domingo, 14 de julho de 2013

A Crocodilagem da Fé


Por Pr. Silas Figueira

Muitos líderes não tem nenhuma vergonha na cara de fazer chacota com as crises que as pessoas estão passando. Muitos se aproveitam desse momento de fragilidade, seja na área emocional, profissional, familiar, na saúde para brincar com a fé dessas pessoas e arrancar delas tudo o que elas tem. Primeiro lhes arranca o dinheiro, depois lhes arrancam a fé e por fim leva essas pessoas a total bancarrota espiritual.

Temos visto isso ocorrer em todos os seguimentos da igreja que se diz evangélica, mas que a muito tempo se tornou uma servidora fiel de Satanás. Líderes que sem nenhum pudor, sem nenhum temor manipulam a Palavra de Deus para se beneficiarem. São os Caifás modernos, são pessoas que se utilizam da religião para enriquecerem, são monstros cruéis, leviatãs camuflados de sacerdotes enganando o povo que anda cego em busca de um milagre. E é exatamente na crise, na fragilidade e da fragilidade humana que esses crocodilos se alimentam. Se alimentam da dor de uma mãe que está vendo seu filho indo para as drogas, que está vendo sua filha na prostituição, um pai de família desempregado e vendo dia após dia as contas de acumularem e o alimento se acabar no armário. Se aproveitam daquela esposa que está vendo seu casamento se acabar e lutando com todas as suas forças não vendo resultado o do seu esforço.

Esses crocodilos fantasiados de sacerdotes do Deus Vivo são instrumentos de Satanás vendendo os seus martelos poderosos, as suas meias milagrosas, as suas águas bentas que tudo purifica, o sal grosso, a arruda, a rosa, a toalha encharcada de suor e meleca do apóstolo. Como se diz por aí, crente não acredita em cartomante, mas adora uma revelagem, e o que mais vemos por aí são crentes buscando revelação. Esses Caifás modernos não poupam nem crianças ...

Mas tudo isso ocorre porque o brasileiro é um povo místico e imediatista, querem o milagre não importa de onde venha nem quanto custa. Vivem de campanha em campanha. Quem alimenta essa máfia de crocodilos são as próprias pessoas que as buscam ávidas por ver o milagre. Muitos, é bom lembrar, são levados como ovelhas para esses matadouros, são inocentes, mas outros já são crias antigas desse sistema viciante e não sabem ou não querem sair dessa roda viva em busca das migalhas alcançadas. Eu creio que muitos ali alcançam alguns benefícios, pois Satanás é ardiloso e nós conhecemos os seus desígnios e ardis. Alguns milagres são fabricados, outros ocorrem na mente de gente que desesperadamente quer ver alguma coisa acontecer, nem que seja na vida dos outros. É uma porta de emprego que se abre, é um namorado que se arranja, é uma bênção nessa ou naquela outra área que se alcança. Mas tudo isso não procede de Deus, pois Deus não tem compromisso com os que falam em seu nome aquilo que Ele não disse e nem prometeu.

O evangelho Puro e Simples, o Evangelho transformador que trás ao coração do homem esperança, alento, renova a fé e opera o maior milagre que pode ocorrer na vida de uma pessoa que é a salvação, esse tem sido esquecido ou muito pouco procurado e por causa disso alguns tem se vendido a esse mercado das campanhas, dos atos proféticos, das unções e jejuns de Daniel.

Estou escrevendo isso com um peso e uma grande tristeza no coração por ver pessoas inocentes sendo roubadas daquilo que é mais bonito na vida de uma pessoa o prazer de servir a Deus pelo o que Ele é e não pelo o que Ele dá e faz. Que o Senhor nos ajude a livrar das garras de Satanás essas pobres almas encarceradas do engodo da mentira.

Quando a regra de fé é a própria Prática...


