sábado, 3 de agosto de 2013

Deus dá testemunho de si mesmo


Por Valdir Steuernagel
Na sala pequena a conversa é intensa. Em pouco tempo chegamos a assuntos profundos. “Você não faz ideia do que este país passou e do que o regime comunista e ateu fez com esta gente!”, diz o missionário inglês, com a firmeza e a espontaneidade de quem se sente em casa em Esbalan, no nordeste da Albânia. E ele tem razão. Fico tentando entender o drama pelo qual o país passou em sua história recente e o seu processo de transformação nestas duas últimas décadas.

A história da Albânia é antiga. Só em 1912 eles se libertaram da longa ocupação otomana que transformara o país cristão em muçulmano. Porém, em 1944, eles voltavam a outro império, dessa vez o soviético. Sob a liderança de Enver Hoxha, que ficou no poder até falecer, em 1985, a Albânia passou a ser uma “ilha” totalitária na qual nem o bloco soviético, com o qual rompeu em 1967, nem a China, com a qual rompeu em 1978, eram suficientemente radicais em sua vivência do comunismo. Foi Hoxha quem suprimiu toda e qualquer estrutura e expressão religiosa no país, declarando-o o primeiro estado ateu do mundo. A liderança que o substituiu procurou introduzir algumas medidas liberalizadoras, mas não subsistiu às consequências e à influência da queda do império soviético e à mediática queda do muro de Berlim. Assim, quando as fronteiras foram abertas, em 1991, instituiu-se um novo regime político e a população vivenciou níveis desconhecidos de liberdade.

O mais intrigante é que, apesar de décadas de ensino e controle ateísta e do aniquilamento radical de qualquer sinal religioso, hoje a população é descrita em termos religiosos, embora com dados antigos e desatualizados. Assim, 70% da população é muçulmana, 20% ortodoxa e 10% católica. Já a igreja evangélica, com expressões diversas, é bem pequena e tem menos de 20 anos de idade. Onde estão os ateus? Os convertidos ao ateísmo por um estado forte, controlador e violento? Eles existem, é claro. No entanto, o anseio e a necessidade espiritual vieram à tona assim que possível. Eclesiastes 3.11 diz que Deus “pôs no coração do homem o anseio pela eternidade”; e o homem, quando pode, expressa sua busca por Deus de várias maneiras e formas religiosas. Por algum tempo, a inexistência de Deus pode até ser declarada, imposta e proclamada por regimes, instituições e filosofias; porém, assim que uma janela se abre ou uma porta deixa fresta, as pessoas saem em busca de conhecer e pertencer, como nós cristãos dizemos, ao Deus que nos criou, nos sustenta e se revela com amor em Jesus Cristo. Deus é o maior interessado em revelar-se a nós, pois sabe que necessitamos dele de forma existencial e visceral. Ele é a nossa vida e a razão da nossa coexistência comunitária.

Há sinais do interesse de Deus em se dar a conhecer e em dar às pessoas a oportunidade de descobrir que aquilo que anelavam e buscavam está no conhecimento e na relação de amor com ele mesmo.

No último domingo que Silêda e eu passamos na Albânia, fomos a uma igreja no sul do país, acompanhados por duas funcionárias da Visão Mundial. Erisa era uma delas -- uma jovem bonita e inteligente. Quando perguntei a ela como havia chegado à fé cristã, ela me disse com naturalidade: “Eu tive um sonho!”. Claro que a minha racionalidade e a bem alimentada suspeita estranhou: “O quê?”. “Eu tive um sonho”, ela repetiu. E nos contou a história.

Nascida numa família nominalmente muçulmana, praticante de um islamismo típico do país, ela sofria com pesadelos noturnos. Um dia alguém que visitava sua casa lhe sussurrou ao ouvido, para que seu pai não ouvisse, que ela invocasse o sangue de Jesus ao ter pesadelos. Erisa começou a fazer isso e certa noite sonhou que alguém, cujo rosto ela não via, lhe estendia as mãos e dizia que a amava. Quando acordou, na manhã seguinte, ela saiu correndo pela casa, dizendo a todo mundo que era cristã. Ela tinha 8 anos e por um bom tempo continuou a afirmar sua identidade cristã, apesar dos protestos e da suspeita dos pais. Foi só aos 14 anos que, escondida, ela começou a frequentar uma igreja. E só mais tarde, já universitária, começou a aproximar-se da Bíblia de forma mais inteira e compreensiva.

De queixo caído e com o coração palpitando de alegria, eu disse: “Você é uma menina bem-aventurada!”. Estava impactado pela forma como Deus se revela e como ele faz isso com graça, amor e convicção. Eu tinha ouvido falar de revelações de Deus em sonho, mas nunca havia encontrado alguém com tal experiência. Agora, porém, diante do testemunho de Erisa, eu só queria e podia ficar encantado com o próprio Deus.

Claro que nem sempre é assim. Aliás, isso é raro. Normalmente, Deus usa gente como você e eu para dar-se a conhecer e o faz pelo encontro com o evangelho de Jesus Cristo, intermediado pelo Espírito Santo. Porém, é muito bom saber que ele não depende de nós para se revelar onde e como quiser.

