quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Uma surpreendente obra de Deus



Por Kevin DeYoung 

Existem apenas algumas coisas que permanecem semanalmente na minha lista de oração. Uma delas é o avivamento ou reavivamento. Eu acredito que Deus tenha se movido no passado para inflamar grandes avivamentos. Eu acredito que ele pode fazê-lo novamente. E eu acredito que seria bom que os cristãos pregassem e orassem por um avivamento cristocêntrico em nossos dias, que ame o Evangelho, glorifique a Deus e seja dado pelo Espírito.

Claro, isso levanta a questão: o que é verdadeiro avivamento? Vou chegar a uma definição em um momento e falarei mais sobre o modelo bíblico de renovação e reforma no próximo texto, mas permita-me começar mostrando algumas noções falsas sobre avivamento.
Primeiro, avivamento não é reavivalismo. Obviamente, quando você adiciona o “ismo” isso soa assustador, mas eu acho que há uma distinção importante a defender. Entendo por reavivalismo um evento programado, produzido e determinado por homens. No início do século XIX, uma mudança profunda aconteceu. Considerando que antes avivamentos eram vistos como obras da soberania de Deus pelo que alguém orava e jejuava mas não conseguia planejar, a partir de 1800 os avivamentos tornaram-se produções programadas. Você poderia montar uma barraca e anunciar um avivamento na próxima quinta-feira. Se você colocar uma música nova aqui, um coral lá, um certo estilo de pregação, um banco para os pecadores arrependidos, você pode ter certeza de uma resposta. Isso é um avivamento feito por homens, não verdadeiro avivamento.

Segundo, avivamento não é individualismo. Com isso quero dizer que um avivamento é um evento corporativo. É uma coisa maravilhosa quando Deus muda um só coração, especialmente no meio de muitos ossos secos, mas não é disso que estamos falando. Quando Deus envia um avivamento, ele varre uma igreja inteira, várias igrejas ou comunidades, e toca uma diversidade de pessoas (por exemplo, jovens, velhos, ricos, pobres, educados, incultos). Não é apenas uma transformação individual, de tão maravilhoso que é.
Terceiro, avivamento não é emocionalismo. De fato, verdadeiro avivamento pode produzir grande emoção. Mas a emoção em si não indica uma verdadeira obra do Espírito. Você pode levantar as mãos, ou ficar duro, chorar histericamente, ou ter uma grande calma, cair no chão, saltar para cima e para baixo, gritar Amém, fazer orações altas ou suaves, se sentir muito espiritual ou se sentir muito insignificante. Estes são o que Jonathan Edwards chama de “não-sinais”. Eles não dizem nada de um jeito ou de outro. Se você levanta as mãos ao cantar uma canção de louvor, isso pode significar que você está encantado com o amor de Deus, ou pode significar que você tem uma personalidade expressiva e a música proporciona uma liberação de energia. Se você canta um hino com solenidade e gravidade, pode ser que você está cantando com profundo temor e reverência, ou pode significar que a sua religião é mero formalismo e você está realmente entediado. Verdadeiro avivamento é marcado por mais do que a presença ou ausência de emoção tremenda.
Quarto, avivamento não é idealismo. Avivamento não significa que o céu chega na terra. Ele não inaugura uma utopia espiritual. Não resolve todos os problemas da igreja. Na verdade, o avivamento, com todas as suas bênçãos, geralmente traz novos problemas. Muitas vezes existe controvérsia. Pode haver orgulho e inveja. Pode haver suspeita. E além dessas obras da carne, Satanás muitas vezes desperta falsos avivamentos. Ele semeia sementes de confusão e engano. Assim, tanto quanto nós devemos ansiar por avivamento, não devemos esperar que ele seja a cura para todos os problemas da vida, e muito menos um substituto para décadas de tranquilidade, obediência fiel e crescimento.
Então, o que é verdadeiro avivamento? Aqui está a minha definição: O verdadeiro avivamento é uma soberana, repentina e extraordinária obra de Deus pela qual ele salva pecadores e traz vida nova para o seu povo.
O verdadeiro avivamento é uma soberana (dependente do tempo de Deus, realizado por Deus , concedido conforme a vontade de Deus); repentina (conversões, crescimento e mudanças acontecem de forma relativamente rápida); extraordinária (incomum, surpreendente); obra de Deus (não nossa); pela qual ele salva pecadores (regeneração levando a fé e arrependimento); e traz vida nova para o seu povo (com afeições, comprometimento e obediência renovados).
Um dos melhores exemplos do verdadeiro avivamento na Bíblia é a história de Josias, em 2 Reis 22-23. A história não é um projeto para ser imitado em todos os aspectos, especialmente porque Josias é rei sobre uma teocracia. Mas a história é instrutiva, na medida em que nos dá uma imagem de uma soberana, rápida e extraordinária obra de Deus.

