domingo, 9 de junho de 2013

O amor é a suprema graça cristã



Por John Stott

"O fruto do Espírito é amor". Na verdade Paulo menciona um conjunto de nove qualidades que, juntas, ele chama de "fruto" do Espírito; o amor, porém, tem o lugar de honra. Hoje em dia nós ouvimos falar muito acerca do Espírito Santo (ele já não é mais a pessoa "negligenciada" da trindade) e muita gente diz ter experimentado manifestações espetaculares do seu poder. No entanto, o primeiro fruto da sua presença em nós não é o poder, mas o amor.

E salutar perguntarmos a nós mesmos: qual é a principal marca distintiva de um cristão? Qual é o símbolo que comprova a autenticidade dos filhos de Deus? A resposta varia de pessoa para pessoa.

Uns dizem que o que distingue o cristão verdadeiro é a verdade, a ortodoxia, a convicção certa, a fidelidade às doutrinas da Escritura, aos Credos, e às Confissões da Reforma. E está certo. A verdade é sagrada. A sã doutrina é vital para a saúde da igreja. Nós somos exortados a "combater o bom combate da fé", a "guardar o depósito" da religião revelada, a "permanecer firmes e guardar as tradições que nos foram ensinadas", e a "batalhar diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos". Nunca devemos esquecer estas solenes advertências. Entretanto, "Ainda que... conheça todos os mistérios e toda a ciência... se não tiver amor, nada serei". Além disso, "o saber ensoberbece, mas o amor edifica". Portanto, o amor é maior do que o conhecimento.

Como disse Lutero, a justificação pela fé é "o principal artigo de toda a doutrina cristã" que "produz cristãos de verdade". E Cranmer acrescentou a contrapartida negativa: "Esta (se. doutrina), quem quer que a negue não pode ser considerado um verdadeiro cristão". Ou, citando uma declaração evangélica moderna, a justificação pela fé é "o coração e o cerne, o paradigma e a essência de toda a economia da graça salvadora de Deus". Eu concordo. Sola fide, "somente pela fé", que foi a bandeira da Reforma, deve ser também a nossa bandeira. Apesar disso, "ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei". O grande apóstolo da fé deixa claro que o amor é maior do que a fé.

Um terceiro grupo enfatiza que a marca distintiva do cristão é a experiência religiosa — geralmente uma espécie de experiência viva e específica que eles acreditam deva se reproduzir em todo mundo. E este grupo também tem razão — até certo ponto. E essencial ter um relacionamento íntimo e pessoal com Deus através de Jesus Cristo. O testemunho do Espírito em nós é real. Na verdade existe essa "alegria indizível e cheia de glória", e, comparadas à "sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor", todas as outras coisas são de fato uma perda. No entanto, "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos" e "ainda que eu tenha o dom de profetizar" (reivindicando, assim, uma comunicação direta com Deus), "se não tiver amor, nada serei". Assim, o amor é maior do que a experiência.

Um quarto e último grupo — por sinal, gente de natureza muito prática — enfatiza o serviço, especialmente o serviço aos pobres, como sendo a marca distintiva do povo de Deus. Mais uma vez, está certíssimo! Sem boas obras, a fé é morta. Se o próprio Jesus colocou-se ao lado dos pobres, seus discípulos também devem fazê-lo. Se vemos pessoas em necessidade e temos condições de ajudá-las, mas não nos apiedamos delas, como é que podemos dizer que o amor de Deus está em nós? Graças a Deus pela ênfase cada vez maior na sua "opção preferencial" ou interesse prioritário pelos pobres. Contudo, "ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado" (quem sabe em um gesto heróico de sacrifício), "se não tiver amor, nada disso me aproveitará". Assim, o amor é maior do que o serviço.

Resumindo, o conhecimento é vital, a fé é indispensável, a experiência religiosa é necessária e o serviço é essencial; Paulo, contudo, dá precedência ao amor. O amor é a coisa mais importante do mundo, pois "Deus é amor" no mais íntimo do seu ser. Pai, Filho e Espirito estão eternamente unidos um ao outro em amor que se doa pelo outro. Portanto, aquele que é amor e que derramou o seu amor sobre nós convida-nos a devolver esse amor, amando a ele e também uns aos outros. "Nós amamos porque ele nos amou primeiro." O amor é a marca principal, o selo de excelência, o símbolo supremo que distingue o povo de Deus. Nada pode desarraigá-lo nem substituí-lo. O amor está acima de tudo.