Há algum tempo venho escrevendo sobre o chamado de Jesus para sermos testemunhas dele. Durante a viagem à Albânia, vi um pouco mais de como Deus é o maior interessado em se dar a conhecer a todos nós e como ele faz isso de formas ricas e diversas. Graças a Deus, ele dá testemunho de si mesmo e o faz com muita beleza, intensidade e clareza.

Maridos evangélicos que batem em suas esposas



Por Renato Vargens

A Violência doméstica é um grave problema em nossa sociedade, e infelizmente nossas igrejas estão repletas de mulheres que apanham de seus maridos. Não são poucas aquelas que vivem uma vida de horrores, sofrendo as agruras de uma relação despótica, ditatorial e abrutalhada.
Lamentavelmente mesmo em um ambiente no qual a verdade é cultivada como valor fundamental, como é o caso da igreja Evangélica no Brasil, mulheres tem sido violentadas fisicamente por seus maridos. Em uma reportagem extremamente esclarecedora realizada pelo Jornal da Tarde, de São Paulo, chegamos a conclusão que muitas de nossas irmãs em Cristo comem o pão que o diabo amassou nas mãos de seus esposos.
A matéria revelou um número impressionante de mulheres evangélicas na capital paulista que freqüentemente são espancadas pelos maridos (Também evangélicos), uma realidade que passava escondida da maioria dos membros das igrejas, embora seja corriqueira de acordo com os dados colhidos pela Casa de Isabel – uma organização não-governamental (ONG) da zona leste paulistana, que em parceria com a prefeitura e o Estado, oferece assistência psicológica e jurídica a mulheres, crianças e adolescentes vitimas de violência.
Segundo Sônia Regina Maurelli, pesquisadora da área de violência e presidente da Casa de Isabel, a ONG atende a três mil mulheres por mês – dentre elas, a maioria é protestante.
 
“Posso afirmar que 90% das mulheres que nos procuram são freqüentadoras assíduas de igrejas evangélicas”, diz Maurelli, que também é crente. De acordo com Sônia, aquelas que procuram a ONG reclamam que os maridos não correspondem na verdade, ao que é ensinado na igreja. “É como se eles tivessem personalidade dupla: em casa são agressivos e brigões, mas na congregação são santos, alguns têm até cargo de liderança. Conheci um que mantinha um programa de rádio o qual abordava, pasmem, os valores da família, por mais incrível que isso possa parecer”, conta Sônia, a qual vem recebendo cartas e mensagens eletrônicas de pessoas de todo o Brasil que se identificam com o problema.” As maiores queixas são de mulheres que sofrem violência física, ou seja, são espancadas; violência psicológica (agressões verbais) e violência sexual (sexo forçado)”, explica a pesquisadora.
De acordo com Sônia Maurelli, há várias modalidades de violência contra mulher, mas no caso das evangélicas, essas agressões são motivadas muitas vezes pelo que os maridos consideram ser pecado.” Toda mulher tem lá sua vaidade: quer dormir de camisola, por exemplo, ou cortar o cabelo mais curto. Mas há crente, motivado muito pelo que ouve do seu pastor ou pelo que interpreta disso, que acredita que essas coisas são pecaminosas e acaba excedendo-se e punindo a companheira com surra quando ela manifesta seu desejo. Há mulher que apanha porque não está com vontade de fazer sexo com marido. E olha que isso não é raro. Eles justificam dizendo que a mulher tem que ser submissa ao homem segundo os preceitos bíblicos e que eles tem de corrigi-las. Mas isso é um excesso um crime”,adverte Maurelli.
A pesquisadora explica que a mulher agredida a qual procura socorro na ONG Casa de Isabel é encaminhada ao serviço social da instituição e, ali, passa por uma entrevista. Em um segundo momento, o esposo é chamado, mas, de acordo com Maurelli, a maioria não aparece.Dentro da ONG, elas receberam tratamento psicoterápico e tem acesso a um atendimento jurídico, um auxilio providencial para mulheres que apresentam características muito peculiares.”Elas não se querem separar, uma vez que valorizam o casamento e desejam ficar ao lado de seus maridos. A mulher evangélica é mais tolerante e dá mais chances para o conflito ser corrigido, ou seja, tem um ‘pavio menos curto’. Ela quer investir na relação familiar e tem mais fé que tudo seja resolvido e que haja um milagre. Algumas vezes, quando o esposo aceita discutir o problema e tratar-se durante alguns meses,o milagre acontece, e o casamento é restaurado.
Caro leitor, a violência doméstica afronta a santidade de Deus. Maridos que espancam suas esposas precisam ser denunciados e presos. E digo mais: pastores e líderes evangélicos que encobertam casos como estes, precisam também ser denunciados, levando sobre si as penas da lei.
A violência contra a mulher é uma agressão ao Criador e em hipótese alguma as mulheres devem se sujeitar a qualquer tipo de agressão, denunciando o agressor às autoridades competentes a fim de que o sofrimento imposto pela violência cesse definitivamente em sua casa. Além disso, deve levar suas queixas, lamúrias, angústias e sofrimentos ao justo JUIZ, que com certeza no tempo certo lhes fará justiça