quarta-feira, 15 de maio de 2013

A Igreja e o Culto à Auto-estima


Por J. MacArthur

Nenhum conceito é mais importante para os gurus da psicologia moderna do que a auto-estima. De acordo com o credo da auto-estima, não existem pessoas ruins - somente as pessoas que têm uma visão ruim de si mesmas.
Durante anos, peritos da educação, psicólogos, e um número crescente de líderes cristãos têm coroado a auto-estima como uma panacéia para todos os tipos de males da humanidade. De acordo com os que abastecem essa doutrina, se as pessoas se sentem bem com relação a si mesmas, haverão de se comportar melhor, terão menos problemas emocionais, e realizarão mais. Pessoas com uma auto-estima elevada, dizem, são menos tendentes a cometer crimes, a agir com imoralidade, a fracassar academicamente, ou a ter problemas em seus relacionamentos com os outros.
A Fé Cega da Auto-Estima
Defensores da auto-estima têm sido extremamente bem-sucedidos em convencer as pessoas que a auto-estima é a solução para quaisquer males que incomodem alguém. Uma pesquisa revelou que a maioria das pessoas enxerga a auto-estima como o mais importante motivador para o trabalho árduo e para o sucesso. Na realidade, a auto-estima ficou vários pontos à frente do senso de responsabilidade ou do medo do fracasso.
Mas será que a auto-estima funciona realmente? Será que ela, por exemplo, promove maiores realizações? Há evidências plenas que sugerem que não. Em estudo recente, um teste de matemática padronizado foi dado a adolescentes de seis países diferentes. Além das questões de matemática, o teste pedia que os alunos respondessem "sim" ou "não" à seguinte pergunta: "Sou bom em matemática?" Os alunos americanos ficaram bem atrás, no teste de matemática, do que os coreanos, que tiveram as melhores notas. Ironicamente, mais que três quartos dos alunos coreanos responderam não à pergunta citada. Em um contraste completo, entretanto, 68% dos alunos americanos acreditavam que suas habilidades matemáticas eram boas. Nossos filhos podem não ir bem em matemática, mas eles certamente se sentem bem acerca dos resultados que estão obtendo.
Moralmente falando, nossa cultura está precisamente no mesmo barco. Evidências empíricas sugerem que a sociedade atingiu o nível mo ral mais baixo da história. Normalmente esperaríamos que a auto-estima das pessoas também estivesse sofrendo. Mas as estatísticas mostram que os norte-americanos sentem-se agora melhores do que nunca acerca de si mesmos. Em uma pesquisa feita em 1940, 11% das mulheres e 20% dos homens concordavam com a afirmação: "Sou uma pessoa importante". Na década de 90, esses números saltaram para 66% das mulheres e 62% dos homens. Noventa por cento das pessoas entrevistadas recentemente em uma Pesquisa Gallup disseram que seu próprio senso de auto-estima é robusto e saudável. Surpreendentemente, enquanto o tecido da moralidade da sociedade está se desmanchando, a auto-estima se mostra próspera. Todo pensamento positivo sobre nós mesmos parece não estar conseguindo elevar a cultura ou motivar as pessoas a terem uma vida melhor.
Será que o problema das pessoas de hoje é a baixa auto-estima? Será que existem pessoas que realmente crêem que fazer com que o ser humano se sinta melhor acerca de si mesmo tem, de fato, ajudado a diminuir os problemas ligados à criminalidade, decadência moral, divórcio, abuso infantil, delinqüência juvenil, dependência de drogas, e todos os outros males que vêm afundando.a sociedade? Será que tanto assim poderia ainda estar errado com a nossa cultura se as pressuposições da teoria da auto-estima fossem verdadeiras? Será que realmente cremos que uma auto-estima mais elevada resolverá de vez os problemas da sociedade? Será que existe um pingo sequer de evidência que corroboraria essa crença?
