quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Por que seguir Jesus?



Gallery Images of Jesus and all his disciples.Na cultura de hoje, somos mais pragmáticos que reflexivos. Obcecados em saber o que dá certo e qual o passo a passo para o sucesso, nós nos esforçamos para repetir a fórmula. Preocupamo-nos menos com o porquê das coisas funcionarem. O discipulado não é exceção. Muitos trocaram o porquê pelo como; a motivação pela melhor prática. Isso é desconcertante. A questão é que a prática pode levar-nos apenas até certo ponto. Quando chegam as dificuldades, a prática precisa de motivação para continuar.
O que te motiva a seguir Jesus? Se esta não é uma questão que você continuamente pondera e responde, você se afastará de Jesus ao invés de segui-lo.
O discípulo pragmático
Devido à inclinação pragmática de nossa cultura, o mantra do discipulado moderno é “faça discípulos que façam discípulos”. Esse mantra é pragmático e reprodutivo. A reprodução pragmática é a principal preocupação de Jesus? Quando veio proclamar o evangelho do Reino, ele transmitiu uma mensagem inspiradora e depois passou os três pontos de ação sobre como fazer discípulos? Com certeza, o que ele fez foi nos dar exemplo, instruir e enviar (Lucas 9-10). O Reino de Deus está incorporado a um DNA reprodutivo (refletido em algumas das parábolas agrícolas de Jesus). Mas o Reino de Deus também é lento e profundo. Ele se estende por períodos árduos e pelas profundezas do coração humano. O reinado de Cristo penetra nosso DNA, nos motivando continuamente.
Ao invés de focar o seu treinamento no “como”, Jesus incansavelmente chegava ao “porquê”. É por isso que muitos de seus ditos são inquietantes. Como um mestre, ele despertava a reflexão, e não apenas a ação: Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; Mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça (Lucas 9:57-58). Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus. (versículos 61-62)
Jesus nos força a refletir sobre os nossos motivos para segui-lo. Se vivemos para o conforto e facilidade, não vamos desistir da nossa cama, dinheiro e entretenimento para segui-lo. Se a comunidade ideal é o que motiva as nossas decisões, não vamos desistir de amigos e familiares. Jesus é claro. Se quisermos ser seus discípulos, devemos ser motivados por algo maior do que o conforto e a comunidade. Seu Reino deve nos motivar, e o Reino requer sacrifícios.
Verdadeiros discípulos considerarão e assumirão o custo de segui-lo vez após vez. Eles suportarão porque, ao encontrar o Reino, eles encontrarão um Rei digno de seu sacrifício. Procurando o porquê de sua existência, eles descobrirão uma pérola de grande valor. Os discípulos que são motivados pelo pragmatismo só podem considerar o custo e abraçar a causa de fazer discípulos que fazem discípulos, mas quando chega o momento decisivo, eles se afastam de Jesus, e não o seguem. Precisamos de mais do que os “comos” do cumprimento da Grande Comissão para atravessarmos as adversidades que advêm com o buscar primeiro o Reino de Deus.
O discípulo de Jesus
Quando Jesus proferiu o sermão do monte, ele o encheu de motivação do Reino. A orientação principal para fazer discípulos é precedida pela imagem de um rei ressurreto e radiante, com poder e autoridade no céu e na terra (Daniel 7:9-14; Mateus 28:17). Ele é forte o suficiente para depor as nações, e glorioso o suficiente para convocá-las à sua adoração. Somos enviados sob essa proteção. Não somos enviados na autoridade de nossa própria experiência, mas na autoridade de seu senhorio. Nossa história não é suficiente para “fazer um discípulo”, mas a história dele é. Por que cumprimos o ide? Para batizar em seu nome, não em nosso. Fazer discípulos de todas as nações não é uma causa pessoal, é o plano redentor do próprio Deus. A nossa motivação, então, resulta de uma submersão na graça de Deus, e não do alinhamento dos outros com a nossa maneira de fazer as coisas.
Como podemos continuar a fazer discípulos quando estamos submersos no pecado até o pescoço? Temos que lembrar que o sucesso da nossa missão exige não só a autoridade do Rei, mas também a misericórdia do Messias. Ele é o Discípulo que tem sucesso onde nós falhamos, em perfeita obediência a Deus. Nós estendemos a misericórdia que vem das misericórdias dele, as quais se renovam a cada dia.
Mas e se o campo missionário for muito difícil? Eis que ele está conosco sempre, até o fim dos tempos. Nós dependemos não só da obediência passada do Discípulo Fiel, mas também da atual presença do Senhor ressurreto. Fazemos discípulos na autoridade de Jesus, imersos na graça de Jesus, permanecendo na misericórdia de Jesus, com a promessa da presença eterna do Rei Jesus. Os discípulos precisam recuperar a motivação única para suportar todo o custo – a suficiência infinita e o esplendor do nosso Senhor.
Por que seguimos Jesus? Por causa de quem ele é. Se tivermos Jesus, temos mais do que o suficiente para fazermos discípulos.

