sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A igreja deve celebrar o casamento de gays?


Por Mário Persona
Sua pergunta tem a ver com a celeuma causada por uma lei que, se aprovada, daria à união de duas pessoas do mesmo sexo o mesmo status do casamento de um homem com uma mulher. Primeiro é preciso definir o que é o matrimônio, e para isso precisamos recorrer à Bíblia.
Mat 19:4-6 "Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio MACHO e FÊMEA os fez, E disse: Portanto, deixará o HOMEM pai e mãe, e se unirá a sua MULHER , e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que DEUS AJUNTOU não o separe o homem".

O ensino do Senhor Jesus é muito claro: no plano original de Deus ele fez MACHO e FÊMEA para se unirem formando uma só carne. Trata-se de duas pessoas de diferentes sexos unidas em algo que "Deus ajuntou". Aquilo que é chamado de "casamento gay" não tem nenhuma dessas características: não são pessoas de sexos diferentes e obviamente não é algo que Deus ajuntou, pois não faz parte de seu plano original.

Existe também o lado simbólico da união homem-mulher, e aprendemos que quando Deus une um homem e uma mulher ele tem em vista algo muito mais elevado: o matrimônio é uma figura ou símbolo da união entre Cristo e sua noiva, a Igreja.

Efs 5:25-32 "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela... Por isso deixará o HOMEM seu pai e sua mãe, e se unirá a sua MULHER; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de CRISTO e da IGREJA". (Igreja é o conjunto de TODOS os salvos por Cristo).

Não é preciso ser muito inteligente para perceber que o matrimônio do qual Deus fala em sua Palavra nada tem a ver com a união entre pessoas do mesmo sexo que querem chamar de "matrimônio". Podem chamar do mesmo nome, mas nunca será o que Deus instituiu como tal.

Mas sua dúvida vai mais longe e você pergunta se o Estado poderá obrigar as "igrejas" a celebrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Bem, César pode fazer o que bem entender com as coisas que são suas. Se César quiser criar leis que garantam igualdade de direitos a pessoas do mesmo sexo que vivem juntas, isso é com ele.

Mas o que diz a Palavra de Deus a respeito de sua pergunta, isto é, se igrejas poderão ser obrigadas a celebrar essas uniões? Bem, o fato é que em nenhum lugar da Palavra de Deus você encontra alguma igreja celebrando um casamento. Deus nunca deu a homem alguma a autoridade de unir um casal em nome de Deus. Isso foi inventado pelos homens, portanto se existem hoje organizações cristãs chamadas "igrejas" fazendo isso, estão cometendo um erro, pois não há fundamento bíblico para o que se costuma chamar de "casamento religioso".

A função do juiz de paz é outra história. No Brasil ele tem autoridade para declarar duas pessoas marido e mulher, porque lhe foi delegada tal autoridade e deve ser respeitada. Por isso todo casal cristão que se sujeita à Palavra de Deus e pretende ser unido por Deus em matrimônio deve procurar "casar-se no civil" para estar em conformidade com a lei.

Vamos voltar no tempo e visitar uma assembleia de irmãos reunidos ao nome do Senhor Jesus no primeiro século. Eles não tinham denominações, não tinham templos de pedras e não tinham um clero, mas cada um era um sacerdote, era uma pedra viva, e era conhecido apenas pelo nome de Jesus ou "cristão". Digamos que a autoridade da época criasse uma lei que obrigasse as igrejas a celebrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. O que esses cristãos responderiam?

- "Desculpe-nos, dona Autoridade, mas nós não celebramos casamentos nem de pessoas de diferentes sexos, por que teríamos de celebrar casamentos de pessoas do mesmo sexo?!".

Isso não mudou. Hoje Deus continua unindo homens e mulheres em todo o mundo, independente do que algumas organizações chamadas "igrejas" ou governos pensem do assunto. Nos países como o Brasil existe o casamento civil ao qual os cristãos devem se submeter. Em alguns países africanos existem matrimônios polígamos, os quais os cristãos obviamente não irão imitar. Ainda que você encontre a poligamia na Bíblia, isso foi invenção de Lameque, sexta geração dos descendentes de Caim. TODOS os polígamos da Bíblia (Davi, Salomão etc.) estavam desobedecendo a Deus e tiveram problemas resultantes de sua poligamia.

