sexta-feira, 24 de maio de 2013

“Deus se fez homem”… Ahn?!!


Por Elyse Fitzpatrick
Ok! Espere um momento. Nós estamos realmente muito ocupados e esta época do ano gera todo tipo de responsabilidades adicionais e até algumas distrações, mas o que o título desse post está dizendo mesmo? “ Deus se tornou homem”? …Hummm… Sério?!
O Natal é uma época do ano quando o mundo inteiro é forçado a reconhecer que algo surpreendente e significativo aconteceu. Sim, eu sei que a maioria do barulho natalino não tem a ver com o que nós chamamos a encarnação, mas a verdade é que a própria encarnação altera o mundo de tal forma que mesmo o mercantilismo mais crasso é forçado a render seu cinismo. Palavras como “esperança”, “paz” e “amor” aparecem em sacos de compras. Canções exaltando o nascimento obscuro de um bebê aparentemente ilegítimo são cantaroladas pelos shoppings e em todos os lugares. De repente até mesmo os mais endurecidos entre nós, lembra-se de amigos e familiares de longa data para e retorna para um momento do que realmente importa: a casa, a fé e abnegação. Algo surpreendente aconteceu: Deus se fez homem.
Agora, se os não-cristãos respondem a encarnação desta forma, pode-se supor que os cristãos que entendem a realidade sob a sombra deste feriado deveriam ser transformados pela verdade da encarnação todos os dias … mas somos nós? Ficamos chocados quando vemos o bebê na manjedoura? Será que nós balançamos a cabeça e ficamos maravilhados? Ou, então, deixamos a encarnação, e o que Ele fez, de lado e nos focamos naquilo que precisamos fazer? Se for esse o seu caso, aqui estão algumas ideias para ajudar a lembrar o significado da encarnação para você, sobre Ele:
  • A encarnação mostra quão fracos nós somos: Pois, quanto poder e influência tem um bebê? E ainda assim, Ele é o Salvador que precisávamos.
  • O Nome do bebê encarnado, “Jesus” mostra nossa real necessidade: Precisamos de um Salvador do nosso pecado e não de uma reforma moral. Precisamos de um resgatador, não um guru (Mt 1:21)
  • A encarnação nos mostra, de todo jeito, que Ele é como a gente. Ele sofreu como criança. Ele foi tentado de toda forma, como fomos, e ainda assim sem pecado. Ele sabe o que é passar frio, ser dependente, morrer…sim, até ressuscitar.
  • A encarnação nos diz que o natal nunca acaba. Quando guardamos toda decoração e devolvemos todos os presentes errados, Ele ainda continuará sendo o Deus/Homem, intercedendo por nós, tendo a mesma carne que a gente. Natal nunca terminará para Jesus. Ele está eternamente transformado.
  • A encarnação significa que a única pessoa qualificada, por natureza, para pagar por nosso pecado, o fez. A encarnação sempre significou, desde o início, levar Jesus e a gente, para a cruz.
  • A encarnação significa que temos cumprido toda a lei. Porque nós estamos unidos com ele e ele conosco, nós amamos a Deus e ao próximo perfeitamente, porque ele amou. Somos justos porque o Homem-Deus já fez tudo o que precisava ser feito. Nós somos justificados.
  • A encarnação significa que quando entrarmos no céu seremos recebidos por alguém como a gente, mas com cicatrizes nas mãos e pés. Ele será o único com cicatrizes.
A história do natal é em última análise, uma história daquilo que Jesus já fez por nós. É a história dEle, sobre o que a obra dele alcançou por conta de seu amor por sua noiva. Vamos pedir a Deus para nos ajudar a celebrarmos o natal, a encarnação, o ano todo, vamos? Ele fez tudo. Nós somos amados. Que grande presente.

