domingo, 22 de setembro de 2013

Marco Feliciano. O que os evangélicos têm a ver com isso?



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edição 344 (setembro-outubro) da revista Ultimato é a novidade desse final de semana aqui no portal. Na capa, A igreja está doente. O assinante, claro, lê primeiro.
“Prateleira” antecipa aos leitores o artigo do sociólogo Paul Freston, sobre o que envolveu o disse-me-disse em torno do deputado federal evangélico Marco Feliciano.
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Feliciano em perspectiva (histórica, global, contemporânea e futura)
Este artigo não é mais uma denúncia indignada (muito menos, uma defesa apaixonada) do deputado federal evangélico Marco Feliciano, que desde março de 2013 preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. É uma tentativa de recuar um pouco, de conseguir uma certa altura, para entender melhor de onde vem um fenômeno como Feliciano e o que está e não está em jogo no caso dele.
Perspectiva histórica
Nos últimos cinquenta anos no Brasil, o catolicismo tem sido mais associado à defesa dos direitos humanos do que o protestantismo. Mas, historicamente, o contrário foi verdadeiro. O catolicismo somente incorporou uma preocupação com os direitos humanos a partir do Concílio Vaticano II, nos anos 60. E, mesmo assim, mais em alguns países — como o Brasil — do que em outros — como a Argentina. O chefe da Igreja Católica argentina, durante o brutal regime militar que durou de 1976 a 1983, disse que os supostos desaparecidos estavam todos no exílio dourado em Paris. Porém, o papa João Paulo II, em uma de suas visitas à América Latina, afirmou que “à mensagem do evangelho pertencem todos os problemas dos direitos humanos”.
O protestantismo, por outro lado, constitui a confissão religiosa mais profundamente ligada à evolução de conceitos de direitos humanos, culminando no forte envolvimento protestante na carta fundante das Nações Unidas em 1945 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. Daí a ironia da situação atual no Brasil.
Perspectiva global
O que está em jogo (ou deveria estar em jogo) na controvérsia em torno de Marco Feliciano? Não é o conceito de Estado laico!
A “teoria da secularização” (quanto mais moderno, mais secular) tem sido fortemente questionada desde os anos 80. Nas últimas décadas, muitos estudiosos abandonaram (pelo menos parcialmente) a teoria da secularização e adotaram a ideia de “modernidades múltiplas” (há várias maneiras de ser moderno, inclusive maneiras religiosas). A religião continua (ou volta a estar) em evidência na vida política de várias regiões do mundo.
Na realidade, a relação da religião com a vida pública ao redor do mundo é extremamente variada, assim como a relação entre religião e Estado. Há uma sofisticação crescente nas análises da relação entre religião e Estado. Várias tipologias foram propostas. Utilizo aqui uma do cientista político turco Ahmet Kuru, que propõe um “continuum”:
1. Estados religiosos (Ex.: Irã).
2. Estados com uma religião estabelecida (Ex.: Inglaterra) ou várias religiões estabelecidas ou oficializadas (Ex.: Indonésia).
3. Estados com a “laicidade passiva” ou “plural”, ou seja, a neutralidade estatal e permissão para a visibilidade pública da religião (Ex.: Estados Unidos).
4. Estados com a “laicidade agressiva” ou “de combate”, ou seja, que exclui a religião da esfera pública (Ex.: França, Turquia).
5. Estados antirreligiosos (Ex.: Coreia do Norte).
Uma coisa que vemos dessa tipologia é que a frase “o Estado é laico” significa pouco, pois as últimas três opções (muito diferentes entre si) poderiam caber nessa frase. Frequentemente, há um uso ideológico desse lema para deslegitimar uma proposta adversária.
Não há modelo ideal de relações entre religião e Estado. O que há é sempre uma evolução a partir de realidades locais. A força de tradições locais não desaparece com mudanças meramente legais. Não há, por exemplo, resposta definitiva à pergunta se a França tem razão em proibir o uso do véu em determinados ambientes. O véu pode significar coisas diferentes em países diferentes.
Finalmente, os estudiosos têm chamado a atenção para a diferença entre as relações entre Igreja e Estado e as relações entre religião e política. Há muitos países que não têm igreja estabelecida, mas têm uma vida política muito imbuída pelos impulsos e valores religiosos. Não há nada de antimoderno nem, muito menos, de antidemocrático nisso.
Perspectiva contemporânea
Em quê o Brasil é singular, em termos globais? Não é em ter uma forte presença da religião na política, pois isso acontece em muitos países. Não é no crescimento evangélico, nem no envolvimento evangélico na política. Porém, o Brasil é singular, sim, no corporativismo eleitoral evangélico bem-sucedido. Ou seja, a prática de várias denominações apresentarem candidatos “oficiais” em eleições e em convencer boa parte dos seus membros a votarem nesses candidatos, elegendo-os deputados federais, deputados estaduais e vereadores.
