segunda-feira, 1 de julho de 2013

Obstáculos para Vir a Cristo


Por Arthur W. Pink
“Ninguém pode vir a mim” (João 6.44).
O homem natural é incapaz de “vir a Cristo”. Citemos João 6:44, “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer.” A razão pela qual “duro é esse discurso”, até mesmo para milhares que professam ser cristãos, é que eles fracassam completamente em compreender o terrível estrago que a queda provocou; e, o que é pior, eles mesmos não se dão contam da “chaga” que existe nos seus próprios corações (1 Rs. 8:38). Certamente se o Espírito já os tivesse despertado do sono da morte espiritual, e lhes dado ver alguma coisa do pavoroso estado em que estão por natureza, e feito sentir que suas “mentes carnais” são “inimizade contra Deus” (Rm. 8:7), então eles não mais discordariam dessa solene palavra de Cristo. Mas aquele que está espiritualmente morto não pode ver nem sentir espiritualmente.
Onde reside a total incapacidade do homem natural? Ela não está na falta das faculdades necessárias. Isso tem de ser bastante enfatizado, do contrário o homem caído deixaria de ser uma criatura responsável. Mesmo que os efeitos da queda tenham sido terríveis, eles não privaram o homem de nenhuma das faculdades que Deus originalmente lhe concedeu. É verdade que o pecado tirou do homem a capacidade de utilizar essas faculdades corretamente, ou seja, empregá-las para a glória do Criador. Entretanto, o homem caído possui ainda a mesma natureza, corpo, alma e espírito, que tinha antes da Queda. Nenhuma parte do ser do homem foi aniquilada, ainda que cada uma tenha sido contaminada e corrompida pelo pecado. De fato, o homem morreu espiritualmente, mas a morte não é a extinção do ser (aniquilação) – morte espiritual é a alienação de Deus (Ef. 4:18). Aquele que é espiritualmente morto está bem vivo e ativo no serviço de Satanás.
A incapacidade do homem caído (não regenerado) de vir a Cristo não reside em nenhum defeito físico ou mental. Ele tem o mesmo pé para levá-lo tanto a um local onde o Evangelho é pregado, como para caminhar até um bar. Ele possui os mesmos olhos que podem lhe servir para ler tanto as Escrituras Sagradas como os jornais. Ele tem os mesmos lábios e voz para clamar a Deus os quais usa agora em conversas fiadas e em canções ridículas. Assim, também, possui as mesmas faculdades mentais para ponderar sobre as coisas de Deus e sobre a eternidade, as quais ele utiliza tão diligentemente nos seus negócios. É por causa disso que o homem é “indesculpável”. É o mau uso das faculdades que o Criador lhe concedeu que aumenta a sua culpa. Que cada servo de Deus veja que essas coisas pesam constantemente sobre os seus ouvintes não convertidos.
1) A incapacidade do homem está na sua natureza corrompida.
Nós temos de ir bem mais a fundo se quisermos encontrar a fonte da incapacidade do homem. Devido à queda de Adão, e por causa do nosso próprio pecado, a nossa natureza se tornou tão corrompida e depravada que é impossível para qualquer homem “vir a Cristo”, amá-lO e serví-lO, estimá-lO mais que tudo neste mundo e submeter-se a Ele, até que o Espírito de Deus o regenere e implante nele uma nova natureza. A fonte amarga não pode jorrar água doce, nem a árvore má produzir bons frutos. Deixe-me tentar explicar isso melhor através de uma ilustração. É da natureza de um abutre alimentar-se de carniça; no entanto, ele tem os mesmos órgãos e membros que lhe permitiriam comer grãos, como fazem as galinhas, mas ele não possui nem a disposição nem o apetite para tal alimento. É da natureza da porca o chafurdar na lama; e apesar dela possuir pernas como a ovelha para levá-la à campina, lhe falta entretanto o desejo por pastos verdejantes. Assim acontece com o homem não-regenerado. Ele tem as mesmas faculdades físicas e mentais que o homem regenerado possui para empregar no serviço e nas coisas de Deus, mas não tem amor por elas.
“Adão… gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn. 5:3). Que terrível contraste há aqui com o que lemos dois versículos antes: “… Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez”. No intervalo entre esses dois versos, o homem caiu, e um pai caído pode gerar somente um filho caído, transmitindo-lhe a sua própria depravação. “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? (Jó 14:4). Por isso nós encontramos o salmista de Israel declarando, “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl. 51:5). No entanto, apesar de por natureza Davi ser um monte de iniquidade e pecado (como também somos nós), mas tarde a graça fez dele o homem segundo o coração de Deus. Desde que idade essa corrupção da natureza aparece nas crianças? “Até a criança se dá a conhecer pelas suas obras” (Pv. 20:11). A corrupção do seu coração logo se manifesta: orgulho, vontade própria, vaidade, mentira, aversão ao que é bom, são frutos amargos que cedo brotam no novo, mas corrupto, ramo.
2) A incapacidade do homem está na completa escuridão em que se encontra o seu intelecto.
Essa importante faculdade da alma foi destituída da sua glória original, e coberta de confusão. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas: “Não há quem entenda”(Rm. 3:11). O apóstolo solenemente lembra os santos, “Pois outrora éreis trevas” (Ef. 5:8), não somente estavam “em trevas”, mas eram as própria “trevas”. O pecado fechou as janelas da alma e a escuridão se estende por todo o lugar: ela é a região das trevas e da sombra da morte, onde a luz é como a escuridão. Lá reina o príncipe das trevas, onde não se pratica nada além das obras das trevas. Nós nascemos espiritualmente cegos, e não podemos ter essa visão restaurada sem um milagre da graça. Esse é o seu caso quem quer que você seja, se ainda não nasceu de novo” (Thomas Boston, 1680). “São filhos sábios para o mal, e não sabem fazer o bem” (Jr. 4:22).
