quarta-feira, 8 de maio de 2013

O limite da fraqueza


Por Adeildo Nascimento Filho

"Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos." 1 Co 9:22.
 
 Lendo este texto fico me perguntando se Paulo pensou em algum limite para esta fraqueza quando o escreveu. Também me pergunto se atualmente a suposta fraqueza de alguns efetivamente tem o objetivo santo de ganhar os fracos.

Até que ponto a pregação do evangelho tem que se sujeitar a modismos e ondas pós-modernas de dominação do mundo e principalmente do consciente e inconsciente coletivo? Será que a cruz precisa de estratégias agressivas de marketing como os produtos tecnológicos ou as cadeias de varejo? Será que a TV e os programas de auditório, antes tão atacados pelos cristãos tradicionalistas, agora são a mais indicada forma de se pregar o evangelho de Cristo? Boas perguntas.

Não consigo acreditar que Paulo toparia lançar oferendas para Iemanjá a fim de alcançar os seus devotos. Também não consigo imaginar que Paulo toparia subir num palco e cantar “ai se eu te pego” a fim de abrir caminho para o coração do pessoal da “tribo” do sertanejo universitário. Não acredito em discipulado feito virtualmente, não foi assim que Jesus fez. Também não creio que o evangelho precise de subterfúgios de entretenimento coletivo para “vender” sua mensagem. Até porque ele não precisa ser vendido, é gratuito.

Talvez o limite da fraqueza citada por Paulo seja o da pessoalidade. Se fazer de fraco não significa ser fraco, ou seja, não é necessário ser viciado em nada para ter o mínimo de empatia com aqueles que são. Do contrário, seguindo esta lógica, seríamos forçados a pecar para demonstrar amor aos que pecam. Jesus não pecou e ninguém amou mais o pecador que ele.

Outro ponto é o motivo explicitado por Paulo para este tipo de atitude, ganhar os fracos. Se fazer de fraco só tinha este objetivo. Como sempre a resposta está no motivo e não na ação em si. Não tenho dúvidas quanto aos objetivos de Paulo, sua vida traduziu na íntegra tudo o que ele pregou. E hoje? O motivo ainda é o mesmo? Estamos fazendo papel de tolos e fracos buscando as mesmas glórias de Paulo? Tenho lá minhas dúvidas. E quando digo isso não penso em ninguém mais além de mim. Meu coração é enganoso e falho. Vivo a várias centenas de anos distante de Paulo e do primeiro derramar do Espírito Santo. Tenho receio de, no mínimo, me perder na fraqueza enquanto tento ganhar os fracos. Acho melhor mostrar a fortaleza da rocha na qual procuro me firmar a cada novo dia.

Na maior parte das vezes acho que estamos abrindo mão da nossa responsabilidade na expansão do reino. A maior propaganda do evangelho deveria ser nossas vidas. Pregações ambulantes. Corpos cravejados de cicatrizes que provam a eficácia do evangelho. Vidas redimidas e limpas através do sangue de um cordeiro inocente. Mas ao invés disso, na maior parte do tempo, temos terceirizado nosso chamado para ícones do mundo gospel na esperança que eles preguem, discipulem e conduzam vidas até a cruz.

É difícil não ser pessimista quanto a eficácia dessa estratégia para o reino de Cristo. Continuo acreditando não haver comunhão entre luz e trevas.

O limite da fraqueza citada por Paulo é Jesus. Enquanto Ele for o ÚNICO caminho apontado por você ok, mas caso Ele se torne UM DOS, então você deixou de se fazer de fraco e passou a ser um deles.

Como Herdamos a Pecaminosidade de Adão?