Certamente que não. Um artigo da revista Newsweek sugeriu que “a defesa da auto-estima... é uma questão mais ligada à fé do que a pedagogia científica - fé que pensamentos positivos são capazes de tornar manifesta a bondade inerente em qualquer um". Em outras palavras, a idéia de que a auto-estima torna as pessoas melhores é simplesmente uma questão de fé religiosa cega. E tem mais: trata-se de uma religião que é antiética em relação ao cristianismo, porque se baseia na pressuposição nada bíblica de que as pessoas são basicamente boas e precisam reconhecer sua própria bondade.
A Igreja e o Culto à Auto-estima
Contudo, os proponentes mais persuasivos da religião da auto-estima sempre incluíram os clérigos. A doutrina do "pensamento positivo" de Norman Vincent Peale, que foi popularizada na geração passada, constituiu-se em um modelo ainda pouco desenvolvido da auto-estima. Peale escreveu "O Poder do Pensamento Positivo", em 1952/ O livro começa com as seguintes palavras: "Acredite em si mesmo! Tenha fé em suas capacidades!" Na introdução, Peale chamou o livro de um "manual de melhora pessoal... escrito com o objetivo único de ajudar o leitor a alcançar uma vida feliz, satisfatória e digna de ser vivida". O livro foi promovido como terapia motivacional, e não como teologia. Mas na avaliação de Peale o sistema todo era simplesmente o "Cristianismo aplicado; um sistema simples embora científico de técnicas práticas de um viver bem-sucedido que funciona".
Os evangélicos, em sua maioria, demoraram a abraçar um sistema que desafiava as pessoas à fé em si mesmas em vez de em Jesus Cristo. A auto-estima, conforme resumiu Norman Vincent Peale, era o fruto do casamento entre o liberalismo teológico e a neo-ortodoxia.
O tema certamente extinguiu a resistência dos evangélicos a essa doutrina. Atualmente, os livros mais vendidos nas livrarias evangélicas promovem a auto-estima e o pensamento positivo. Até mesmo a revista Newsweek tem comentado acerca da tendência. Destacando que a auto-estima é considerada "religiosamente correta" nos dias atuais, a revista publicou:
A idéia [acerca da auto-estima] pode desanimar qualquer um que tiver idade suficiente para lembrar da época em que o adjetivo "cristão" era, via de regra, seguido de "humildade". Mas as igrejas norte-americanas, aquelas que no passado não abriram mão de chamar seus congregados de "miseráveis", têm caminhado na direção de uma visão mais agradável da natureza humana... disciplinar pecadores é considerado contraproducente: isso os faz sentir mal acerca de si mesmos.
A psicologia e a teologia da auto-estima têm se alimentado mutuamente. E à medida que os evangélicos se tornam cada vez mais receptivos ao aconselhamento psicológico, ficam mais vulneráveis aos perigos propostos pelo ensinamento da auto-estima. Assim como o próprio artigo da revista Newsweek sugere, os que estão primordialmente preocupados com a auto-estima dificilmente se encontram em posição para lidar com transgressões como o pecado contra Deus ou para informar as pessoas já aconchegadas no amor-próprio e na auto-retidão que são, na realidade, pecadores carentes de salvação espiritual.
E nesse ponto que a teologia de uma pessoa se torna intensamente prática. Há perguntas que precisam ser respondidas no coração antes que o conselheiro possa oferecer um conselho verdadeiramente bíblico: Será que Deus realmente deseja que todas as pessoas sintam-se bem acerca de si mesmas? Ou será que Ele primeiro convoca os pecadores a reconhecerem seu estado próprio de extrema incapacidade? A resposta, é claro, está óbvia para os que deixam as Escrituras falar por si mesmas.

