quinta-feira, 27 de junho de 2013

As três tentações que o inimigo usa para nos derrubar! Eva caiu, Jesus resistiu, e você?


Por William Pessôa

Querido leitor, permita-me trazer à vossa lembrança, três armas que o inimigo utiliza para nos destruir, ou seja, são as três coisas que ele usa para nos derrubar.

Que neste devocional o Senhor Jesus venha a falar poderosamente em seu coração, fortalecendo-o na fé, para que não sejas derrubado, tampouco destruído por estas investidas de satanás, mas que possas resistir ao diabo e ele fugirá de você, e poderás uma vez mais, glorificar a Deus por mais uma vitória alcançada.

Estas tentações afligem três áreas de nosso viver, o mesmo ocorreu com Eva, quando a mesma fora tentada lá no Éden pela serpente, e Eva não soube resistir à tentação, por não usar a Palavra, verdade, para combater as investidas da serpente, para com ela.

Depois quando Jesus fora levado pelo Espírito ao deserto para ali ser tentado, satanás, usou as mesmas artimanhas para com Jesus, mas Jesus mesmo em sua humanidade, ou seja, como homem, soube resistir a satanás, usando a Palavra, verdade e assim obteve a vitória.

O apóstolo João em sua primeira carta, também nos adverte que satanás usa ardilosamente a todos o momento nos derrubas, ou que venhamos a ceder às tentações, usando estes mesmos artifícios, usados para com Eva, depois com Jesus e hoje conosco.

Quero te dizer que Eva, não resistiu e caiu, Jesus resistiu e o diabo fugiu e você como está? Resistindo ou cedendo? Que o Senhor Jesus te fortaleça, para que não caia e te conceda palavras sábias, através da interpretação e conhecimento das escrituras para combater a satanás.

Querido Leitor estes três tipos de investidas de satanás em nossas vidas para nos fazer cair, são como descrito em Gênesis 3.6, onde Eva viu que, a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e deu também ao seu marido, e ele comeu.

Em I João 2.16, diz que porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concuspiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo, e diz mais que este mundo passa, pois vive este mundo em contrário à vontade do Pai, mas aquele que faz a vontade de Deus, resistindo a estas investidas mundanas, permanecerá eternamente, pois Deus o recompensará.

Com Jesus em Mateus no capítulo 4, observamos que Jesus conseguiu vencer as investidas pelo uso da Palavra, que seja eu ou você querido leitor, possamos usar desta mesma arma utilizada por Jesus, a Palavra, pois é ela que transforma, que liberta, com a ajuda do Espírito Santo, que nos convence a todo o momento, seremos mais que vencedores em Cristo Jesus.

A concupiscência(desejo exagerado) da carne, refere-se aos desejos malignos da carne, do desejo, do prazer em saciar-se seja por alimentos, como pelos mais diversos tipos de desejos humanos e carnais.

A concupiscência(desejo exagerado) dos olhos, refere-se ao materialismo, à avareza, ao egoísmo, que transmite segurança e poderio, como transmitindo ao homem a sensação de segurança e proteção extrema, levando-o a usar de forma descontrolada e desmotivada esta sensação, através da inversão de valores, valorizando o seu “eu”, em detrimento da sua submissão à vontade de Deus, da rejeição à vida de renúncia, qual é símbolo do verdadeiro cristão, imitador de cristo.

A soberba da vida, refere-se ao homem que busca por si só obter conhecimento através de sua valorização maior ao mundo em desprezo à Deus, buscando obter a amizade com o mundo, buscando obter e alimentar os prazeres da carne, vivendo uma vida para si mesmo, ignorando a Deus por completo, tomando a dianteira de sua vida, e deixando Deus de fora do seu projeto de vida, seja no pensamento, seja na concretização do mesmo.

Aproveite este devocional, faça uma observação em sua vida, veja onde o inimigo tem te tentado, peça a Deus força e Ele te fortalecerá.

Mas que você, querido leitor, possa ficar alerta, que o Senhor Deus permita a você que prevaleça a estas investidas, que eu, você, nós, possamos saber, ter a preparação necessária e estar sob a proteção e orientação divina, para resistirmos ao diabo, e assim ele, venha a fugir de vossas vidas, e nós juntos declaramos desde já a todo o momento que a Deus toda honra, glória poder e louvor, para todo o sempre.