Mitos que ameaçam o casamento

 
Por Rev. Hernandes Dias Lopes
O casamento é obra divina. Foi Deus quem instituiu o casamento e estabeleceu princípios para regê-lo. O casamento é um mistério. Nem mesmo as mentes mais brilhantes conseguem compreendê-lo plenamente. A felicidade no casamento só é alcançada através de muito esforço e constante renúncia, muito investimento e pouca cobrança, muito elogio e cautelosas críticas. Muitos casamentos adoecem e morrem, porque em vez dos cônjuges serem governados pela verdade, acabam sendo enganados por alguns mitos. Levantarei aqui alguns desses mitos:

Em primeiro lugar, eu preciso encontrar a pessoa perfeita para me casar. Essa pessoa não existe. Não viemos de uma família perfeita, não somos uma pessoa perfeita e nem encontraremos uma pessoa perfeita. Além disso, essa ideia já parte de um pressuposto errado, pois é uma afirmação tácita de que já somos uma pessoa perfeita e que o nosso cônjuge é quem precisa se adequar a nós. Esse narcisismo é erro gritante. Produz uma auto-avaliação falsa e inevitavelmente deságua numa relação conjugal adoecida.

Em segundo lugar, se meu cônjuge me ama nunca vai sentir-se atraído(a) por outra pessoa. Há muitas pessoas que depois do casamento descuidam-se da sua aparência. Esquecem-se de que o amor precisa ser constantemente regado e o relacionamento constantemente cultivado. É sabido que os homens são atraídos por aquilo que veem e as mulheres por aquilo que ouvem. Sendo assim, as mulheres precisam ser mais cuidadosas com sua aparência física e os homens mais atentos às suas palavras. A mulher precisa cativar constantemente seu marido e o marido precisa conquistar continuamente sua mulher. Qualquer descuido nessa área pode ser fatal para a felicidade e estabilidade do casamento.

Em terceiro lugar, se meu cônjuge casou-se comigo nunca vai esperar que eu mude. Um cristão não pode adotar o slogan de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci e eu vou morrer assim”. A indisposição para mudança é um perigo enorme para a felicidade conjugal. Não somos um produto acabado. Estamos em constante transformação. Somos desafiados todos os dias a despojar-nos de coisas inconvenientes e a agregarmos valores importantes à nossa vida. A acomodação no casamento é um retrocesso, pois num mundo em movimento, ficar parado é dar marcha ré. A vida cristã é uma corrida rumo ao alvo. Nosso modelo é Cristo e todos os dias precisamos ser mais parecidos com Jesus. Para isso, precisamos abandonar atitudes pecaminosas e adotar posturas piedosas.

Em quarto lugar, se meu cônjuge me ama, não vai ficar aborrecido com minha possessividade. Ninguém é feliz no casamento perdendo sua individualidade. Ninguém sente-se confortável sendo sufocado. Ninguém tem prazer em viver no cabresto, sendo vigiado a todo tempo. O ciúme é uma doença. Uma doença que se diagnostica por três sintomas: uma pessoa ciumenta vê o que não existe, aumenta o que existe e procura o que não quer achar. Embora marido e mulher devam respeito e fidelidade um ao outro, não podem viver sendo monitorados o tempo todo. Casamento pressupõe confiança. A insegurança produz a possessividade e a possessividade gera o controle e o controle estrangula a relação.

Em quinto lugar, se meu cônjuge me ama, nunca vai discordar de mim. O casamento não é a união de dois iguais. Homem e mulher são dois universos distintos. A ideia de almas gêmeas é absolutamente equivocada. O impressionante do casamento é que, sendo tão diferentes, homem e mulher são unidos numa aliança indissolúvel, para se tornarem uma só carne. As diferenças existem, entretanto, não para destruir o relacionamento, mas para enriquecê-lo; não para separar o casal, mas para complementar a relação conjugal.

Será mesmo que Deus ama e deseja a salvação de todos?