“Vergonha GOSPEL”

Natan-DonadonPor Samuel Torralbo
Você sabia que o deputado Natan Donado condenado pela justiça e absolvido pela câmara dos deputados na semana passada é evangélico, e que foi exatamente a bancada evangélica quem viabilizou sua permanência no cargo, impedindo a sua cassação?
Pois é, parece que, uma vez declarando-se evangélico, alguns pseudocrístãos recebem “autoridade” para fazerem o que quiserem porque sabem que serão “abençoados e absolvidos” pela cúpula de “evangélicos” políticos nesse nosso Brasil.
É simplesmente ridícula a cultura “evangélica” que cresce em alguns setores da nação brasileira. É vergonhoso ouvir declarações de deputados “evangélicos” que levantam bandeiras com o significado de proteção familiar, ordem moral, etc., mas que no fundo possuem um único objetivo, criar a cultura do medo e da dependência política religiosa (algo que a Igreja de Cristo Jesus jamais necessitou, porque o Senhor da Igreja sempre a protegeu e a guiou). E não adianta vir lançar “praga gospel” para cima de mim (porque a minha vida e consciência estão protegidas pelo sangue do Cordeiro), dizendo que estou traindo a cultura evangélica e que pagarei caro por não apoiar o movimento dos pajés desse conclave que começa no seio da Igreja e respinga na política brasileira.
Caso, a Igreja de Cristo Jesus no Brasil de fato algum dia for perseguida politicamente ou socialmente na sua historia, terá sido porque a soberania de Deus assim permitiu. Maiores provações passaram e ainda passam nossos irmãos em diversos lugares pelo mundo, e porque nós brasileiros não poderíamos passar por provações semelhantes? (sinceramente acho que em muitos aspectos seria de grande valia algumas provações, para que a figueira fosse balançada e assim evidenciasse quem de fato é do Evangelho de Cristo Jesus ou simplesmente do “movimento evangélico” com suas idiossincrasias).
Deus nos chamou através de Cristo Jesus para a liberdade, para a consciência que discerne, para o culto racional, para uma vida moderada e alicerçada na verdade que liberta. Porém, a sensação atual é de que a proposta de algumas lideranças é impedir o povo de pensar, criando através de gritos de guerra, palavras de ordem e persuasão midiático, o surto de manada, onde todos seguem sem saber o motivo, alguma direção sem saber a razão.
Sou evangélico, mas não sou massa de manobra política religiosa. Sou evangélico, mas não sou gado vendido por lideranças evangélicas a partidos políticos em época de eleição. Sou evangélico, mas não é a coletividade quem determina quem me representa (só porque o individuo canta, prega e faz pose de manequim gospel em rede nacional). Sou evangélico, mas continuo pensando, refletindo, questionando, e ninguém, absolutamente ninguém vai tirar este meu direito concebido pelo evangelho de Cristo Jesus. Sou evangélico do evangelho de Cristo Jesus, e não desta cultura “evangélica” que cresce no Brasil e que não possui nada do evangelho de Cristo! Deus nos salve desses “Evangélicos”!!!

Existem apóstolos nos dias de hoje? – Renato Vargens



ReformaAgora 
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Nunca se viu tantos apóstolos como neste início de século. Em cada canto, esquina e cidade encontramos alguém reivindicando o direito de ser chamado apóstolo.

Entendendo o movimento de restauração e o movimento apostólico:

