sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Graça de Deus



Por Heitor Alves
Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios faziam o primeiro pé de sua viagem da Inglaterra quase vazios até que escorassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos Europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. Os compradores selecionavam os espécimes mais finos, e comprava-os em troca de armas, munições, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos então a bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados nas plataformas para impedir suicídios. Colocados lado a lado para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente até 600 "unidades" de carga humana. Os escravos eram "carregados" nos navios para a viagem através do Atlântico. Os capitães procuraram fazer uma viagem rápida esperando preservar ao máximo a sua carga, contudo a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais.

Uma vez chegados ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e melaço que os navios carregavam para Inglaterra no pé final de seu "comércio triangular". John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII. Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e afundou-se. Foi nesta tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Após ter sobrevivido, ele converteu-se verdadeiramente ao Senhor Jesus e começou a estudar para ser um chamado Pastor”. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres. Em 1782, Newton disse: "Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: Eu sou um grande pecador, Cristo é o meu grande salvador."No túmulo de Newton lê-se: "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir". O seu mais famoso testemunho continua vivo, através da sua autoria de um hino intitulado "Amazing Grace", Graça Maravilhosa.

Newton compôs esta canção cuja letra fala de sua transformação espiritual. Testemunha que foi a graça de Deus que o salvou do naufrágio. Esta composição foi interpretada por vários cantores norte-americanos, mas é na voz de Elvis Presley, o "Rei do Rock", que se tornou famosa.

Podemos definir esta “graça” como o favor eterno e totalmente gratuito de Deus, manifestado na concessão de bênçãos espirituais e eternas às criaturas culpadas e indignas. Ou seja, é a concessão de favores a quem não tem mérito próprio e pelos quais não se exige compensação alguma. Logo, ninguém pode reinvidicá-la como direito. Caso contrário não seria graça (Rm 4.4,5; 11.6).

1. Características da Graça

A Graça é Eterna.
As obras da graça não são feitas para resolverem os problemas de última hora. Ela não é feita às pressas, na carreira. Deus não espera acontecer algo de mal ao homem para formular como a Sua Graça agirá. Mas as obras da graça de Deus foram idealizadas antes de serem manifestadas aos homens. Elas foram formuladas antes de serem comunicadas a eles. Deus nos deu tudo antes de tudo existir (2Tm 1.9). Todas as resoluções fundamentais com respeito à nossa salvação foram feitas antes que o mundo existisse (Tt 1.2).

Deus não toma providências quando os problemas surgem. Mas a sua sabedoria eterna e infinita tratou de planejar a sua graça de acordo com cada problema antes mesmo do problema agir. Nisso dizemos que Deus não é apanhado de surpresa em nada do que acontece no mundo. Pois para cada situação da vida, cada detalhe da nossa existência, Deus já havia providenciado a sua graça para aquele momento ou para aquela situação.

A Graça é Supremamente Rica.
O apóstolo Paulo, quando escreve sobre a graça de Deus, escreve usando expressões majestosas. Veja Efésios 2.6,7:

“e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.”
Vemos, neste verso, que todas as realidades relacionadas à graça de Deus sobre nós estão vinculadas a Cristo Jesus. Isso quer dizer que Não existe manifestação da graça para nós fora de Cristo. A Graça de Deus não pode vir a nós se não vier com Cristo. Com Cristo temos graça, sem Cristo não temos graça. A graça vem acompanhada da obra de cristo em nosso lugar e em nosso favor.

Notemos também que Paulo fala da “suprema riqueza da sua graça”. A graça de Deus é rica (1) porque ela nos ressuscita com Cristo. Isso tem haver com a regeneração ou novo nascimento, onde Deus nos deu vida estando nós mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1,5). Ela é rica porque concede vida aos que estão mortos.

A graça de Deus é rica porque (2) ela nos coloca “nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Quando Deus nos ressuscita, Ele nos eleva para os “lugares celestiais” que são os lugares nos quais reina a graça de Deus de forma supremamente rica e nos quais a esfera da pecaminosidade não possui domínio sobre nós. No original grego, “nos fez assentar” está no passado e indica uma ação concretizada no passado. Deus já nos colocou nessa posição gloriosa juntamente com Cristo.

A Graça é Soberana.
É soberana porque reina. Ela não é um objeto qualquer que nos é oferecida e podemos aceitá-la ou não. Paulo afirmou que a graça reina (Rm 5.21) e o autor aos Hebreus usa a expressão “o trono da graça” (Hb 4.16). Ora, onde há um reino, há um trono; onde há trono aí há a soberania.

O que produz no coração dos orgulhosos um forte ódio contra Deus é o fato da graça de Deus ser dada livre e soberanamente, sem que possa ser comprada ou merecida ou até mesmo exigida. Faz parte da natureza humana o sentimento de competição, de luta para conquistar algo. O atleta que treina durante quatro anos para competir e ganhar uma olimpíada; uma seleção de futebol que se prepara com amistosos, torneios e eliminatórias durante quatro anos para, enfim, jogar uma copa do mundo com sete partidas e sagrar-se campeão. Mas na carreira espiritual não há preparação ou treino. Você chega ao céu simplesmente com a graça. É dada para o homem a entrada nos céus. É dada ao homem a vida eterna.