Heitor Alves
Se fizermos esta pergunta para todos o evangélicos, a maioria esmagadora responderiam afirmativamente. São vários os motivos para se responder positivamente a pergunta. Existe um sentimento de que o homem é bom e que não merece ser castigado. O interessante é que querem que Deus sinta este mesmo sentimento quando o assunto é condenação. Deus não pode condenar o homem e nem quer fazer isso. O homem tem valor. Ele é bom, não é tão mau a ponto de merecer o inferno.
Este sentimento tem penetrado nas igrejas evangélicas, distorcendo a teologia bíblica. A teologia predominante nos púlpitos é uma teologia humanista, uma teologia agradável ao homem. Se ouve, domingo após domingo, assuntos relacionados ao existencialismo, onde colocam Deus como um super-herói preparado para enfrentar as dificuldades que o homem venha a sofrer. Se Deus procura "evitar" que o homem sofra nesta vida, muito mais Ele fará na alma do homem. Por isso, vemos aquela doutrina satânica de que Deus deseja e quer a salvação de todos os homens!
Esse é o resultado prático de um cristianismo que jogou no lixo as Sagradas Escrituras. Estão pisando na Palavra de Deus. Rasgando suas páginas e jogando-as nas fogueiras de uma "inquisição" construída para não abalar a credibilidade e não desvalorizar o homem. E de que modo é praticada esta moderna "inquisição"? Não é mais com fogueiras literais ou confisco de bens, ou até mesmo de perda da liberdade. Mas esta moderna forma de "inquisição" é praticada quando é negada a autoridade absoluta e suprema das Escrituras sobre a igreja, e se busca novas revelações extrabíblicas, tratando-as como suprema autoridade.
Por isso encontramos uma grande hostilidade quando vamos expor o que de fato as Escrituras afirmam sobre os assuntos abandonados pelos evangélicos atuais, dentre eles o assuntos sobre a expiação limitada.
Deixando de lado todas as emoções ou humanismo, vamos expor aquilo que a Bíblia fala a respeito do desejo de Deus com respeito a salvação do homem. Afinal de contas, Deus quer a salvação de toda a humanidade?
Todos os arminianos, sem exceção, ao começarem uma discussão a respeito do amor de Deus, lembram logo de João 3.16. “Deus amou o mundo”! Todos são alvos do amor de Deus! É injusto lembrarmos apenas do verso 16. Por que não citar até o verso 21?
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.
O texto não diz que Deus ama todos os homens. Jesus está dizendo que o amor de Deus não se estende apenas aos judeus de sua época, mas o seu amor alcança pessoas além dos limites da Judéia. O seu amor se estende também aos gentios. Interessante que os arminianos não conseguem enxergar que o alvo do amor de Deus são aqueles que crêem em Jesus Cristo, e somente eles. Veja que o verso 18 decreta a condenação daqueles que não crêem "porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus". Deus não pode amar aquele que se mantém rebelde contra Jesus. O amor de Deus não está nele, e sim a sua ira: "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).
O curioso do ensinamento arminiano é que a teologia arminiana diz uma coisa e a bíblia diz outra. Por exemplo: se Deus ama a todos indiscriminadamente (como afirmam os arminianos) a lógica é Cristo orar e desejar a salvação de todos! Mas ele não deseja isso. Podemos notar isso na oração que ele faz em João 17. Cristo ora para que Deus conceda a vida eterna para um grupo seleto de pessoas: "Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste" (Jo 17.6-8). Em seguida, Cristo fulmina os arminianos com as seguintes palavras: "É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus" (v.9). Por todo o capítulo 17, Cristo repete sempre as mesmas palavras "aqueles que tu me deste", "homens que me deste do mundo".
Eu não posso acreditar que há um desentendimento entre o Pai e o Filho. Não posso acreditar numa confusão na Trindade! Deus desejando salvar a todos, mas o Filho orando por alguns. O próprio Jesus afirmou que Ele veio fazer a vontade do Pai, esta é a sua comida (Jo 4.34). Deus não ama a todos e não quer a salvação de todos!
Para encerrar, tenho mais uma prova de que Deus não deseja a salvação de todos. A prova está em Mateus 11.20-24.
20 Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido:
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.
22 E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.
23 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
24 Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo.
Cristo passa a condenar as cidades que tiveram a oportunidade de presenciar a pregação do evangelho (que naquela época era acompanhada da operação de milagres que testificavam da pregação). Corazim, Betsaida e Cafarnaum foram as cidades onde Cristo pregou o evangelho e mesmo assim estas cidades não se converteram. A partir daí, Cristo nos revela algo que nos incomoda: ele começa a “passar na cara” destas cidades que se ele tivesse pregado (e operado milagres) nas cidades de Tiro, Sidom e Sodoma, elas teriam se arrependido “com pano de saco e cinza” e permanecido “até ao dia de hoje”.
Se Cristo sabia que essas cidades iriam se arrepender com sua pregação, então, porque ele não foi até elas? Porque Cristo abriu mão dessas cidades, sabendo que os seus habitantes seriam convertidos e ingressados no reino dos céus? Deus não ama a todos? Então porque Deus deixou de fora dos céus os homens, as mulheres, os idosos, as crianças, os jovens e os adolescentes de Tiro, Sidom e Sodoma? Não foi o próprio Jesus quem afirmou: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15:10)? Porque Deus evitaria causar uma grande festa no céu por ocasião de três cidades arrependidas? Deus não ama a todos?
Isso me faz lembrar um outro texto: Isaías 6.9-13:
9 Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
10 Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
11 Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.
13 Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.
Deus envia Isaías para pregar a um povo que não se arrependerá. Não se arrependerá porque Deus tornará insensível o coração desse povo. Não se arrependerá porque Deus endurecerá os ouvidos. Não se arrependerá porque fechará os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo”.
Somente os eleitos de Deus são os alvos do amor salvífico de Deus. Somente os seus eleitos experimentarão a graça de serem participantes do seu reino.
Não cabe a nós imaginarmos quem é o alvo do amor de Deus e quem não é. Não temos esse poder. Não podemos deixar de pregar o evangelho a alguém achando que esse alguém não faça parte dos eleitos. Resta-nos pregar o evangelho ao máximo de pessoas possíveis, sem fazer distinção. Precisamos olhar para as pessoas como um “eleito” em potencial. Todos os homens são passíveis de receberem a Cristo de bom grado e de coração. Por isso precisamos pregar o evangelho a toda criatura. A pregação do evangelho a todos não garante salvação. Precisamos ser o agricultor que joga as sementes em vários tipos de solos; mas isso não garante que todos os solos receberão as sementes e se transformarão em belas plantas e árvores. Deus mesmo fará com que as sementes da Sua palavra caia em corações que Ele mesmo preparou para recebê-las.
Devemos cumprir com nossa obrigação de pregar o evangelho a todos. Inclusive aos nossos parentes. Não sabemos o que Deus planejou para a vida de cada um deles. Não sei o destino eterno da minha esposa, do meu filho, do meu marido, do meu irmão, do meu pai, da minha mãe... Não cabe a mim fazer conjecturas. Cabe a mim pregar o evangelho e orar a Deus e entregar a alma do meu parente nas mãos de Deus.
O próprio Espírito de Deus acalmará nossa ansiedade, acalmará nosso espírito, se estivermos com dúvidas a respeito daquele parente que faleceu. Por mais que seja triste e dolorosa a partida de um ente querido que morreu sem Cristo, Deus mesmo nos dará o consolo necessário e suficiente para nossa dor. A nossa postura diante de Deus deve ser uma postura de honra, louvor, adoração, de submissão, de entrega total de nossas vidas a Ele, reconhecendo que Ele pode fazer o que bem entender com suas criaturas.
Soli Deo Gloria!