Por Rev. Ageu Magalhães
 
“A Bíblia é nossa única regra de fé e prática” – qualquer crente com certo tempo de igreja já ouviu esta frase, pelo menos uma vez. Mas, é triste observar que a frase não tem passado de um mero aforismo. Para a maioria dos evangélicos a Prática (e não a Palavra) é a verdadeira regra de fé. Explico:
Quando um líder de igreja está prestes a formular uma lei ou a responder a uma consulta de concílio inferior e, ao invés de perguntar “O que diz a Bíblia?”, pergunta “Qual tem sido a prática da igreja?” ele acaba de mostrar onde está a base de sua fé.
Da mesma forma, quando o membro de igreja elogia um pastor chamando-o de “equilibrado”, ou refere-se a uma igreja como sendo “equilibrada” ele revela, sem saber, o quanto a Prática tem prevalecido sobre a Palavra em sua mente.
Esta forma de pensar tem mais a ver com a dialética de Hegel do que com a Palavra de Deus. Para Hegel a história é um movimento de confronto entre tese (afirmação) e antítese (oposição da tese) gerando assim a síntese.
Desta forma, o que é um pastor “equilibrado”? É um pastor que não fica nos denominados “extremos”. Mas, e se a verdade estiver exatamente no extremo? Por exemplo, um pastor crê que dinheiro é prova de fé e ensina que crente tem de ser rico. O outro pastor, no outro extremo, crê que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males e que cobiça é pecado e não virtude. Onde fica o equilíbrio? No meio do caminho entre o certo e o errado? O meio certo é o alvo a ser alcançado?
E quando o assunto é culto? Onde estará a vontade de Deus: na síntese entre um culto certo e um culto errado ou no que a Palavra aponta como sendo o culto certo?
Portanto, de volta ao início, a Bíblia é a nossa única regra de fé e de prática. A sociedade é dialética. Faz sínteses entre o certo e o errado, gerando mais conceitos errados. Nós, crentes, temos nas mãos a Palavra de Deus, poderosa para “destruir fortalezas, anulando sofismas” (2Co 10.4) Cabe a nós não sermos seguidores de Hegel, mas de Cristo. Levando a ele, cativo, todo pensamento à sua obediência.

Ordenando aos Hereges


Por Vincent Cheung

Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé. (1 Timóteo 1:3-4)
Um dos principais deveres de um ministro cristão é combater falsas doutrinas. Paulo provavelmente tinha algo definido em mente quando escreveu a Timóteo. É possível que a igreja estivesse sendo ameaçada com um precursor do gnosticismo, ou de alguma forma de misticismo judaico, ou uma mistura dos dois. O contexto histórico exato não é essencial para o entendimento e aplicação dessa passagem, visto que Paulo primeiro declara um princípio amplo, que Timóteo deve por um fim a homens que ensinam “falsas doutrinas”. Ele não pretende dizer que essas falsas doutrinas particulares deveriam ser detidas, mas todas as outras são permitidas. Todas as falsas doutrinas devem ser detidas.
Um ministro cristão que esteja indisposto ou que seja incapaz de fazer isso é um devedor, e introduz uma vulnerabilidade à sua igreja. Ele poderia estar indisposto de se opor a falsas doutrinas por não considerar que doutrinas sejam algo essencial. Mas elas são essenciais, visto que fornecem definição e orientação com respeito a cada aspecto da fé cristã. Não existe nenhuma fé cristã, e dessa forma nenhum conhecimento de Deus e de Cristo, nenhuma salvação, nenhuma justificação e santificação, nenhuma adoração a Deus, nenhuma comunhão com os santos, e nenhuma esperança de vida eterna, sem as doutrinas cristãs. Sem doutrinas, não há nada. Então, um ministro poderia ser incapaz de se opor às falsas doutrinas porque teme confrontar os heréticos, ou porque careça de conhecimento e inteligência para refutá-los. Seja qual for a razão, essa é uma séria deficiência num ministro, e desse ser tratada com extrema urgência.
Não devemos permitir que o mundo nos ensine como lidar com os falsos mestres. Alguns ministros têm maior respeito pelos padrões não cristãos de cortesia acadêmica do que pelo Senhor Jesus Cristo. E se eles querem parecer intelectuais e respeitáveis diante do mundo, e polidos de acordo com o padrão do mundo, então não prestam para serem pregadores do evangelho. Paulo não diz a Timóteo que dialogue com os falsos mestres, ou aprenda a perspectiva deles, mas que ordene-os a parar.
Algumas pessoas pensam que a melhor forma de lidar com falsas doutrinas é debatê-las num fórum público, de forma que os cristãos possam ouvir os dois lados e decidirem por si próprios. Novamente, essa visão procede do mundo, e impõe democracia e liberdade de expressão na política da igreja. A Igreja do Deus Vivo não é uma democracia. Jesus Cristo é Rei – sua opinião é verdade, e seu mandamento é lei. Ninguém tem o direito de se opor a ele ou expressar visões alternativas. Sem dúvida, seus ministros podem debater falsas doutrinas, mostrando de que formas esses ensinos são errôneos, mas eles não podem fazer isso interminavelmente, e eles devem falar com autoridade, ordenando que os falsos mestres cessem com as suas heresias.