Em segundo lugar, o amor traz alegria e paz, pois "o fruto do Espírito é amor, alegria, paz". A sequência, aqui, é deveras significativa.

Os seres humanos sempre viveram em busca de alegria e paz, se bem que geralmente se empregue a palavra "felicidade", mais secular. Thomas Jefferson, antes de tornar-se o terceiro Presidente dos Estados Unidos, tinha tanta convicção de que "a busca da felicidade" era um direito humano inalienável, que ele a incluiu na Declaração da Independência, chamando-a de "uma verdade auto-evidente".

Os cristãos, porém, sentem-se na obrigação de acrescentar que quem procura a felicidade nunca a encontrará. A alegria e a paz são bênçãos extremamente ilusórias. A felicidade é um fogo-fátuo, um fantasma. Mesmo quando nós estendemos a mão para agarrá-la, ela se desvanece no ar. Acontece que a alegria e a paz não são alvos que se possam perseguir; elas são subprodutos do amor. Elas nos são concedidas por Deus, não quando nós as buscamos, mas quando buscamos a ele e aos outros em amor.

Urge que testifiquemos dessa verdade ao mundo contemporâneo, em que a "auto-realização" é o desejo supremo e o "movimento do potencial humano" continua a conquistar espaço. Em seu perspicaz livro A Psicologia como Religião, cujo subtítulo é O Culto à Auto-adoração, Dr. Paul Vitz, da Universidade de Nova York, começa analisando os quatro principais "teóricos do ego" da sua década: Erich Fromm (que argumentava que o vício é indiferente ao ego das pessoas e que a virtude consiste na auto-afirmação), Carl Rogers (cuja terapia concentrada no cliente objetivava ajudá-lo a tornar-se uma pessoa autônoma e integrada através da "auto-estima" incondicional), Abraham Maslow (que enfatizava a "auto-realização" criativa) e Rollo May (que, influenciado pelo existencialismo, enfatizava a decisão e o comprometimento como o caminho para ser alguém). Estes quatro escritores, que atingiram o seu ápice nos anos setenta, eram todos humanistas seculares confessos. Eles acreditavam nos seres humanos, não em Deus. Foram muito divulgados e sua ênfase básica na auto-estima e na auto-realização parece ter-se infiltrado em quase todos os segmentos da sociedade. Dr. David Wells comenta que "em meados da década de oitenta, um total de 87,5% de tudo o que se publicou nos Estados Unidos estava a serviço dos interesses e apetites do movimento do eu".

Existe, na verdade, uma auto-afirmação que é certa e saudável e que se constitui em equilíbrio para a abnegação para a qual Jesus conclamou seus discípulos. No entanto, ela não é a afirmação desqualificada e acrítica do eu, pois é fortemente caracterizada pelo reconhecimento de nossa própria pecaminosidade. Os cristãos só podem afirmar aqueles aspectos do eu que derivam do fato de termos sido criados à imagem de Deus (por exemplo, nossa racionalidade, responsabilidade moral e capacidade para amar); ao mesmo tempo, eles negam (ou seja, rejeitam e repudiam) todo e qualquer aspecto do eu que derive da queda e da nossa própria condição de seres caídos (por exemplo, nosso egoísmo, avareza, malícia, hipocrisia e orgulho). Estas formas cristãs de auto-afirmação e abnegação estão muito longe de ser expressões de uma preocupação com nós mesmos, e muito menos um endeusamento próprio. Pelo contrário, o seu alvo não é o eu, mas sim, Deus. Elas fazem parte da nossa adoração a Deus como nosso Criador e Juiz.