Se João Batista fosse famoso

roqueiro
Por Rodolfo Gois
 
Luzes, câmeras, multidão. Esta é a marca do sucesso. Esta é a dica de que algo está funcionando. Pelo menos é isso que a gente vê hoje em dia. João Batista era um “produto exportação” do seu tempo. Tinha até estilo exclusivo (“usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato”, v.6). Hoje em dia isso aumentaria o seu sucesso e alavancaria os multiprodutos com a sua marca: Grife JB, Snacks em forma de grilo com gostinho de mel, artigos de couro do João, além da família de bonecos. Pelo menos quatro linhas de produtos de sucesso, sem contar os milhões de acessos garantidos nos reprodutores de mídia online que lhe dariam bons retornos financeiros com os patrocínios no seu canal exclusivo.

Ele tinha uma mensagem forte, tinha uma imagem forte, tinha uma presença marcante; ele tinha um público fiel, tinha influência sobre as pessoas, era popular. Ele tinha tudo pra ser a estrela da sua geração. Ele tinha seus seguidores, seus discípulos. Ele até foi confundido com o Messias que haveria de libertar o povo. Talvez muitos a sua volta o serviam, davam presentes, ofereciam seus “préstimos”. Tudo estava dando certo. Tudo estava correndo bem. Dá até pra imaginar o “ar” de satisfação de seus “assessores e diretores de marketing”.

No “auge da sua carreira”, entretanto, João faz uma declaração que poderia deixar todos perplexos. Ele diz que havia alguém “mais importante do que ele”. Isso não é uma coisa que uma celebridade pode dizer a qualquer um e a qualquer momento. Ele vai além: “não mereço a honra de me abaixar e desamarrar…”. Como pode João falar isso?! Primeiro, abaixar-se para alguém é um sinal de submissão; segundo, desamarrar as correias de uma sandália era função de um escravo bem “rebinha”, talvez o de mais baixo valor da casa; terceiro, ele diz que isso seria uma honra; quarto, ele reconhece que não merece tal honra. Que que é isso, rapaz!

No auge do sucesso João se coloca na mais baixa condição. Mas ele não se importa, nem treme, nem sua a frio, nem titubeia. Declara de boca cheia e com imensa convicção. Este antimarketing poderia causar um grande prejuízo nos empreendimentos com a sua marca e sua imagem. Mas ele não se importava, porque sabia que maior que o seu discurso era aquele a quem ele estava preparando o caminho. João sabia que mais valiosa que a sua popularidade era a integridade da sua missão. Sabia que o melhor lugar era estar aos pés de Jesus, mas que isso não dependia dos seus méritos, e sim da graça divina.

Ao avaliar o decorrer da história, logo chego à conclusão de que mais alto que o topo do mundo é o lugar onde reconhecemos que desamarrar as sandálias do nosso Senhor é uma honra, e não a merecemos.

Popularidade hoje é fácil de conquistar. Integridade e fidelidade à missão é uma outra história. Façam as suas escolhas.

“Muitos moradores da região da Judeia e da cidade de Jerusalém iam ouvir João. Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão… Ele dizia ao povo: – Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele”. (Marcos 1.5-7)

Julgar ou Não Julgar?


Por Helder Nozima

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados” (Mateus 7.1).
“Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância?” (1 Coríntios 6.2)

Afinal: crente pode ou não julgar? Para algumas pessoas, o verdadeiro cristão é alguém que não julga. Ele sabe o que é o pecado, consegue reconhecê-lo quando ele acontece, mas ele nunca chamará outra pessoa de pecadora. Na verdade, ele sempre se mostrará compreensivo com o pecador, chegando a abrir mão da disciplina eclesiástica, pois, “quem sou eu para julgar o meu irmão?” Outros adotam uma postura mais agressiva: medem a espiritualidade das pessoas por meio de suas obras, não raro chegando ao ponto de criar uma escala espiritual dos crentes, aonde uns são santos e consagrados, e outros são mundanos e depravados. Os mais exagerados chegam até mesmo ao ponto de declarar que algumas pessoas são salvas, e outras não.

Por trás deste debate, está uma questão que é mal interpretada e compreendida nos círculos evangélicos. Afinal, o crente pode julgar? Se sim, quando e como deve ser este julgamento?