diversidade em Deus

Por Ricardo Mamedes

Em outras oportunidades neste mesmo blog já escrevi a respeito da minha mudança de posicionamento teológico com relação às doutrinas da graça, especialmente no que se refere à eleição e predestinação.

Não nego que outrora - há não tanto tempo - essa questão causava-me um certo desconforto, não porque trouxesse comigo ideias substanciais para refutar o calvinismo, mas exatamente pelo contrário: eu nada sabia a respeito dessa teologia, a não ser aquela ideia preconcebida de que os tais pregavam um Deus tirano que faz das suas criaturas robôs.

E talvez por já ter trilhado esse mesmo caminho consiga compreender e relevar tantos arminianos que assim pensam e se colocam em toda e qualquer discussão com calvinistas. Eu diria que sou tolerante. Vou além, acho que é necessário ser tolerante, uma vez que não travamos uma guerra entre facções rivais. Somos irmãos - arminianos e calvinistas - e não ouso imaginar a possibilidade de dizer que nós, calvinistas, tenhamos a exclusividade da salvação. Não temos!

Ora, como poderíamos estabelecer um pensamento tão arrogante a ponto de determinar salvos e réprobos em razão do seu pensamento teológico, baseado-nos em conjecturas, quando somente o Eterno e Insondável fará essa separação através de critérios que somente a Ele pertencem? Quem somos nós para palmilhar tais caminhos? Quem nos revelou o mistério?

Graças ao Deus Triúno, que aprouve revelar-me a verdade sobre a predestinação, eleição, soberania e responsabilidade humana, creio hoje em um Deus que governa, sustenta e mantém toda a criação, determinando todas as ações humanas. Fui resgatado de uma mentalidade humanista , cujo Deus "complementa" as ações das suas criaturas. Porém, para chegar até aqui percorri um longo caminho de "inércia", praticando crenças que hoje reputo errôneas como a capacidade de escolher ter fé.