No amor do Pai,

Onde Estão Os Mortos?

Por Ebenézer Soares Ferreira

Os justos, ao morrerem, vão logo para o céu. Há pessoas que procuram contestar o ensino claro das Escrituras sobre o estado desincorporado dos mortos. Baseiam-se elas em textos bíblicos que nada lhes oferecem para escorar sua doutrina do "sono da alma", que é, especialmente, esposada pelos sabatistas. Em Lucas 23.43, se lê: "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso". Para que sirva aos seus planos doutrinários, eles colocam dois pontos após a palavra hoje e, assim, fica o texto: "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso". Deste modo, o texto fica totalmente modificado. Segundo essa leitura, um dia o crente irá para a bem-aventurança eterna. Mas não se sabe quando.

Outros não usam do expediente acima citado, mas procuram afirmar que o paraíso não é o céu. Dizem os sabatistas que, ao morrer, o crente fica dormindo na sepultura. O corpo se decompõe, mas a alma fica ali. Só na volta de Cristo, ouvindo a sua voz, ele acordará e, então, haverá a ressurreição e, em seguida, o juízo. Dizem que o texto de Lucas 23.43 não prova que Jesus foi ao céu com o ladrão arrependido, no dia em que ele morreu. Para provar isto, citam João 3.13, que diz: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem". À primeira vista, parece realmente contradição. Mas, não o é. O leitor desavisado pode cair na armadilha dos que acatam a doutrina do "sono da alma". O que ocorre é que a pessoa não familiarizada com as regras de hermenêutica bíblica se deixa induzir por explicações que não são plausíveis com o teor da Bíblia, no que tange ao destino dos que partem para o além.
O leitor deverá verificar que Jesus está tendo um colóquio com Nicodemos (João 3.1-21). Este se surpreende, se deslumbra (João 3.7), com os maravilhosos ensinos que Jesus apresenta sobre o novo nascimento. Jesus lhe diz: "Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?" (v. 10). E Jesus ainda adiciona: "Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!" (v. 11). Aqui é Jesus quem se admira da ignorância de um reputado mestre em Israel, que ignora as coisas mais simples sobre o reino de Deus. Jesus, então, adiciona: "Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (v. 12). The Interpreter's Bible, comentando sobre este texto, diz: "Nosso Senhor estava francamente desapontado com Nicodemos… Se nós nos escandalizamos com os ensinos de coisas terrenas para as quais há analogias humanas e que podem ser verificadas pela experiência humana, como poderemos nos aprofundar nas coisas de Deus, para entendermos as coisas celestiais? Somente um que tenha conhecimento direto dessas coisas pode comunicá-las a nós. Somente o Filho do homem que esteve no céu e que desceu do céu é que pode fazer isso. As coisas celestiais são aqueles mistérios que homem algum pode declarar, mas somente podem ser declarados pelo Filho do homem, que desceu do céu. Ninguém jamais subiu ao céu para trazer os segredos divinos. Com as palavras "Ora, ninguém subiu ao céu senão o que desceu do céu, o Filho do homem", Jesus como que está desmentindo a tradição rabínica que dizia que Moisés tinha subido ao céu para trazer as tábuas das dez palavras. É que "Moisés, sendo mero homem, não fora capaz de subir ao céu, à esfera da realidade absoluta, para trazer a este mundo as fontes da vida", como escreve J.W. Shepard, na obra The Christ of the Gospels, página 102. O ínclito teólogo W.C. Taylor, em seu comentário ao Evangelho de João (3 volumes, totalizando 1.214 páginas), comentando o texto "Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai…" (Jo 20.17), declara: "traduzindo 'Não subi', os curiosos e os autores de credos e dogmas, de teorias sabatistas, de sistemas de doutrinas antibíblicas a respeito do estado "intermediário" (entre a morte e a ressurreição), todos esses aproveitadores heterogêneos dessa tradução errada estabelecem, nas suas próprias cabeças, anarquia a respeito do testemunho