“O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar”(Rm. 8:7). Existe no homem não regenerado uma oposição e aversão pelas coisas espirituais. Deus revelou a Sua vontade aos pecadores no tocante ao caminho da salvação, contudo eles não trilharão esse caminho. Eles sabem que somente Cristo é capaz de salvá-los, no entanto eles recusam se separar das coisas que obstruem o seu caminho até a Ele. Eles ouvem que é o pecado que mata a alma, no entanto o afagam em seu peito. Eles não dão ouvidos às ameaças de Deus. Os homens acreditam que o fogo há de consumir-lhes, e estão em grande tormento para evitá-lo; contudo, mostram com suas ações que consideram as chamas eternas como se fossem um mero espantalho. O mandamento divino é “santo, justo e bom”, mas o homem o odeia, e só o observa enquanto a sua respeitabilidade é promovida entre os homens.
3) A incapacidade do homem está na corrupção dos seus sentimentos.
“O homem, no estado em que se encontra, antes de receber a graça de Deus, ama tudo e qualquer coisa que não seja espiritual. Se você quiser uma prova disso, olhe ao seu redor. Não há necessidade de nenhum monumento à depravação dos sentimentos humanos. Olhe por toda parte. Não há uma rua, uma casa, e não somente isso, nenhum coração, que não possua uma triste evidência dessa terrível verdade. Por que no Dia do Senhor o homem não é encontrado congregando-se na casa de Deus? Por que não nos achamos mais freqüentemente lendo nossas Bíblias? O que acontece para a oração ser um dever quase que totalmente negligenciado? Por que Jesus Cristo é tão pouco amado? Por que até mesmo os seus seguidores professos são tão frios em seus sentimentos para com Ele? De onde procedem essas coisas? Seguramente, caros irmãos, nós não podemos creditá-las a outra fonte que não a corrupção e a perversão dos sentimentos. Nós amamos o que deveríamos odiar, e odiamos o que deveríamos amar. Não é outra coisa senão a natureza humana caída que nos faz amar esta vida mais do que a vida por vir. É um efeito da Queda o fato do homem amar o pecado mais que a justiça, e os caminhos do mundo mais que os caminhos de Deus”. (Sermão de C.H. Spurgeon em Jo. 6:44).
Os sentimentos do homem não regenerado são totalmente depravados e desordenados. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr. 17:9). O Senhor Jesus afirmou solenemente que os sentimentos do homem caído (não regenerado) são a fonte de toda abominação: “Porque de dentro do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a malícia, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc. 7:21,22). Os sentimentos do homem natural estão miseravelmente deformados, ele é um monstro espiritual. O seu coração se encontra onde deveriam estar os seus pés, seguro ao chão; seus calcanhares estão levantados contra os Céus, para onde deveria estar posto o seu coração (At. 9:5). Sua face está voltada para o inferno; por isso Deus o chama para converter-se. Ele se alegra com o que deveria entristecê-lo, e se entristece com o que deveria alegrá-lo; se gloria com a vergonha, e se envergonha da sua glória; abomina o que deveria desejar, e deseja o que deveria abominar (Pv. 2:13-15) (extraído do Boston’s Fourfold State).
4) Sua incapacidade está na total perversão da sua vontade.
“O homem pode ser salvo se ele quiser”, diz o arminiano. Nós lhe respondemos, “Meu caro senhor, nós todos cremos nisso; mas essa é que é a dificuldade – se ele quiser.” Nós afirmamos que nenhum homem deseja vir a Cristo por sua própria vontade; não, não somos nós que o dizemos, mas Cristo mesmo declara: “Contudo não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo. 5:40); e enquanto esse “não quereis vir” estiver registrado nas Escrituras nós não podemos ser levados a crer em nenhuma doutrina do livre arbítrio. “É estranho como as pessoas, quando falam sobre livre arbítrio, falam de coisas das quais nada compreendem. Um diz “Ora, eu creio que o homem pode ser salvo ser ele quiser”. Mas essa não é toda a questão. O problema é: é o homem naturalmente disposto a se submeter aos termos do Evangelho de Cristo? Afirmamos, com autoridade bíblica, que a vontade humana é tão desesperadamente dada ao engano, tão depravada, e tão inclinada para tudo que é mau, e tão avessa a tudo aquilo que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum homem nunca será constrangido a buscar a Cristo.” (C.H. Spurgeon).
“Há uma corda de três pontas contra o céu e a santidade, que não é fácil de ser rompida; um homem cego, uma vontade pervertida, e um sentimento desordenado. A mente, inchada pela vaidade, diz que o homem não deve se humilhar; a vontade, inimiga da vontade de Deus, diz: ele não quer; as emoções corrompidas levantando-se contra o Senhor, em defesa da vontade corrompida diz: ele não irá. Assim a pobre criatura permanece irredutível contra Deus, até o dia do Seu poder, quando é feito nova criatura” (Thomas Boston).
Pode ser que alguns leitores sejam inclinados a dizer: “ensinamentos como estes desencorajam pecadores e os levam ao desespero”. Nossa resposta é: Primeiro, eles estão de acordo com a Palavra de Deus! Segundo, esperamos que Ele se agrade em usar essas verdades para levar alguns a desesperarem-se de qualquer ajuda que possam encontrar neles mesmos. Terceiro, esse ensino manifesta a absoluta necessidade da obra do Espírito Santo nessas criaturas depravadas e espiritualmente impotentes, se algum dia vierem salvificamente a Cristo. Então, até que isso seja claramente entendido, o Seu auxílio nunca será realmente buscado