Certos autores cristãos, porém, tentam argumentar que o próprio cristianismo consiste de auto-estima; que nós necessitamos deixar de preocupar-nos com pecado, culpa, juízo e expiação; que, ao invés disso, deveríamos apresentar a salvação como a descoberta do eu; e que é isso que Jesus queria dizer quando endossou o segundo mandamento, indicando com isso que deveríamos amar a nós mesmos assim como amamos o nosso próximo. Mas na realidade não é bem assim. Amor próprio, na Escritura, é sinônimo de pecado e não o caminho para a liberdade. Além disso, amor-agape significa o sacrifício de alguém em favor de outros. Por sua própria natureza, ele não pode ser voltado para si mesmo. Como podemos sacrificar a nós mesmos a fim de servir a nós mesmos? E impossível. A própria idéia não tem o mínimo sentido. O caminho de Jesus é o oposto. Ele nos ensinou o grande paradoxo de que só quando perdemos a nós mesmos é que nos encontramos, só quando morremos para nós mesmos é que aprendemos a viver e só servindo aos outros é que ficamos livres. Ou, voltando a Paulo em Gálatas, somente quando amamos é que vêm a alegria e a paz. A busca autoconsciente da felicidade acaba sempre em fracasso. Mas quando nos esquecemos de nós mesmos em serviço de amor abnegado, então a alegria e a paz inundam a nossa vida em forma de bênçãos abundantes e inesperadas.

É Sempre uma Falta de Amor Criticar e Julgar?



Por Augustus Nicodemus Lopes


Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas. A discussão, o confronto e a exposição das posições de outros são consideradas como falta de amor.

Essa acusação reflete o sentimento pluralista e relativista que permeia a mentalidade evangélica de hoje e que considera todo confronto teológico como ofensivo. Nossa época perdeu a virilidade teológica. Vivemos dias de frouxidão, onde proliferam os que tremem em frêmito diante de uma peleja teológica de maior monta, e saem gritando histéricos, "linchamento, linchamento"!

Pergunto-me se a Reforma protestante teria acontecido se Lutero e os demais companheiros pensassem dessa forma.

É possível que no calor de uma argumentação, durante um debate, saiam palavras ou frases que poderiam ter sido ditas ou escritas de uma outra forma. Aprendi com meu mentor espiritual, Pr. Francisco Leonardo Schalkwijk, que a sabedoria reside em conhecer “o tempo e o modo” de dizer as coisas (Eclesiastes 8.5). Todos nós já experimentamos a frustração de descobrir que nem sempre conseguimos dizer as coisas da melhor maneira.

Todavia, não posso aceitar que seja falta de amor confrontar irmãos que entendemos não estarem andando na verdade, assim como Paulo confrontou Pedro, quando este deixou de andar de acordo com a verdade do Evangelho (Gálatas 2:11). Muitos vão dizer que essa atitude é arrogante e que ninguém é dono da verdade. Outros, contudo, entenderão que faz parte do chamamento bíblico examinar todas as coisas, reter o que é bom e rejeitar o que for falso, errado e injusto.

Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em amor (Efésios 4.15) e aos tessalonicenses denunciou os que não recebiam o amor da verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2.10). Pedro afirma que a obediência à verdade purifica a alma e leva ao amor não fingido (1Pedro 1.22). João deseja que a verdade e o amor do Pai estejam com seus leitores (2João 3). Querer que a verdade predomine e lutar por isso não pode ser confundido com falta de amor para com os que ensinam o erro.

Apelar para o amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade e de verdade. Tem quem se gabe de amar e que não leva uma vida reta diante de Deus. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo desses. “... com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro” (Ezequiel 33.31). O que ocorre é que às vezes a ênfase ao amor é simplesmente uma capa para acobertar uma conduta imoral ou irregular diante de Deus. Paulo criticou isso nos crentes de Corinto, que se gabavam de ser uma igreja espiritual, amorosa, ao mesmo tempo em que toleravam imoralidades em seu meio. “... contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Não é boa a vossa jactância...” (1Co 5.2,6). Tratava-se de um jovem “incluído” que dormia com sua madrasta. O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular em seus membros é exatamente esse, de que são igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.

Ninguém na Bíblia falou mais de amor do que o apóstolo João, conhecido por esse motivo como o “apóstolo do amor” (a figura ao lado é uma representação antiquíssima de João) Ele disse que amava os crentes “na verdade” (2João 1; 3João 1), isto é, porque eles andavam na verdade. "Verdade" nas cartas de João tem um componente teológico e doutrinário. É o Evangelho em sua plenitude. João ama seus leitores porque eles, junto com o apóstolo, conhecem a verdade e andam nela. A verdade é a base do verdadeiro amor cristão. Nós amamos os irmãos porque professamos a mesma verdade sobre Deus e Cristo. Todavia, eis o que o apóstolo do amor proferiu contra mestres e líderes evangélicos que haviam se desviado do caminho da verdade:
- “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19).

- “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

- “Aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3.8).

- “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo” (1Jo 3.10).