Sei, por literal disposição bíblica que tanto graça como fé me foram "presenteadas" gratuitamente pelo Maravilhoso Deus da minha salvação (Efésios 2:8-9), que escolheu a mim antes que eu O escolhesse (João 15:16). Mérito não tenho qualquer, uma vez que, se assim fosse, a graça já não seria graça, parafraseando o apóstolo Paulo (Romanos 11:6).

Creio que Deus, na sua Soberania e Poder escolhe e elege os Seus em Jesus Cristo. A verdade se me revelou assim. De posse desta revelação estou autorizado a rejeitar os meus irmãos arminianos que pensam diferente? Tenho que me recolher hermeticamente em um casulo de "pureza" evitando misturar-me a eles, sob a assertiva radical e fundamentalista de que são heréticos? A minha resposta é não! Embora não coadunando com tais princípios, ainda que considere esse pensamento um desvio, destaco que é apenas um "erro de percurso". Tal erro, a meu ver, não é suficiente para afastar alguém da salvação , pois fosse assim (...) "a salvação , se é pela graça, já não é por obras, do contrário a graça já não seria graça "(sic).

Assim como eu obtive a revelação a respeito das doutrinas que hoje não somente cultivo como defendo, espero que tantos outros, assim como eu, a obtenham, chegando à mesma verdade.

Pois bem, como posso ser preconceituoso com os meus irmãos partindo do princípio que eu mesmo demorei tanto tempo para aqui chegar? Como posso cultivar essa visão exclusivista, se participo de uma igreja cujos irmãos são na sua esmagadora maioria arminianos? Penso que a graça de Deus será dadivosamente distribuída entre todos, ainda que pensem que "estão indo por escolha própria".

Um exemplo bem claro sobre isso é o que eu tenho vivido na minha própria casa. A minha esposa é uma crente fiel, cristã fervorosa, crê na soberania de Deus, na graça, mas faz confusão a respeito dessas doutrinas , especialmente quando reflete sobre determinismo e responsabilidade humana. Ela simplesmente não consegue conceber um "Deus tirano" autor do mal e do pecado, ao mesmo tempo em que o quer soberano.

Ontem mesmo, quando citei para a minha esposa Ezequiel 14:9-10, fui prontamente acusado de "procurar cabelos em ovos" , segundo a literalidade das suas palavras (rsrs). Diz o texto bíblico:

"Se o profeta for enganado e falar alguma coisa, fui eu, o SENHOR, que enganei esse profeta; estenderei a mão contra ele e o eliminarei do meio do meu povo de Israel. Ambos levarão sobre si a sua iniquidade; a iniquidade daquele que consulta será como a do profeta".

E o contexto apenas reforça o fato de que Deus responsabiliza o homem, ainda quando é Ele próprio a colocar a operação do erro em seu coração; mesmo quando for Ele a enganar o profeta. E então muitos haverão de perguntar: que Deus é esse, é um Deus injusto (Rm 9:14-16)? Não serei eu a responder, mas a própria Palavra do Deus vivo: "... de modo nenhum! Pois Ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia."

Deus tem critérios perfeitos; Ele é justíssimo. Eu não sei como o Excelso compatibiliza essas coisas, não sei qual é a Sua lógica, porém, não cabe a mim discutir com Ele. Entretanto, há algo que estou plenamente convencido e disso não há quem me demova: Deus é Absoluto, não responde a quaisquer parâmetros, é "O Altíssimo" e não há justiça que conhecemos que possa ser comparada à dEle. Portanto, aos seus filhos cabe obediência à Palavra, ainda que muito do que há nela seja incompreensível à nossa limitada mente.

Continuarei crendo nesse Deus plena e completamente soberano; que se revela a alguns de uma forma e a outros de forma diversa; nesse Deus que elege e salva em meio à diversidade. Crerei no Deus que determina as ações de todas as suas criaturas, até mesmo das inanimadas. Cultuarei Jaweh em toda a sua Eterna Glória: esse Deus maravilhoso e ao mesmo tempo terrível.

Glória ao Seu Nome pela Eternidade!