Que Segurança, Sou de Jesus!



Por Esli Soares

Segurança Eterna, certamente um ótimo tema que envolve a vida cristã. É às vezes comentado em nossas igrejas, e é um assunto que não pode ser negligenciado por nenhum cristão que realmente busque conhecer mais aquele que não é somente o objeto da nossa fé, mas o mantenedor, gerador, e principalmente o ‘caçador’ dessa fé, Deus o caçador dos homens.

Intimamente relacionada à Graça – o dom gratuito de Deus – a segurança eterna é a dádiva superior que consiste no fato de Deus, o próprio Deus, garantir com o empenho da sua pessoa, a vida, a salvação e o auxílio àquele que foi chamado para viver uma vida santa, convocado a sair das trevas para a maravilhosa luz, escolhido e designado para dar frutos, enfim aqueles que são chamados filhos de Deus, os que realmente lavaram sua vestiduras no precioso sangue de Jesus Cristo.
Graça é o favor imerecido, na prática, graça é: Alguém me dar algo que eu não mereço. O perdão dos meus pecados – por exemplo – é algo que eu realmente não merecia, por isso é graça. Nada fiz para que Deus me perdoasse! Mas Deus pelo seu supremo beneplácito me atraiu, me lavou da multidão dos meus pecados, me justificou, regenerou e, mais que simplesmente ter feito tudo isso – se é que tudo o que Deus fez por mim através do sacrifício de Jesus na cruz, pode ser em algum momento chamado de simples – Deus também garante a irrefutabilidade dessa graça.