2. As Obras da Graça
A graça de Deus faz muitas obras na vida do homem, sejam elas de caráter soteriológico ou não.

A Graça na Restauração do Pecador.
Em se tratando de restauração do pecador, todos os passos para a redenção do pecador são atribuídos à graça de Deus, ou seja, todas as bênçãos provenientes da salvação nos são dadas graciosamente por Deus.

(1) A Eleição é obra da graça de Deus. Apesar da eleição não significar salvação, ela indica quem serão salvas com absoluta certeza, embora apenas Deus possa ter esta certeza. O decreto da eleição é nascido no amor gracioso de Deus. O ato divino de eleger indivíduos para a salvação já revela a manifestação da graça de Deus. A eleição por si só já é por graça. Isso exclui toda e qualquer tentativa de validar a salvação por obras (Rm 11.5,6).

(2) A Regeneração é obra da graça. Regeneração é sinônimo de chamamento, chamado eficaz, vocação eficaz. Paulo declara de os homens são chamados por graça. Ele é um exemplo do chamado gracioso de Deus. Ele não desejava ser um cristão. Nunca almejou isso. E ele testemunha isso em Gálatas 1.6,15:

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho... Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...”.

(3) A Justificação é obra da graça. A base da nossa justificação repousa na obra graciosa de Cristo que derramou o seu sangue (Rm 5.9). A justificação pelo sangue é uma obra da graça de Deus:

“... sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus...” (Rm 3.24).

Em Romanos 5.16,18, Paulo nos explica que Deus exerce juízo sobre os homens com base apenas no pecado de Adão. Uma só ofensa. Já com a graça de Deus ocorre diferente. Imagine se Deus justificasse o homem por um só pecado?, como ficaria ele com o restante dos pecados que comete? A morte de Cristo traz o perdão não apenas de uma transgressão, mas de todas elas. Isso leva a gratuidade da justificação por todos os pecados. A graça transcorre de muitas ofensas. Por isso o apóstolo conclui:

“... mas onde abundou o pecado, superabundou a graça...” (Rm 5.20).

A graça sobrepuja o pecado a fim de que os seres humanos possam ser justificados de todos os seus pecados (Tt 3.7).

(4) A fé é obra da graça. De acordo com as Sagradas Escrituras, a fé é fruto da graça divina sobre os homens. É a graça de Deus atuando na vida do homem que o capacita a ter fé. Não podemos dissociar graça da fé. Sem a graça divina é impossível crer em Cristo. Qualquer fé em Cristo que não for acompanhada da graça, pode ser qualquer coisa, menos a verdadeira fé evangélica. É a graça de Deus que torna possível a fé em Cristo:

“Querendo ele (Apolo) percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos e escreveram aos discípulos para o receberem. Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido...” (At 18.27).
Mesmo convencendo publicamente às pessoas por meio das Escrituras (v. 28), era absolutamente necessário que a graça operasse, a fim de que as pessoas pudessem crer. Não existe fé sem a graça. Não há meio para obter a fé se não for através da graça.

“Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele...” (Fp 1.29).

(5) A santificação é obra da graça. Apesar de muitos crentes acharem que a santificação é algo que o crente deve desenvolver, e eles estão corretos em pensar isso, o que eles precisam saber é que a santificação é uma obra que Deus faz em nós.

"Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar." (1Pe 5.10).

A palavra “santificação” não aparece no texto, mas os seus sinônimos: “aperfeiçoar”, “firmar”, “fortificar” e “fundamentar”.
A graça de Deus nos aperfeiçoa, ou seja, vai nos tornar maduros para a vida cristã semelhante á de Jesus Cristo. A graça de Deus promete firmar-nos, ou seja, Deus nos fará seguros na luta contra o inimigo. É pela graça que o crente nunca apostatará da fé, mas permanecerá firme na doutrina do seu Senhor. Não desprezará a boa consciência firmada na palavra e nem irão naufragar na fé (1Tm 1.19). A graça de Deus nos fortifica. Em tempos de conflitos teológicos e espirituais, precisamos não apenas de firmeza, mas de constante fortalecimento. Constantemente perdemos nossas energias contra os ataques desgastantes do inimigo. Por isso, em Hebreus, os santos do passado “da fraqueza tiraram força” (Hb 11.34). Paulo já afirmou que “o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (2Co 12.9,10). A graça de Deus promete fundamentar-nos. Toda obra de santificação está firmada na obra de Cristo que nos é transmitida através de sua Palavra. É o fundamento sobre o qual toda a igreja deve estar firmada.

(6) A entrada na glória é obra da graça. Ainda no texto de 1 Pedro 5.10, encontramos a declaração da glória a vir a ser revelada em nós como produto da mesma graça. Somos chamados para desfrutar ou participar da eterna glória de Deus. “Glória” é a bem-aventurança celestial da qual todos os eleitos de Deus participarão. Esta glória está vinculada à sua Santidade. Ser participante da sua glória é ser participante da sua santidade. Deus já começou esta obra em nós, mas vai completá-la no dia de Cristo Jesus.

A Graça de Deus nos instrumentos da Salvação.
Nada do que os seres humanos recebem está fora da graça divina.