Levai as cargas uns dos outros

carga0

Por Maurício Zágari

Fernando Pessoa tem uma poesia bastante conhecida, onde se lê: “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. Por esse prisma, e com toda licença poética, me atrevo a dizer que vivemos cercados de poetas – pessoas que sorriem, cumprimentam, se esmeram em transparecer alegria, mas por dentro são tomadas de tristezas profundas. São fingidoras. Não pelo aspecto negativo, simplesmente fingem que está tudo bem quando, na verdade, está tudo mal. Heróis da temperança, suportam suas cargas sem repartir com ninguém – e não por vontade própria. São multidões de infelizes que circulam ao nosso redor sem que sua infelicidade torne-se visível. E, acredite: dentro das igrejas.

Entre esses irmãos e irmãs há de tudo. Pessoas acometidas por doenças que roubam sua paz, gente extremamente infeliz em sua vida afetiva, deprimidos, solitários, seres humanos feridos por outros seres humanos, filhos abandonados, pais esquecidos, almas esmagadas pelo peso do próprio pecado, cristãos que não conseguem enxergar Cristo. São muitas as razões, são muitas as vítimas. Convivem diariamente com a tristeza, sem ter com quem conversar, desabafar, sem ter quem as ouça e a suas histórias. São sofredores ocultos.

A pergunta que me faço é: por quê? Por que há entre nós essa multidão de ilhas humanas, isoladas, que não conseguem estabelecer pontes com as demais? Se somos um Corpo e cada membro que dói deveria afetar todos os outros, por que há tantos que se mantém em silêncio quanto às suas dores mais profundas? Paulo diz em Gálatas 6.2: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”. Isso é o cenário ideal. Por que, então, para tantos e tantos isso não acontece?

Acredito que há duas explicações e, infelizmente, elas não são muito bonitas.

Primeiro: quem é que pergunta “tudo bem?” de fato preparado para ouvir um “não” como resposta? Porque, sejamos francos, todos estamos condicionados a cruzar com alguém, dizer “tudo bem?” e escutar um automático “tudo bem” de volta. Só que uma enorme porcentagem dos que dizem isso… não estão nada bem. Respondem pelo hábito e pela triste realidade: se dissessem “não, não estou bem” veriam da parte da outra pessoa uma total inabilidade de lidar com isso. Muitos ouviriam um “vamos orar, irmão” de volta ou um “que é isso, irmã, a vitória é tua!”. E tudo continuaria como antes.

Como Igreja, a realidade é que muitos não estão preparados para lidar com quem não está bem. Simplesmente não sabem o que fazer. Nem o que dizer. Perdem o rebolado. Muitos buscam o caminho mais fácil: encaminham para o pastor. Muitos respondem frases-feitas. Muitos fogem. Muitos chegam ao ponto de dizer que é falta de fé. E, com isso, nos acostumamos a que não adianta nada nos mostrarmos como de fato estamos, pois abrir o peito não terá utilidade. O socorro não virá. O conforto ficará apenas na vontade. Dizer “não estou bem” pra quê? Quem se interessaria? E, caso se interessassem, quantos estariam habilitados a levar nosso fardo conosco?