Pedro e a Verdadeira Graça de Deus!



Por Josemar Bessa

A cruz de Cristo é o segredo surpreendente para a vida. O que poderia ser mais surpreendente? A surpresa é que a vida vem da morte. O poder vem da derrota. A plenitude da redenção vem do sofrimento. O ganho vem da perda...

O enfoque marcado para nós de Cristo sofrendo e perdendo aos olhos do mundo sobre a cruz é nos dizer: “Essa é a mais brilhante manifestação do Sabedoria de Deus. É onde o futuro do desfrute eterno de tudo que Deus é em Cristo começa... TUDO neste mundo impressionante vai falhar por fim, mas a cruz não pode falhar” – A realidade é que só da cruz a benção de Deus nos conceder Ele mesmo jorra sobre pessoas indignas como nós.

Então será que o evangelho nos faz perdedores? Nos faz vencedores? Sim, nos faz sempre grandes vencedores. Mas só através da cruz.

O apóstolo Pedro, por exemplo, aprendeu a viver sob a sombra da cruz. Ele diz que devemos e como chegar lá. A necessidade dessa verdade para nós é vital. Todos nós sofremos e somos tentados a procurar maneiras mais fáceis... naturalmente é o que fazemos... procurar atalhos, caminhos mais curtos...

Todos nós precisamos do evangelho que atinge homens assim, que naturalmente acham a cruz um escândalo. Muitos hoje celebram a cruz... falam da cruz em cultos... mas só porque ela foi despida de todo significado. Coloque um pouco de significado nela, e a mesma ofensa que ela causa no mundo, no homem natural, ela causa na maior parte dos que se dizem cristãos.

A Primeira Carta de Pedro, por exemplo, nos mostra como estar aos pés da cruz, viver no poder que flui da Verdade eterna, nos ensinando viver para glória de Deus num mundo cheio de sofrimento.

Hoje nós temos por um lado o “evangelho da prosperidade”. Ele nos diz que Deus deseja que sejamos ricos e saudáveis... Mas por outro lado temos o que podemos chamar o “evangelho da vítima”. Ele nos diz como devemos ter pena de nós mesmos e mimar a nós mesmos... Esses dois desvios, muitas vezes conseguem conviver nas mesmas igrejas, nas mesmas pessoas...

Tanto um quanto o outro, o evangelho da prosperidade e o da vítima falhará inexoravelmente. Eles reforçam coisas que naturalmente estão dentro do homem caído, reforçam parte da depravação do coração com que cada homem natural nasceu neste mundo ao invés de libertar como a cruz faz. Eles nos levam a lugares que não devíamos ir, lugares que por natureza já estávamos e que é parte da prisão dos homens escravizados pelo pecado, ego... Eles não sabem nada sobre a cruz, eles não nos ajudam a sofrer bem, a enfrentar a morte, dor... inevitáveis. Eles não nos levam a benção de Deus. Precisamos de outro evangelho. Precisamos, por exemplo do evangelho revelado através de Pedro ou Paulo... e não dos “neo-apóstolos” de nossos tristes dias.

No final da sua Primeira Carta, Pedro diz porque ele a escreveu e o que ela deve realizar no meio deles, um povo sofredor: “...escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” - 1 Pedro 5:12

Esta é a verdadeira graça! Por que isso era importante? Sempre houve uma tentativa de falsificar a graça separando-a da cruz. Este verso é a chave para todo o livro. A carta foi breve: “Eu escrevi brevemente” – Foi um breve resumo para que aquelas pessoas – e nós – meditassem profunda e longamente sobre aquilo.

As palavras de Pedro não eram conselhos que deviam ser olhados e aplicados conforme cada um decidisse sobre sua importância. Ele diz: “...escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça...”-Pedro não está simplesmente jogando sobre eles algumas ideias ou insights. Não está dizendo: “são alguns pensamentos, se servir para vocês então peguem” – Não! “Exortando e testificando que esta é a VERDADEIRA graça!” – Ele está falando com autoridade e urgência sobre estar ou não sob a verdadeira graça. Ele está falando isso como testemunha. Não é sobre ele e suas ideias. Trata-se de Deus e você, quando especialmente tudo que importa está em jogo.