Agora falando especificamente de todo o alarde que está sendo criado em torno da tal lei, que supostamente obrigaria as "igrejas" a celebrarem casamentos de pessoas do mesmo sexo, essa lei teria um efeito nulo sobre os cristãos se essas "igrejas" simplesmente percebessem que não devem celebrar casamento de espécie alguma. É Deus quem une. "O que Deus ajuntou..."

Quanto ao casamento civil, no qual o Juiz de Paz faz a união, que deixem isso para o Juiz de Paz resolver. Afinal, o cristão não deve se intrometer naquilo que é de César, mas apenas dar a César o que lhe for devido, ou seja, respeito e impostos. Nos países em que a lei inclui a poligamia, que inclua. Os cristãos nesses países não terão mais de um cônjuge. Nos países onde a lei aceita o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seus dirigentes que respondam diante de Deus por essa prática contrária à natureza (Romanos 1:26, 27). Aos cristãos desses países cabe tão somente evitarem tal prática contrária à Palavra de Deus, como os cristãos nos países polígamos devem evitar a poligamia para si mesmos.

Eu aprendi que, quando o mágico faz seu número de mágica, não devemos ficar olhando para a mão que ele insiste em mostrar. É na outra que o truque está sendo realizado. No caso dessa gritaria geral de evangélicos e católicos a respeito da legalização ou não do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o truque está na outra mão.

Que truque é esse? Satanás está habilmente conseguindo unir cristãos genuínos com alguns que se dizem cristãos, porém são idólatras, hereges, avarentos etc. Deus é contra a o homossexualismo ou qualquer tipo de imoralidade contrária aos padrões que ele estabeleceu para o homem e a mulher, mas pode ter certeza de que na lista das prioridades de Deus a idolatria vem antes da imoralidade.

Êxo 20:3-5 "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam".

A situação toda dessa comoção geral de católicos e evangélicos contra a tal lei, que poderia legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo, me faz lembrar o livro "The Screwtape Letters" de C. S. Lewis (publicado em português como "Cartas de um diabo a seu aprendiz"). O livro é uma ficção que descreve como seria a correspondência entre um "diabo maior" com um "diabo aprendiz" sobre o que fazer para enganar os homens. Vou plagiar o livro e criar aqui uma carta extra:
Diabo-mor: Meu querido aprendiz, inventei um truque eficaz para os cristãos desonrarem seu Deus. Vamos criar uma lei que gere uma celeuma em torno do que vamos chamar de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os cristãos não vão perceber que não existe na Bíblia uma união matrimonial além daquela na qual Deus une um homem e uma mulher. Como os próprios cristãos inventaram "casamentos religiosos" feitos por igrejas, pastores, sacerdotes etc. vão achar que estamos falando desse tipo de coisa. Se na Palavra de Deus diz que Deus só une um homem com uma mulher, então Deus não vai unir algo que não cumpra tais requisitos, não é mesmo?
 
Diabo-aprendiz: Realmente, mestre, mas ainda não entendi o que pretende fazer.

Diabo-mor: Os cristãos ficarão tão cegos e ocupados com essa tal lei que permite aquilo que não é o matrimônio que Deus criou, que começarão a tentar interferir nas coisas de César como se eles próprios fossem do mundo. Vão se esquecer do que Jesus disse, "não sois do mundo" (Jo 15:19), e de que o próprio Jesus jamais interferiu nas questões de César e de sua política, nem mesmo para salvar a própria vida! Eles perderão de vista qual é a verdadeira cidadania deles, que o apóstolo Paulo mencionou com estas palavras:
"A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3:20 - NVI).

Diabo-aprendiz: Brilhante, mestre! E depois?

