quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Fruto do Espírito

 
Por Maurício Zágari
Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Pronto. Eis aí a essência de ser cristão. É o fruto do Espirito, que Paulo descreve em Gálatas 5.22,23a. Uma utopia na vida prática do crente em Jesus? Ou um alvo a ser perseguido mas jamais alcançado? Algo que brota automaticamente no ato da justificação ou virtudes a serem desenvolvidas com o passar dos anos? O quê, como, quando, onde, por quê... nada disso importa. O que importa é ter esse fruto em nós. Pois o fruto do Espírito é a assinatura da presença de Deus no cristão. Só que... olho para dentro de mim e vejo a falta de tantas dessas virtudes! Significa que não sou salvo? Mas... também olho em volta e não vejo um cristão sequer que tenha todas essas características. Significa que a Igreja é vazia de Deus? Ou que o fruto brota de modos que não entendemos? Vamos meditar sobre isso.

A Bíblia não fala da "árvore" do Espírito, mas do "fruto", algo que brota porque corre seiva na árvore. Logo, não é causa, é consequência. Também frutas não nascem prontas: começam com um pontinho, que vai crescendo, crescendo, crescendo até alcançar a maturidade. E, nesse processo, enfrenta muitas intempéries. Tempestades. Vendavais. O calor escaldante do Sol. Mas já reparou que sem a água das tempestades o fruto morre? Que sem o ar dos vendavais não há a transformação de gás carbônico em oxigênio, algo que mantém viva a planta? E que o lado da maçã exposto ao sol sempre fica mais vermelho? Sim, é graças às intempéries que sofre ao longo de seu desenvolvimento que  o fruto torna-se viçoso, suculento, preparado, pronto, vivo.

Quando, no momento da justificação, o Espírito passa a habitar em nós creio que Ele semeia a boa semente do seu fruto. Não faz com que ele brote automaticamente, mas deposita a semente em nossa alma. Já a carregamos desde o dia em que Cristo estende a nós a Sua graça. Só que, se isso é assim, então por que há tantos cristãos sem amor, egoístas, abatidos, impacientes, odiosos ou sem autocontrole? Por que em tantos momentos não me reconheço? Se a seiva corre... por que o fruto não é visível?

Creio que faltaram as intempéries. Faltou o vendaval da vida. Faltaram as tempestades, com raios e trovoadas. Faltou o sol escaldante dos momentos de deserto. É nessas horas que vejo Deus trabalhar. Que vejo o fruto brotar. E quando o momento chega a forma como lidamos com as dificuldades vão nos tornar amargos ou melhores, temos a capacidade de decidir, de optar. Virtudes latentes em mim mas inexistentes só ganharam vida quando passei pelo vale da sombra da morte - o lugar com mais chuva, vento e sol causticante que existe.
 
Não amei de fato até que alguém me amou de um modo que eu não merecia. Não tive alegria real até que vivenciei profundas e esmagadoras tristezas. Não entendi a importância de pacificar até presenciar o  ódio. Não tive paciência até descobrir que há coisas que absolutamente não dependem de mim, que de nada adianta desesperar e só resta esperar a ação de Deus.  Não fui verdadeiramente amável até que em solidões profundas precisei desesperadamente de mãos estendidas e abraços honestos. Não fui bom até que eu sentisse na carne as consequências da maldade. Não fui fiel a Deus até que dependi totalmente do invisível. Não fui manso até que a ira mostrou suas garras. Não tive domínio próprio até que meus descontroles me tornaram o opróbrio da humanidade.

Tempestades. Vendavais. Sol fustigante. Pragas terríveis, bênçãos celestiais. Indesejáveis e bem-vindos. Quero distância como homem, mas preciso enquanto espírito. Se desejo ter em mim o fruto do Santo Espírito, preciso do que não quero. Não que busque , mas quando chega recebo de bom grado, sabendo que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus. E eu o amo. Ou, pelo menos, tenho me esforçado para amá-lo com o amor que brota do Espírito. Pois enquanto amei o Senhor com meu estúpido amor humano não fui capaz de amá-lo verdadeiramente.