O chamado movimento de restauração defende a tese de que Deus está restaurando a igreja. Para estes, após a morte dos primeiros apóstolos, a igreja de Cristo paulatinamente experimentou um processo de declínio espiritual culminando com a apostasia vivenciada pelos seus adeptos no período da idade média.
Com o advento da Reforma Protestante, os defensores desta teologia afirmam que Deus começou a restaurar a saúde da igreja. Segundo estes, Lutero foi responsável pela redescoberta da salvação pela graça, e agora no século XXI, estamos vivendo a restauração do ministério apostólico. Os teólogos desta linha de pensamento afirmam que a restauração dos apóstolos é uma das últimas coisas a serem feitas pelo Senhor, antes de sua vinda. Para os adeptos desta linha de pensamento, os apóstolos de hoje possuem, em alguns casos, maior autoridade do que os apóstolos do primeiro século, até porque, para os defensores desta corrente teológica a glória da segunda casa será maior do que a primeira.
Para estes o ministério apostólico não acabou. Na verdade, tais teólogos advogam que o ministério apostólico é perpétuo e que o livro de Atos ainda continua a ser escrito por santos homens de Deus, os quais, mediante a sua autoridade apostólica, agem em nome do Senhor.
Este movimento tem suas semelhanças com o surgimento dos mórmons e a Igreja dos Santos dos Últimos Dias, que ensina que o corpo de escritos inspirados por Deus não se fechou e que Deus tem muita coisa nova para dizer e para revelar aos seus santos através de seus apóstolos.
Infelizmente, assim como os mórmons, os adeptos do movimento apostólico consideram a Bíblia uma fonte importante, mas não única para a fé. Para os apóstolos deste tempo, Deus, através de seus profetas, pode revelar coisas novas, ainda que isso se contraponha a sua Palavra. Basta olharmos para as doutrinas hodiernas que chegaremos à conclusão que os apóstolos do século XXI, acreditam que suas revelações são absolutamente diretivas, normativas e inquestionáveis.

Segundo a bíblia quais deveriam ser as credenciais de um apóstolo?

1. O apóstolo teria de ser testemunha do Senhor ressurreto. Em Atos vemos os apóstolos reunidos no cenáculo, conversando sobre quem substituiria Judas. Em Atos 1.21-22 lemos: “É necessário pois, que, dos homens que nos acompanham todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre vós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”. Paulo diz que viu Jesus ressurreto: “Não sou, porventura livre? Não sou apóstolo? Não vi a Jesus, Nosso Senhor?” (1Co 9.1)
2. O apóstolo tinha de ter um chamado especial da parte de Cristo para exercer este ministério. As Escrituras são absolutamente claras em nos mostrar que os apóstolos, incluindo Paulo, foram chamados por Cristo (Mt 10.2-4; Gl 1.11-24).
3. O apóstolo era alguém a quem foi dada autoridade para operar milagres. Isso fica bem claro em 2Coríntios 12.12: “Pois as credenciais do meu apostolado foram manifestadas no meio de vós com toda a persistência, por sinais prodígios e poderes miraculosos”. Era como se ele dissesse: “Como vocês podem questionar meu ofício de apóstolo, se as minhas credenciais foram apresentadas claramente entre vós”. Sinais, milagres e prodígios maravilhosos.
4. O apóstolo tinha autoridade para ensinar e definir a doutrina firmando as pessoas na verdade.
5. Os apóstolos tiveram autoridade para estabelecer a ordem nas igrejas. Nomeavam os presbíteros, decidiam questões disciplinares e questões doutrinárias, e falavam com autoridade do próprio Jesus.
Será que diante destas questões os “apóstolos” da modernidade podem de fato reivindicar o título de apóstolo de Cristo? Por acaso, algum deles viu o Senhor ressurreto?
Foram eles comissionados por Cristo a exercerem o ministério apostólico? Quantos dos apóstolos brasileiros ressuscitaram mortos? E suas doutrinas? Possuem elas autoridade para se contraporem aos ensinamentos bíblicos?
Pois é, infelizmente os “apóstolos” do nosso tempo não possuem respostas a estas perguntas.
O posicionamento da ortodoxia evangélica entende que o ministério apostólico cessou com a morte dos apóstolos no primeiro século. Sem a menor sombra de dúvidas, considero a utilização do título “apóstolo” por parte dos pastores como uma apropriação indevida de um ministério, o qual não existe mais nos moldes que vemos no Novo Testamento.
Por: Renato Vargens

CARAVANA DO PROGRAMA "SER" VISITA MUNICÍPIO DE AURELINO LEAL

Prefeita Liu Andrade(centro) e os funcionários forenses recepcionaram a caravana
A caravana do SER - Promoção de saber, bem estar e reconhecimento do servidor do Tribunal de Justiça da Bahia - visitou o fórum do município de Aurelino Leal na manhã desta quinta-feira (05).  O SER é um programa de valorização dos servidores judiciários, com a promoção de ações que proporcionam sua saúde e bem estar, sobretudo no ambiente de trabalho.  Na oportunidade, os servidores forenses de Aurelino Leal receberam orientações e também vacinas, aplicadas pela equipe de saúde municipal, que estava em parceria com o programa do TJ-BA.
Os servidores receberam palestras sobre o funcionamento do programa 
A caravana, coordenada pela Drª Balbina Lemos, também promoveu palestras com dicas de saúde que visam a melhoria da qualidade de vida dos serventuários da Justiça, em todos os aspectos. Além dos funcionários do fórum, a equipe foi recepcionada pela prefeita Liu Andrade (PP) e pelo secretário municipal de saúde, Waldson Souza, já que o projeto também tem como intuito a aproximação do poder executivo com o judiciário.