(1) Pela graça, o evangelho é dado. O evangelho de Jesus Cristo é chamado de “evangelho da graça de Deus” (At 20.24). É o “evangelho da graça” porque alcança o pecador num estado de miséria e de desmerecimento; porque anuncia a redenção sem exigir nada do homem; porque invade o coração do pecador trazendo-o para a vida quando estava morto em delitos e pecados. É a demonstração da boa-vontade de Deus para com o pecador. Este evangelho anuncia o perdão de Deus aos pecadores por quem Cristo morreu.

(2) Pela graça, a Palavra de Deus é dada. Também é chamada de “palavra da sua graça” (At 14.3). É a Palavra do Senhor que anuncia a sua salvação pela graça aos pecadores.

(3) Pela graça, o evangelho de Deus é pregado. O evangelho é chamado de “evangelho da graça”. A proclamação dele é também uma obra da graça de Deus.

“A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo... (Ef 3.8).

A tarefa de pregar o evangelho é um dom precioso. A maior graça que Paulo recebeu foi a de ser o pregador do evangelho da graça.

(4) Pela graça participamos da Ceia do Senhor. Na Ceia do Senhor é anunciada a sua morte. Os participantes dela alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para sua nutrição espiritual e crescimento na graça; têm a sua união e comunhão com ele confirmadas; testemunham e renovam a sua gratidão e consagração a Deus e o seu mútuo amor uns para com os outros, como membros do corpo de Cristo.

A Graça de Deus na capacitação dos Cristãos.

Nada do que os seres humanos recebem está fora da graça divina. A Graça de Deus se manifesta de múltiplas formas na vida do cristão. (1Pe 4.10; 2Co 4.15).

(1) Pela graça os homens recebem os dons espirituais. Todos os dons espirituais são produto da graça de Deus na vida dos cristãos. Não há dom que não seja pela graça. Recebemos os dons gratuitamente para servimos aos outros.

“... tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé...” (Rm 12.6).

Os dons não são habilidades conseguidas pelos cristãos, mas são uma concessão graciosa de Deus. Por falta dessa compreensão, há muitas discórdias e divisão na igreja. O fato dos dons serem um produto da graça divina nos guarda contra o orgulho e a jactância (Ef 4.7,8; 1Pe 4.10).

(2) Pela graça os homens são dotados para o ministério da Palavra. Todos os crentes possuem uma função no corpo de Cristo porque a graça possui várias manifestações de capacitação (1Pe 4.10), mas a capacitação mais marcante na vida de Paulo foi a altíssima e honrosa tarefa de ser ministro de Cristo Jesus na pregação do evangelho.

“Entretanto, vos escrevi em parte mais ousadamente, como para vos trazer isto de novo à memória, por causa da graça que me foi outorgada por Deus, para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo.” (Rm 15.15,16).

Paulo sempre fazia questão de dizer para seus ouvintes que o seu ministério não era por vontade própria, mas uma decisão graciosa de Deus. Era um privilégio tão grande que ele o chama de “sagrado encargo”.

No conceito paulino, servir aos irmãos com a pregação da Palavra é graça.

“... do qual [evangelho] fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder.” (Ef 3.7).

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” (1Co 15.10)

A Graça de Deus na Vida Cristã em Geral.
(1) Pela graça os homens recebem consolação e esperança. Todos os dons espirituais são produto da graça de Deus na vida dos cristãos. Não há dom que não seja pela graça. Recebemos os dons gratuitamente para servimos aos outros.

“Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.” (2Ts 2.16,17).

Paulo fala de dois tipos de consolação. Um tipo de consolação que já nos foi dada e um tipo de consolação que é nos dada diariamente. O que Paulo chama de “eterna consolação” se refere o que Cristo já fez por nós. Refere-se aos atos redentores de Deus. Cristo conquistou o amor eterno e a consolação eterna de uma maneira segura. Ao mesmo tempo, Paulo deseja a consolação de Deus para os corações aflitos. Esse tipo de consolação juntamente, com a esperança, haveria de encher os corações deles. Eles anda haveriam de se apropriar das bênçãos que tinha origem e caráter eterno. Isso é graça de Deus.

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4.16).

Para receber as bênçãos da salvação descritas neste verso (misericórdia e graça), precisamos nos achegar com confiança ao “trono da graça” para sermos socorridos em tempo de necessidade. Cristo transformou o trono de juízo em trono da graça. No tempo oportuno, Deus socorre o pecador com misericórdia e graça.

(2) Pela graça os homens recebem libertação do perigo.

“Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo.” (At 27.23,24).

A graça de Deus não é apenas para a salvação, mas é também para eventos do dia-dia. Veja o caso de Paulo. Pela graça de Deus, nenhum dos que estavam á bordo do navio se perdeu durante a tempestade. Todos se salvaram pela graça de Deus (Ver todo o capítulo 27 de Atos).

Todos os dias nos colocamos em situações de perigos sem sabermos. Mas uma coisa precisamos saber, que a graça de Deus se faz presente nos livrando dos perigos existentes, seja um assalto em um ônibus, ou mesmo na rua, ou uma outra situação de risco qualquer. A graça de Deus não apenas nos livra de situações de risco, mas, mesmo experimentando algum tipo de perigo, a Sua graça trata de tirar-nos da situação completamente ilesos. Em um estabelecimento em que trabalhava, fui vítima de um assalto. Ficamos reféns dos assaltantes por pelo menos 15 minutos. Todos com arma em punho. Mas, pela graça de Deus, não usaram suas armas e todos nós saímos ilesos daquela situação.