1) SIM, O CRENTE PODE JULGAR

Como protestante conservador, entendo que não existe uma parte da Bíblia mais inspirada do que outra. Não acho que os Evangelhos sejam mais inspirados do que as epístolas, ou que a teologia paulina é superior à teologia de Marcos. Ler a Bíblia com este pressuposto significa entender que um ensino dos Evangelhos é tão autoritativo como um ensino contido em uma epístola. Os que dão preferência a uma porção da Bíblia em detrimento de outra acabam com uma teologia parcial e incompleta, além de quebrarem a unidade e harmonia das Escrituras.

Inicialmente, gostaria de dizer que, em algumas circunstâncias, o cristão pode fazer julgamentos. Embora Jesus Cristo tivesse dito que Ele não julgava as pessoas (João 8.15) ou que nós não deveríamos julgar (Mateus 7.1), podemos ver vários momentos em que o Senhor Jesus emitiu juízos:

“Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo”. (Mateus 23.13).

“Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo”. (Mateus 23.24).

“Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas” (Mateus 12.39).

“Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; ...” (Marcos 7.6).

“Respondeu Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino” (Marcos 9.19).

“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mateus 7.6).

Estes versículos são apenas uma amostra de vários juízos proferidos por Jesus. Além destes, podemos achar outros, como os ais pronunciados contra Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Lc 10.13-15), a declaração de Cristo a vários judeus que haviam crido nele, dizendo que eles eram filhos do Diabo (Jo 8.44) e várias passagens aonde Cristo diz que quem não crê nele, já está condenado (Jo 3.17-18, 36, etc).

À luz destas passagens, revela-se falso o argumento de que, baseado no ensino dos Evangelhos e no modelo de vida de Jesus, o cristão não pode julgar a ninguém. Cristo julgou a vários grupos de pessoas. Ao contrário de nossa visão suavizada acerca do Senhor, vemos que Ele, em sua ira e verdade, chamou os fariseus de “hipócritas”, disse que não deveríamos jogar pérolas a “porcos” ou dar o que é santo aos “cães”, além de considerar a sua geração como sendo “perversa”, “adúltera” e “incrédula”. Em todos estes momentos, Jesus mediu estas pessoas, achou-as em falta e emitiu um comentário ou juízo sobre eles.

No entanto, alguém pode argumentar dizendo que Jesus, devido a sua condição única de Deus-Homem, tinha o direito de julgar aos outros. Afinal, de acordo com João 5.22:

“Além disso, o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho”.

Em outras palavras, Jesus pode julgar as pessoas porque Ele é Deus. Ele nunca faria um julgamento incorreto ou impreciso, além de ter todas as qualificações morais necessárias para ser um Juiz. Nós não teríamos esta capacidade.

Mas, apesar de nossas limitações e finitude humanas, o ensino dos apóstolos nos diz claramente que devemos emitir juízos em algumas situações:

“Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente (...) entreguem este homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Coríntios 5.3-5).

“Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer” (1 Coríntios 5.11).

“Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo- se apóstolos de Cristo” (2 Coríntios 11.13).

“Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção! Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar-se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando-se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês” (2 Pedro 2.12-13).

“De fato, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em corpo. Tal é o enganador e o anticristo. Tenham cuidado, para que vocês não destruam o fruto do nosso trabalho, antes sejam recompensados plenamente. Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus, quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho. Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas” (2 João 7-11).

Vemos portanto que três apóstolos, Paulo, Pedro e João julgaram a pessoas em seu tempo. Na verdade, é impossível cumprir alguns mandamentos sem que se avaliem as pessoas. Paulo disse que não devemos nos associar a quem diz que é cristão, mas é imoral, avarento, idólatra, entre outros. Para que eu obedeça a este mandamento, preciso olhar para a vida do cristão e ver se ele incorre em algum destes erros. João diz que não devemos nem saudar aqueles que negam a encarnação de Jesus e os hereges que vão além do ensino de Cristo. De igual modo, para que eu obedeça à instrução de João, devo julgar a meus semelhantes cristãos.