- “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3).

- “... muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo 7-1).

Poderíamos acusar João de falta de amor pela firmeza com que ele resiste ao erro teológico?

O amor que é cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba se tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e da contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor Jesus, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou “vai e não peques mais”. O amor perdoa, mas cobra retidão. O Senhor pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, que não sabiam o que faziam; todavia, durante a semana que antecedeu seu martírio não deixou de censurá-los, chamando-os de hipócritas, raça de víboras e filhos do inferno. Essa separação entre amor e verdade feita por alguns evangélicos torna o amor num mero sentimentalismo vazio.

O amor, segundo Paulo, “é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.4-7). Percebe-se que Paulo não está falando de um sentimento geral de inclusão e tolerância, mas de uma atitude decisiva em favor da verdade, do bem e da retidão. Não é de admirar que o autor desse "hino ao amor" pronunciou um anátema aos que pregam outro Evangelho (Gálatas 1). Destaco da descrição de Paulo a frase “O amor regozija-se com a verdade” (1Coríntios 13.6b). A idéia de “aprovar” está presente na frase. O amor aprova alegremente a verdade. Ele se regozija quando a verdade de Deus triunfa, quando Cristo está sendo glorificado e a igreja edificada.

Portanto, o amor cobrado pelos que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar mostrar o outro lado da ques
tão.

Se eu não tiver amor...



Por Pablo Massolar

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..." este é um conhecido refrão de uma das músicas de Renato Russo, compositor e intérprete da banda Legião Urbana e também o trecho de uma das cartas que o apóstolo Paulo escreveu à igreja de Corinto, no Novo Testamento.

A poesia de Renato lida inteira, na verdade, pouco tem a ver com o contexto macro de I Corintios 13, que trata do amor ágape, o amor que tudo sofre, tudo espera e tudo crê sem precisar de nada em troca.

Renato interpreta de forma equivocada e míope o amor de I Coríntios como sendo o amor eros, o amor da atração sexual, do namoro. O amor sexual depende da troca, do alimento diário de carinho, depende do apelo sensual, dos jogos de sedução e tantos outros elementos que fazem um homem e uma mulher se apaixonarem, por exemplo.

Nada errado em se amar assim. É bom! É prazeroso! Mas o texto da carta do apóstolo Paulo vai muito além da troca disputada e acariciada deste amor.

O amor eros um dia passa, um dia se esfria e perde o vigor. Até mesmo o amor phileo, o amor dos amigos, dos filhos e pais perde força e muitas vezes não consegue ser correspondido à altura e se frustra. Mas o amor ágape permanece inviolável, inabalável. Perdoa mesmo sem vontade ou sem forças. Perdoa o imperdoável. Acredita no inacreditável, não de forma boba ou inconsciente, mas dá nova chance. Diz a verdade, mesmo que seja dura, quando preciso. Se doa mesmo sabendo que não receberá nada em troca. Este amor é aprendido, exercitado e alimentado no amor eterno de Deus. A Graça de Deus é ágape e reside aí a necessidade de, como filhos de Deus, aprendermos a desenvolver o amor ágape nas nossas relações interpessoais.

João, na sua 1ª carta, diz: "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" e ainda "Se alguém diz: eu amo a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê".

O amor de Deus nos reconciliou com ele por Graça, sem que nós merecêssemos, sem esforço da nossa parte, mesmo que não consigamos ficar de pé por muito tempo e tantas vezes caiamos e erremos novamente. O amor de Deus opera em nós, mesmo enquanto andamos no erro, no pecado.

Jesus ensina que devemos amar assim também. O perdão, graça e bênçãos que recebemos de Deus devem ser devolvidos àqueles que estão à nossa volta. Todos! O amor ágape não ama só quem devolve amor, mas ama também ao que o odeia, ao que nem se sabe amado ou o despreza.

O amor ágape é livre e não é privilégio de qualquer grupo em particular. É para todos. Vai onde ninguém se dispõe a ir, consegue romper os grilhões da maldade, da morte e opera doando-se abundantemente, sem ressentimento. Não conhece nomes, títulos ou passado. Não diz: "eu te amo enquanto me amares", mas ama poderosamente em oração e lágrimas se preciso, mas ama.