O jornalista Humberto Hugo também recebeu o atendimento do SER

Porque eu não quero uma teocracia cristã


Por Helder Nozima

A uniformidade de pensamento é um desejo buscado, consciente ou inconscientemente, por todos nós. Por mais "tolerantes" que sejamos, sempre há um segmento ideológico que é visto como "inimigo" e pelo qual não nutrimos simpatia. Como não é possível forçar todos a pensarem de modo agradável a nós, o pluralismo acaba se impondo não como o ideal de todos, mas antes como a melhor alternativa possível, superior à guerra e à violência. Melhor conviver com o diferente do que tentar exterminá-lo.
Contudo, a tentativa de impor um pensamento único sempre seduz parcelas significativas da sociedade. A História está cheia de exemplos, desde o nazismo alemão até o comunismo soviético, incluindo-se aí o fundamentalismo islâmico e até mesmo experiências puritanas de criar colônias nos Estados Unidos onde haveria uma única religião. O totalitarismo é uma tentação que não respeita nenhum tipo de fronteira.

Ao meu ver, é esse tipo de tentação que leva cristãos de vários matizes a defenderem uma teocracia cristã. Na verdade, já há proposta para criar o Partido Republicano Teocrata Cristão (PRTC). O objetivo expresso é o de promover a "adequação de todas as leis da nação às leis bíblicas", inclusive com apoio de muitos blogs calvinistas. Esse tipo de movimento é uma reação à aprovação e discussão de leis que ferem os princípios da Bíblia.

Contudo, esse fato exige uma discussão. Afinal, a teocracia cristã é o caminho que a própria Bíblia ensina para fazer valer o reino de Deus?

A necessidade da liberdade religiosa
Creio que a primeira coisa que deve ser analisada é a questão da liberdade religiosa. O sonho oculto de muitos segmentos, desde o mais tradicional dos reformados até o mais esotérico neopentecostal, é o de ver todos seguirem uma mesma fé, tendo a Bíblia formalmente reconhecida como estando acima de qualquer outra lei. Na verdade, muitos evangélicos não querem esperar pelo dia em que Jesus Cristo virá implantar seu Reino...querem vê-lo aqui, de modo visível, já! A separação entre Igreja e Estado não é mais vista como uma conquista que foi essencial para garantir a sobrevivência dos evangélicos em sociedades católicas. Agora, o sonho de muitos é ver as igrejas evangélicas comandando o Estado e impondo a sua agenda e pensamento a todos.

Contudo, Jesus Cristo nunca exigiu a conversão de todos os seus ouvintes aos seus ensinamentos. É interessante notar que Jesus não protesta porque ninguém proíbe os fariseus de ensinar ou porque o ensino pagão era tolerado pelo Estado romano. A arma usada por Jesus em seu ministério era a pregação da Palavra. Era por meio da persuasão, da oratória e dos debates que o Senhor esperava ganhar o coração dos ouvintes. Cristo nunca questionou porque o Estado romano não dava apoio ao seu sistema de fé.

O mesmo pode ser dito dos apóstolos. Eles são sempre retratados como sendo perseguidos por judeus ou pagãos, mas nunca como perseguidores daqueles que anunciam outra fé. Isso é evidenciado em Atos 19, quando os pagãos de Éfeso se revoltam contra a pregação de Paulo:
Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios! Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. (Atos 19:24-29)
O tumulto é encerrado pelo escrivão de Éfeso, que apazigua a multidão afirmando o seguinte:
porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrílegos, nem blasfemam contra a nossa deusa. (Atos 19:37)
É muito interessante notar isso no Novo Testamento. O desejo dos cristãos é o de terem liberdade para pregar a Palavra sem correrem o risco de serem presos. São os outros...os judeus e os pagãos quem buscam usar o Estado para prender os cristãos e impedir a disseminação da fé cristã. Os discípulos não cometiam sacrilégios nem blasfemavam contra Diana, embora deixassem claro que ela não era uma deusa de fato. Isso mostra uma busca pela liberdade religiosa, e não pela uniformidade religiosa.