da Bíblia. Investem com uma Escritura contra outra Escritura e ficam com aquela que lhes parece mais útil para seus fins." E, mais à frente, o dr. Taylor acentua: "Menciono Atos 2.34, a fim de demonstrar que a tradução aqui discutida não deve ser igual à de Atos 2.34, mas fiel ao tempo diferente do verbo que, em João 20.17, é o perfeito. Eu não subi de modo a permanecer atualmente face a face com o Pai lá no céu. Estou aqui, mas não para ficar. É um intervalo curto entre minha visita ao céu ontem e a minha ida definitiva para o Pai, na hora da minha ascensão. Ainda não ascendi, não tive essa ascensão, de modo a ser minha subida definitiva ao céu para ocupar meu trono mediatório. Esse é o sentido do que Jesus disse a Maria Madalena.
Jesus absolutamente não disse: "Não subi ao Pai". Traduzir assim é pecado contra sua linguagem. No momento de sua morte, Ele bradou em alta voz: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Lucas 23.46). Ele disse ao criminoso convertido, numa das cruzes do Calvário: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23.43). João diz que Ele "rendeu o espírito". A quem, senão ao Pai? Para onde, senão para a casa de seu Pai, em doce antecipação de sua volta definitiva daí a uns quarenta dias? Mas, o tempo perfeito do verbo ASCENDER trata de sua ascensão formal. Jesus foi ao céu quando morreu, mas subiu definitivamente para o céu e ficou, na ascensão. Nós nos unimos com Ele no céu no momento de nossa morte." (Taylor, W.C. Evangelho de João. Rio: Casa Publicadora Batista, 1945, 1o volume, pp. 325-326). Meu mestre de Escatologia, no Southwestern Baptist Theological Seminary, em Fort Worth, Texas, USA, dr. Ray Summers, afirmava: "Os justos desincorporados estão com Deus. A declaração em Eclesiastes 12.7, de que o espírito volta a Deus, que o deu, acha-se repetida em passagens do Novo Testamento" (Summers, R. A Vida no Além. Rio: JUERP, 2a ed, tradução de A. Ben Oliver, 1979, pág. 31). Em meu livro Dificuldades Bíblicas e Outros Estudos, volume 1, 2a edição, ao comentar sobre João 3.23 e 20.17, cito muitos teólogos que abonam a doutrina que esposamos neste artigo. Todos são unânimes em afirmar a mesma verdade aqui apresentada, de que Jesus, ao expirar na cruz, foi imediatamente ao paraíso, levando para lá como um troféu de sua obra realizada aqui na terra o ladrão que se convertera. Os ímpios, aos morrerem vão logo para o inferno Isso é o que ensina a Escritura Sagrada.
Na célebre parábola do "Rico e Lázaro" (Lucas 16.19-31), Jesus inculca justamente esse ensino. Lázaro está no "seio de Abraão". Essa é uma expressão metafórica da presença de Deus. Abraão, o "pai da fé", o "amigo de Deus", é tido, entre os judeus, como a figura máxima, porque Deus lhe fez a promessa de fazer dele uma grande nação (Gênesis 12.1-3). Daí usarem a expressão "estar no seio de Abraão", que equivalia a dizer estar gozando das delícias celestiais. Essa expressão "seio de Abraão" e "paraíso" são sinônimos de céu. Já o rico epulão está no Hades (inferno), de onde, ao erguer os olhos, estando em tormentos, "viu ao longe a Abraão e Lázaro, no seu seio" (Lucas 16.23b). O Dr. Ray Summers comenta: "Os maus desincorporados estão sofrendo castigo. Foi assim o caso do rico. Ele morreu e achou-se imediatamente em estado de tormento. A intensidade de seu sofrimento se reflete na sua súplica pelo ministério confortador de Lázaro e no desejo de que seus irmãos escapassem daquele destino" (Summers, R., op. cit. p. 35). A "Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira" assim diz no ítem XVIII, sobre a morte: "Com a morte, está definido o destino eterno de cada homem. Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam "dormir no Senhor" (Dn 12.2,3; Jo 5.28,29; At 24.15; 1Co 15.12-24). Os incrédulos e impenitentes entram, a partir da morte, num estado de separação definitiva de Deus (Mt 13.49,50; 25.14-46; At 10.42; 1Co 4.5; 1Co 5.10; 2Tm 4.1; Hb 9.27; 2Pe 2.9; 3.7; 1Jo 4.17; Ap 20.11-15; 22.11,12).