A que se deve essa singularidade brasileira? O que torna possível esse modelo corporativista? A junção de vários fatores, principalmente o sistema eleitoral (de representação proporcional com listas abertas), o sistema partidário (fragmentado, volátil e pouco ideológico) e a organização da mídia no Brasil, que possibilita uma presença maciça das igrejas através da compra de horários e da aquisição de canais.
É o corporativismo das candidaturas “oficiais” que explica sobretudo o hiato em análises acadêmicas, entre uma avaliação bastante “positiva” da presença evangélica no âmbito micro (na sociedade civil, sobretudo nas esferas mais desvalidas da sociedade) e uma avaliação “negativa” no âmbito macro (na política formal). O modelo de candidatos “oficiais” está ligado, de forma desproporcional, aos casos de envolvimento de políticos evangélicos em escândalos políticos.
Até onde vai o corporativismo? Ele tem sucesso relativamente grande em eleições proporcionais, elegendo parlamentares em todos os níveis. Porém, é menos eficaz em eleições majoritárias, porque: a) não consegue eleger seus próprios candidatos, já que a lógica de uma campanha majoritária é outra; e b) às vezes, “promete” votos a um candidato de fora da igreja (a prefeito, governador, presidente), mas nunca consegue uma taxa tão alta de obediência dos seus fiéis.
Nesse contexto, é pertinente olhar alguns dados sobre as atitudes políticas dos fiéis pentecostais comuns. Em 2006, o Pew Forum fez um levantamento sobre pentecostais de dez países, inclusive do Brasil. Os pentecostais brasileiros afirmam, assim como a população brasileira em geral, o valor dos processos democráticos. Quando perguntados se, para resolver os problemas do país, seria melhor ter um governo mais participativo ou um líder forte, os pentecostais preferem — mais do que a população brasileira geral — um governo mais participativo. Somente 25% dos pentecostais queriam a solução do “governante forte”, comparado com 29% da população geral.
Quanto à importância de haver liberdade religiosa, inclusive para as outras religiões, os pentecostais (94% favoráveis) acompanham a tendência geral da população (95%). Quando perguntados se deveria haver separação entre Igreja e Estado, ou se o país deveria ser oficialmente um “país cristão”, os pentecostais são mais a favor da separação (50%) do que da ideia de um “país cristão” (32%).
O crescimento pentecostal estaria favorecendo a ideologia do governo mínimo e do neoliberalismo? Os dados do Pew sugerem que não. Perguntados se o governo deve garantir alimento e abrigo a todos os cidadãos, os pentecostais (95%) são ainda mais afirmativos que os brasileiros em geral (93%).
Semelhantemente com a ideia de que os pentecostais estariam criando ao redor do mundo um ambiente favorável aos interesses imperiais norte-americanos: perguntados em 2006 se estavam a favor da “guerra ao terror liderada pelos Estados Unidos”, os pentecostais brasileiros respondiam menos positivamente do que a população brasileira em geral.
O levantamento Pew fez duas perguntas sobre o aborto. Primeiro, sobre a dimensão moral: se o aborto seria, em alguma circunstância, moralmente justificável — 91% dos pentecostais brasileiros disseram que não. Porém, sobre a dimensão legislativa, a resposta foi diferente: somente 56% disseram que o governo deveria interferir na decisão de uma mulher abortar. Ou seja, 91% consideram o aborto moralmente inaceitável, mas somente 56% acham que a lei deve proibir.
Perspectiva futura
Por fim, é pertinente considerar a possível longevidade do estilo corporativista pentecostal de fazer política. Começou em 1986, com a eleição para a Constituinte, e tudo indica que ainda tem muito fôlego. Porém, não vai durar para sempre. Por uma série de razões, a fase de crescimento rápido das igrejas evangélicas não deve durar além de mais duas ou três décadas. Depois, a porcentagem evangélica da população deverá estabilizar-se. Com isso, quanto às características sociológicas das igrejas evangélicas, tudo mudará. Haverá uma porcentagem cada vez maior de membros natos e de conversos mais antigos, e com isso haverá mais demandas por ensinamento e por outros tipos de líder eclesiástico. Haverá menos triunfalismo e maiores expectativas no campo da atuação social, e a interação com as outras religiões mudará radicalmente. E outras maneiras de relacionar-se com a política passarão a predominar.
Portanto, o tipo de política evangélica que atualmente predomina não é parte essencial da fé evangélica e nem do seu segmento pentecostal. Um dia será superado, talvez graças a mudanças sociológicas mais do que a um processo consciente de aprendizado. Porém, é bom lembrar as limitações desse modelo corporativista e da fragilidade de suas bases internas. No entanto, por alguns anos, o corporativismo marcará fortemente a presença evangélica na vida pública, e fenômenos como Feliciano terão o seu lugar ao sol, para a alegria de alguns evangélicos e o desespero de muitos.