Conclusão
Transcrevo aqui um texto de John Newton:

“Eu não sou o que devo ser. Ah! quão imperfeito sou! Não sou o que desejo ser. Abomino o que é mau e anelo apegar-me ao que é bom. Não sou o que espero ser. Logo me despirei da mortalidade e, com ela, de todo pecado e imperfeição. Embora não seja o que devo ser, o que desejo ser e o que espero ser, ainda posso dizer, em verdade, que não sou o que fui outrora, escravo do pecado e de Satanás; posso, sinceramente, unir-me ao apóstolo e reconhecer: ‘Pela graça de Deus, sou o que sou’”.

Procuremos entender a cada dia o conceito de graça. Nunca atribua nada do que você tem àquilo que você faz, ou fez, ou conseguiu. Proteja-se da auto-justiça. Paulo dava muito valor à graça de Deus porque ele teve noção da sua pecaminosidade. Logo, quanto mais depreciarmos o pecado e lamentarmos por ele, mais ansiaremos pela graça divina dando um valor inigualável a ela. Louvemos a Deus por Ele ser o Deus da graça. O Deus que concede graça aos imerecidos.

O Pecado do Orgulho Espiritual



William Gurnall - (1616-1679)

- Uma espécie de orgulho espiritual que cresce como erva daninha no meio do trigo e que Satanás usa para atacar o cristão é o orgulho da graça. Os dons nos são dados para agir; a graça nos é dada para ser. Estamos falando aqui sobre a medida da graça ou dos atributos de santidade que Deus concede a uma pessoa. Sabemos que tudo o que possuímos nesta vida está sujeito à corrupção – nada do que o cristão tenha ou que faça está isento deste verme do orgulho. O orgulho é o maior responsável pelas áreas fracas nas nossas virtudes, que são altamente vulneráveis. Não é a natureza da nossa graça, mas o sal da aliança de Deus que preserva a pureza dela.

De que maneiras, então, pode um santo tornar-se orgulhoso de sua graça?

Primeiro, por confiar na força da própria graça. Confiar na força da própria bondade é ter orgulho da graça. Deste modo você recusa a pobreza de espírito que Cristo tanto recomendou (Mt 5). Somos exortados a reconhecer a própria pobreza espiritual a fim de que nos apoiemos em Deus para toda e qualquer necessidade. Paulo era um homem assim. Ele não se envergonhava de que o mundo todo soubesse que era Cristo o responsável por toda sua provisão: “a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5).

O que aconteceu a Pedro quando ele se vangloriou da força de sua própria graça?“Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu”, jactou-se Pedro (Mc 14.29). Ele se colocou para medir forças numa corrida com o diabo, mas perdeu antes mesmo de sair do portão. Com misericórdia, Cristo permitiu que Satanás pisoteasse a graça particular de Pedro para revelar-lhe sua própria natureza e para derrubá-lo da exaltação do seu orgulho.

Ore para que Deus seja igualmente misericordioso com você se você começar a subir a escada dos próprios sucessos espirituais. Joabe observou que estava crescendo em Davi o orgulho pelo poder do seu reino, levando-o a querer recensear a nação; foi por isso que disse ao rei: “Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes ... mas, por que deseja o rei meu senhor este negócio?” (2 Sm 24.3). Pode um cavalariço orgulhar-se de exercitar o cavalo do seu patrão ou um jardim jactar-se porque o sol brilha nele? Não deveríamos nós dizer a respeito de cada gota de bondade o mesmo que o jovem discípulo de Eliseu disse a respeito da sua machadinha: “Ai, meu senhor! ela era emprestada”? (2 Rs 6.5).

Confie na força de seus próprios atributos de santidade, e você começará a relaxar em seus deveres para com Cristo. Reconhecer que é fraco faz com que você não se afaste muito dele. Quando você vê que sua própria despensa está vazia e tudo o que precisa está na dele, com mais frequência buscará suprimento nele. Mas quem pensa que pode tomar conta sozinho de si mesmo diria: “Tenho mais do que o suficiente para me sustentar durante muito tempo. Aquele que tem dúvida que ore; a minha fé é forte. Que os fracos busquem ajuda em Deus; posso muito bem cuidar de mim mesmo”. Que situação lamentável, supor que não precisamos mais da graça de Deus para nos sustentar minuto a minuto.

Superestimar a força de nossa própria bondade não somente nos induz a desprezar a ajuda de Deus, como também nos torna imprudentes, temerários e ousados. Quem se gaba da própria espiritualidade é capaz de se colocar em toda espécie de situação perigosa e, depois, ainda sair se vangloriando que é capaz de se dar bem nelas. Acha que está tão firme na verdade que uma equipe inteira de hereges não seria capaz de demovê-lo do caminho. Vai a lugares que não deveriam ser frequentados por cristão algum, ouve coisas que nenhum cristão deveria ouvir – enquanto continua insistindo o tempo todo que ainda que outros possam trair a Cristo em tais circunstâncias, ele nunca o abandonará. Pedro demonstrou essa mesma confiança tola na véspera da crucificação do nosso Senhor, e você sabe como ele se saiu. Sua fé poderia ter sido totalmente destruída no mesmo instante se Jesus não o tivesse resgatado com seu olhar de amor.