Conclusão Pelo que expusemos, usando os textos bíblicos e de acordo com os seus contextos, e mais as citações de eminentes teólogos batistas e a "Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira", não fica dúvida de que a resposta à pergunta "Onde estão os mortos?" é essa mesma: Os justos estão no céu e os ímpios, no inferno.

O apóstolo Pedro, em sua 1a epístola, capítulo 3, versos 18 a 20, escreveu: "Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água." Alguém denominou esse texto de "O Oráculo negro do Novo Testamento"; e outro, de crux interpretum. É no Credo Apostólico que aparece a frase: "descensus ad ínferos". Não é de hoje que os comentadores bíblicos buscam desatar o "nó górdio" desse problema. Alguns, sem muita base, vão logo lançando o que descobriram, julgando que isso é a verdade axiomática. Aceitam qualquer magister dixit. Outros preferem se abster de se pronunciar sobre certos temas bíblicos, considerando-os como um "ovo de Colombo". Eis algumas perguntas que deveriam ser feitas e comentadas, se o espaço nos permitisse: 1. Que espírito eram estes referidos por Pedro? Têm aparecido três tipos de respostas: 1) São os anjos decaídos (2Pedro 2.4; Judas 6); 2) Os patriarcas; 3) Os rebeldes do tempo de Noé. 2. Quem pregou? São sugeridos os nomes: 1) Cristo; 2) Noé; 3) Os apóstolos; 4) O Espírito Santo. 3. A quem se pregou? Há duas sugestões: 1) Aos bons; 2) Aos maus. 4. Em que prisão? Há quatro sugestões: 1) No inferno; 2) No tártaro; 3) À "prisão do corpo"; 4) À "prisão do pecado". 5. O que foi pregado? Sugerem: 1) Salvação; 2) Condenação; 3) Sua vitória. 6. Em que espírito? Sugerem: 1) No Espírito Santo; 2) No espírito de Cristo; 3) No espírito do demônio. 7. Em que tempo isso ocorreu? 1) Durante o tempo em que o corpo esteve na sepultura; 2) No tempo de Noé. Agora, vejamos a interpretação que se coaduna com o teor geral da Bíblia. Pedro está escrevendo a sua primeira epístola "aos peregrinos da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia" (cap. 1.1). Exorta os crentes a terem uma vida exemplar e os anima quanto à perseguição que sofriam e que ainda viriam a sofrer, pois, de Roma, onde Nero imperava, se irradiava a terrível perseguição contra os cristãos. Eles estão dispersos, mas, ali, a perseguição os atingiria. Pedro lhes mostra, então, como foi o comportamento de Cristo. Eles deveriam imitá-lo. Eles deveriam estar cônscios de que, assim como o espírito de Cristo estivera, no passado, com Noé (v. 20), que recebeu afrontas, escárnios, provações mil quando pregava aos antediluvianos, os "peregrinos", do mesmo modo, deviam, pacientemente, receber as perseguições, pois, para eles, estava assegurada a maravilhosa esperança – a ressurreição, que Cristo prometera.