Igreja e Estado são esferas distintas
Por que nem Jesus e nem os apóstolos reivindicam o apoio do Estado para a pregação evangélica? Uma das razões é dada pelo próprio Cristo: dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Convém aqui reler essa história:
Naquela mesma hora, os escribas e os principais sacerdotes procuravam lançar-lhe as mãos, pois perceberam que, em referência a eles, dissera esta parábola; mas temiam o povo. Observando-o, subornaram emissários que se fingiam de justos para verem se o apanhavam em alguma palavra, a fim de entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador. Então, o consultaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente e não te deixas levar de respeitos humanos, porém ensinas o caminho de Deus segundo a verdade; é lícito pagar tributo a César ou não? Mas Jesus, percebendo-lhes o ardil, respondeu: Mostrai-me um denário. De quem é a efígie e a inscrição? Prontamente disseram: De César. Então, lhes recomendou Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, admirados da sua resposta, calaram-se. (Lucas 20:19-26)

O ardil era esse: se Jesus dissesse que o imposto deveria ser pago, então Ele se colocava ao lado dos romanos e desagradava aos judeus. Se dissesse que não deveria ser pago, então os judeus se agradariam, mas Jesus poderia ser acusado diante dos romanos. O Mestre evita a resposta, ensinando que o povo deve dar a César o que é de César (respeito às leis, pagamento de impostos) e a Deus o que é de Deus (fé, adoração, devoção, o controle da vida).

Embora a separação entre o Estado e a Igreja seja um conceito posterior, creio que ele pode ser reconhecido aqui. Jesus não ensina que o Estado não deve obediência alguma a Deus. Afinal, o reino dos céus engloba todas as coisas, inclusive sim os governos. Mas isso não significa que tudo deva ser misturado. Há sim distinções.

Por exemplo, não cabe a Igreja decidir qual o melhor sistema de arrecadação tributária ou se um país deve ou não ter relações diplomáticas com outro. Os cristãos podem opinar sobre isso, mas a decisão pertence ao Estado, o qual, por sua vez, não deve decidir se a doutrina da predestinação é ou não correta. César é César, Deus é Deus.

Sei que aqui eu perdi o apoio de quase todos os calvinistas...afinal, a Confissão de Fé de Westminster, documento ícone da fé reformada, foi feita em um concílio convocado pelo Estado inglês. Contudo, não há base no Novo Testamento para que o Estado se envolva neste tipo de decisão. Esta não é uma questão de Governo, e sim de fé.

A natureza do Reino de Deus
Talvez muitos pensem que as ideias acima expostas ferem o ensino bíblico sobre o reino de Deus. Ele não é o Senhor de todas as coisas? A recusa dos homens em obedecê-Lo não é um pecado? Sim e sim, digo eu. Mas daí a querermos forçar o Estado a adotar leis bíblicas vai uma grande diferença.

Por quê? Ora, por causa da natureza presente do reino de Deus? Observe o que diz Jesus no momento em que ele é preso, como narrado em Mateus 26:51-54.
E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha. Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?
Repare que a espada não foi usada de modo arbitrário pelo apóstolo Pedro. Jesus estava para ser preso, uma turba com espadas e porretes ameaçava os apóstolos. Pedro quis apenas defender o seu Mestre. Mas Jesus reprovou essa atitude. Quem lança mão da espada (violência) perecerá por causa dela. Se o Cristo quisesse, poderia rogar ao Pai para ter a defesa de anjos. Porém, a espada angelical não era o caminho de defesa do reino.

Essa mesma ideia é repetida por Jesus quando ele é confrontado por Pilatos em João 18:33-37.
Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
A violência e a coerção não irão promover o reino de Deus, que só se manifestará de modo plenamente visível neste mundo quando Cristo voltar. Por isso Jesus diz que seu reino não é terreno: não há exércitos ou ministros para defendê-lo. O objetivo de Jesus era o de dar testemunho da verdade. A testemunha busca convencer, mas quem pode impor a sentença é o Juiz. E a vinda de Cristo como Juiz está no futuro.
Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus. (1 Pedro 4:4-6)
Chegará sim o dia em que a verdade será manifesta e todos serão julgados, o dia em que todo aquele que rejeitou a Cristo sofrerá a pena por sua rebeldia. Mas, até lá...o dever da igreja não é o de antecipar a execução do juízo, mas sim o de testemunhar a favor da verdade. Testemunhar não é forçar ninguém a acreditar ou seguir, é tentar, da melhor forma possível, convencer os demais a crerem em nosso testemunho.