Por Phil Johnson
Como nós entramos neste estado? A Bíblia joga toda a culpa em Adão. Romanos 5:12 diz: "por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." O pecado entrou no mundo por Adão, e então passou a todos os homens. O pecado de Adão trouxe morte espiritual – depravação total - sobre toda a raça. 1 Coríntios 15:22 diz: "em Adão, todos morrem".
Lembre-se que nós somos pecadores antes de cometermos qualquer ato evidente de pecado. Nós nascemos com a mácula do pecado. Na verdade, é apropriado dizer, como o fez Davi, que nós somos pecadores desde o momento da nossa concepção (Sl 51:5). Os teólogos referem-se a isto como o “pecado original”.
"Cinco versículos seguidos atestam de formas diferentes que o pecado de Adão corrompeu a raça inteira. Adão, como cabeça representativa da raça humana, mergulhou a todos nós no pecado."
Então como a culpa de Adão foi passada para você e para mim? Essa questão torna-se complexa e há várias opiniões teológicas diferentes que foram propostas para explicar este processo. Se você quiser aprofundar-se na pergunta, recomendo o livro de John Murray: A Imputação do Pecado de Adão ou os sermões de Martyn Lloyd-Jones em Romanos 5. Um dia desses, trataremos com mais atenção do assunto “pecado original”.
Nesta série, entretanto, não é realmente necessário entrar em grande detalhe na pergunta de como o pecado foi transmitido a nós a partir de Adão. É suficiente afirmar o fato de que o pecado de Adão nos condenou. Sem entrar profundamente em todos os mistérios que cercam esta pergunta, simplesmente declaremos o que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o assunto: "pela ofensa de um só, morreram muitos" (Rm 5:15); "o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação” (v. 16); "pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte” (v. 17); "por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação” (v. 18); "pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores” (v. 19).
Cinco versículos seguidos atestam de formas diferentes que o pecado de Adão corrompeu a raça inteira. Adão, como cabeça representativa da raça humana, mergulhou a todos nós no pecado. Mas nós não podemos ficar à distância e apontar o dedo para ele em uma tentativa de nos desculparmos. Nós herdamos a culpa dele bem como a sua pecaminosidade. Somos tão condenáveis quanto Adão. A pergunta sobre como a culpa dele foi passada para nós não é tão importante quanto a realidade de que isso de fato aconteceu. Nenhum fato em toda a filosofia ou religião é atestado com tanta evidência empírica. Toda a descendência de Adão – com uma significativa e divina exceção – tem sido formada por pecadores. Nós nascemos moralmente corruptos.
Quero chamar sua atenção a um par de corolários desta doutrina. Primeiro, sugere que Adão foi uma pessoa histórica. Aqueles que querem tratar os capítulos iniciais de Gênesis como simbolismo ou mito destroem a doutrina do pecado original. Se Adão não foi um indivíduo histórico, nada disso faz sentido. Não há nenhuma explicação razoável para definir como a nossa raça tornou-se pecadora, a menos que o relato da queda em Gênesis 3 seja literalmente verdadeiro. Portanto, a pecaminosidade de toda a humanidade testemunha a respeito da veracidade do relato bíblico da queda.
"Se Adão não foi um indivíduo histórico, nada disso faz sentido. Não há nenhuma explicação razoável para definir como a nossa raça tornou-se pecadora, a menos que o relato da queda em Gênesis 3 seja literalmente verdadeiro."
Segundo corolário: Aqueles que negam que natureza humana é pecadora são culpados de ignorância voluntária. A universalidade da pecaminosidade humana é irrefutável. É patente. Todas as pessoas que conhecemos são pecadoras. Não há qualquer evidência que corrobore o mito de que as pessoas são básica e fundamentalmente boas.
O pecado original não é uma marca secundária na alma humana. Ele corrompe todos os aspectos de nosso caráter. Preste atenção nas palavras de Romanos 3, onde Paulo resumiu a doutrina da depravação universal. Estes versos vêm logo depois de dois capítulos com argumentos que mostram que os pagãos, os gentios moralistas, e até mesmo os judeus religiosos são todos pecadores perdidos. Em Romanos 3:9-18, Paulo conclui e estabelece com clareza e de forma inequívoca :
Nós já demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado [ele vinha provando este ponto por dois capítulos]; como está escrito [e aqui ele cita uma série de textos do Antigo Testamento]: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”. “A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura”; “são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz”. “Não há temor de Deus diante de seus olhos”. Esse é exatamente o ponto em que começamos esta série, não é mesmo? Os não-crentes são incapazes de amar, temer, confiar, ou obedecer a Deus. Eles podem enganar a si mesmos pensando o contrário, mas isso só prova a falsidade de um coração doente pelo pecado.

