segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cultuando a homens



Por John Stott
…pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” – Romanos 1.25 De muitas maneiras a igreja de Corinto dava evidência da graça atuante de Deus. Alguns de seus membros, “lavados”, “santificados, “justificados”, haviam sido libertos das profundezas do pecado (1Co 6.11), e outros foram maravilhosamente “enriquecidos” por Cristo “em toda palavra e em todo conhecimento”, de modo que não lhes faltava nenhum dom (1Co 1.5-7). No entanto, a vida interior da igreja parecia estar tristemente contaminada pelo pecado, levando-a a se dividir em muitas facções. “Há contendas entre vós” – Paulo foi obrigado a escrever. “Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1Co 1.11-12). Não há evidência na epístola de que essas divisões fossem de caráter doutrinário, fundadas em posições teológicas divergentes. Em vez disso, o apóstolo liga as rixas na igreja de Corinto ao que chamaríamos de “culto da personalidade”. Os crentes estavam demonstrando predileção exagerada por um ou outro líder eclesiástico famoso e fazendo comparações ultrajantes entre eles. Paulo ficou horrorizado com a história que ouviu. Aqueles coríntios estavam dando a homens uma lealdade devida somente a Cristo. “Foi Paulo crucificado em favor de vós?” – ele pergunta, atônito, querendo dizer: “Vocês estão pondo a confiança em mim, como se eu tivesse morrido para salvá-los?” “Fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?” (1Co 1.13). Ou seja: “Será que o batismo de vocês colocou-os em união comigo?” Tanto a conversão quanto o batismo cristão tem como foco o próprio Cristo. Como ousam aqueles coríntios falar e agir como se homens mortais, pecadores, fossem o objeto de sua fé e batismo? E como podiam usar esses slogans que implicavam “pertencerem” a líderes humanos como Paulo, Pedro e Apolo? (…) O vergonhoso culto às personalidades humanas que manchou a vida da igreja de Corínto no primeiro século ainda persiste entre os cristãos, e alguns líderes da igreja ainda recebem dos crentes uma atenção exagerada e inadequada. (STOTT, John. O perfil do Pregador. Ed. Vida Nova. 2005, p. 95,6)
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John Stott é pastor emérito da Igreja All Souls Langham Place, em Londres, é mundialmente conhecido como teólogo, pastor e evangelista. Desde 1970 tem viajado pelo mundo inteiro, em especial pelos países do Terceiro Mundo, participando de conferências e palestras para pastores, líderes e estudantes de teologia.

O que é a “liberdade no Espírito”?



Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes
Um dos argumentos mais usados para se justificar coisas estranhas que acontecem nos cultos evangélicos neopentecostais é a declaração de Paulo em 2Coríntios 3:17:
“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.”
O raciocínio vai mais ou menos assim: quando o Espírito de Deus está agindo num culto, Ele impele os adoradores a fazerem coisas que aos homens podem parecer estranhas, mas que são coisas do Espírito. Se há um mover do Espírito no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade, já que estão sendo movidas por Ele, não importa quão estranhas estas coisas possam parecer. E não se deve questionar estas coisas, mesmo sendo diferentes e estranhas. Não há regras, não há limites, somente liberdade quando o Espírito se move no culto.
Assim, um culto onde as coisas ocorrem normalmente, onde as pessoas não saltam, não pulam, não dançam, não tremem e nem caem no chão, este é um culto frio, amarrado, sem vida. O argumento prossegue mais ou menos assim: o Espírito é soberano e livre, Ele se move como o vento, de forma misteriosa. Não devemos questionar o mover do Espírito, quando Ele nos impele a dançar, pular, saltar, cair, tremer, durante o culto. Tudo é válido se o Espírito está presente.
Bom, tem algumas coisas nestes argumentos com as quais concordo. De fato, o Espírito de Deus é soberano. Ele não costuma pedir nossa permissão para fazer as coisas que deseja fazer. Também é fato que Ele está presente quando o povo de Deus se reúne para servir a Deus em verdade. Concordo também que no passado, quando o Espírito de Deus agiu em determinadas situações, a princípio tudo parecia estranho. Por exemplo, quando Ele guiou Pedro a ir à casa do pagão Cornélio (Atos 10 e 11). Pedro deve ter estranhado bastante aquela visão do lençol, mas acabou obedecendo. Ao final, percebeu-se que a estranheza de Pedro se devia ao fato que ele não havia entendido as Escrituras, que os gentios também seriam aceitos na Igreja.
Mas, por outro lado, esse raciocínio tem vários pontos fracos, vulneráveis e indefensáveis. A começar pelo fato de que esta passagem, “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Cor 3:17) não tem absolutamente nada a ver com o culto. Paulo disse estas palavras se referindo à leitura do Antigo Testamento. Os judeus não conseguiam enxergar a Cristo no Antigo Testamento quando o liam aos sábados nas sinagogas pois o véu de Moisés estava sobre o coração e a mente deles (veja versículos 14-15). Estavam cegos. Quando porém um deles se convertia ao Senhor Jesus, o véu era retirado. Ele agora podia ler o Antigo Testamento sem o véu, em plena liberdade, livre dos impedimentos legalistas. Seu coração e sua mente agora estavam livres para ver a Cristo onde antes nada percebiam. É desta liberdade que Paulo está falando. É o Senhor, que é o Espírito, que abre os olhos da mente e do coração para que possamos entender as Escrituras.
A passagem, portanto, não tem absolutamente nada a ver com liberdade para fazermos o que sentirmos vontade no culto a Deus, em nome de um mover do Espírito.
E este, aliás, é outro ponto fraco do argumento, pensar que liberdade do Espírito é ausência de normas, regras e princípios. Para alguns, quanto mais estranho, diferente e inusitado, mais espiritual! Mas, não creio que é isto que a Bíblia ensina. Ela nos diz que o fruto do Espírito é domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Ela ensina que o Espírito nos dá bom senso, equilíbrio e sabedoria (Isaías 11:2), sim, pois Ele é o Espírito de moderação (2Tim 1:7).
Além do uso errado da passagem, o argumento também parte do pressuposto que o Espírito de Deus age de maneira independente da Palavra que Ele mesmo inspirou e trouxe à existência, que é a Bíblia. O que eu quero dizer é que o Espírito não contradiz o que Ele já nos revelou em sua Palavra. Nela encontramos os elementos e as diretrizes do culto que agrada a Deus.
Liberdade no Espírito não significa liberdade para inventarmos maneiras novas de cultuá-lo. Sem dúvida, temos espaço para contextualizar as circunstâncias do culto, mas não para inventar elementos. Seria uma contradição do Espírito levar seu povo a adorar a Deus de forma contrária à Palavra que Ele mesmo inspirou.
Um culto espiritual é aquele onde a Palavra é pregada com fidelidade, onde os cânticos refletem as verdades da Bíblia e são entoados de coração, onde as orações são feitas em nome de Jesus por aquelas coisas lícitas que a Bíblia nos ensina a pedir, onde a Ceia e o batismo são celebrados de maneira digna. Um culto espiritual combina fervor com entendimento, alegria com solenidade, sentimento com racionalidade. Não vejo qualquer conexão na Bíblia entre o mover do Espírito e piruetas, coreografia, danças, gestos. A verdadeira liberdade do Espírito é aquela liberdade da escravidão da lei, do pecado, da condenação e da culpa. Quem quiser pular de alegria por isto, pule. Mas não me chame de frio, formal, engessado pelo fato de que manifesto a minha alegria simplesmente fechando meus olhos e agradecendo silenciosamente a Deus por ter tido misericórdia deste pecador.

03 razões básicas porque eu não creio que crianças possam ser pastoras.


Por Renato Vargens

Sinceramente eu estou cansado de ouvir tantas bobagens por parte dos evangélicos. Estou cansado das loucuras desta gente que relativizou a Palavra de Deus. Há pouco um louco me disse: "Há! Paulo era um machista! Ele estava errado em muito coisa que falou e escreveu. Não dá pra levar ao pé da letra tudo aquilo que disse!"

Gente, aonde esse povo vai parar? Como dizem os paulistas os "caras estão loucos, meu"

Bom, voltemos a vaca fria! Minha esposa além de pedagoga é contadora de histórias, e há pouco ela recebeu um convite para ir a uma igreja cuja programação teria como atração uma criança de 12 anos que seria a pregadora da noite. Há alguns meses um amigo me trouxe um DVD cujo título era: "Cativeiro nunca mais." Até aí passa, o problema é que a protagonista da mensagem era uma criança. Isso mesmo, um menino com tiques e trejeitos evangélicos que desesperadamente gritava invocando sobre os seus ouvintes as bênçãos de Deus. Em 2007 o jornal O Globo publicou a matéria "Pequenos Missionários". A reportagem tratava exclusivamente de meninos e meninas que nos últimos anos vem atuando como líderes e pastores de igrejas evangélicas no país. Se não bastasse isso, a matéria é enfática em afirmar que tais crianças atendem os desesperados e prometem cura aqueles que os procuram.

Meu amigo, não dá para engolir essa história de crianças pastoras. Na minha perspectiva isto afronta diretamente o bom censo, a ética, a moral e principalmente a Deus e pensando nisso eu resolvi escrever escrever um post onde eu enumero três motivos porque uma criança não pode ser pastora:

1- Criança tem que ser criança! A Biblia diz que há tempo para todo propósito debaixo da terra.