Ágape é um dom, um presente gratuito. Imerecido! Por isso se perpetua sem precisar do incentivo ou de "fazer por onde". Ágape dá a vida não somente pelos amigos, mas também pelos inimigos e deseja que sua vingança seja sempre transformada no abraço apertado do perdão, da reconstrução do caminho em direção à vida e não à morte.

O convite de Deus é sempre ao amor ágape. Este é o princípio e a finalidade de todas as coisas. Nele somos aperfeiçoados pelo e para o amor. Se não for assim, nada seremos, ainda que façamos chover curas, milagres e profecias.

Amamos nossos inimigos e ofensores com amor ágape ou exercemos sobre eles apenas o phileo enquanto durar nosso ânimo?

Vivemos o que pregamos como verdade ou nos conformamos nas nossas próprias fraquezas como desculpa para nada fazer ou falar?

Estamos mesmo dispostos a amar com tamanha entrega e viceralidade até as últimas consequências na Graça e no poder de Deus?

Particularmente, eu acredito que um dia todos nós seremos julgados não meramente pelo que fizemos de certo ou errado, pelo pecado que cometemos. Mas seremos medidos pelo bem que deixamos de fazer, pelo perdão que nos recusamos a oferecer e pela mão que não estendemos como graça aos nossos inimigos.

Paulo termina sua carta dizendo que no final de todas as coisas, de todos os tempos, poderes e universos, permanecerão apenas a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes três é o amor.

Estudo sobre 1 João 2:2

   
Por  Arthur W. Pink

E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.
Esta é uma passagem, mais do que qualquer outra, a qual é apelada por aqueles que crêem em uma redenção universal, e que à primeira vista parece ensinar que Cristo morreu por toda a raça humana. Decidimos, então, dar a esta passagem uma detalhada examinação e exposição.

E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 João 2:2). Esta é uma passagem que, aparentemente, muito favorece a visão Arminiana da Expiação; todavia, se ela for considerada atentamente, será visto que isto é somente na aparência, e não na realidade. Abaixo, ofereceremos um número de provas conclusivas para mostrar que este verso não ensina que Cristo propiciou a Deus em favor de todos os pecados de todos os homens.
Em primeiro lugar, o fato deste verso começar com “e” necessariamente liga-o com o que vem antes. Nós, portanto, daremos uma tradução literal de palavra por palavra de 1 João 2:1 das entrelinhas de Bagster: “Filhinhos meus, estas coisas eu escrevo para vocês, para que vocês possam não pecar; e se alguém pecar, um Paracleto temos para com o Pai, Jesus Cristo (o) justo”. Poderá ser dessa forma visto que o apóstolo João está aqui escrevendo para e sobre os santos de Deus. Seu propósito imediato era duplo: primeiro, para comunicar uma mensagem que guardasse os filhos de Deus de pecar; segundo, suprir conforto e segurança para aqueles que pudessem pecar, e, em conseqüência, ficarem desanimados e atemorizados de forma que o assunto poderia se mostrar fatal. Ele, então, lhes faz conhecido a provisão que Deus tem feito para justamente uma tal emergência. Isto encontramos no final do verso 1 e por todo o verso 2. O fundamento do conforto é duplo: que o abatido e arrependido crente (1 João 1:9) esteja seguro que, primeiro, ele tem um “Advogado para com o Pai”; segundo, que este Advogado é “a propiciação pelos nossos pecados”. Ora, somente os crentes podem tomar conforto disto, porque somente eles têm um “Advogado”, porque somente para eles é Cristo a propiciação, como é provado pela união de Propiciação (“e”) com o “Advogado”!Em segundo lugar, se outras passagens no Novo Testamento que falam de “propiciação”, forem comparadas com 1 João 2:2, será descoberto que ela é estritamente limitada em seu escopo. Por exemplo, em Romanos 3:25 nós lemos que Deus apresentou Cristo “como propiciação pela fé em Seu sangue”. Se Cristo é uma propiciação “pela fé”, então Ele não é uma “propiciação” para aqueles que não têm fé! Novamente, em Hebreus 2:17 lemos, “Para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2:17, R.V.).
 
Em terceiro lugar, quem se tem em vista quando João diz, “Ele é a propiciação pelos nossos pecados”? Nós respondemos, os crentes Judeus. E uma parte da prova sobre a qual baseamos esta afirmação nós agora submetemos à cuidadosa atenção do leitor.
 