Confiança arrogante na força da própria graça também fará de você uma pessoa crítica e antipática para com os irmãos que reconhecem que são fracos – e esse é um pecado extremamente indecoroso. “Se alguém for surpreendido nalguma falta”, diz Paulo, “vós, que sois espirituais, corrigi-o com o espírito de brandura” (Gl 6.1). E se você quer saber por que você, que se considera acima de qualquer repreensão, deveria se abaixar para ajudar um irmão caído, eis uma excelente razão: “guarda-te para que não sejas também tentado”.

Deus o adverte contra a espiritualidade superconfiante. O que torna os homens descaridosos para com os pobres? Pensar que nunca serão pobres. O que faz os cristãos julgarem os outros tão severamente? A confiança na própria bondade, achando que nunca cairão. Bernardo costumava dizer, sempre que ouvia a respeito de qualquer pecado escandaloso de um irmão: “Ele caiu hoje; amanhã quem pode tropeçar sou eu”. Oh, que todos nós tivéssemos esse mesmo espírito de humildade!

Um segundo modo de nos tornarmos orgulhosos da própria graça é apoiar-nos no valor da nossa graça – pensando que podemos ser suficientemente bons para agradar a Deus. A Escritura chama a graça inerente de “justiça própria” e a coloca em oposição à justiça de Cristo, que é a única chamada de “justiça de Deus” (Rm 10.3). Quando confiamos na própria graça, estamos exaltando-a acima da graça de Deus. Se ela realmente fosse superior, então um santo poderia dizer ao chegar no céu: “Esta é a cidade que eu construí, comprada pela minha graça”.

Isto faria de Deus um inquilino, e da criatura, o senhorio! Ridículo? Entretanto, é exatamente esta a atitude que demonstramos quando procuramos obter a aceitação de Deus por meio dos próprios esforços. Como é que o Deus do universo suporta com tanta paciência tamanho orgulho em criaturas tão humildes!

Se você tem algum entendimento da Palavra de Deus, sabe que Deus determinou que nossa salvação fosse obtida por um método muito diferente daquele que é baseado no esforço. É, de fato, um método de graça – mas nunca da graça do homem. Pelo contrário, é a graça divina de Deus. Qualquer graça inerente em nós tem sua importância e sua função de “acompanhar a salvação” (Hb 6.9), mas nunca de obtê-la. Isso é obra de Cristo, e somente dele.

Quando Israel aguardava o Senhor no Monte Sinai, havia a demarcação de fronteiras. Ninguém podia subir a montanha para falar com Deus, com exceção de Moisés. Não podiam nem tocar na montanha, senão morreriam. Eis aqui uma metáfora espiritual da nossa graça. Todas as graças são concedidas para aperfeiçoar nosso serviço para Deus, mas nenhuma delas pode substituir a fé como base para ser aceito por Deus. Fé – desonerada das obras – é a graça que deve apresentar-nos a Cristo para a salvação e purificação.

Essa doutrina da justificação pela fé foi mais atacada do que qualquer outro ensinamento das Escrituras. Na verdade, muitos outros erros foram apenas estratégias astutas do inimigo para chegar mais perto e minar essa doutrina fundamental. Quando Satanás não consegue esconder essa verdade, ele se empenha para evitar sua aplicação prática. Por isso você pode ver cristãos que defendem a justificação pela fé, enquanto a atitude e as ações deles contradizem tal profissão de fé. Como Abraão, quando procurou Hagar, eles tentam realizar o propósito de Deus através de um plano carnal. Todos esses esforços que parecem tão nobres, na realidade são ilegítimos porque estão alicerçados no orgulho.

Em última análise, a vanglória das próprias capacidades é o que faz você continuar se esforçando para ser justo. Você tenta sempre orar mais intensamente, empenhar-se para ser um cristão melhor e lutar para ter mais fé. Você continua dizendo para si mesmo: “Posso conseguir!”. Mas logo descobrirá que sua própria graça é insuficiente até para a menor das tarefas, e sua alegria se esvairá pelas frestas dos seus deveres imperfeitos e suas graças enfraquecidas. A linguagem do orgulho relaciona-se com a aliança de obras. A única maneira de escapar dessa armadilha é deixar a Nova Aliança romper as cordas da antiga e reconhecer que a graça de Cristo supera em muito as obras da lei.

Satanás usa dois tipos de orgulho para fazer-nos continuar confiando no valor da graça própria. Um deles eu chamo de orgulho mascarado; o outro, de orgulho de autoelogio.

Orgulho mascarado anda na ponta dos pés, disfarçado de humildade. É o orgulho da pessoa que chora e se lamenta por causa de sua vil condição, mas que se recusa a ser confortada. É verdade – nenhum de nós é capaz de descrever seus pecados de modo a mostrar quão negros realmente são. Mas pense no quanto desfaz a misericórdia de Deus e o mérito de Cristo quando você diz que não são suficientes para comprar o seu perdão! Não existe uma maneira melhor de mostrar seu senso de pecado do que caluniar o Salvador? Você não quer sentir-se devedor a Cristo porque ele comprou sua salvação, ou é orgulhoso demais para pedir-lhe perdão?