Diabo-mor: Depois eles vão perceber que uma andorinha sozinha não faz verão, e precisarão se unir, fechando os olhos para suas diferenças, algumas banais, mas outras muito sérias. Sabe aquele ecumenismo que eu tenho tentado fazer para criar uma grande colcha de retalhos? Pois é, eles nunca perceberam que Deus não quer unir os cristãos divididos, mas quer apenas que abandonem suas divisões e voltem ao que era no princípio. Como não veem isso, cristãos das mais diferentes confissões se unirão, fechando os olhos para o fato de alguns não crerem na divindade de Jesus, outros adorarem ídolos, e mais outros usarem o nome de Deus só para arrancar dinheiro do povo. Tudo isso que Deus odeia - heresias, idolatrias e avareza - deixará de ser importante para eles, pois só pensarão no tal casamento que nem mesmo é casamento na Bíblia, porque não foi previsto no plano original de Deus. E o que Deus não une, não está unido para Deus. Simples assim.

Diabo-aprendiz: Mestre, excelente ideia! Eles vão ficar olhando para o lado errado e nem perceberão que Deus abomina todos esses idólatras, hereges e mercadores da fé, que marcharão lado a lado com cristãos genuínos!

Diabo-mor: Você se lembra do que nós tentamos fazer quando os judeus voltaram do exílio para reconstruir os muros de Jerusalém e seu templo? Quero dizer, já tentamos unir os verdadeiros com os falsos?

Diabo-aprendiz: Xi, mestre, minha memória está ruim. O que foi mesmo?

Diabo-mor: Vou refrescar sua memória lendo do próprio livro que os cristãos usam, a Bíblia. Pelo jeito nem você e nem eles têm o costume de ler este livro... Deixe-me ver... Aqui está:

Ed 4:1-3 "Ouvindo, pois, OS ADVERSÁRIOS de Judá e Benjamim que os que voltaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor Deus de Israel, chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar CONVOSCO, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir aqui. Porém Zorobabel, e Jesuá, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que NÓS E VÓS edifiquemos casa a nosso Deus; mas NÓS SOZINHOS a edificaremos ao SENHOR Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia".

Diabo-aprendiz: É mesmo, mestre, os inimigos se ofereceram para ajudar, porque assim poderiam desviá-los da verdade e fazê-los cair em idolatria, mas eles não aceitaram a ajuda deles. Era mais importante permanecerem fiéis ao seu Deus do que se colocarem em jugo desigual com idólatras. Eu odiei essa atitude deles! Agora estou adorando esse seu plano para os cristãos! Eles vão cair que nem patinhos.

Diabo-mor: Depois que o muro estava pronto, eu ainda tentei outra vez acabar com eles. Como não dava para entrar na cidade, convidei os judeus para saírem para conversarem com meus emissários em campo aberto, no meu território. Veja aqui o que aconteceu:

Ne 6:1-4 "Sucedeu que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesem, o árabe, e o resto dos nossos inimigos, que eu tinha edificado o muro, e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais, Sambalate e Gesem mandaram dizer-me: Vem, e CONGREGUEMO-NOS JUNTAMENTE nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal. E enviei-lhes mensageiros a dizer: Faço uma grande obra, de modo que NÃO PODEREI DESCER; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco? E do mesmo modo enviaram a mim quatro vezes; e da mesma forma lhes respondi".

Diabo-aprendiz: É, aquela também não pegou, né mestre?

Diabo-mor: Minha última tentativa foi usar mulheres de outros povos para seduzirem os judeus e alguns acabaram se casando com elas e com isso eu quase consegui destruí-los, mas Neemias descobriu meu plano no último capítulo do livro que ele escreveu e eu fiquei no prejuízo.

Diabo-aprendiz: Mas agora já vi que vamos ter sucesso, não acha mestre?

Diabo-mor: Tenho certeza disso. Deus será extremamente desonrado com essas associações que os cristãos estão fazendo, reunindo o que existe de pior em termos de idolatria, heresias e avareza para lutarem em prol de uma causa comum. Vamos continuar dando corda que isso vai abrir caminho para abandonarem de vez a verdade. Sempre que pessoas de diferentes crenças se unem elas precisam passar a régua pelo menor denominador comum. Aí a apostasia vai correr solta, quando estiverem dando menor valor e importância às coisas que Deus considera as mais importantes.