Em Gálatas 2:9 somos informados que João, junto com Tiago e Cefas, eram apóstolos “para a circuncisão” (isto é, Israel). Em harmonia com isto, a Epístola de Tiago é endereçada às “doze tribos, que estão dispersas entre as nações” (1:1). Então, a primeira Epístola de Pedro é endereçada aos “eleitos que são peregrinos da Dispersão” (1 Pedro 1:1, R.V.). E João também está escrevendo para Israelitas salvos, mas para Judeus salvos e Gentios salvos.
Algumas evidências de que João está escrevendo para Judeus salvos são as seguintes.

(a) Na abertura do versículo ele diz de Cristo, “O que nós vimos com nossos olhos....e nossas mãos apalparam”. Quão impossível seria para o Apóstolo Paulo ter começado qualquer uma de suas epístolas aos santos Gentios com tal linguagem!

(b) “Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas um mandamento antigo, que tendes desde o princípio” (1 João 2:7). O “princípio” aqui se refere ao começo da manifestação pública de Cristo - em prova compare 1:1; 2:13, etc. Ora, esses crentes, o apóstolo nos conta, tinham o “mandamento antigo” desde o princípio. Isto foi verdadeiro a respeito dos crentes Judeus, mas não foi verdadeiro sobre os crentes Gentios.

(c) “Pais, eu vos escrevo, porque vós tendes conhecido aquele que é desde o princípio” (2:13). Aqui, novamente, é evidente que são os crentes Judeus que estão em vista.

(d) “Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme vós tendes ouvido que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos” (2:18, 19). Esses irmãos para quem João escreveu, tinham “ouvido” do Próprio Cristo que o Anticristo viria (veja Mateus 24). Os “muitos anticristos” sobre quem João declara “ter saído dentre nós” foram todos Judeus, porque durante o primeiro século ninguém senão um Judeu poderia passar-se pelo Messias. Então, quando João diz: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” ele somente poderia querer dizer pelos pecados dos crentes Judeus. [1]

Em quarto lugar, quando João adiciona, “E não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”, ele anuncia que Cristo foi a propiciação pelos pecados dos crentes Gentios também, porque, como previamente mostrado, “o mundo” é um termo contrastado com Israel. Esta interpretação é inequivocadamente estabelecida por uma cuidadosa comparação de 1 João 2:2 com João 11:51,52, que é uma passagem estritamente paralela: “Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos”. Aqui Caifás, sob inspiração, faz conhecido por quem Jesus “morreria”. Observe agora a correspondência desta profecia com esta declaração de João:

 
1 João 2:2
João 11:51, 52
“Ele é a propiciação pelos nossos (os crentes israelitas) pecados”.
“Ele profetizou que Jesus havia de morrer pela nação”.
“E não somente pelos nossos”.
“E não somente pela nação”.
“Mas também pelos de todos mundo” — Isto é, os crentes Gentios espalhados por toda a terra.
“Mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos”.

 
Em quinto lugar, a interpretação acima é confirmada pelo fato que nenhuma outra é consistente ou inteligível. Se o “de todo o mundo” significa toda a raça humana, então a primeira cláusula e o “também” na segunda cláusula são absolutamente sem significado. Se Cristo é a propiciação por cada pessoa, seria uma tautologia ociosa dizer, primeiro, “Ele é a propiciação pelos nossos pecados e também pelos de cada pessoa”. Não poderia haver “também” se Ele é a propiciação por toda a família humana. Tivesse o apóstolo o intuito de afirmar que Cristo é a propiciação universal, ele teria omitido a primeira cláusula do verso 2, e simplesmente dito, “Ele é a propiciação pelos pecados de todo o mundo”. Confirmatório de “não pelos nossos (crentes Judeus) somente, mas também pelos de todo o mundo” - crentes Gentios, também; compare João 10:16; 17:20.
Em sexto lugar, nossa definição de “mundo inteiro” está de perfeito acordo com outras passagens no Novo Testamento. Por exemplo: “Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que já chegou a vós, como também está em todo o mundo” (Colossenses 1:5,6). Significa aqui “todo o mundo”, absolutamente e sem limitação, toda humanidade? Todas as famílias humanas tinham ouvido o Evangelho? Não; o significado do apóstolo é que, o Evangelho, no lugar de ser confinado à terra da Judéia, tinha se espalhado, sem restrição, para terras Gentílicas. Assim em Romanos 1:8: “Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé”. O apóstolo está aqui se referindo à fé daqueles santos Romanos sendo anunciada em uma forma de recomendação. Mas certamente toda humanidade não tinha ouvido da fé deles! Era a todo o mundo dos crentes que ele estava se referindo! Em Apocalipse 12:9 lemos de Satanás, o qual “engana todo o mundo”. Mas novamente a expressão não pode ser entendida como uma expressão universal, porque Mateus 24:34 nos diz que Satanás não pode “enganar” os eleitos de Deus. Aqui “todo o mundo” é o mundo dos descrentes.