Que orgulho terrível é um mendigo passar fome para não pedir esmolas a um homem rico, ou um criminoso condenado escolher a morte no lugar de aceitar o perdão da mão de um governante compassivo. Contudo eis aqui algo ainda pior – uma alma definhando e perecendo no pecado rejeitar a misericórdia de Deus e a mão de Cristo estendida para salvá-la. Deus afirma que não há ninguém que ele não possa salvar. Se você persiste em sua atitude de denegrir a si mesmo, está chamando Deus de mentiroso. Você foi ludibriado para acreditar que suas lágrimas purificam mais do que o sangue de Cristo.

Uma outra forma de orgulho espiritual que demonstra que está confiando no valor da própria graça é o orgulho de autoelogio. Isso acontece quando o coração se eleva secretamente e diz de si mesmo: “Eu posso não ser perfeito, mas com certeza sou melhor do que a maioria dos cristãos que conheço”. Esse tipo de visão interior é adúltero – ou, melhor dizendo, idólatra. Cada vez que você contempla sua justiça própria com tal atitude interior de admiração e confiança, está cometendo de fato uma grande iniquidade. É chegar à porta do céu com uma chave antiga quando Deus já trocou a fechadura.

Se você é verdadeiramente um cristão, precisa reconhecer que sua entrada inicial na posição de justificação foi por pura misericórdia. Você foi “justificado gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Tendo sido reconciliado, a quem você é devedor agora – à sua própria bondade, à sua obediência, a você mesmo – ou a Cristo? Se Cristo não dirige tudo o que você faz, com certeza encontrará a porta da graça fechada. “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17). Não somente fomos vivificados por Cristo, mas também vivemos por ele. O caminho para o céu está pavimentado com graça e misericórdia, do começo ao fim.

Por que Deus insiste tanto em que usemos a sua graça em vez da nossa? Porque ele sabe que a nossa graça é inadequada para a tarefa. Esta é a verdade: confiar na própria graça somente nos traz dificuldade e dor de cabeça; confiar na graça de Deus traz paz e alegria permanentes.

Em primeiro lugar, confiar na própria bondade, no fim, a destruirá. A graça inerente é fraca. Obrigue-a a suportar o jugo da lei e, mais cedo ou mais tarde, ela desmaiará pelo caminho, inadequada para a tarefa de puxar a pesada carga da velha natureza. É do jugo de Cristo que você precisa, mas você não pode recebê-lo até que jogue fora aquele que o prende às obras.

Isso é feito através de renunciar a toda e qualquer expectativa quanto a você mesmo. Se você é um daqueles que afirmou durante anos que era cristão, apesar de ver pouco fruto em sua vida, talvez deveria cavoucar com mais profundidade até a raiz de sua profissão de fé e descobrir se a semente que plantou foi cultivada no solo estéril do legalismo. Se foi assim, arranque-a imediatamente e replante sua alma num campo fértil – a misericórdia de Deus.

Davi nos relata como veio a prosperar ao passo que alguns que eram ricos e famosos de repente secaram e morreram: “Eis o homem”, disse ele, “que não fazia de Deus a sua fortaleza, antes confiava na abundância dos seus próprios bens... Quanto a mim, porém, sou como a oliveira verdejante na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para todo o sempre” (Sl 52.7-8).

Você não somente esmaga sua graça, fazendo-a carregar o peso da sua salvação, mas também se priva do verdadeiro conforto em Cristo. O conforto do evangelho jorra de uma raiz do evangelho, que é Cristo. “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3.3).

O primeiro passo para receber o conforto do evangelho é mandar embora todos os nossos próprios confortadores. Um médico pede ao seu paciente que pare de ir a todos os outros médicos que mexeram com sua saúde, e que confie somente nele para obter a cura. Na qualidade de médico espiritual, o Espírito Santo pede que você mande embora todos os antigos doutores – todos os deveres, todos os outros tipos de obediência – e que se apóie somente nele.

Você tem um clamor que sai das profundezas por uma paz interior? Então verifique de que tipo de recipiente você está tirando seu conforto. Se for o recipiente da própria suficiência, o suprimento é finito e muito em breve irá secar. Ele é misturado e diluído e, por causa disso, não é nutritivo. Acima de tudo, é uma fonte roubada se você afirma que vem de si mesmo e não o reconhece como um dom de Deus. Agora pense: que tipo de conforto você pode obter de mercadorias roubadas? E que tolice é brincar de ladrão quando seu Pai tem muito mais para lhe dar e muito melhor do que tudo que você poderia surripiar numa vida inteira! Que engano engenhoso de Satanás – fazer-nos dispostos a roubar, mas orgulhosos demais para pedir a misericórdia das mãos de Deus.

Quando um poodle é melhor que um leão

 lion-banner

Por Clint Archer
Apesar de ter algumas boas memórias da minha avó, ela tinha um gosto particular muito estranho: um incomum amor por taxidermia. Sua cara era infestada de inúmeros animais empalhados. Da cabeça de búfalo ameaçadora que nos recebia à porta ao antílope de olhos vidrados que guardava a escadaria, passando pelo Milhafre amarelo que me vigiava enquanto brincava com os trenzinhos. Era um lugar bem chocante e intimidador para passar um fim de semana, e responde por boa parte da explicação de porque eu tenho uma certa agorafobia que me faz preferir hotéis fechados a lugares muito abertos.