O bom senso também nos mostra que fazemos julgamentos o tempo todo. Na hora de escolher um pastor, presbítero ou diácono, nós devemos julgar o caráter do candidato à luz das exigências bíblicas (Tt 1 e 1 Tm 3) e ver se ele é aprovado para a liderança da Igreja. Quando convidamos alguém para pregar, também examinamos a vida e o ensino do pregador, pois, caso ele seja um herege, entregar-lhe o púlpito significa causar transtornos à Igreja de Cristo.

Vemos também, à luz destes versículos, que a disciplina eclesiástica também é uma ordenança divina. O próprio Senhor Jesus nos dá base para a exclusão de membros em Mateus 18.17:

“Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano”.

2) COMO JULGAR E COMO NÃO JULGAR AS PESSOAS

Esclarecido, pois, este primeiro ponto, precisamos analisar agora como as pessoas devem ser julgadas.

Olhando para o exemplo de Jesus, vemos que os religiosos que não vivem aquilo que pregam são dignos de julgamento. Os fariseus foram criticados por Jesus por serem hipócritas. Eles, por exemplo, davam o dízimo de temperos, mas negligenciavam a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mt 23.23). Jesus também condenou os fariseus por sua doutrina distorcida (Mt 23). Olhando para os evangelhos, também vemos que os fariseus eram pessoas que impediam o acesso de outros pecadores ao caminho da salvação (Mt 23.13), orgulhosas acerca de sua fé (Lc 18.9-14) e resistentes ao ensino de Jesus, chegando até mesmo a atribuir as obras de Jesus ao próprio Satanás (Lc 11.14-15).

Jesus também julgou a sua geração por querer tentar a Deus, pedindo um sinal. Na verdade, a multidão não queria acreditar em Jesus, eles não tinham fé. Pela mesma razão, Jesus teve vários embates com a multidão ao longo do Evangelho de João. Jesus apontava o pecado da incredulidade para aqueles que se recusavam a admitir suas falhas. O Senhor também julgou os "cães" que rejeitam o seu Evangelho, chegando a dizer que não deveríamos lhes atirar as nossas pérolas (o Evangelho).

Os pecadores resistentes, aqueles que se recusam a admitir o seu pecado (como Ananias e Safira ou os fariseus), os hereges que não aceitam correção (como os falsos apóstolos descritos por Paulo), os que se fazem passar por irmãos, mas não o são (os fariseus e os homens com os quais não devemos nos associar), os imorais que não se arrependem de seu erro e continuam a praticá-lo (o caso de disciplina mostrado em 1 Coríntios 5), todos estes são exemplos de pessoas que são passíveis de julgamento.

Mas não devemos condenar os pecadores que reconhecem seu erro e se arrependem. A adúltera apresentada a Jesus (Jo 8.1-11), o publicano Zaqueu (Lc 19.1-9) e a pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7.36- 50) são exemplos de pessoas que foram julgadas pelas pessoas que os cercavam, mas que não foram julgadas por Jesus. Tratavam-se de pecadores que estavam buscando o arrependimento, corações que tinham sede de Jesus e que não foram resistentes ao Evangelho. O pecador que sabe a gravidade de seu pecado e que está lutando para abandoná- lo e se aproximar de Deus, deve ser acolhido.

Jesus também não julgou os pecadores que ainda não tiveram a oportunidade de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo. Ele andava com os publicanos e pecadores (Mt 9.10), provavelmente evangelizando-os. O pecador que não participa da Igreja e que não rejeitou definitivamente o Evangelho deve ser evangelizado, e não condenado. Sobre isso, vale a pena ler 1 Coríntios 5.12, que dá a entender que não devemos julgar aqueles que estão fora da Igreja:

“Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão dentro?”

Isso não quer dizer que não devemos falar para os incrédulos sobre os seus pecados. Ao contrário, toda evangelização séria mostrará, com clareza, que todos somos pecadores e merecedores de uma condenação eterna. Mas isso não nos dá o direito de condená-los, a nossa primeira preocupação deverá ser a de evangelizá-los, e, caso eles não aceitem o Evangelho, deixá-los e pregar o Evangelho a outros incrédulos (Mt 10.11-16).