2- Criança pecisa viver o lúdico, a fantasia, desfrutar do riso, da alegria. Até porque, quando isso não acontece, a criança emocionalmente adoece. A criança deve se comportar como criança, mesmo porque é sendo criança, vivendo como criança, não queimando etapas, nem tampouco ultrapassando os limites naturais da vida é que poderão no futuro construir um mundo melhor.

3- O padrão bíblico para ser um pastor é impossivel de ser cumprido pelas crianças. Veja por exemplo, o que o Apostolo Paulo disse em sua primeira epistola a Timóteo sobre as qualificações de um pastor:

"Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, , hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; ue governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo."

Prezado amigo, a luz destas afirmações gostaria de lhe pedir dois favores: Primeiramente não permita que essa corja safada continue usando nossas crianças para beneficios próprios. Nossos meninos e meninas não são artistas de circo, nem tampouco, pastores mirins. Em segundo lugar, denuncie ao ministério público aqueles que em nome de Deus estão manipulando crianças indefesas.

Pelo amor de Deus, vamos deixar as crianças desfrutarem da beleza de ser crianças

Considerações sobre a santificação




A percepção do judeu sobre a santificação passa pelo caráter exterior daquilo que pertence ou que foi consagrado ao Senhor dentro dos seus termos – a Terra Prometida, Israel e seu local de culto – Jerusalém. No Novo Testamento, o povo de Deus não está circunscrito a um lugar fixo, a uma terra ou região. Deus chamou pessoas de todos os povos e nações e fez dos chamados um só povo, independentemente de cor, raça, cultura e posição social. Mas há uma diferença entre o povo de Deus no AT e no NT: a localização geográfica.

Agora os salvos estão “entre” as nações as quais antes não poderia sequer haver qualquer relação. Isso demonstra uma mudança radical no modo de interpretar diversos conceitos, especialmente o conceito de espiritualidade, e interferirá no modo como se desenvolve a própria santificação.

É possível notar a dificuldade em ter uma terra santa, um monte santo, um tabernáculo santo, um templo santo. A solução divina foi mais radical: em vez de habitar no meio do Seu povo (ou entre o povo), Deus habitaria “dentro do seu povo” a fim de realizar a santificação:


“E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.” (Jo 14.16,17)

O Antigo Testamento fala muitas vezes da santidade de Deus; o Novo Testamento fala muitas vezes da santificação do crente.

No Novo Testamento a ideia da santificação é igualmente relevante e mais desenvolvida e a sua abordagem é feita de maneira diferente. Jesus não fala muito em santificação, mas o código de moral e ética encontrado no Sermão da Montanha nada mais é do que o retrato daquilo que Deus Pai espera que seus filhos sejam: santos e éticos.

No entanto, quando Jesus fez a oração sacerdotal em João 17 ele reafirmou que santificar-se é separar-se, e que a santificação dos cristãos não acontecerá como a de Abraão, fora do alcance dos pecadores – sai da tua terra –, pois agora haverá discípulos seus em toda parte por toda a terra:


“Não rogo que os tires do mundo (ek tou kosmos), mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17.15-17)

A santificação referida por Jesus ocorre no contato com a Palavra de Deus, e esta Palavra é conhecida por meio da pregação do Evangelho. Não há outro meio pelo qual possamos ter contato com os pensamentos de Deus, com seus conselhos e com seus conceitos, especialmente o da santidade e a ideia da santificação senão por meio da pregação do Evangelho. Dependendo dos temas que um pregador habitualmente desenvolve, dependendo dos temas que uma igreja habitualmente adota, jamais haverá santificação nos ouvintes.

Uma igreja ou pregador repetitivo, insistente em determinados pontos ou ideologias, doutrinas ou filosofias, jamais produzirão uma mensagem que leve seus ouvintes a serem despertados para a importância e necessidade de santificação. Não é de hoje que temos notícias sobre líderes de ministérios que proíbem seus obreiros de falarem contra o pecado, por entenderem que mensagens com esse teor “incomodam e afugentam” os ouvintes. Sua filosofia de trabalho diz que os membros devem se sentir à vontade, devem sentir-se “bem”. As pessoas não vão à igreja para serem incomodadas, mas para encontrar encorajamento. Se ouvirem sobre seus pecados elas não retornarão.

Dessa forma, a palavra pecado, quando não é abolida, deve ser amenizada com termos como “desvios de comportamento” ou “conduta inadequada”. Os conceitos bíblicos são substituídos por categorias da psicologia, da psicanálise, da sociologia, da estatística e até por conceitos corporativos. De acordo com o discurso proferido, jamais alcançarão eficazmente os doentes que procuram um médico, mas pessoas doentes que preferem um placebo ou mesmo um chazinho, mas jamais uma cirurgia definitiva.