Tendo morrido, Cristo foi, durante o tempo em que seu corpo esteve na sepultura, tanto ao céu, onde levou o ladrão arrependido (Lucas 23.43), quanto ao inferno, para demonstrar o seu poder. Ali, aos "espíritos em prisão" que foram rebeldes, nos dias do patriarca Noé, e que rejeitaram a longanimidade de Deus, enquanto se preparava a Arca, e durante 120 anos de pregação, ali, repito, aos "espíritos em prisão", Jesus fez a proclamação de seu triunfo sobre a morte e o pecado, descendo "às partes mais baixas da terra", como afirma o apóstolo Paulo em Efésios 4.9. Portanto, proclamou sua vitória àqueles que não o aceitaram, quando pregou, através de Noé, o que, em última análise, foi também proclamação condenatória. Existe oportunidade de salvação após a morte? Alguns inferem do texto em tela que há oportunidade de salvação após a morte. É ledo engano. Vêem coisas que o texto não diz. Querem se basear na expressão "pregou aos espíritos em prisão". Não existe uma segunda oportunidade de salvação após a morte. O que ocorre, após esta, é o juízo (Hebreus 9.27). Vê-se que o verbo empregado por Pedro é ekêryxen, que se deriva de kerysso, que significa "proclamar u'a mensagem como um arauto". Se Pedro quisesse ensinar oportunidade de salvação após a morte, não teria usado o verto citado, mas, sim, euangelizamai, cujo sentido é "pregar ou levar as boas-novas". Mas Pedro não faria isto, porque sabia que só há salvação nesta vida. A Igreja Católica ensina que Jesus, no intervalo que ocorreu entre sua morte e a ressurreição, desceu ao limbus patrum. Ali pregou aos fiéis do Velho Testamento, para poderem alcançar a salvação. Isso é engano. Hendel Haris e outros eminentes eruditos têm verificado que as primeiras palavras do versículo 19 (no qual também, en ho kai) contêm as letras do nome Enok. Acham que, no original, estava "Enok foi e pregou". Mas, por distração de algum copista, a frase foi modificada. A hipótese é aceitável. Porém, os manuscritos antigos não apresentam a forma que Hendel sugere. E, por remate, cito o que escreveu o célebre bispo de Hipona, Agostinho: "Os espíritos encarcerados na prisão são os ímpios que viviam no tempo de Noé, cujos espíritos ou almas se achavam presos na escuridão da ignorância, como em uma prisão; Cristo pregou a eles, não na carne, pois ainda não se encarnara, mas no espírito, isto é, em sua natureza divina" (Ad Evodiam, ep. 99). Observação: Deixo de comentar a primeira parte, onde são feitas as sete perguntas, para não alargar o artigo. Em meu livro Dificuldades Bíblicas – Vol. 3, será publicado o estudo completo desse trecho bíblico.

O CRISTÃO E SEU DEVER CÍVICO


Nos últimos dias temos publicado no Teologando alguns artigos relacionados ao papel do cristão diante da nossa sociedade. Em um desses artigos (cf. Os cinco motivos cristãos), um cristão reagiu negativamente ao nosso artigo apresentando aquilo que acreditamos ser a opinião de outras pessoas.Em resposta ao nosso comentarista, o Pr.Ricardo Rocha 

ofereceu um texto que merece ser publicado na íntegra aqui. Para que o artigo tenha sentido, o comentário que deu origem à resposta, será publicado primeiro.

Bom Proveito!

Quando uma sociedade corrupta em sua essência busca melhorias através de seu braço carnal, o cristão que se mistura a esta massa peca contra si mesmo e corrompe a Igreja como um todo. Nós não fomos chamados a mudar as condições políticas, econômicas e morais da sociedade. Fomos chamados para pregar o Evangelho. Ainda somos peregrinos no mundo, e o mundo ainda jaz no maligno. Toda vez que a Igreja se mistura com o mundo e seus ideais egoístas e destituídos do amor de Cristo, ela corrompe a si mesma e ao Reino de Deus. Sede santos, a santidade não admite misturas de nenhum tipo. Tudo que o homem plantar, isto ele ceifará, quanto mais o cristão! “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ELE trará justiça aos gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na PRAÇA.” - Isaías 42:1-2
O CRISTÃO E SEU DEVER CÍVICO

Por Ricardo Rocha

Graça e paz!

Primeiramente você usou o texto fora de contexto para seu pretexto, para sustentar sua posição que não é bíblica. Is 42:1-2 “…Ele trará justiça aos gentios” não significa aqui justiça social, o que será verdade no reino milenar, mas nesse texto não é isso, senão por que somente aos gentios ele traria a justiça e não a Israel que estava precisando ver a ação de Deus em uma época pré-exílica com o império Assírio à porta do reino do norte? A justiça aos gentios tem que ser vista como algo que já estava sendo isufruído por Israel, pois agora seria feita justiça aos gentios, o que Israel tinha que os gentios não tinham no AT?

Os gentios não eram participantes das promessas feitas a Israel; não eram parte do povo escolhido; não tinham o direito de chegar a Deus como nação santa e propriedade particular entre todas as nações, isso era exclusivo a Israel; não tinham um relacionamento com YHWH. Agora em Cristo, a justiça seria feita aos gentios, eles teriam o direito (RA) de estar debaixo das promessas de Deus; eles seriam contados como povo de Deus, como nação santa e separada, algo que era inimaginável ao judeu, mas Deus em Cristo traria a justiça e implementaria os valores do reino (termo hebraico é mishpāt que implica os padrões e princípios da santidade divina [The Wycliffe Bible Commentary]) no coração dos gentios, uma lei não em tábuas de pedra, mas escrita no coração, uma nova aliança (Jr 31; Rm 2).