OS SETE PECADOS CAPITAIS – A IRA



Por Isaltino Gomes Coelho Filho
 
Mira y López classificou a ira como “o gigante rubro”. Junto com o medo, o amor e o dever ela forma os Quatro gigantes da alma, título de sua obra clássica. Se o orgulho, que é o culto a si mesmo, encabeça a lista dos pecados, caminhando pari passu à ambição (“Sereis como Deus”), a ira é, cronologicamente, na Bíblia, o segundo pecado: “Caim ficou furioso” (Gn 4.5), e “Então, o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste?” (Gn 4.6). A ira está presente desde os albores da humanidade. E sempre com maus resultados.
A ira é o pecado que gera o assassinato (1Jo 3.15). Costuma-se dizer que ela é má conselheira, porque priva a pessoa da razão e a coloca sob o domínio dos instintos. A pessoa perde a noção de valores, de regras de conduta, e assume um comportamento ensandecido. A ordem de Saul para que Doegue matasse 85 sacerdotes e depois homens, mulheres, crianças, bebês e até os animais de Nobe, mostra como a ira enlouquece (2Sm 22.17-19). Este trágico episódio na vida de Saul deixa claro que a ira leva a pessoa a agir como animal descontrolado. Ela perde toda a sua racionalidade.

Sucedeu a mesma coisa com seu xará, no Novo Testamento. Atos 9.1 registra que Saulo “respirava” ameaças contra os discípulos de Jesus. O grego é empneo, cuja forma verbal pode levá-lo a ser traduzido, sem forçar a situação, como “bufava”, respiração típica do animal selvagem. Curiosamente, Jesus lhe afirmou que ele se comportava como animal, na expressão “recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14), a figura do boi que escoiceava o ferrão que o impelia no serviço. O zelo religioso de Saulo se transmutou em ira descontrolada (“cada vez mais enfurecido contra eles”, disse ele – At 26.11). Muito zelo religioso nada mais é que ódio, ira, fúria contra os discordantes. É “zelo, mas não com entendimento” (Rm 10.2). É uma advertência muito séria porque, em algumas ocasiões, a defesa da fé ou do que a pessoa julga ser a doutrina correta, é feita com ódio. Algumas apologias exsudam ira. Como disse alguém: “Nunca os homens fazem o mal com tanto entusiasmo como quando o fazem em nome de Deus”.

É triste, mas é verdade: temperamentos não controlados pelo Espírito (nada a ver com o livro homônimo – é que a expressão é correta) usam o evangelho como pretexto para dar vazão à sua carnalidade. A violência verbal desancando irmãos que pensam de maneira diferente não é santidade. É pecado. Lembra-me de um personagem de Umberto Eco, ironizando as querelas teológicas dos cristãos: “percebi quanto os cristãos podem se esfolar uns aos outros, por uma simples palavra” (Baudolino, p. 35). Certa vez, preguei em uma igreja e expendi um conceito que o pastor julgou ser arminiano. Tornei-me, aos seus olhos, “cão pirento”, como se diz no Amapá. Ele se recusou a me levar à saída, após o culto, e virou-me as costas quando fui cumprimentá-lo. Foi zeloso com sua doutrina, e iracundo no seu procedimento. Um exemplo da típica espiritualidade deformada, mas chamada, muitas vezes, de “ira santa”. O episódio de Jesus expulsando os vendilhões do templo é o trecho bíblico mais apreciado pelos santos iracundos e o eixo hermenêutico que dá suporte à sua postura.

A virtude que se antepõe à ira é a paciência. Que não deve ser confundida com resignação. O melhor termo para ela émakrothymia, uma extraordinária capacidade de suportar situações adversas. Não é superthymia, grande capacidade, masmakrothymia, enorme capacidade. Como um macromercado é maior que um supermercado. O termo alude a uma enorme disposição de sofrer o mal sem revidar. Jesus foi macrotímico: “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7).

Tiago orientou seu público: “Chamamos felizes os que suportaram aflições. Ouvistes sobre a paciência (makrothymia) de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu. Porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” (Tg 5.11). Fala-se da paciência de Jó, mas ele não foi paciente, no sentido de passividade de aguentar calado. Queixou-se por todo o livro. Mas manifestou uma enorme capacidade de suportar tudo. Um bom modelo. Há igrejas que se dividem por causa da ira dos crentes, por absoluta falta demakrothymia. Há dissensões na denominação pelo mesmo motivo. Suportar o mal está fora de moda. O negócio é “bateu, levou”. Aliás, um bispo televisivo avisou à Globo, certa vez, que com eles não tinha “essa de dar a outra face”. Com eles era “bateu, levou”.