Penso que isso deveria ser muito mais presente em nossa vida em igreja. Deveríamos pregar mais sobre o assunto. Na escola bíblica dominical deveria ser lição indispensável: como amar o próximo. Como levar as cargas uns dos outros. Como escutar a infelicidade alheia de maneira consequente. Todo seminário teológico deveria investir tempo tratando disso – afinal, é um elemento da fé cristã muito mais importante do que calvinismo X arminianismo ou sobre batismo no Espírito Santo, por exemplo. Eu trocaria os dons mais excelentes pela habilidade de levar conforto a quem tem dor. Eu preferiria mil vezes mais ter o dom de levar as cargas dos meus irmãos do que o de profetizar ou operar maravilhas. Simplesmente porque é mais útil, mais importante e desesperadamente mais necessário em nossos dias. Amar o próximo… ó, Deus, como precisamos aprender a fazer isso!

A segunda explicação é a falta de confiabilidade de muitos. Há irmãos e irmãs aos montes que sofrem de dramas reais, dores de alma crônicas, tristezas infindáveis… mas não confiam em se abrir com ninguém da igreja. Porque já viram todo tipo de traições: sacerdotes que vazam confissões que lhes foram feitas em confiança. Irmãos que passam adiante o que lhes segredamos. Irmãs que se afastam de nós ao tomar conhecimento de certas realidades que nos esmagam. Diante disso, como confiar? Como ter fé em que aquele amigo “tão espiritual” não trairá a confiança que depositamos nele ao vilipendiar nossas dores mais profundas e agoniantes? Logo, o que acontece é: “Tudo bem?”. “Sim, tudo ótimo!”, quando, por dentro, há tristeza, solidão, angústia, sofrimento.

Como podemos mudar isso? Preocupando-nos de fato com o próximo. Pondo em prática o Grande Mandamento. Se você começar a agir na sua comunidade de fé mostrando que é alguém com quem se pode contar na hora da angústia e da tribulação, as pessoas criarão coragem para compartilhar com você suas dores. Se você se apresentar como alguém confiável, os cansados e sobrecarregados se aproximarão. E terão coragem de dizer “não, não está tudo bem”. Olhe para si: você é alguém preparado para ouvir e auxiliar, para amparar? Tem base bíblica para oferecer conforto e paz a partir do que dizem as Escrituras? Você é um cristão pronto para oferecer o conforto de Cristo? Se percebe que não, procure urgentemente soluções para isso. Seus irmãos precisam de você. Há dores demais em nosso meio, angústias em excesso no seio da Igreja para deixarmos isso pra lá. “Jesus cuida” – sim, eu sei disso. Mas Jesus quer usar você como instrumento para cuidar.

Olhe ao redor e passe a procurar o próximo a quem possa amar. Não sabe como fazer? Comece com uma simples pergunta: “Tudo bem?”. E quando vier a resposta automática, olhe nos olhos e insista: “Mas… tudo bem mesmo?”. A partir daí, prepare-se: você pode se surpreender com o que vai ouvir e com a forma com que Deus pode usá-lo para levar cargas de pessoas que, muitas vezes, mal têm forças de ficar em pé.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Heresia e Ortodoxia