Mas o mais terrível dos troféus eram as peles de leão e leopardo. E minha querida avó não fazia nenhum esforço para acalentar meu medo de que essas criaturas ainda eram capazes de me abocanhar se eu chegasse muito perto.

Ainda bem que nada disso me traumatizou; eu ainda assim quis ter um cachorro. Meu primeiro filhotinho foi um vira-lata. Feio, desgrenhado e burro como um burro, mas eu ainda prefiro aquele rascunho de cachorro a qualquer leão, leopardo ou qualquer coisa desse tipo empalhados.

Qualquer pessoa entende que um poodle vivo é melhor que um leão morto (claro que um poodle empalhado também não é uma má ideia…). O Rei Salomão usa esse tipo de sabedoria excêntrica de forma inesperada em Eclesiastes 9: Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. (v. 4-6)

Talvez você esteja sofrendo em algum tipo de limbo melancólico de meia-idade; o longo e tenebroso entardecer escuro da alma. Sua vida lhe parece te sobrecarregar. Talvez sua  carreira nunca tenha ido além do primeiro degrau da escalada coorporativa. Talvez você esperasse que a essa altura sua conta bancária fosse mais polpuda do que a sua cintura está ficando. Talvez você esperasse mais filhos e menos casamentos. E agora seus óculos bifocais amarelados escorregaram, apenas para revelar a miopia da sua vida como ela é – nauseantemente medíocre.

Talvez a dura verdade desperte uma dissonância na alma, algo que muitas vezes consideramos apenas uma crise de meia idade. Compre um  carro conversível, agende um implante de cabelo e entre na academia; logo você se sentirá melhor. Mas se você estivesse de frente a Salomão, ele talvez dissesse isso sobre sua depressão: “Você está triste porque está consciente. Se a minha vida fosse tão patética quanto a sua, eu também ficaria melancólico. Mas pelo menos você não é um leão empalhado”.

Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.

Você talvez se sinta um perdedor, mas um perdedor vivo ainda é melhor que um sucesso falecido, pois ainda há esperança para o cara que ainda respira. A memória do campeão sepultado está desaparecendo como uma pintura barata sob o sol, mas você tem uma vantagem inestimável – a oportunidade de aproveitar a vida. Enquanto ainda há pulso, ainda há o que fazer para preencher seu árido mundo com vida. Então coma, beba e seja feliz. Vá se lavar, bote roupas novas, um pouco de gel no cabelo, peça um filé mignon e dê um beijo em sua esposa.

Salomão discorre sobre quatro dons que Deus criou para fazer a vida valer a pena ser vivida, não importa o quão fracassado você pense que é.
 
Comida

Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. (v. 7)

Quanto mais eu leio Eclesiastes, mais imagino Salomão como um cara realmente gordo. Ele menciona repetidas vezes que comida e bebida fazem a vida valer a pena. Um cachorro mastigando um brinquedo de borracha é melhor que um leão abatido sendo devorado por vermes. Detalhe: não haverá dietas no Céu. Dietas geralmente são consequências de glutonaria ou irresponsabilidades alimentícias. No Céu Deus há de enxugar cada lágrima causada por dietas.
 
Comunhão

Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. (v. 8)

Em um mundo agrário e empoeirado onde não há detergente, as roupas do dia a dia eram sempre escuras (independente de que cor eram quando novas). Então uma veste limpa, branca, e óleo na cabeça, era a preparação para um encontro, uma festa, um banquete. Nós usamos gel, mousse ou cera. Pessoas antissociais tendem a ser pessoas deprimidas. Quando você menos sente vontade de estar perto de outras pessoas é quando você mais deve fazer uma reserva, passar sua camisa, passar alguma coisa no cabelo e sair com amigos para a glória de Deus. Por quê? Porque um cachorro vivo trotando com seus outros amigos vira-latas é melhor que um leão morto, sozinho em sua tumba.
 
Casamento

Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. (v. 9)

Um bom casamento é uma figura do céu. Ser solteiro tem suas próprias bênçãos, mas se você está procrastinando para pedir sua namorada em casamento, esperando até que termine de colher tudo que plantou, você está atrasando uma das bênçãos de Deus para sua vida. 

Projetos


Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. (v. 10)

Sabe aquelas listas de coisas para se fazer/ver/comer antes de morrer? Obviamente, você só pode completá-las se está vivo. Salomão diz, pare de enrolar até que você só tenha mais seis meses de vida. Se você tem algum projeto que deseja realizar, “ocupe-se por viver ou ocupe-se por morrer”, citando Stephen King (algo que eu não costumo fazer). Você quer ver o mundo, subir o Monte Everest, ter aulas de culinária, ter um filho, aprender francês? Faça. A vida é curta, e aí você morre.

Mas a chave que dá acesso à maior parte da sabedoria enigmática de Eclesiastes está nos últimos versos.

De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más. (Eclesiastes 12.13-14)

Sim, comida, comunhão, casamento e projetos são dons de Deus para essa vida, e são coisas boas. Mas elas não são o que te satisfaz. Após uma refeição, você tem azia. Depois de uma festa, alguém precisa lavar a louça. Seu casamento terá altos e baixos. Sua lista do que fazer vai acabar e você ainda sentirá que algo está faltando.