Ele escreve sobre o quê? “...esta é a verdadeira graça de Deus” – Tudo que ele diz é basicamente esta mensagem: “A verdadeira graça de Deus!” Qual é a verdadeira graça de Deus? A mensagem de Primeira Carta de Pedro se resume a isso: Primeiro a cruz, depois a coroa. Primeiro o sofrimento, então a glória. Ou seja, o caminho que Cristo andou. Houve a sexta-feira, o que não parecia nada bom, não parecia nada com vitória... no momento, mas então houve a manhã de Domingo. Primeiro a cruz e em seguida a coroa, esta é a verdadeira graça de Deus. É como Deus age com aqueles que Ele transforma a cada dia na mesma imagem do seu Filho. É como Deus age conosco.

Por exemplo, Pedro escreve:

“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.” - 1 Pedro 4:12-13

Em outras palavras. Quando você está seguindo a Cristo e toda a vida de vocês desmorona... não se surpreendam. Não pense que Deus está contra e não é por vocês. É o contrário. Vocês estão partilhando dos sofrimentos de Cristo. Se isso é verdade, vocês irão compartilhar de sua glória por vir. Eis a sequência. Primeiro a cruz e depois a glória. Primeiro a Sexta-feira e depois o Domingo. É assim que a graça opera. Opera pela cruz. 

Essa ( Sesta-feira seguida do Domingo da ressurreição) é uma garantia certa como foi com Cristo. Ele então diz: “Permanecei firmes!” – Fique firme, você não deu um passo em falso ao terem tomado a cruz, negado a vocês mesmos e seguindo Cristo. Vocês estão na verdadeira graça. Vocês viverão para sempre na glória infinita do desfrute de tudo que Deus é em Cristo para sempre. Fiquem firmes em meio a estas frustrações. Em meio a essas perdas, sofrimentos... perda da saúde do corpo, bens, morte, martírio... Esta é a verdadeira graça de Deus. Fiquem firmes. “Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.” - 1 Pedro 2:20-21 – Fiquem firmes! Essa é a tônica. Por que?

Uma forma de sabermos que estamos seguindo o verdadeiro evangelho é que tem que nos ser ditos sempre e sempre: “Fiquem firmes” – Pessoas que seguem o “evangelho da prosperidade” ou o “evangelho da vítima” não precisam ouvir o “fiquem firmes”. Quem precisa de firmeza a não ser em lugares difíceis, perigosos... Quando alguém está sofrendo é preciso ser dito: fique firme. Cristo teve que ficar firme em todos os seus dias, na cruz... Paulo teve que ficar firme, no desprezo, cadeias, sob chicotes, abandono... “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” - 2 Coríntios 4:17 – Fique firme é necessário e crucial se o homem está de fato no evangelho da cruz: “Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitastribulações nos importa entrar no reino de Deus.” Atos 14:22 – Mas no falso evangelho da “prosperidade” você só precisa ser indulgente consigo mesmo. E no evangelho da vítima você só precisa se encher de auto-piedade, sentir pena de si mesmo. E o mundo como é agora oferece a você abundantemente motivos e razões para ser auto-indulgente ou sentir pena de si mesmo. Mas se tomarmos a nosso cruz e seguirmos a Cristo, é preciso ser dito a nós: “Fiquem firmem!”. Não será um caminho fácil num mundo de pecados e numa sociedade que despreza Deus. A velha e rude cruz não nos fará um homem desse mundo, mas nos mata para ele e o mata para nós: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” - Gálatas 6:14 – Então para nós será imperativo o “fique firme!”

O Pedro que escreveu esta carta era um homem diferente do Pedro que conhecemos no início do Novo Testamento. Lá no início já havia algo bom em Pedro. Ele era um crente, mas ele não entendia que primeiro vem a cruz e depois a coroa. Ele não pensava nessas categorias. Ele “entendeu” a graça de Deus em algum nível, mas muito, muito superficialmente. Ele precisou crescer tanto... Ao não entender que a cruz vem primeiro... ele não pode ficar firme diante do sofrimento e dor... Ele negou o seu Senhor para proteger sua vida de sofrimento. Ele não foi capaz de ficar firme por não conhecer de fato a Verdadeira Graça que agora ele está pregando. Mas a graça o invadiu e Pedro se tornou um homem que poderia sofrer com seu Mestre neste mundo, seguir seus passos. É isto que ele ensinará na sua carta ao povo de Deus:

“...escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” - 1 Pedro 5:12

“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.” - 1 Pedro 4:12-13