Por J. Warner Wallace
Heresia por Definição
Estamos vivendo em um período na história quando mais e mais pessoas são altamente céticas sobre a noção de verdade objetiva. É alguma coisa objetivamente (ou absolutamente) verdade, ou é tudo simplesmente uma questão de perspectiva e opinião? A nossa cultura está começando a aceitar a possibilidade de que NADA é objetivamente verdade. Todos estão certos e ninguém está errado, desde que a verdade que eles acreditam tem sido derivada seriamente da perspectiva pessoal cultural e linguística deles. Em um mundo como este, poucas pessoas estão dispostas a desenhar uma linha na areia e afirmar que algumas coisas são simplesmente erradas e outras coisas são ‘objetivamente’ certas.
Mas o relativismo nunca tem sido parte da tradição Cristã. A cosmovisão Cristã tem sempre afirmado que a verdade tem uma natureza e caráter que demanda exclusividade. Os Cristãos sempre têm crido que há verdades sobre Deus que simplesmente não estão disponíveis para negociação. E semelhantemente, há alguns pontos de vista sobre Jesus que são simplesmente FALSAS. Os crentes primitivos acreditavam tão fortemente sobre a natureza exclusiva da verdade e estavam tão convencidos de que as escrituras ensinavam verdades exclusivas e absolutas sobre a natureza de Deus, Jesus e a Salvação, que eles declararam estas verdades em vários credos. Para estes crentes, não havia uma bandeja de ‘escolhas’ teológicas da qual alguém possa escolher o que gostar. Ao invés disto, havia verdades objetivas que primeiro deve ser crido se alguém quisesse chamar-se de um Cristão. E aqueles que NÃO apoiavam estas verdades eram chamados de HEREGES porque eles criam em inverdades conhecidas como HERESIAS. A palavra “Heresia” vem da palavra Grega “Hairesis”.
Heresia = Hairesis (Grego) = “Escolha [N.T.: no sentido de ser uma escolha alternativa]”
É interessante que esta palavra que simplesmente descreve “escolha” é agora universalmente aceitada como um termo que atribui ERRO e imprecisão. Isto é verdadeiramente uma reflexão da verdade da natureza em que a verdade é exclusiva. Deixe-me dar-lhe um exemplo. Imagine que eu andasse em direção a uma árvore e pegasse uma maçã e levantasse-a ao alto e dissesse: “Isto é uma maçã”. Tenho eu a escolha de dizer: “Isto é uma laranja”? Tenho eu também a escolha de dizer: “Isto é um melão”? Não, eu não tenho muitas ESCOLHAS aqui. Há somente UM tipo de fruta que esta coisa vermelha em minha boca seja. Todas as outras escolhas simplesmente seriam ERRADAS. O fato de que “Heresia” (significando “escolha”) tem sido utilizado para descrever um “erro”, é uma reflexão do fato de que a verdade é exclusiva e NÃO há múltiplas escolhas disponíveis para nós:
“Heresia é uma opinião ou doutrina na filosofia, política, ciência, arte, etc., em discordância com aquelas geralmente aceitas como autoritário” (Dicionário Inglês de Oxford).
Heresias são aquelas ‘escolhas’ que são incorretas, baseadas em alguma autoridade geralmente aceita. De uma perspectiva Cristã, heresias são aquelas afirmações que existem em oposição às verdades claras e objetivas descritas na Bíblia.
A Necessidade de Buscar e Ensinar a Verdade
Desde os dias mais primitivos da era Cristã, os crentes reconheceram que as escrituras ensinaram verdades específicas e objetivas sobre a natureza de Deus, Jesus e Salvação. Apesar disto, vários professores levantaram-se promovendo afirmações e ensinando ideias que NÃO eram consistentes com o ensino das escrituras. A própria Bíblia previu que estes falsos professores levantariam, e as escrituras alertou os crentes a terem cuidado acerca das falsas ideias:
Gálatas 1:8-9
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
2 Coríntios 11:13-15
Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.
2 Pedro 2:1-2
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Mestre que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.
1 João 4:1
Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
1 Timóteo 1:18-20
Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia; Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé. E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.
Tito 3:10
Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o.
Os Cristãos foram alertados por Paulo, Pedro e João a serem cuidadosos sobre a VERDADE. Os Apóstolos alertaram os seus seguidores de que a verdade ERA objetiva e que verdades Cristãs não era simplesmente uma questão de ‘escolha’, e seus seguidores foram diligentes ao darem ouvidos a estas advertências. O discípulo do Apóstolo João, Policarpo, tinha um discípulo chamada Irineu. Este discípulo de segunda geração de João recebeu a admoestação apostólica sobre a verdade muito seriamente. Ele confrontou as deturpações Cristãs e mentiras de seu dia em uma obra que ele intitulou “Contra Haereses” (Contra Heresias). Irineu entendeu o ensinamento apostólico de que a verdade é exclusiva e que o erro (enquanto for cuidadosamente disfarçado) deve ser confrontado:
“O erro, de fato, nunca é apresentado em sua deformidade nua, para que, sendo então exposto, fosse imediatamente detectado. Mas é enfeitado astuciosamente em um vestido atraente, para que, pela sua forma externa, fazer-se aparecer ao inexperiente (ridículo como a expressão possa ser) mais verdadeiro do que a própria verdade”. (Contra Heresias 1.2)
A fé Cristã tem sempre mantido a verdade com consideração incrivelmente alta. Como Cristãos, somos chamados para buscar e ensinar as verdades objetivas da Cosmovisão Cristã, rejeitando as falsidades abertas de ensinos errantes. Irineu modelou este aspecto da vida Cristã brilhantemente.
Então, De Que Chamaremos a Verdade Que Devemos Proteger?
Irineu fez distinções cuidadosas entre o que ele referiu como “heresias” e as verdades que eram ensinadas pelos Apóstolos. Em “Contra Heresias”, Irineu apresentou as afirmações heréticas de alguns de seus contemporâneos errantes, e comparou estas afirmações às verdades que foi-lhe ensinado por Policarpo, como um discípulo do Apóstolo João. Irineus referiu as suas próprias crenças como “ortodoxo”. Esta palavra também é derivada de palavras de raízes Gregas:
“Ortodoxo” = “ortho” (‘certo’) + “dox” (‘crença’)
Em essência, Irineu usou esta palavra para descrever aquelas crenças que poderiam ser apoiadas pelo ensino apostólico e Bíblico. A ideia de que pode-se haver uma “crença certa” presume que há algumas verdades objetivas da fé, e que as afirmações que contradizem estas verdades são falsas; NÃO são ‘crenças certas’! E a Bíblia é a autoridade sobre a qual afirmamos algo ser verdade. Como todos os seres humanos, nós Cristãos geralmente fundamentamos verdades em algo autoritário. Não estamos sozinhos nesta abordagem à verdade. Todos fazem isto de uma forma ou de outra. Nem toda verdade pode ser verificada da perspectiva de algum tipo de experimento empírico ou observação. Você e eu aceitamos muitas verdades sobre a base da autoridade. Isto é particularmente verdade quando se trata de crenças sobre o que ocorreu no passado (eventos históricos). Já que nenhum de nós estava lá no momento de um evento no passado, temos de confiar que um historiador é preciso em sua descrição. Temos que confiar em uma autoridade. Como cristãos, confiamos na Bíblia como a nossa autoridade. Confiamos que é uma testemunha ocular confiável do que realmente ocorreu e confiamos que é verdade em sua descrição da natureza de Deus, de Jesus e da Salvação.
O Caso para a Verdade Bíblica Objetiva (Ortodoxia)
A palavra “ortodoxo” não aparece na Bíblia, mas dificilmente pode-se negar que o seu significado é afirmado pelas escrituras. A Bíblia DESCREVE a existência da verdade Bíblica objetiva e PRESCREVE que esta verdade deve ser ensinada e defendida.
Verdade Bíblica Objetiva (e Exclusiva) Existe