O mundo é incapaz de seguir a Deus
Mas, de todos os argumentos, o melhor para combater a ideia de uma teocracia cristã é o primeiro ponto do calvinismo: a depravação total. Por esta doutrina, o homem é simplesmente incapaz de, voluntariamente, seguir a Deus. Se o ser humano não for alcançado pela graça de Cristo, servir a Deus é algo impossível a ele, mesmo que o Estado tente obrigá-lo:
Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas o que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:5-8)
Ora, se os que estão seguindo o pendor (inclinação) da carne não podem estar sujeitos à lei de Deus e não são capazes de agradar a Deus, no que adiantaria criar uma teocracia cristã? Ela seria inútil! Não é isso que tornará o Brasil um país melhor. E isso se torna óbvio quando lemos o que a Bíblia diz sobre a lei de Deus:
Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. (Hebreus 7:18-19)

Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. (Hebreus 10:1)
A lei de Deus não tem o poder de aperfeiçoar as pessoas e, por extensão, a sociedade. O Brasil só será transformado por meio da salvação dos brasileiros, da criação de novos homens que nascem segundo Cristo Jesus e, voluntariamente, seguem a lei de Deus. Só que isso não é uma obra do homem, mas sim de Deus. Um novo ser humano é algo que só Cristo pode fazer:
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2 Coríntios 5:17)
Qual a solução?
Então, os cristãos devem cruzar os braços e deixar o Estado aprovar leis que ferem a Bíblia? Não! De modo algum. Devemos lutar, nas ruas, no Congresso, na Internet, onde for preciso para influenciar o mundo a seguir o Evangelho.

Para influenciar, não para impor.

Creio que este é o modelo bíblico de conduta política para os cristãos. Homens como José, Daniel e Mordecai não tentaram convencer o Egito, a Babilônia e a Pérsia a adorarem ao Deus de Israel. Eles influenciaram impérios a se adequarem às leis de Deus por meio de seus comportamentos e atuações políticas. No caso de Daniel e seus amigos, além de Mordecai, vemos que foram decisivos para impedir que os judeus fossem forçados a idolatria ou que fossem massacrados pelos caprichos da nobreza. Foram instrumentos de Deus em impérios que, guardadas as proporções, eram sociedades plurais.

Ao meu ver, o caminho continua sendo esse. O chamado de Deus para a Igreja é viver em um mundo plural e tentar influenciá-lo de todos os modos, mas sem impor a sua vontade. O objetivo dos cristãos é convencer a sociedade a obedecer a Deus...e não o de obrigá-la a fazer isso.

Os cristãos precisam entender que este mundo não é perfeito. Nossas decisões políticas, econômicas e sociais devem levar em conta as imperfeições do estado atual da criação: por isso é que existem policiais, soldados, leis penais e democracia. Seria ótimo viver em um planeta onde todos seguem a Deus! Mas isso não vai acontecer até Jesus voltar. Então, não adianta forçar o caminho nessa direção.

Precisamos aceitar o mundo como Deus quis que Ele fosse. E, para isso, é necessário aprender a conviver com os diferentes. Não há caminho melhor do que um onde exista liberdade de religião, de pensamento e de expressão. Não há caminho melhor do que o enfrentamento democrático e pacífico. Se, pela democracia, o Brasil escolher servir a Deus, ótimo! Mas, mesmo assim...as liberdades precisariam ser garantidas.

Que possamos refletir no ensino bíblico de Romanos 14:12.
Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.
Que assim seja. Amém! Soli Deo Gloria!