Esses dons são apenas uma trilha de migalhas de pão que Deus deixa para que você siga e o encontre. Ele é o banquete. Se você pensa que as migalhas são para te satisfazer, você se sentirá frustrado e trapaceado. A vida é boa apenas quando você desfruta dos dons de Deus pelo que eles são: sinais que apontam para o Criador e Salvador que te ama, em quem há a verdadeira satisfação para sempre e sempre
.

Pesquisa: maior parte dos jogadores de futebol brasileiros são evangélicos

Pesquisa: maior parte dos jogadores de futebol brasileiros são evangélicos

Uma pesquisa realizada pelo UOL, envolvendo 150 jogadores de grandes clubes do Brasil, revelou que a maior parte deles se declara evangélico. As equipes que participaram da pesquisa foram: São Paulo, Corinthians, Flamengo, Atlético-MG, Santos, Palmeiras, Vasco da Gama, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Fluminense.
Segundo informações da pesquisa sobre a religião dos jogadores, foi constatado que 33% se assumiu como evangélico, 28% não quis responder, 19% não possuem religião e 18% são católicos.
Ainda tem mais 2% dos jogadores que se declaram da Igreja Batista, o motivo de separar os evangélicos dos batistas na pesquisa é desconhecido. Levando em conta a porcentagem de batistas, entre os jogadores, 35% deles são evangélicos.
Os jogadores aceitaram participar da pesquisa na condição de anonimato e falaram também sobre temas como álcool, homossexualidade e relação com a imprensa. O UOL Esporte anotou as respostas para traçar um raio-X do futebol brasileiro através da visão dos atletas de grandes times.
O atacante Neymar, o meia Zé Roberto e lateral Léo Moura, que se batizou a poucos meses, estão entre os jogadores conhecidos por manifestações cristãs. Recentemente, o goleiro Jefferson, do Botafogo, se envolveu em um polêmica por utilizar um peixe, símbolo do cristianismo, em sua cabeça

Música escrita pelo cantor gospel Davi Sacer deve virar filme e livro

Música escrita pelo cantor gospel Davi Sacer deve virar filme e livro

A música “Restitui” escrita pelo cantor gospel Davi Sacer deve virar filme e livro. A canção já foi transformada em um projeto cinematográfico pelo produtor Alexander Albuquerque. O filme e o livro que deverão ser lançados ainda este ano farão parte de uma trilogia que inclui outros dois projetos de cinema.
Segundo os produtores, o longa vai ser baseado em fatos reais, relatando a vida de um ex-policial que cometeu um crime e foi preso, e dentro da cadeia ele teve contato com uma missionária evangélica que apresenta o evangelho à ele e os dois acabam se apaixonando.
O livro, que terá prefácio escrito por Davi Sacer e revisão do agente literário, Andrey do Amaral, já está em fase final de revisão e tem previsão de lançamento para agosto. O filme, produzido pela Lagoa Filmes e com divulgação da Globo Filmes, conta com a participação do Pr. Marcus Gregório, e do próprio autor da canção: Davi Sacer.
O filme foi aprovado pela ANCINE e recebeu um incentivo de R$ 1.700.000,00. Já em fase de captação e iniciando a pré-produção, em sua ficha técnica constam cinco profissionais brasileiros, um chinês e dois alemães: Alexander Albuquerque (produtor executivo), Zhai Sichen (diretor), Pedro Henrique Ferreira (roteirista), Polyanna Spínola Dias (co-roteirista), Verônica Brendler (captação), Tiago Rios (diretor de fotografia), Beatriz Pimentel (produtora cultural) e André Picinatt (trilha sonora).
De acordo com o produtor Alexander Albuquerque, o projeto Restitui chega ao mercado resgatando as artes no cenário gospel. “A ideia é que este projeto, tanto do livro, quanto do filme e das músicas, possam influenciar a nossa geração a seguir os princípios que Cristo nos ensinou”, explicou Albuquerque.

Marcos Pereira é transferido para o presídio de Bangu 2 e recebe apoio dos fiéis

Marcos Pereira é transferido para o presídio de Bangu 2 e recebe apoio dos fiéis

O pastor Marcos Pereira que foi preso sob acusação de estuprar seis mulheres nesta terça-feira (07), foi transferido na quarta-feira (08) para o presídio de Bangu 2. O Líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias recebeu apoio de fiéis que o aguardavam do lado de fora da delegacia onde estava detido.
Os fiéis passaram a noite do lado de fora da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e alguns chegaram a entrar para fazer orações junto com o pastor. Marcos Pereira foi detido quando estava no carro com fiéis da igreja que lidera e estava se dirigindo para o bairro de Copacabana.
A prisão aconteceu devido a acusação de 6 mulheres, que afirmaram que ele havia cometido atos de estupro contra elas. Duas das vítimas eram menores de idade quando os abusos aconteciam.
Uma das vítimas disse em depoimento que foi abusada pelo pastor dos 14 aos 22 anos. As acusações de abuso sexual foram feitas no mesmo tempo que o líder do AfroReggae, José Junior, acusava o religioso de ter ligações com o crime organizado do Rio de Janeiro.
Em depoimento, as mulheres disseram que o pastor alegava que elas precisavam manter ralações sexuais com ele para serem curadas de enfermidades.
A ex-esposa do pastor, Ana Madureira da Silva, é uma das que depõem contra ele. Ela disse que ele forçava as relações sexuais e que muitas vezes trancava as portas para que ela não conseguisse escapar.