Nessa nova aliança o Messias teria um ministério para todas as nações, cumprindo assim a promessa e a aliança de Deus com Abraão que nele seriam benditas todas as famílias da terra (Ge 12:5). Vemos então que essa justiça significa que os gentios, seriam participantes das bençãos espirituais prometidas a Israel no AT, mais especificamente salvação. Jesus fará justiça, trará salvação aos gentios:

“Ora tendo a Escritura previsto que Deus havia de JUSTIFICAR pela fé os gentios…” Gl 3:8

Justificação aqui, na teologia Paulina, tem o caráter legal, ser justificado é ser declarado justo, inocente diante do tribunal de Cristo. Em Isaías “ele trará justiça” é no sentido de declarar o gentio inocente mediante a fé no sacrifício vicário de nosso Senhor!

Mais adiante vemos a idéia de salvação se desenvolvendo no texto, v.6 “…te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios,” o que é visto mais adiante também:

“… para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” Is 49:6

“Isto é, que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios.” At 26:23

Outro ponto é que Is 42:1-2 é uma referência a Cristo e não a nós, então quando lemos que “nem se fará ouvir sua voz na praça” não tem nada haver com a participação de cristãos em manifestações públicas nas praças, senão a pregação e cultos nas praças também deveriam ser condenados, o que é um absurdo. O que de fato significa é que Jesus pediu às pessoas que não dissessem quem ele era (Mt 8:4; Mc 1:44; Lc 5:14). Ele veio proclamar e estabelecer a justiça, mas não por um levante político-militar que os judeus esperavam que o Messias fizesse, o que vemos explicitamente em Mt 12:16-21 quando Jesus cita Is 42 neste contexto. Ele foi como um cordeiro mudo ao matadouro!

Tratada da questão bíblica e teológica, vamos ao seu argumento. Já que usou o texto fora do contexto sua argumentação não passa de sua posição pessoal, o que tem sim seu valor, mas infelizmente você está equivocado quanto a nossa posição cívica e cristã.

O cristão não peca quando se envolve em manifestações pacíficas em busca de justiça social ou melhorias na sociedade. No meu ver a gente até cumpre um papel profético de levantar a voz contra a corrupção de governantes que oprimem o povo. Você disse que “Quando uma sociedade corrupta em sua essência busca melhorias através de seu braço carnal, o cristão que se mistura a esta massa peca contra si mesmo e corrompe a Igreja como um todo.” Se fosse assim teríamos vários problemas:

1. O cristão pecaria quando votasse para presidente, governador, etc…, pois estaria usando o “braço carnal” ( o ato de votar) de uma sociedade corrupta para buscar melhorias, votamos no candidato que acreditamos ser o melhor pro país;

2. O cristão pecaria quando tentasse ajudar um necessitado através dos sistemas público de saúde, educação, aposentadoria, seguro-desemprego, pois estaria usando o “braço carnal” de uma sociedade corrupta para buscar melhorias na vida das pessoas;

3. O cristão pecaria quando juntasse forças com os centros comunitários nos bairros para conseguir melhorias na comunidade como pavimentação de ruas, saneamento básico, creches e postos de saúde disponíveis na região, tudo isso seria pecado pois estaria usando o “braço carnal” de uma sociedade corrupta para buscar melhorias na vida das pessoas.

4. O cristão pecaria quando denuciasse um ato ilegal ou um assalto para a policia, pois estaria usando o “braço carnal” de uma sociedade corrupta para buscar a justiça;

5. O cristão pecaria quando levasse seus filhos para tomar vacina no dia da gotinha, pois estaria usando o “braço carnal” de uma sociedade corrupta para buscar melhorias na vida das crianças.

Percebe como não tem lógica? Como igreja somos a agência do Reino de Deus nessa sociedade e precisamos proclamar o Evangelho e resgatar vidas do inferno, mas também temos um vocação profética de se levantar contra as trevas que aprisionam esse sistema em que vivemos e usamos todos os recursos legais para avançar com o reino de Deus e implementar os valores celestiais em nossa nação.