Jesus Cristo realmente ressuscitou?

jesusressuscitou
Por Davi Lago
“Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.31).

A ressurreição de Cristo é uma evidência objetiva de que o cristianismo é verdadeiro. “Se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm” (1Co 15.14). Mas Jesus ressuscitou, apareceu diante de seus discípulos “e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo” (At 1.3). A ressurreição significa que Jesus Cristo é exatamente aquilo que ele afirmou ser: o Filho de Deus. Jesus Cristo é Deus em carne.

Jesus afirmou que morreria e ressuscitaria três dias depois. E fez isso várias vezes: “É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia” (Lc 9.22); “Jesus lhes respondeu: ‘Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias’. Os judeus responderam: ‘Este templo levou quarenta anos para ser edificado e o senhor vai levantá-lo em três dias?’. Mas o templo do qual ele falava era o seu corpo” (Jo 2.19-21). E, de fato, Jesus ressuscitou.

Podemos pontuar alguns aspectos sobre a ressurreição de Cristo:

Jesus morreu realmente: A ressurreição pressupõe a morte física. A fim de ressuscitar dentre os mortos, era necessário que Jesus tivesse morrido. Esse é um fato evidente que pode ser deduzido à base da sua crucificação. De acordo com o que nos conta Marcos, Jesus foi pregado à cruz às nove horas da manhã e permaneceu lá até às três horas da tarde (Mc 15.25,33). Contudo, há aqueles que asseveram que Jesus não morreu de verdade. A doutrina islâmica, por exemplo, declara que Jesus nunca morreu. Os muçulmanos dizem que os judeus afirmaram ter matado Jesus, contudo “eles não o mataram nem o crucificaram, mas para eles pareceu que foi, pois Alá o levou para o céu” (Sura 4.157,158). Jesus, então, só deu vistas de ter sido crucificado, na verdade, ele foi exaltado e ascendeu diretamente ao céu sem jamais ter morrido. De acordo com a tradição muçulmana, outra pessoa foi crucificada erradamente pelos romanos. Outra teoria que nega a morte de Jesus na cruz admite que ele foi crucificado, mas afirma que Jesus somente desfaleceu, ou ficou inconsciente na cruz. Ambas essas teorias estão completamente equivocadas. Os soldados romanos tiveram a certeza de que Jesus já havia morrido, e não tiveram que lhe provocar a morte, quebrando-lhe as pernas, conforme aconteceu aos outros dois, que tinham sido crucificados ao mesmo tempo. Foram os inimigos, e não os amigos de Jesus, que confirmaram a sua morte.

Jesus foi sepultado fisicamente: De acordo com todos os quatro evangelhos, Jesus não foi sepultado em um cemitério ou campo aberto, mas em um sepulcro escavado na rocha. Paulo escreveu em 1Coríntios 15.3-5: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultados e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois ais Doze”. No período em que esse texto foi escrito, como as testemunhas de Jerusalém estavam vivas, elas poderiam desmentir Paulo afirmando que não houve sepultamento de Jesus. Contudo, isso não ocorreu. Além disso, não havia tempo suficiente para que uma lenda a respeito do sepultamento de Cristo tivesse surgido e sido aceita por todos. O próprio Paulo esteve por duas semanas em Jerusalém (Gl 1.18) e lá pode confirmar o fato de que todos sabiam que Jesus foi sepultado. Outro ponto importante é considerar a figura de José de Arimateia. Nenhum acadêmico sério de nosso tempo afirma que José é uma invenção dos primeiros cristãos, sobretudo por se afirmar que ele era um membro do Sinédrio, fato que poderia ser facilmente desmentido. Além disso, até mesmo detalhes incidentais que os evangelhos fornecem sobre José corroboram sua existência histórica. As narrativas afirmam que ele era rico (o que justifica o tipo de túmulo) e que ele era de Arimateia (um lugar sem nenhuma importância e simbolismo na Bíblia).