A Grande Ruptura


Por John MacArthur
Martinho Lutero disse: "Se o nosso evangelho tivesse sido recebido em paz, ele não seria o verdadeiro evangelho". Se alguém já viu a verdade do Cristianismo causar divisões entre pessoas e instituições, essa pessoa foi Lutero. Ele pregou a verdade na Igreja Católica, mas essa verdade não trouxe paz; ao contrário, ela criou a maior ruptura na história da religião. Ela despedaçou o poder monolítico da hierarquia católica e deu início à Reforma Protestante, a qual resgatou o verdadeiro evangelho do sacramentalismo que o mantinha prisioneiro.
Na realidade, Mateus 10.34 é paradoxal porque deveríamos esperar que o Senhor trouxesse a paz. Afinal, João Batista era seu predecessor e ele falou sobre paz. Quando os anjos proclamaram o nascimento do Messias eles cantaram "Paz na terra". E, em João 14.27, Jesus afirma: "A minha paz vos dou".
Em pelo menos três lugares na carta aos Romanos, Paulo falou sobre a paz que Deus nos dá (5.1; 8.6; 14.17). E verdade que existe paz no coração daqueles que crêem, mas no que concerne ao mundo, não existe outra coisa senão divisão. Sim, ele trouxe a paz de Deus ao coração do crente, e, algum dia, haverá um reino de paz. O Antigo Testamento nem sempre fez uma distinção clara entre a primeira e a segunda vindas. A primeira trouxe uma espada; a segunda trará a paz perfeita
E verdade que a primeira vinda trouxe uma paz parcial, a paz que penetra o coração de todo que crê. Mas o Senhor advertiu os discípulos: "Lembrem-se disto quando saírem: Vocês causarão divisão. Causarão uma laceração e uma separação".
O evangelho faz isso. E o fogo refinador que consome. Ele produz a separação entre ovelhas e cabritos feita pelo pastor. Ele traz a pá do agricultor que joga os grãos para o ar e o joio é separado. A entrada de Cristo quebra e separa. Se Cristo nunca tivesse vindo, a terra teria continuado unida, condenada ao inferno. Mas quando ele veio, uma guerra estourou.
Em Lucas 12, vemos algo disso. No versículo 49, Jesus diz: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder". Versículo 51: "Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão". Ele veio para trazer uma espada, não paz, no sentido de que ele veio para colo¬car os membros de uma família uns contra os outros. Ele afirmava que aqueles que fossem verdadeiros discípulos estariam dispostos a criar uma divisão em seu próprio lar.
Isso vai contra todos os nossos instintos, porque desejamos paz no nosso lar mais do que qualquer outra coisa. E o nosso refugio, é o lugar onde vivem as pessoas que mais amamos e melhor conhecemos. Não queremos viver em desavença com eles. Mas quando nos comprometemos com Jesus Cristo, se¬remos leais a ele, mesmo que isso destrua nosso lar, a nossa vizinhança, nossa cidade, nossa nação. Se esse é o preço, pagaremos.
Jesus expressou a severidade dessa ruptura na frase de Mateus 10.35: "Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai". Algumas traduções dizem: "Pois vim colocar o homem em divergência com seu pai". A expressão grega "em divergência com", ou "contrário a" é rara, e usada apenas nessa passagem do Novo Testamento. Ela significa romper as relações. Jesus dizia: "Eu separarei totalmente o homem de seu pai e todos os outros parentes entre si. Destruirei as famílias de todas as maneiras possíveis".
Esse é o pior rompimento possível. Não é tão ruim quando estamos em desavença com vizinhos, com o patrão, com amigos ou com a sociedade, mas quando chega à família e o compromisso com Jesus Cristo significa uma rup¬tura com os parentes, é aí que as coisas realmente começam a se tornar difí¬ceis. Seu compromisso com Cristo vai contra o amor por eles e a necessidade que sentimos da presença deles.
Seu compromisso vai contra o desejo de viver em harmonia. Ser cristão e seguir a Jesus Cristo pode significar uma divisão dentro do lar. Mas essa é a marca do verdadeiro discípulo. Muitas vezes, unir-se a Cristo significa o afastamento de membros da família que nos rejeitam porque não rejeitamos o evangelho. Isso é especialmente verdadeiro em famílias judias, assim como nas famílias que professam outras religiões falsas.
Esse é um padrão difícil, e muitas pessoas sentem que é sacrifício demais. Algumas esposas não irão a Cristo porque temerão se separar do marido. Al¬guns maridos não aceitarão a Cristo porque temerão se separar da esposa. Os filhos podem não ir a Cristo por temerem seus pais ou mães, e vice-versa. As pessoas não assumem sua posição ao lado de Cristo porque desejam manter a harmonia familiar. Mas Jesus disse que o verdadeiro discípulo deixará sua família, se for necessário fazer tal escolha. Isso faz parte da auto-renúncia, aceitar alegremente o alto custo de servir a Jesus para receber suas infinitas bênçãos para os tempos de hoje e para a eternidade.
UM AMOR MAIOR