A ira é pecado, e não virtude. Sua ausência, sim, é virtude. “A ninguém devolvei mal por mal” (Rm 12.17), e “Abençoai os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12.14). A troca de ofensas, tão amiúde na liderança evangélica, mormente pela mídia, é uma vergonha para o evangelho. Não parecem santos, mas arruaceiros de bar.

Peçamos graça a Deus para vencermos nossos sentimentos agressivos contra as pessoas, e que sejamos cada vez mais parecidos com Jesus. Caim se irou e matou seu irmão, porque era do Maligno (1Jo 3.12). Jesus pediu perdão pelos inimigos, porque era o Filho de Deus (Lc 23.34). Mais tarde, mostrando que se tornou filho de Deus, Estêvão pediu que seus assassinos fossem perdoados (At 7.60). Os filhos de Deus não se regem pela ira, e com a graça do Senhor a superam. Cultivam o perdão, ao invés de acalentar a ira

A Soberania de Deus e as Nossas Orações



Por Arthur W. Pink
"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve." 1 João 5:14
Existem algumas perguntas que surgem na mente das pessoas quando pensam acerca da soberania de Deus.
Já dissemos que as pessoas são incapazes de escolher ser salvos de seus pecados a menos que Deus mesmo mude sua natureza pecaminosa.
Então, a primeira pergunta que responderemos é esta: se Deus realiza o câmbio na natureza das pessoas, por que devem esforçar-se os crentes em pregar o evangelho a todos? temos aprendido que por natureza os homens são pecaminosos, que por si mesmos não podem escolher crer em Cristo. Por que, então, os crentes devem urgir às pessoas a crerem? A resposta é esta: aos crentes lhes é ordenado por Deus pregar o evangelho a todos.
Não pregamos o evangelho pensando que os ouvintes inconversos tenham em si mesmos a capacidade para receber a Cristo como seu Senhor. Pregamos porque sabemos que isto é o que Deus tem nos comissionado fazer.
Sabemos que quando o evangelho é pregado, Deus mesmo fala eficazmente a alguns daqueles que escutam. Àquelas pessoas que Deus tem escolhido, lhes é dada a disposição para crer. Crer que Deus está no controle de tudo é de grande ajuda e estímulo para a pregação evangélica. Os crentes sabem que as pessoas escolhidas por Deus se arrependerão dos seus pecados quando escutem acerca de Jesus Cristo o Salvador.
De fato, esta convicção de que Deus está realizando seus propósitos mediante a pregação, é a base da verdadeira pregação evangélica. Veja Isaias 55:10-11, 2 Coríntios 2:14-17, Romanos 10:14-15 e 1 Pedro 1:23.
Em segundo lugar, outra pergunta que pode surgir é esta: se Deus tem determinado o que vai acontecer, e se também tem o controle sobre tudo o que acontece, então, existe alguma razão para orar? Se Deus já tem tomado todas as decisões, seguramente a oração não tem valor algum. Nós não podemos mudar a vontade de Deus. A nossa resposta é a seguinte: devemos entender o significado verdadeiro da oração. Alguns dizem que a oração é a forma em que Deus permite que as nossas vontades tenham influência no que acontece. Mas a Bíblia ensina claramente que é Deus quem faz com que as coisas sucedam. Portanto, a idéia de que as nossas orações fazem que as coisas aconteçam é errada. Outras pessoas dizem que a oração é uma forma de conseguir que Deus mude a Sua vontade. Mas, como já vimos, Deus já tem decidido exatamente o que vai acontecer. A oração não é algo que possamos usar para mudar as coisas; a nossa oração não muda a vontade de Deus.
A oração é a maneira assinalada por Deus para honrá-Lo. A oração é um meio de adoração a Deus. a oração é o reconhecimento de que dependemos totalmente de Deus, por todo o que somos e o que temos. A oração é o método divino para pedir a bênção de Deus.
A oração faz com que percebamos quão pequenos e fracos somos, e quão grande é Deus. a oração é um dom de Deus para seu povo, a fim de que eles Lhe peçam as coisas que Deus tem determinado. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para efetuar os Seus propósitos eternos. (Veja os seguintes textos que afirmam esta verdade: Mateus 5:10; 1 João 5:14; Romanos 8:26-27).