Estamos atualmente em uma época onde é elegante para os Cristãos serem envolvidos em uma ‘conversa’ aberta sobre as questões da fé, sem nunca confortavelmente chegar a conclusões concretas sobre o que é VERDADE sobre a fé. Muitos Cristãos têm abraçado a filosofia secular do relativismo e permitiu isto influenciar sua visão da verdade Bíblica. Mas para os crentes mais primitivos (aqueles mais próximos aos autores originais das escrituras) a verdade era objetiva e exclusiva por natureza:
Efésios 4:4-6
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
A Verdade Bíblica Objetiva Deve Ser Ensinada e Promovida
E para os crentes mais primitivos, não foi suficiente que esta verdade objetiva deveria ser buscada e entendida; a fé deles também chamava-os para ensinar e promover a cosmovisão Cristã exclusiva ao mundo ao redor deles:
Tito 2:1
Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.
A Verdade Bíblica Objetiva Deve ser Defendida
Não houve hesitação por parte dos primeiros crentes e líderes da fé quando tratava-se de tomar uma posição para uma verdade objetiva singular sobre a natureza de Deus, Jesus ou Salvação. Esta verdade exclusiva foi apreciada como um dom precioso e aqueles que acreditaram foram chamados para guardá-la com as suas vidas.
2 Timóteo 1:13-14
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós, o tesouro que tem sido confiado a vocês.
Em um mundo relativista em que todas as verdades são consideradas igualmente válidas e verdadeiras, uma chamada para buscar a verdade singular e objetiva e defendê-la àqueles ao seu redor parece ridículo. Mas isso sempre foi a natureza da fé Cristã. A Bíblia assume que algumas coisas são verdade sobre Deus e algumas coisas são falsas. A Bíblia reconhece a importância da fé, mas também reconhece que a fé em e de si mesmo NÃO tem poder. É somente quando colocamos a nossa fé no OBJETO correto e verdadeiro da fé, que Deus nos atribui com a Salvação. A verdade é importante para Deus.
Mas Não Pensa o Herege Que Todo Mudo É Um Herege?
Um desafio comum a noção de que a verdade Ortodoxa existe, é o fato de que os hereges não pensam que eles são hereges . O fato de que um herege pensa que ELE é ortodoxo demonstra que a verdade é apenas relativa a qualquer maioria que detêm-na? Afinal, certamente parece que a maioria é que determina o que é ortodoxo. Na maioria dos casos, é a maioria que torna-se a autoridade pela qual os pontos de vista da minoria são chamados de heréticos! Quem pode dizer qual lado é realmente ortodoxo e qual lado é herético?
Mais uma vez, tudo resume-se à autoridade, não é mesmo? O fato de que duas partes podem argumentar sobre a existência ou não de uma verdade objetiva, NÃO nega a existência desta verdade objetiva. Na verdade, afirma a existência de tal verdade (afinal, ambos os lados estão afirmando tê-la). E, assim como toda a verdade depende de alguma autoridade, nós, como Cristãos, não devemos aceitar uma afirmação puramente porque algum grupo aceita-a. Como Cristãos, não podemos deixar um grupo ser a nossa autoridade. Somente a Bíblia deve ser a nossa autoridade e para cada um de nós foi dado a habilidade de ler e determinar o que a Bíblia diz sobre questões fundamentais.
Como Cristão, acredito que HÁ certas verdades objetivas centrais relacionados à fé Cristã. Acredito que há algumas verdades na Bíblia que Deus requer que compreendemos com precisão. Estas verdades particularmente “essenciais” foram claramente descritas. Estão disponíveis para nós, mesmo com a nossa habilidade limitada de entender. Estes essenciais são repetidamente ensinadas pela escritura por uma razão. São importantes para Deus. Como resultado, devem ser importantes para nós. Devemos ver os essenciais ortodoxos da fé como as características que definem a nossa identidade como Cristãos. Se crermos o que a Bíblia diz sobre estes pontos fundamentais, podemos chamar-nos Cristãos. Se não, nós simplesmente não devemos usar o título para identificar a nós mesmos. Há somente duas opções para nós: ortodoxia ou heresia, a verdade ou a distorção. Ao examinarmos o Credo Apostólico juntamente, vamos lembrar o alto valor que Deus tem para estes essenciais da fé.