quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Pregação expositiva – o antídoto para a adoração anêmica



Por Albert Mohler Jr.

Cristãos evangélicos tem estado especialmente atentos à questão da adoração nos anos recentes, reacendendo pensamentos e conversas a respeito do que realmente é adoração e como deve ser feita. Mesmo que esse interesse renovado tenha, infelizmente, resultado em muitos conflitos em algumas igrejas, é possível que aquilo que A. W. Tozer uma vez chamou de “a joia perdida” da adoração evangélica está sendo recuperada.

Entretanto, se a maioria dos evangélicos rapidamente concorda que a adoração é o centro da vida da igreja, não consenso para responder uma questão inescapável: o que é central na adoração cristã? Historicamente, igrejas mais litúrgicas afirmam que os sacramentos formam o cerne da adoração cristã. Essas igrejas argumentam que os elementos da Ceia do Senhor e a água do batismo são a forma mais poderosa de apresentar o evangelho. Entre os evangelicais, alguns apontam para o evangelismo como o cerne da adoração, planejando cada faceta do culto – músicas, orações, o sermão – com o apelo evangelístico em mente.

Por mais que muitos evangélicos mencionem a pregação da palavra como necessária ou parte comum da adoração, o modelo de adoração que prevalece nas igrejas evangélicas é, cada vez mais, definido pela música, juntamente com inovações como apresentações teatrais e audiovisuais. Quando a pregação da palavra recua, um sem número de inovações de entretenimento tomam seu lugar.

Normas tradicionais de adoração agora estão subordinadas à uma demanda por relevância e criatividade. Uma cultura visual orientada à mídia substituiu a cultura orientada à palavra que serviu de berço para as igrejas reformadas. De certa forma, a cultura orientada à imagens do evangelicalismo moderno é uma aceitação das mesmas práticas que foram rejeitadas pelos reformadores em sua busca por uma adoração verdadeiramente bíblica.

A música preenche a maior parte do espaço na adoração evangélica, e muito dessa música vem na forma de corinhos contemporâneos marcados por pouquíssimo conteúdo teológico. E além da popularidade do corinho como forma musical, muitas igrejas evangélicas parecem intensamente preocupadas em replicar a qualidade dos estúdios em suas apresentações musicais.

Em termos de estilo musical, as igrejas mais tradicionais apresentam grandes corais – muitas vezes com orquestras – e podem até cantar os hinos mais estabelecidos da fé. A contribuição dos corais é muitas vezes massiva em sua escala e profissional em sua qualidade. Em qualquer evento, a música preenche o espaço e conduz a energia do culto de adoração. Planejamento intenso, investimento financeiro e preparação prioritária são direcionados para a dimensão musical da adoração. Equipes profissionais e um exército de voluntários gastam muito de suas semanas em ensaios e práticas de grupo.

Tudo isso não passa despercebido à congregação. Alguns cristãos consumem igrejas que oferecem o estilo de adoração e experiências que se encaixa em suas expectativas. Em muitas comunidades, as igrejas são conhecidas por seu estilo de adoração e seus eventos musicais. Aqueles insatisfeitos com o que encontram em uma igreja podem rapidamente se mudar para outra, às vezes usando a linguagem da auto-expressão para explicar que a nova igreja “atente nossas necessidades” ou “nos permite adorar com liberdade”.

Uma preocupação com adoração verdadeiramente bíblica estava no cerne da Reforma. Mas mesmo Martinho Lutero, que compôs hinos e considerava obrigatório que os pregadores fossem musicalmente treinados, não reconheceria essa preocupação moderna com música como legítima ou saudável. Por quê? Porque os reformadores estavam convencidos que o centro da verdadeira adoração bíblica era a pregação da palavra de Deus.

Graças a Deus pelo evangelismo ser parte da adoração cristã. Confrontados pela apresentação do evangelho e pela pregação da palavra, pecadores são atraídos à fé em Jesus Cristo e a oferta da salvação é apresentada a todos. De forma semelhante, a Ceia do Senhor e o batismo são honrados enquanto ordenanças dos mandamentos do Senhor, e ambos tem seu lugar na verdadeira adoração.

Além disso, a música é um dos mais preciosos dons de Deus para seu povo, e é uma linguagem pela qual podemos adorar Deus em espírito e em verdade. Os hinos da fé trazem riqueza confessional e conteúdo teológico, e muitas canções modernas recuperam um senso de doxologia outrora perdido em muitas igrejas evangélicas. Mas a música não é o ato central da adoração cristã, nem o evangelismo e nem mesmo os sacramentos. O cerne da adoração cristã é a pregação autêntica da palavra de Deus.