Em sétimo lugar, insistir que “todo o mundo” em 1 João 2:2 significa toda a raça humana é minar os próprios fundamentos de nossa fé. Se Cristo é a propiciação para aqueles que estão perdidos igualmente como para aqueles que estão salvos, então que segurança temos que os crentes também não possam se perder? Se Cristo é a propiciação para aqueles que agora estão no inferno, que garantia terei que eu não possa terminar no inferno? O sangue derramado do Filho encarnado de Deus é a única coisa que pode livrar qualquer um do inferno, e se muitos daqueles por quem este precioso sangue fez propiciação estão agora no terrível lugar da condenação, então aquele sangue se mostrou ineficaz para mim! Fora com um pensamento tão desonroso a Deus!

Embora os homens possam fugir e perverter as Escrituras, uma coisa é certa: A Expiação não falhou. Deus não permitirá que o precioso e caro sacrifício falhe no cumprimento, completamente, para o qual foi designado efetuar. Nem uma gota do santo sangue foi derramado em vão. No último grande Dia não haverá um Salvador desapontado e derrotado, mas Um que “verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito” (Isaías 53:11). Não são nossas palavras, mas a infalível asserção dEle que declara: “O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46:10). Sobre esta impregnável rocha nós descansamos. Que outros descansem nas areias da especulação humana e da teorização do século 20 se eles quiserem. Isto é assunto deles. Mas a Deus eles terão de prestar contas. De nossa parte preferimos ser chamados de mentes limitadas, fora de moda, hyper-Calvinista, do que sermos encontrados repudiando a verdade de Deus e reduzindo a eficácia Divina da expiação para uma mera ficção

BRASIL: JOELMA ANUNCIA QUE QUER SE DEDICAR À MÚSICA GOSPEL, CALYPSO DEVE ACABAR EM 2014


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Uma declaração da cantora Joelma sobre sua vontade de se dedicar à música gospel gerou comoção nos fãs da Banda Calyspo na madrugada deste domingo, 9. Ela disse durante apresentação no São João da Capitá, festa junina de Recife, que quer entregar sua carreira ‘à obra de Deus’. Joelma, que é evangélica e casada com Chimbinha, já havia declarado sua vontade de gravar um CD totalmente com música gospel. Nos álbuns da Banda Calypso, aliás, já tem sempre uma faixa dedicada a Deus. Ao que tudo indica, 2014 será o último ano de existência da banda. O empresário do Calypso, Fábio Macedo, declarou ao G1 de Pernambuco que por conta de compromissos já assumidos, Joelma deve se dedicar à nova carreira somente em 2015. Até o momento a assessoria da banda não se pronunciou sobre o fim da Banda Calypso, que terá sua trajetória contada em um filme e prepara CD em espanhol. Fonte: Uol



Por Josemar Bessa

O “evangelho” que produz paixão em muitos hoje é simplesmente uma forma e maneira de consertar o mundo. Toda espécie de coisas tendem a substituir Deus em nossos corações. Calvino dizia que o coração do homem é uma fábrica de ídolos. Não nos admiramos de o primeiro mandamento, dos 10 Mandamentos, seja: “Não terás outros deuses diante de mim.” - Êxodo 20:3

Entre muitas coisas, olhemos apenas uma que nos mostra como mesmo que o homem tivesse a plenitude de tudo que é bom na criação, prazer, saúde... a tragédia não se desapegaria da sua existência.

Use o melhor de sua imaginação e olhe para o homem no Paraíso. Não só o homem, mas todas as criaturas estavam na melhor condição possível, sem dor, sem sofrimento... só
beleza... não sujeitos a vaidade, a morte... como agora. Tudo que Deus fez era muito bom e Adão tinha tudo o que Deus fez, e tudo aquilo não era a sua felicidade.