O amor familiar é forte; sem dúvida é o laço humano mais profundo e íntimo. Porém, ele não tem o poder que o amor por Cristo tem. Este é tão forte que algumas vezes rompe os laços familiares. Uma jovem senhora que conheço contou que se tornara crista vindo de uma família totalmente paga e, como resultado, seu pai, a quem ela amava muito, se recusava a falar com ela, quer pessoalmente quer por telefone; ele desligava o telefone quando ela ligava. Disse ela: "Sempre penso que ele deveria estar contente porque não sou uma alcoólatra, não sou viciada em drogas, não sou uma criminosa, não passei por nenhum acidente terrível que tivesse me deixado aleijada ou machucada. Nunca fui tão feliz em minha vida como sou agora que me tornei cristã e, por causa do meu amor por Cristo, ele não fala comigo". A razão é a espada.
A mesma espada caiu entre Caim e Abel. Abel era um homem justo, Caim era injusto, e a ruptura foi tão grande que Caim não conseguiu suportá-la — por isso matou o seu irmão.
Primeira Coríntios 7 mostra-nos como a espada interfere num casamento cristão. Se você tem uma mulher não-crente e ela concorda em permanecer com você, não se divorcie dela. Se você tem um marido não-crente e ele deseja permanecer com você, deixe-o ficar porque certa santificação ocorre. Ou seja, as bênçãos de Deus que caem sobre o crente atingem de modo temporal o parceiro não-crente. "Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz" (v. 15). Esse é o outro lado da situação. Uma vez que a espada caiu, então Deus nos tem chamado à paz, e se o descrente deseja apartar-se, devemos deixá-lo ir.
Tornar-se cristão significa estar cansado do próprio pecado, ansiando por perdão e pelo resgate do pecado atual e do inferno futuro, e afirmar nosso compromisso com o senhorio de Cristo até o ponto em que estamos prontos a abandonar tudo. Eu já disse isso antes e tornarei a dizer novamente: não se trata apenas de uma questão de levantar a mão, caminhar até a frente e dizer "Eu amo a Jesus". Isso não é fácil, não é algo que nos tornará mais popular nem é uma resposta às necessidades que o mundo diz que temos. Não é um mundo perfeito e cor-de-rosa no qual Jesus nos concede tudo o que deseja¬mos. E difícil, exige sacrifício e põe tudo de lado.
A manifestação da verdadeira fé é um comprometimento que nenhuma influência consegue abalar. Sem dúvida você ama sua família, seus filhos, seus pais, seu esposo ou sua esposa. Mas se você é discípulo verdadeiro, o compromisso com a salvação encontrada unicamente em Cristo é tão profundo, tão intenso e tem um alcance tal que, se for necessário, dirá não àqueles a quem ama por causa de Cristo.
John Bunyan conheceu esse sofrimento de maneira muito especial. As autoridades disseram-lhe que parasse de pregar, mas ele respondeu: "Não posso parar de pregar porque Deus me chamou para isso". A resposta foi: "Se o senhor pregar, nós o colocaremos na prisão".
Então ele pensou consigo mesmo: "Se eu for para a prisão, quem cuidará da minha família? Ao mesmo tempo, como posso fechar a minha boca quando Deus me chamou para pregar?".
Bunyan foi suficientemente forte, corajoso e fiel para entregar sua família aos cuidados de Deus e permaneceu fiel e obediente ao chamado para pregar, e eles o colocaram na prisão. E foi na prisão que ele escreveu sua magnífica alegoria, O Peregrino, que tem abençoado tantos milhões de famílias ao longo dos séculos com seu ensino sobre o caminho da salvação. Sem ele, sua família sofreu, mas Deus cuidou dela. E mediante esse sofrimento, Deus realizou obras maravilhosas na vida de incontáveis pessoas.
Num apêndice à sua autobiografia Grace Aboundingto the ChiefofSinners, Bunyan escreveu:
A separação de minha esposa e de meus pobres filhos tem sido freqüentemente para mim neste lugar [a cadeia], como arrancar a carne de meus ossos; e isso não porque eu seja de certo modo muito ligado e aficionado a essas grandes Misericórdias, mas também porque eu sempre tinha de trazer à minha mente as muitas dificuldades, misérias e necessidades que minha pobre família teria de enfrentar se eu tivesse de ser apartado deles, especialmente meu pobre filho cego, que permanece mais próximo do meu coração do que qualquer um dos outros. O, o pensamento das dificuldades que eu penso que o meu filho poderá enfrentar, parte o meu coração em pedaços ... Mas, ainda assim, relembrando o que se passou, eu pensei: preciso entregar todos a Deus, embora eu esteja para deixá-los em breve. Nessa condição eu me percebi como um homem que estava destruindo sua casa sobre a cabeça de sua esposa e filhos; ainda assim, pensei, eu tenho de fazer isso, eu tenho de fazer isso.'
Peço a Deus que nunca tenha de tomar esse tipo de decisão, mas é uma possibilidade. Você pode ter tido a necessidade de fazer essa escolha porque confessou a Jesus Cristo, e certamente isso foi um fardo para sua família. Mas essa é a maneira pela qual provamos a realidade da nossa conversão. Aquele que diz: "Não estou disposto a fazer esse sacrifício", não é genuíno. Em Mateus 10.37 Jesus diz: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim". Não podemos ser seus discípulos e receber sua salvação se nossa família significa mais para nós do que Cristo.