Além disso, Deus tem determinado que a oração seja um meio para efetuar sua vontade, tal como a pregação do evangelho é o meio utilizado por Deus para salvar os pecadores. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para executar Seus propósitos eternos.
Assim sendo, quando os crentes oram não o fazem para mudar o plano de Deus, senão para que o pano de Deus seja executado. Os crentes podem orar por certas coisas com confiança porque sabem que estão incluídas no plano de Deus. Quando dizemos a Deus as nossas necessidades, estamos encomendando-nos ao Seu cuidado, e Lhe suplicamos que trate com elas de conformidade com Seu plano. Então, pode perceber-se que a oração é basicamente uma atitude, uma atitude de dependência total de Deus. A oração é o oposto de dizer a Deus o que Ele tem que fazer, porque a oração pede para que a vontade de Deus seja feita. Assim, isto responde a nossa pergunta acerca da razão para orar. Os crentes oram por coisas que concordam com o plano que Deus tem pré-determinados, ou seja, coisas que são parte do mesmo plano de Deus. Os crentes oram, não para mudar o plano de Deus, senão para aceitá-lo e achar a bênção de Deus através desse plano.
Em terceiro lugar, talvez a seguinte pergunta tenha chegado a inquietar você: Se Deus tem decidido todo o que sucede, então por que devem preocupar-se os crentes em serem bons? Se Deus tem planejado que os crentes serão bons, então, por que devem preocupar-se de sê-lo eles mesmos?
Mais uma vez, a resposta básica é que os crentes fazem bem, porque Deus tem lhes mandado fazer o que é bom. Em realidade, o conhecimento de que Deus controla todas as coisas ajuda os crentes a realizar o que é bom.
Os crentes confiam em que Deus pode lhes dar a capacidade de realizar coisas boas. Os verdadeiros crentes sabem que em si mesmos não têm o poder de fazer o que Deus tem lhes ordenado. É, portanto, que confiam em que Deus pode lhes dar a fortaleza que necessitam para obedecer a Sua vontade.
Por último, talvez você tenha pensado que é injusto e cruel de parte de Deus escolher só certas pessoas para serem salvas. Porém, lembre-se do seguinte: se Deus não tivesse escolhido e salvo alguns, então ninguém teria sido salvo do pecado. Se Deus não tivesse escolhido ninguém, então todos nós teríamos morrido em nossos pecados. Deus não é injusto ao escolher salvar alguns e outros não, porque ninguém tem o direito de ser salvo, quer dizer, Deus não "deve" a salvação para ninguém. A salvação é inteiramente um assunto da bondade de Deus para as pessoas que não a merecem. Deus tem mostrado sua bondade a certas pessoas, segundo melhor Lhe pareceu a Ele (veja Mateus 11:25-27).
Nós poderíamos pensar que teria sido melhor que Deus salvasse todos, mas não estamos capacitados para decidir isto. Não somos capazes de ver e compreender todo o que Deus vê e compreende. Os caminhos de Deus não são como os nossos caminhos, e nós não podemos compreendê-los integramente (Veja Isaias 55:8-9 e Romanos 11:33-36). Todo quanto podemos dizer é que Deus tem demonstrado seu amor na eleição e salvação de gente que não merece sua bondade. Então, permita-me fazer-lhe uma última pergunta: É você uma das pessoas que Deus tem escolhido para salvação? Existe algum desejo em seu coração de ser uma das pessoas que pertencem a Deus?
TEXTOS BÍBLICOS:
João 17:6, 9: "Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. (...) Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus".
2 Pedro 1:3: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude".
Efésios 2:10: "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas".
1 Pedro 1:5: "Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo".
1 Samuel 3:18: "Então Samuel lhe contou todas aquelas palavras, e nada lhe encobriu. E disse ele: Ele é o SENHOR; faça o que bem parecer aos seus olhos".
Jó 1:20-21: "Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR".
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Este artigo foi traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".