Jesus ressuscitou: Três dias após sua morte, Jesus ressuscitou. “E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu dos céus e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela. O anjo disse às mulheres: ‘Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou como tinha dito’” (Mt 28.2,5,6). “Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto” (Mc 16.6). “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou!” (Lc 24. 5-6). “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.3-4).

William Lane Craig apontou três evidências da ressurreição de Cristo:

Primeira evidência: o túmulo vazio. A história da ressurreição de Cristo não teria durado um minuto se o corpo de Jesus estivesse na tumba. Contudo, há grandes evidências que comprovam o fato de que o túmulo de Jesus ficou vazio.

Quando os discípulos foram ver o túmulo onde o corpo morte de Jesus fora previamente depositado, eis que o mesmo estava vazio. Todos os quatro evangelhos narram que o sepulcro foi achado vazio. Os discípulos de Cristo não foram embora para Atenas ou Roma pregar o Cristo ressurgido dos mortos; eles voltaram direto para a cidade de Jerusalém onde, se o que eles estavam ensinando fosse falso, a sua mensagem seria contestada.

A ressurreição não poderia ser mantida por um momento em Jerusalém se a sepultura não estivesse vazia. Se os judeus tivessem conseguido mostrar o corpo de Jesus, isso teria derrubado a reivindicação de seus seguidores de que ele havia ressuscitado. Mas o túmulo estava vazio.

O relato bíblico mostra que os judeus acusaram os discípulos de Jesus de terem roubado seu corpo do sepulcro. Há uma interessante evidência arqueológica disso. Os arqueólogos encontraram uma laje de mármore branca que contém uma inscrição de um decreto de César datada de 45 a 50 d.C. O decreto ordena que os sepulcros “permanecerão intocáveis para sempre” e determina que todo aquele que retirar os corpos dos sepulcros estarão sujeitos à pena de morte. Há amplo consenso entre os historiadores de que Cláudio – que foi César de 41 a 54 d.C. – associou o roubo de corpos de sepulcros com as perturbações em Roma entre judeus e cristãos durante seu reinado. Tanto é, que em 49 d.C., Cláudio expulsou todos os judeus de Roma por causa dessas perturbações, as quais Suetônio, o escritor romano da biografia de Cláudio, culpou “Chrestos”, ou melhor, Cristo. Contudo, mesmo que os discípulos tivessem tido a oportunidade de roubar o corpo, eles não tinham motivo para fazer isso. A execução de Jesus em uma cruz o teria marcado aos olhos deles como falso profeta e falso Messias. Porque eles roubariam o corpo? Ninguém jamais conseguiu dar uma resposta convincente a essa pergunta. Tudo isso comprova que Jesus não estava mais no túmulo.

Há pontos interessantes a se levar em conta:

O túmulo vazio foi descoberto por mulheres. Dado o relativo baixo status que as mulheres ocupavam na sociedade judaica e sua “pequena qualificação” para servir como testemunha legal, é surpreendente o fato de que foram mulheres que descobriram o túmulo vazio. Se, de fato, não fossem mulheres que tivessem descoberto o túmulo vazio, por que a igreja afirmaria isso e humilharia seus líderes afirmando que esses permaneceram escondidos em Jerusalém como covardes? Além disso, os nomes das mulheres citadas eram conhecidos por toda a igreja primitiva e seria muito fácil desmenti-las caso elas não tivessem visto o túmulo vazio primeiro.

A investigação que Pedro e João fizeram do túmulo vazio é historicamente provável. A visita dos discípulos à tumba vazia é extremamente plausível porque eles estavam em Jerusalém.