Aquele que julga também deve ser uma pessoa de moral. Caso contrário, ela estará desqualificada para fazer qualquer julgamento:

“Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco de seu olho, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mt 7.3-5).

“Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Rm 2.1).

Um adúltero não pode disciplinar outro, um ladrão não pode disciplinar outro ladrão, e por aí vai. Antes de alguém querer julgar a seu semelhante, convém recordar Mateus 7.2, que diz que:

“Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês”.

Uma última palavra deve ser dita. Condenar a alguém não significa tripudiar sobre a pessoa, nem caluniá-la ou ficar fofocando sobre o pecado alheio. Em Mateus 12.20, lemos que Jesus “não quebrará o caniço rachado e não apagará o pavio fumegante”. Jesus não foi enviado para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo (Jo 3.17), e nem mesmo o arcanjo Miguel fez acusações injuriosas contra Satanás (Jd 9). A disciplina eclesiástica ou a condenação de alguém são eventos que devem despertar em nós tristeza e pesar, e não fofocas ou prazer. Se vemos que alguém está se desviando do Evangelho ou pregando heresias, o nosso objetivo principal deve ser conduzir o pecador ao arrependimento e a restauração. Caso a disciplina seja indispensável, ela deve ser feita com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador. E com muito temor também, afinal, não somos pessoas perfeitas e ninguém deve ser julgado ou condenado injustamente.

Espero que este estudo possa nos ajudar a entender melhor a questão da disciplina e possa nos dar uma visão bíblica e equilibrada sobre esta delicada questão que é a de julgar os outros.

