se necessário que professores e pregadores com a coragem e a convicção de João Knox e João Calvino exponham as mentiras venenosas do dogma feminista e declararem e defendam o padrão bíblico para a família desde o púlpito.

Impostores expositivos

  
Por Mike Gilbart-Smith
Mark Dever corretamente descreve a Pregação Expositiva como “pregação que toma como o assunto do sermão o assunto de uma passagem particular da Escritura”. Entretanto, tenho ouvido muitos sermões que tentam ser expositivos, mas falham de alguma forma. Abaixo estão sete armadilhas que alguém pode  evitar. Cada uma dessas armadilhas ou não faz da mensagem da passagem a mensagem do sermão, ou, no final das contas, não a faz uma mensagem para a congregação.
 
1) O assunto da passagem é mal-entendido: o “Sermão sem Fundamento”.
 
Este é o caso em que o pregador diz coisas que podem ou não serem verdadeiras, mas que, de nenhuma forma, vieram da passagem, quando ela é entendida corretamente. Isso pode acontecer tanto por falta de cuidado com o conteúdo do texto (por exemplo, “produção, motivação e inspiração”, tirado de 1 Tessalonicenses 1.3, versão NIV; embora nenhuma palavra tenha paralelo no grego), quanto por falta de cuidado com o contexto (por exemplo, o sermão em Davi e Golias, que pergunta “quem é seu Golias, e quais são as cinco pedras que você precisa preparar para usar contra ele?”).
 
Se o pregador não está extraindo profundamente da Palavra de Deus para guiar a mensagem de seus sermões, eles estão possivelmente sendo dirigidos pelas próprias preferências do pregador. Pois, “quando alguém regularmente prega de uma forma que não é expositiva, os sermões tendem a ser somente sobre assuntos que interessam ao pregador” (Nove Marcas). Portanto, a congregação não recebe tudo o que Deus pretendia. A lição? Pregadores devem se entregar ao entendimento absoluto do texto antes de sentar para escrever seus sermões. Uma leitura casual não é o bastante. Os pregadores devem permitir que Deus determine a dieta do rebanho como prevenção contra uma alimentação insuficiente.
 2) O assunto da passagem é ignorado: o “Sermão Trampolim”.
 
Bastante parecido é o sermão em que o pregador entendeu o centro do texto, concorda superficialmente com ele , e então fica intrigado com algo que é um ponto secundário ou terciário, fixando sua atenção nisso pelo resto do sermão. O que ele diz vem do texto, mas não é o assunto principal do texto (por exemplo, o sermão em João 3 que enfoca primeiramente a permissão de cristãos beberem álcool).
 
3) O assunto da passagem não é aplicado: o “Sermão Exegético”.
 
Algumas pregações que se dizem expositivas são rejeitadas como chatas e irrelevantes… e com justiça! O ouvinte poderia muito bem ler um comentário exegético. Tudo que é dito é fiel à passagem, mas não é realmente um sermão; é meramente uma leitura técnica da passagem. Pode-se aprender muito sobre o uso paulino do Genitivo Absoluto, mas pouco sobre a pessoa de Deus ou a natureza do coração humano. Não há aplicação pra nada a não ser às mentes da congregação. A verdadeira pregação expositiva certamente deve informar primeiro a mente, mas também aquecer o coração e constranger a vontade.
 
4) O assunto da passagem é aplicado a uma congregação diferente: o “Sermão Irrelevante”.
 
Muitas pregações promovem orgulho na congregação por jogarem pedras nos tetos de vidro de outras pessoas. Ou o ponto da passagem é aplicado apenas aos incrédulos, sugerindo que a Palavra não tem nada a dizer para a igreja, ou é aplicada aos problemas que raramente são vistos na congregação onde se prega. Assim, a congregação se torna orgulhosa, e como os fariseus na parábola de Jesus, acabam agradecidos por não serem como os outros. A resposta não é arrependimento e fé, mas “se a Sra. Brown ouvisse esse sermão!” ou “esse sermão realmente deveria ser pregado na Enésima Igreja Batista de Smorgsville, Pensilvânia!”.
 
5) O assunto da passagem é mal aplicado à congregação atual: o “Sermão Inadaptado”.
 
Algumas vezes, a distância hermenêutica entre a passagem original e a congregação atual pode ser mal compreendida, de forma que a aplicação do contexto original é transferida de maneira errada ao contexto atual. Assim, se o pregador não tem uma teologia bíblica correta do culto, passagens sobre o Templo no Antigo Testamento podem ser aplicadas erroneamente sobre o prédio da igreja no Novo Testamento, ao invés de estarem cumpridas em Cristo e em seu povo.
 
6) O assunto da passagem é separado de seu impacto geral: o “Sermão Doutrinário”.
 
Deus deliberadamente falou a nós “de muitas e diversas maneiras”. Muitos sermões ignoram o gênero de uma passagem, e pregam narrativa, poesia, epístola ou apocalíptica – todos como se fossem uma série de afirmações proposicionais. Embora toda pregação deva transmitir verdades proposicionais, elas não deveriam ser reduzidas a isto. O contexto literário das passagens deveriam significar que um sermão de Cântico dos Cânticos soa diferente de um a partir de Efésios 5. As passagens podem ter o mesmo ponto central, mas é transmitido de uma forma diferente. Esta diversidade não deve ser perdida na pregação.
 
7) O assunto da passagem é pregado sem referência à passagem: o “Sermão Atalho”.
 
Outro sermão pode ter até uma aplicação apropriada à mente, coração e vontade, ainda que a congregação fique sem saber como isso foi apropriadamente aplicado a partir do texto. Oposto do sermão exegético, esse tipo de pregação não mostra nenhum “trabalho” exegético, afinal. Embora o Senhor tenha apresentado seus objetivos em sua Palavra, apenas o pregador está totalmente ciente desse fato. A congregação pode muito bem acabar dizendo “que sermão maravilhoso” ao invés de “que passagem maravilhosa da Escritura”.
Pregação expositiva é tão importante para a saúde da igreja porque permite que o conselho inteiro de Deus seja aplicado à igreja inteira de Deus. Que o Senhor equipe os pregadores de Sua Palavra de forma que Sua voz possa ser ouvida e obedecida