O Misterioso caminho de Deus


Por D. M. Lloyd-Jones
A primeira coisa que descobrimos quando estudamos as ações de Deus é que pode parecer que ele esteja estranhamente silencioso e inativo em circunstâncias provocativas. Por que Deus permite que certas coisas aconteçam? Por que a Igreja Cristã é o que é hoje? Veja sua história no decurso dos últimos quarenta ou cinqüenta anos. Por que permitiu Deus tais condições? Por que permitiu que surgisse o "modernismo", que solapa a fé e até nega suas verdades fundamentais? Por que ele não fere de morte essas pessoas quando proferem blasfêmias e negam a fé que deveriam pregar? Por que permite ele que se façam tantas coisas erradas até mesmo em seu nome?Também, por que Deus não respondeu às orações de seu povo fiel? Vimos orando pelo reavivamento durante trinta ou quarenta anos. Nossas orações têm sido sinceras e urgentes. Temos deplorado o estado das coisas e temos clamado a Deus por causa dessa situação. Mas ainda assim parece que nada acontece. A semelhança do profeta Habacuque, muitos perguntam: "Até quando clamarei eu, e tu não me escutarás? gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?"
Este, porém, não é o único problema da Igreja como um todo; é também a questão com a qual se defrontam muitas pessoas. Há os que, durante muitos anos, vêm orando a favor de alguém que lhes é caro, e Deus parece não responder-lhes. Raciocinam consigo mesmos nestes termos: "É, por certo, da vontade de Deus que alguém se torne cristão. Bem, venho orando a favor de um amigo por muitos anos e parece que nada acontece. Por quê? Por que está Deus tão silente?" Muitas vezes as pessoas se impacientam com a demora. Por que Deus não responde às nossas orações? Como podemos entender que um Deus santo permita que sua própria Igreja seja o que é hoje?
A segunda coisa que descobrimos é que Deus, às vezes, dá respostas inesperadas às nossas orações. Isto, mais do que qualquer outra coisa, foi o que deixou Habacuque perplexo. Por um longo tempo Deus parece não responder. Então, quando responde, o que diz é mais misterioso até do que sua aparente falha em ouvir as orações. Na mente de Habacuque estava perfeitamente claro que Deus tinha de castigar a nação e depois enviar um grande reavivamento. Mas quando Deus disse: "Estou respondendo à sua oração suscitando o exército caldeu para marchar contra suas cidades e destruí-las", o profeta não conseguia acreditar no que ouvia. Mas foi o que Deus lhe disse, e o que realmente ocorreu.João Newton escreveu um poema no qual descreve uma experiência pessoal semelhante. Ele desejava algo melhor em sua vida espiritual. Clamou por um conhecimento mais profundo de Deus. Esperava uma visão maravilhosa de Deus rompendo os céus e descendo com chuvas de bênçãos. Em vez disto, Newton teve uma experiência na qual, durante meses, Deus parecia tê-lo entregue a Satanás. Foi tentado e provado além de sua compreensão. Mas afinal chegou a entender e viu que aquele era o modo de Deus responder-lhe. Deus havia permitido que o poeta descesse às profundezas a fim de ensinar-lhe a depender inteiramente dele. Havendo Newton aprendido a lição, o Senhor tirou-o daquela provação.
Todos nós temos a tendência de prescrever as respostas às nossas orações. Pensamos que Deus pode manifestar-se somente de uma forma. Mas a Bíblia ensina que Deus às vezes responde às nossas orações permitindo que as coisas piorem muito antes que possam melhorar. Ele pode, às vezes, fazer o contrário do que prevemos. Ele pode esmagar-nos, colocando-nos frente a frente com um exército caldeu. Mas é um princípio fundamental na vida e caminhar da fé que, quando tratamos com Deus, devemos estar sempre preparados para o inesperado. Gostaria de saber o que nossos pais teriam pensado há quarenta anos se pudessem prever o estado atual da Igreja Cristã.
Eles já se sentiam infelizes com o andamento da época. Já estavam realizando reuniões de despertamento e buscando a Deus. Se pudessem ver a Igreja de nossos dias, não creriam no que viam. Jamais poderiam ter imaginado que a igreja se afundasse tanto espiritualmente. Mas Deus permitiu que isto acontecesse. Tem sido uma resposta imprevista. Devemos apegar-nos à esperança de que ele tem permitido que as coisas piorem antes que, finalmente, melhorem.