Se a perfeição do Paraíso, se as criaturas num esplendor que só podemos imaginar agora... não foram a felicidade do homem, imagine toda a criação caída e sujeita a vaidade. Quão fútil é a busca de satisfação e felicidade agora neste mundo.

Colocar e buscar a felicidade no prazer da criatura – coisas, natureza, pessoas... – É um pecado muito pior do que o de Adão, pois em seus dias de Éden, as criaturas eram perfeitas, puras, infinitamente mais atraentes e sedutoras do que são agora debaixo da maldição divina.

O Éden não podia ser a felicidade de Adão, era apenas um símbolo do amor de Deus. Se você tivesse tudo centrado em você, todo o gado sobre todas as montanhas do mundo, todos os sacos de ouro que possam existir, toda a beleza e honra do mundo... eu diria para você o mesmo que um homem sábio me disse: “Homens não sabem amar pela prosperidade, como sabem odiar pela adversidade”.

Na verdade, o mundo, grande e bom como é, ou era, não é bom o suficiente para um amor dominador. Deus enviou seu Filho, e nada mais do que ele, e o que está nele, é o pode ser o objeto de um amor dominador, completo e satisfatório em nosso coração.

Concluímos então que, a felicidade é de uma natureza mais elevada do que a criação, e seu objeto não pode ser nada menos que o próprio Deus, e que o homem é um tolo em procurar em outro lugar, mas o pecado subverteu toda mente natural e fez de todos os homens tolos completos.

“...porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” - Romanos 1:21-25

IGREJA, UM CASO DE AMOR


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A igreja é fascinante. Ela difere de qualquer outra organização, por causa de seus fundamentos teológicos. Ela é “a única instituição do mundo que existe em favor dos que não são seus membros” (William Temple). Seu grande valor não é ela, mas seu Dono e as pessoas a quem ela se dirige. É o seu diferencial. A igreja que vive em função de si mesma perdeu sua substância. Aspectos culturais e sociológicos se sobrepuseram à teologia e a diminuíram. Um exemplo é a distorção chamada koinonite, que leva algumas a viverem em função de seus membros: “Você traz bolinho e eu trago chá”. Elas vivem em função de comunhão. Ensimesmam-se.
 
A igreja nasceu na eternidade, na mente de Deus: “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” (Ef 1.4). Entrou no tempo na pessoa de Jesus. Segue na história dirigida pelo Espírito Santo que lhe veio no dia de Pentecostes. Findos a história e o tempo, ela entrará na eternidade. Na eternidade haverá Deus e haverá salvos. Então haverá igreja. Nascida na eternidade, ela entrará na eternidade.
Há grupos sociais com rótulo de igreja: Igreja do Fogo Constante, Igreja Florzinha de Jesus, Igreja Jesus Vem e Você Fica, Igreja A Serpente de Moisés A Que Engoliu As Outras, Igreja Renovada do Povo Barulhento, etc. São estruturados sobre um líder humano, com uma visão parcial do evangelho. Ignoram a teologia, a história do cristianismo e pensam que o Reino de Deus começou com elas, como se nada houvesse antes. Com visão bíblica fragmentária e exegese precária, analisam a Revelação à luz de um insight humano. Por vezes, o eixo de sua interpretação é uma passagem bíblica fora do contexto. Muitas veem a razão (dom que Deus deu somente aos humanos) como inimiga da fé. Refugiam-se num misticismo alienante e se tornam guetos religiosos.
Mas igreja é mais que isso. É ter visão do todo. Porque igreja é gente que conheceu a graça de Deus em Jesus, creu nele, comprometeu-se com ele, espera nele. É “gente de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Ela transcende épocas, lugares e culturas.
A igreja local deve ser amada e servida. Dezenas de passagens no Novo Testamento (que está sendo esquecido!) ensinam isso. Gente que diz que é de Jesus, mas não gosta de igreja não sabe o que diz. Exagera-se, pondo-se acima dos demais. Mas, como se diz: não está com essa bola toda. E terá que conviver com a igreja no céu. O que dirá?
A igreja local não precisa de apedrejadores, mas de amantes. De servidores. De gente com uma autoimagem menos exagerada que se veja como é: pecadores salvos para servir a Deus e aos demais. Que sejam servos e não estrelas. Vida cristã é operariado, não turismo.
Ser igreja é fantástico. É ser de Jesus, ter rumo na vida e comprometer-se com Deus num projeto histórico. Seja igreja!