Pregação expositiva é central, irredutível e inegociável para a missão bíblica de adoração autêntica que agrada a Deus. A simples declaração de John Stott afirma a questão de forma ousada: “Pregação é indispensável ao Cristianismo”. Mais especificamente, a pregação é indispensável à adoração cristã – e não apenas indispensável, mas central.

A centralidade da pregação é o tema de ambos os testamentos da Escritura. Em Neemias 8, vemos o povo exigindo que Esdras, o escriba, traga o livro da lei à assembleia. Esdras e seus pares se colocaram em uma plataforma elevada e leram do livro. Quando ele abria o livro para ler, a assembleia se colocava de pé em honra a palavra de Deus e respondia “Amém, amém!”.

De forma interessante, o texto explica que Esdras que aqueles que o auxiliavam “leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia” (Neemias 8.8). Esse texto notável apresenta um retrato da pregação expositiva. Uma vez que o texto era lido, ele era cuidadosamente explicado para a congregação. Esdras não promoveu uma apresentação ou orquestrou um espetáculo – ele simples e cuidadosamente proclamou a palavra de Deus.

Esse texto é uma séria acusação contra grande parte do cristianismo contemporâneo. De acordo com esse texto, a demanda pela pregação bíblica emergiu dos corações do povo. Eles se reuniram como uma congregação e invocaram o pregador. Isso reflete uma intensa fome e sede da pregação da palavra de Deus. Onde está evidente esse desejo em meio aos evangélicos de hoje?

A Bíblia está quase calada em igrejas além da conta. A leitura pública da Escritura foi abandonada em muitos cultos, e o sermão tem sido ofuscado, reduzido a uma breve devocional ao fim da música. Muitos pregadores aceitam isso como uma concessão necessária à era do entretenimento. Alguns conseguem inserir uma breve mensagem de encorajamento ou exortação antes da conclusão do culto.

Como Michael Green colocou, “essa é a era do sermãozinho, e sermãozinhos geram cristãozinhos”.

A anemia da adoração evangélica – à parte de toda a música e energia – é diretamente atribuível à ausência da pregação expositiva genuína. Tal pregação deveria confrontar a congregação com nada menos que a viva e ativa palavra de Deus. E essa confrontação vai moldar a congregação, conforme o Espírito Santo acompanha a palavra, abre os olhos e aplica essa palavra aos corações humanos.

Salvação ou deboche?


Por Josemar Bessa

Algumas pessoas dizem que querem ser salvas, mas jamais foram levadas a ver porque de fato precisam de salvação. É um desejo auto-centralizado. É um desejo de salvação para o futuro, mas não agora. Não pelo menos nos termos bíblicos.

Agora seu deleite está nesse mundo, seu amor está sobre o pecado... Mas no futuro, quando este mundo não for mais uma realidade, quando o prazer do pecado já não for mais possível, então querem ser livres dos horrores inevitáveis que o pecado ( que nada mais é que o desprezo por quem Deus é, Sua santidade, Sua mente, expressa em Sua Palavra), traz.
Por hora sentem prazer no que despreza Deus e querem uma salvação (e não faltará quem a ofereça) compatível com isso. Isso é um deboche para com o Salvador, que é o “Cordeiro que foi morto”, e também é o Deus contra quem cada pecado é cometido, contra quem todo o desprezo é lançado.
Agora, olhe a característica da salvação bíblica descrita por Spurgeon:
“Esta salvação completa é acompanhada por uma santa vocação. Aqueles que o Salvador redimiu são chamados pelo poder do Espírito Santo para a santificação. Eles abandonam seus pecados e se esforçam, pela operação toda poderosa do Espírito, para serem semelhantes a Cristo.” Na verdade Paulo diz dos redimidos: “...todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. - 2 Coríntios 3:18
Então Spurgeon continua: “Eles escolhem a santidade, não por motivação natural, e sim por causa da propensão da nova natureza implantada neles na Regeneração soberana. Os crentes são capazes de regozijar-se na santidade, não naturalmente, como antes se deleitavam no pecado, mas pelo poder infinito que opera neles momento após momento. Deus não os escolheu, nem os chamou porque eles eram santos. Eles os chamou para que sejam santos” (C. H. Spurgeon – 1834/1892).
Isso descreve os teus sentimentos? 
Descreve a salvação de que você já está desfrutando? 
Então você não tem nada a temer.
“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação” – 1 Timóteo 1.9