A banalização do sagrado


Por Rev. Hernandes Dias Lopes
O espírito pós-moderno tem levado muitos crentes à banalização do sagrado. Milhares de pessoas entram pelos umbrais da igreja evangélica, mas continuam prisioneiras de suas crendices e de seus pecados. Têm nome de crente, cacuete de crente, mas não vida de santidade. Em vez de ser instruídas na verdade, são alimentadas por toda sorte de misticismo forâneo às Escrituras. Em vez crescerem no conhecimento e na graça de Cristo, aprofundam-se ainda mais no antropocentrismo idolátrico, ainda que maquiado de espiritualidade efusiva. Dentro desta cosmovisão, os céus estão a serviço da terra. Deus está a serviço do homem. Não é mais a vontade de Deus que deve ser feita na terra, mas a vontade do homem no céu. Tudo tem de girar ao redor das escolhas, gostos e preferências do homem. O bem-estar do homem e não a glória de Deus tornou-se o foco central da vida. Assim, o culto também tornou-se antropocêntrico. Cantamos para o nosso próprio deleite. Louvamo-nos a nós mesmos. Influenciados pela síndrome de Babel, celebramos o nosso próprio nome.
Nesse contexto, a mensagem também precisa agradar o auditório. Ela é resultado de uma pesquisa de mercado para saber o que atrai o povo. O ouvinte é quem decide o que quer ouvir. O sermão deixou de ser voz de Deus para ser preferência do homem. Os pregadores pregam não o que o povo precisa ouvir, mas o que o povo quer ouvir. O misticismo está tomando o lugar da verdade. A auto-ajuda está ocupando o lugar da mensagem da salvação. Assim, o homem não precisa de arrependimento, mas apenas de libertação, visto que ele não é culpado, mas apenas uma vítima. O pragmatismo pós-moderno está substituindo o genuíno evangelho.
A banalização da teologia desemboca na vulgarização da ética. Onde não tem doutrina bíblica sólida não pode haver vida irrepreensível. A teologia é mãe da ética. A ética procede da teologia. Onde a verdade é substituída pela experiência, a igreja pode até crescer numericamente, mas torna-se confusa, doente e corrompida. O povo de Deus perece quando lhe falta o conhecimento. Onde falta a Palavra de Deus, o povo se corrompe. Outrossim, onde não há santidade, ainda que haja ortodoxia, o nome de Deus é blasfemado.
A banalização do sagrado é visto claramente nas Escrituras. O profeta Malaquias denunciou com palavras candentes o desrespeito dos sacerdotes em relação à santidade do nome de Deus, do culto, do casamento e dos dízimos. A religiosidade do povo era divorciada da Palavra de Deus. As coisas aconteciam, o povo vinha ao templo, o culto era celebrado, mas Deus era não honrado.

Jesus condenou, também, a banalização do sagrado quando expulsou os vendilhões do templo. Eles queriam fazer do templo, um covil de salteadores; do púlpito, um balcão de negócios; do evangelho, um produto de mercado e dos adoradores, consumidores de seus produtos. O livro de Samuel, outrossim, denuncia esse mesmo pecado. O povo de Israel estava em guerra contra os filisteus, pensando que Deus estava do lado deles, mesmo quando seus sacerdotes estavam em pecado. Porém, quatro mil israelitas caíram mortos na batalha, porque o ativismo não substitui santidade. O povo, em vez de arrepender-se, mandou buscar a arca da aliança, símbolo da presença de Deus. Quando a arca chegou, houve grande júbilo e o povo de Israel celebrou vigorosamente ao ponto de fazer estremecer o arraial do inimigo, mas uma derrota ainda mais fatídica foi imposta a Israel e trinta mil soldados pereceram, os sacerdotes morreram e a arca foi tomada pelos filisteus. Alegria e entusiasmo sem verdade e sem santidade não nos livram dos desastres. Rituais pomposos sem vida de obediência não agradam a Deus. Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Deus não aceita nosso culto nem nossas ofertas quando ele rejeita a nossa vida. Antes de Deus aceitar o nosso culto, ele precisa agradar-se da nossa vida. É tempo de examinarmo-nos a nós mesmos e voltarmo-nos para o Senhor de todo o nosso coração.