Seria impossível para os discípulos anunciarem a ressurreição em Jerusalém se a tumba não estivesse vazia. O túmulo vazio é a condição sine qua non do anúncio da ressurreição de Cristo. A pregação dos discípulos não duraria um minuto se o corpo de Jesus estivesse sepultado.

Os próprios opositores do cristianismo não negaram o fato do túmulo vazio. Os judeus opositores à fé cristã em nenhum momento negaram que o túmulo estivesse vazio, pelo contrário, acusaram os discípulos de terem roubado o corpo de Jesus. Essa é uma evidência muito persuasiva de que o túmulo estava vazio.

O fato de que o túmulo de Jesus não foi venerado indica que ele estava vazio. Os judeus veneravam e preservavam os túmulos dos profetas e homens santos. Essa veneração era aspecto importante na religião judaica. Contudo não existe o mínimo vestígio de que o túmulo de Jesus foi venerado. A razão para isso é que ele estava vazio.

Somadas, essas evidências são um forte argumento para comprovar que o túmulo de Jesus estava vazio.

Segunda evidência: as aparições de Jesus ressuscitado.  Há grande comprovação histórica de que Jesus foi visto depois de morto por várias pessoas. Em 1Coríntios 15.3-5 Paulo afirma que Jesus apareceu a Pedro e aos demais discípulos, e prossegue dizendo: “Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo” (1Co 15.6-8). Essas informações de Paulo foram escritas muito próximas aos eventos e, por isso, não podem ser lendas. A maioria das quinhentas pessoas que viram Jesus ressurreto poderia ser questionada para comprovar a história.

Houve, ao todo, treze diferentes aparições de Jesus sob as mais diferentes condições e circunstâncias concebíveis. Ele apareceu no jardim do túmulo, próximo a Jerusalém, no cenáculo, no caminho para Emaús, ao lado do mar da Galileia, em uma montanha na Galileia e no monte das Oliveiras. Jesus apareceu quando Maria Madalena estava chorando, quando as mulheres estavam temerosas, quando Pedro estava cheio de remorso, e Tomé, cheio de incredulidade. É muito importante observar nesse ponto a sinceridade dos relatos dos evangelhos. No mundo do século I, mulheres (além de presos condenados, escravos e menores de idade) não eram consideradas testemunhas confiáveis. Não obstante, os quatro evangelhos afirmam que foram mulheres que descobriram que o túmulo estava vazio.

Terceira evidência: a origem da crença dos discípulos na ressurreição de Jesus. Por que os discípulos acreditariam que Jesus ressuscitou se de fato ele não tivesse ressuscitado? Não há explicação satisfatória para essa pergunta a não ser admitir que Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos. É importante notar que os judeus acreditavam na ressurreição, como comprovam os textos de Isaías 26.19, Ezequiel 37 e Daniel 12.2. Contudo, eles acreditavam que a ressurreição seria no fim do mundo e não no meio da história, e também que a ressurreição seria para todas as pessoas e não para um indivíduo isolado. Portanto, os discípulos de Jesus só poderiam crer na ressurreição de Jesus e morrer afirmando que o viram depois da morte, se verdadeiramente Jesus tivesse ressuscitado e aparecido para eles.

Quando Jesus morreu, seus seguidores temeram pela própria vida. Ficaram tão receosos que não conseguiram nem cumprir com a obrigação básica de amigos íntimos, que era a de sepultar seu mestre. Os discípulos estavam angustiados e desesperados. A vida tinha perdido seu significado e propósito. Mas quando a ressurreição de Jesus ficou patenteada, a vida adquiriu uma nova significação. Agora havia propósito e razão para a existência. Eles deixaram seu esconderijo para pregar a ressurreição e, como consequência, muitos foram martirizados.