Pastor Silas Malafaia se altera em discussão polêmica com ateu no Na Moral, da Globo


Pastor Silas Malafaia se altera em discussão polêmica com ateu no Na Moral, da Globo; Assista na íntegra
O programa Na Moral, exibido ontem, com a participação do pastor Silas Malafaia e representantes de outras religiões, além de um ateu, promoveu uma discussão sobre o Estado laico bastante tensa.

O pastor Malafaia protagonizou embates fortes com Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA). Logo na introdução ao tema, Sottomaior falou a respeito de “banhos de sangue” causados pela religião ao longo dos anos, e disse que a separação do Estado e da religião se iniciou na Revolução Francesa. Em resposta, Malafaia afirmou que os regimes políticos que optaram pela exclusão total da fé na sociedade, a exemplo da União Soviética e países asiáticos, é que protagonizaram alguns dos maiores genocídios da história da humanidade.

A discussão acalorada e provocativa entre ambas as partes se seguiu ao longo de todo o programa. Sottomaior afirmou que a Igreja Católica tinha ligação direta e patrocinava a escravidão no Brasil séculos atrás, fato que foi negado pelo representante católico, padre Jorjão, que frisou que o cristianismo funciona como uma ferramenta de ética para o Estado laico.

Malafaia seguiu no tema dizendo que “o Estado é laico, mas o povo não é laicista. O povo tem religião, e todos nós, defendemos nossas ideologias baseados em crenças e valores que temos, sejam elas filosóficas, de qualquer ideologia, ou religiosas”.

O ministro Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que o faz do Brasil um Estado laico é ser “religiosamente leigo”: “O Estado não pode patrocinar, não pode favorecer, nenhuma seita, nenhuma confissão, nenhum culto religioso, embora ele assegure proteção aos crentes”.

Bullying

O caso do estudante Ciel Vieira, que foi hostilizado por sua professora e demais colegas de classe por ser ateu, foi usado como ilustração de intolerância aos ateus. Comentando o caso, o pastor Silas Malafaia afirmou que há insensatez em todos os lugares.

“Sabe o que é amigo… Em todo segmento da sociedade tem vagabundo, ladrão, safado, maluco… Em tudo o que é lugar, inclusive na igreja evangélica, no meio dos ateus, na Igreja Católica… Isso são os absurdos. Nós não somos a favor.”, minimizou.

Crescimento evangélico

Pedro Bial questionou ao padre Jorjão o que estaria havendo com a Igreja Católica, que tem perdido fiéis para os segmentos evangélicos. O padre, bem humorado, disse que muitos fiéis estão buscando “outras religiões” ao invés de afirmarem ser católicos não praticantes. “Então, melhor que sejam bons cristãos do que mal católicos”, afirmou. O pastor Silas Malafaia reagiu com um sorriso à resposta do padre.

Enriquecimento dos pastores

Bial destacou que há previsões de que até 2020, as igrejas evangélicas agreguem a maioria da população brasileira. Dentro da discussão sobre o crescimento numérico do segmento, o representante ateu afirmou que a teologia da prosperidade funciona como um comércio, e o resultado disso seria o enriquecimento dos líderes evangélicos.

Nesse momento, a irritação de Malafaia ficou evidente, e a resposta do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) foi em tom de alteração.

“Você sabe que o preconceito é uma coisa interessante… As pessoas não conhecem a vida das pessoas que estão na igreja, e ficam dando peruada e falando asneira, como eu acabei de ouvir aqui, que o Evangelho tá vendendo alguma coisa. Então quer dizer que todo evangélico é rico? Porque se a gente vendeu riqueza e já tem 30, 40 anos vendendo riqueza, então tem um bando de otários que continuam lá… Conversa, rapaz… O Evangelho muda a vida da pessoa pra melhor. Prosperidade na Bíblia não tem a ver só com grana não. Tem a ver com bem estar, felicidade”, retrucou o pastor