Os jesus e suas 1001 utilidades


Por Maurício Zágari

É paradoxal. Mas existe um Jesus e muitos jesus. O Jesus é o da Biblia, o Verbo que se fez carne para redimir a humanidade dos pecados por meio da Cruz. E os jesus são os que o homem constrói à sua imagem e semelhança, que pratica coisas bizarras e ensina doutrinas antibíblicas. A verdade é que há um Jesus que é a Verdade e centenas de jesus que são de mentira. E é para mostrar as diferenças entre o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo e a multidão de genéricos que foram criados para agradar os homens, por engano humano ou por puro interesse é que nasceu a reflexão de hoje. "Como assim, Zágari?". Vamos lá:
O Jesus da Bíblia não valorizava o dinheiro.
O jesus da Prosperidade não pensa em outra coisa.
O Jesus da Bíblia é manso e humilde de coração.
O jesus pit boy vibra assistindo aos massacres do UFC.
O Jesus da Bíblia tem o controle de tudo, mesmo as tragédias.
O jesus poeta abriu mão de sua soberania pois nunca tomaria uma vida.
O Jesus da Bíblia domina tudo, inclusive as forças da natureza.
O jesus da teologia relacional não controla a natureza, poia isso é papel dos deuses gregos.
O Jesus da Bíblia é quem é eternamente, nunca muda e é ortodoxo em seus fundamentos.
O jesus emergente vive se metamorfoseando naquilo que a cultura de cada época é.
O Jesus da Bíblia não fala palavras torpes e não ofende, mas entrega-se, mudo, à Cruz.
O jesus revoltadinho chama as pessoas de "trouxa", "idiota", "bundão" e vive agredindo.
O Jesus da Bíblia faz milagres, nasceu de uma virgem, existiu encarnado, pregou o inferno, é o que é.
O jesus liberal é amante dos mitos e das metáforas e para este nada é literal.
O Jesus da Bíblia respeitava hierarquias e liturgias (como fez na sinagoga e na Ceia).
O jesus desigrejado tem horror de autoridade e de organização na celebração.
O Jesus da Bíblia é o único caminho.
O jesus universalista manda quem o rejeita para o Céu.
O Jesus da Bíblia é Deus Criador.
O jesus espirita é uma alma evoluída e criada.
O Jesus da Bíblia entende que religião é o religare do Criador com a criatura.
O jesus moderninho é contra a religião porque a confunde com religiosidade e legalismo.
O Jesus da Bíblia tinha um sistema de crenças e dogmas (verdades fundamentais e e inegociáveis: como Céu, inferno, pecado, graça, vida eterna etc).
O jesus liberalistas acha que "dogma" é um palavrão.
O Jesus da Bíblia se revelou pela Bíblia.
O jesus preguiçoso de ler a Bíblia diz que seguir o que a Bíblia ensina é biblicismo.
O Jesus da Bíblia não era calvinista ou arminiano, era santo.
O jesus sectário se agarra a um sistema e despreza ou critica quem crê em algo diferente.
O Jesus da Bíblia nunca construiu um templo, mas habita nos corações dos que ali se reúnem.
O jesus dos cultos nos lares acha que prestar culto em templos é coisa do demônio.
O Jesus da Bíblia tem um código de certo e errado, mas também tem graça.
O jesus pós-moderno só tem graça.
O Jesus da Bíblia é tanto amor quanto justiça.
O jesus dos relacionais é só amor.
O Jesus da Bíblia sabe o que vai acontecer no futuro mas não diz.
O jesus escatologista diz o que vai acontecer no futuro mas não sabe, só acredita que sabe.
O Jesus da Bíblia lia as Escrituras e as conhecia.
O jesus internautista lê 140 caracteres de twitter e 4 ou 5 parágrafos de blogs e se considera conhecedor de toda a teologia cristã.
O Jesus da Bíblia apontava cristocentricamente para a vida eterna.
O jesus da autoajuda aponta antropologicamente para a vida terrena.
O Jesus da Bíblia combatia os hereges e os hipócritas.
O jesus de muitos programas evangélicos de TV é herege e hipócrita.
O Jesus da Bíblia não tinha onde repousar a cabeça.
O jesus de telepastores promove unções de R$ 900 e compra jatinhos.
O Jesus da Bíblia não devolvia mal com mal, mas devolvia mal com bem.
O jesus da maioria de nós quer mais é arrebentar os ímpios, pois afinal é filho do Rei.
O Jesus da Bíblia pregou o Evangelho e nunca meteu o pau na espiritualidade organizada.
O jesus desigrejado prega o Evangelho mas segue a moda de meter o pau na instituição.
O Jesus da Bíblia conhecia bem as Escrituras, como demonstrou na sinagoga.
O jesus preguiçoso não estuda teologia com a desculpa de que " a letra mata mas o Espírito vivifica.
O Jesus da Bíblia não põe as Escrituras no mesmo patamar que outros escritos.
O jesus dos modernosos põe a Bíblia no mesmo patamar que escritos filosóficos, poéticos e ficcionais.
O Jesus da Bíblia nunca estimulou o livre pensamento.
O jesus independente acha que cada um segue o cristianismo como quer.
O Jesus da Bíblia era seguido pelas multidões.
O jesus celebridade quer que as multidões o sigam.
O Jesus da Bíblia sempre viveu em comunhão, desde sempre: Pai, Filho e Espírito Santo.
O jesus do eu-em-casa pensa que pode viver sua vida de fé isolado dos irmãos.
O Jesus da Bíblia encarnou, morreu, ressuscitou, está vivo e segue conosco até a consumação dos séculos!
O jesus que é o maior psicólogo que já existiu veio ensinar a lidar com as frustrações da vida.
O Jesus da Bíblia veio salvar.
O jesus dos kardecistas veio ensinar.
O Jesus da Bíblia ora ao Pai suplicando.
O jesus da Confissão Positiva ora decretando, declarando e tomando posse.
O Jesus da Bíblia é Deus.
O jesus ateu foi só um homem ou nem mesmo existiu.
O Jesus da Bíblia se baseia na graça.
O jesus de qualquer outra religião se baseia no mérito.
O Jesus da Bíblia se deu por amor.
E contra isso não há lei.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.