É importante frisar que, ninguém em sã consciência morre por algo que sabe ser falso. Talvez a transformação dos discípulos de Jesus seja, de todas, a maior evidência da ressurreição, pois é totalmente natural. Eles não nos convidam a olhar para eles mesmos, mas para o túmulo vazio, para as vestes largadas ali e para o Senhor a quem eles viram. Podemos ver a mudança que neles ocorreu, sem que nos peçam para observar isso. O livro bíblico que vem depois dos evangelhos, chama-se “Atos dos Apóstolos”. Nesse livro está registrado o início da história do cristianismo, com as primeiras ações dos discípulos de Jesus. É muito claro que os simples discípulos de Jesus, que eram homens fracos e vacilantes, tornam-se pregadores corajosos e destemidos. A morte do seu Mestre os deixara desapontados e desiludidos. Contudo, no livro de Atos, eles emergem como homens que põem em risco sua vida em nome de Jesus Cristo.

Além disso, podemos ainda ressaltar outros fatos:

A incredulidade de Tomé: As primeiras notícias vitoriosas sobre a ressurreição de Jesus já estavam correndo. Em certo momento, Jesus apareceu para todos os apóstolos, exceto Tomé, que estava ausente. Quando Tomé voltou e soube da aparição de Jesus, não quis acreditar: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20.25). Tomé queria ver e tocar em Cristo para crer. Em outro dia, Jesus reapareceu aos discípulos e desta vez Tomé estava presente. Jesus então ofereceu a oportunidade da prova, censurando a Tomé. Então, Tomé disse: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28) reconhecendo em Cristo o supremo e eterno Salvador, o próprio Deus. A atitude de Tomé transformou-se numa extraordinária prova da ressurreição de Jesus Cristo, como disse Agostinho: “ele duvidou para que nós crêssemos”.

O testemunho de Paulo: E quanto a Paulo, o perseguidor dos cristãos? Esse judeu fanático tanto odiou os seguidores de Cristo que obteve permissão especial para ir para as outras cidades e encarcerar os cristãos. Ele devastava a igreja. Mas algo também aconteceu a esse opressor. Ele mudou de antagonista para protagonista de Jesus. Ele foi transformado de assassino em missionário cristão. Ele passou de cruel inquisidor dos cristãos para um dos maiores propagadores da fé cristã. Paulo começou a confundir as autoridades judaicas “provando que Jesus era o Cristo”, o Filho de Deus (At 9.22). Paulo foi morto em consequência de sua devoção a Cristo. O que aconteceu com Paulo? A explicação histórica está na declaração do próprio Paulo: “E por derradeiro de todos [Cristo] apareceu também a mim” (1Co 15.8). A ressurreição de Jesus é a explicação da transformação desses homens. A ressurreição de Jesus foi o tema central da pregação dos apóstolos. Apesar de todas as coisas maravilhosas que Jesus ensinou aos discípulos, o tema dominante da pregação apostólica foi a ressurreição de Cristo. Em todo lugar e “com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus” (At 4.33).

A reação dos que rejeitavam a Cristo: Além de tudo isso, cabe ressaltar que a reação das autoridades judaicas também é testemunho do fato da ressurreição de Cristo. Eles não apresentaram o corpo, nem organizaram uma busca. Pelo contrário, subornaram os soldados que guardavam o túmulo para mentir (Mt 28.11-15) e lutaram contra os discípulos que testificaram que viram o corpo vivo. O fato de confrontar, em vez de refutar, as reivindicações dos discípulos comprova a realidade da ressurreição. A ressurreição de Jesus Cristo e o cristianismo ou permanecem ou caem juntos. A fé cristã depende de Jesus ter ou não ressuscitado verdadeiramente dentre os mortos. Sem ressurreição não há cristianismo. O apóstolo Paulo escreveu: “Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm” (1Co 15.13-14). Mas a ressurreição de Jesus foi um acontecimento histórico objetivo. Graças a Deus pela ressurreição de Jesus Cristo. Porque Cristo vive podemos crer no amanhã. Porque Jesus levantou do túmulo, podemos ter certeza que nossa fé não é vã. O cristianismo é verdadeiro e a ressurreição de Cristo prova isso.