Hoje creio que o Espírito Santo é um semeador. Põe no solo árido de nossa alma a semente de Suas virtudes e espera vir a chuva, o vento, o sol - a dor. E isso demora. Por vezes anos. Por vezes décadas. Muitos morrem sem que todo o fruto tenha amadurecido. A maioria de nós, aliás. Creio que eu também morrerei sem tê-los todos maduros. Hoje as dificuldades da jornada fizeram com que algumas sementes brotassem em mim. Certas virtudes estão verdes, outras mais maduras, algumas ainda inertes. Mas o que me consola é que sei que a semente foi plantada. Pois essa é a maior prova de que, a despeito de sermos o pó que somos, aprouve a Deus escrever nosso nome no livro da vida. Sua seiva corre em nós. O resto? Virá com o tempo, com a dor e com a graça do Salvador do mundo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Não julgue o deprimido



Por Stephen Altrogge

É fácil julgar pessoas que estão deprimidas.

Você já teve pensamentos como estes:

Por que eles não conseguem simplesmente sair da depressão? Eles não estão confiando em Deus? Um cristão não deveria ser feliz? Eles não devem estar se esforçando o bastante. Eles não devem estar exercitando sua fé em Deus. Eles estão encalhados na descrença.

Esses pensamentos passaram pela minha mente. Para a minha vergonha. Eu achava que eu era forte e não conseguia entender por que pessoas deprimidas não conseguiam ser fortes também.

No entanto, Deus tem me mudado lentamente nos últimos anos conforme passo um tempo com pessoas que lutam com a depressão. Eu estou lentamente aprendendo algumas coisas sobre depressão e como servir aqueles que estão lutando com isso. Aqui vão algumas coisas que tenho aprendido.

(Observação: Esse post foi lido e editado por um cristão maduro que lutou regularmente com a depressão. Muito do que aprendi veio deles).

Não os julgue

Eu nunca experimentei a depressão, mas, pelo que me disseram, é horrível. Ela suga sua vida, te debilita, esmaga seu espírito e torna muito difícil pensar com precisão. Como eu nunca experimentei isso, preciso ser muito tardio em emitir julgamentos quanto aos que estão na escuridão. Eu não sei como é isso e, até que eu passe por isso, não saberei como é.

Eu não posso falar para uma pessoa deprimida “sair dessa”, assim como eu não posso falar para uma pessoa com dor de cabeça para “sair dessa”. Simplesmente não funciona desse jeito. Então, preciso conter meu julgamento e ser cheio de misericórdia.

Seja compassivo

Para a minha vergonha, houve oportunidades em que eu não fui compassivo com aqueles que estão deprimidos. Eu realmente me arrependo disso. Depressão é algo terrível e aqueles que passam por isso precisam sentir meu cuidado e compaixão. Eu preciso transmitir o coração de cuidado paternal que Deus tem. Eles precisam saber que, mesmo que eu não entenda, eu realmente me importo com eles e que fico triste de vê-los nessa luta.

O que eu não preciso fazer é corrigi-los. Veja, não me entenda mal, há hora e lugar para gentilmente lembrá-los de confiar no caráter e nas promessas de Deus, mas minha proporção de compaixão e correção deve ser de aproximadamente vinte por um. Eu preciso lembrá-los que Deus se importa profundamente com eles, os ama e está com eles na escuridão.

Não ofereça soluções

Pode haver a tentação de oferecer soluções como um livro ou um sermão para uma pessoa que está deprimida. Geralmente isso não é uma boa ideia. A depressão torna praticamente impossível se concentrar e destrói totalmente qualquer energia ou motivação que uma pessoa poderia ter.

Na realidade, eu preciso oferecer esperança a essa pessoa. A falta de esperança é um dos principais sintomas da depressão e o afligido frequentemente tem medo de que a escuridão nunca acabe. Eu preciso encorajá-los mostrando que Deus irá tirá-los dessa. Que isso passará e que Deus virá até eles. Eu preciso encorajá-los a apegar-se no Senhor com a pequena força que eles tiverem e lembrá-los de que Deus está apegado a eles.

Esses são passos iniciais para ajudar as pessoas, não .soluções. Espero que eles o ajudem a confortar e cuidar daqueles que estão deprimidos.

Não cometa o mesmo erro que eu. Não julgue o deprimido, cuide dele.