O beijo gay no meio do culto, a prisão e Marcos Feliciano



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Acompanhe abaixo a matéria no site Gospel + sobre o polêmico beijo gay em um evento com a participação do Pastor Marcos Feliciano:
Título da Matéria:

Colunista critica postura de ativistas gays contra evangélicos; Pastor Marco Feliciano divulga novo vídeo do beijo durante o culto

A mais recente polêmica entre os ativistas gays e o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) segue provocando novas manifestações a respeito do assunto.
O colunista da revista Veja, Rodrigo Constantino, criticou a postura adotada pelos ativistas gays de elegerem Feliciano como “um espantalho” contrário ao movimento homossexual, que tem sido intolerante em sua visão.
“Esse episódio [do beijo durante o culto] mostra, uma vez mais, quem são os mais intolerantes nessa história toda. Dica: não parecem ser os evangélicos”, escreveu Constantino, que acrescenta: “Não era um simples beijo inocente como as garotas dão a entender. Foram lá para isso, para chocar, para prejudicar o culto religioso, para avacalhar com a liberdade dos crentes. Grande tolerância!”, critica.
Constantino trata o episódio como uma provocação por parte dos ativistas gays: “Qual seria a reação dos membros do movimento gay se o Feliciano e seus crentes fossem nas passeatas gays com Bíblias nas mãos, gritando que aqueles pecadores vão arder no inferno, e tentando convertê-los na marra durante a festa? Pois é”, pondera.
“Alguém realmente acha que a reação seria pacífica e tolerante? Piada de mau gosto. Muitos do movimento gay já cansaram de demonstrar que se julgam acima das leis, que podem subir em mesa no Plenário para impor no grito suas ideias, que podem ridicularizar e até tocar no pastor durante um voo comercial”, relembra o colunista.
Rodrigo Constatino ressalta que direciona suas críticas aos ativistas: “Para começo de conversa, é importante ressaltar que pegar Marco Feliciano como ícone de um movimento dito ‘conservador’ é conveniente para o movimento gay. É caricato demais. Um espantalho fácil de derrotar. Muitos repudiam o movimento gay (não confundir com os gays em si) e, ao mesmo tempo, repudiam o pastor também”.
O Beijo
A assessoria do pastor Marco Feliciano publicou , 17 de setembro, um vídeo sobre o caso, com seis minutos de duração.
O vídeo aborda o caso de uma maneira diferente da apresentada pela mídia em geral, e mostra o contexto do evento, ressaltando que o palco e o local dedicado à plateia estavam num espaço fechado, destinado ao culto do Glorifica Litoral.
No Twitter, o pastor Marco Feliciano voltou a comentar o porquê pediu a prisão das duas jovens ativistas: “Vejam o que a imprensa não viu, mas militou. Uma das garotas tirou a blusa… Num culto cristão! O mestre de cerimônia alertou, citou a lei e pediu encarecidamente que não violassem o local de culto, mas ignoraram”, publicou o pastor.
Pelo facebook, um dos colunistas do Arte de Chocar e editores do UMP da Quarta, Rodrigo Ribeiro mencionou o seguinte:
“Bem vindo a nossa sociedade pós-moderna ou neo pagã.
Toda a pluralidade é aceita e respeitada, menos a que provém da fé Cristã.
Nos confortamos no governo soberano de Cristo e na certeza que nem toda a depravação humana irá ofuscar o brilho de sua glória.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. [Eclesiastes 1:9]
Esta parada de beijo gay no culto do Feliciano foi um tiro no pé. Um princípio básico da laicidade é respeitar a autonomia dos espaços religiosos, sem a integridade do espaço religioso, não há integridade do espaço público. Sem querer, querendo, fica claro que estes atos (falhos?), apontam para as intenções hegemônicas de um determinado discurso.”

A Soberania de Deus e as Nossas Orações


Por Arthur W. Pink
"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve." 1 João 5:14
Existem algumas perguntas que surgem na mente das pessoas quando pensam acerca da soberania de Deus.
Já dissemos que as pessoas são incapazes de escolher ser salvos de seus pecados a menos que Deus mesmo mude sua natureza pecaminosa.
Então, a primeira pergunta que responderemos é esta: se Deus realiza o câmbio na natureza das pessoas, por que devem esforçar-se os crentes em pregar o evangelho a todos? temos aprendido que por natureza os homens são pecaminosos, que por si mesmos não podem escolher crer em Cristo. Por que, então, os crentes devem urgir às pessoas a crerem? A resposta é esta: aos crentes lhes é ordenado por Deus pregar o evangelho a todos.
Não pregamos o evangelho pensando que os ouvintes inconversos tenham em si mesmos a capacidade para receber a Cristo como seu Senhor. Pregamos porque sabemos que isto é o que Deus tem nos comissionado fazer.
Sabemos que quando o evangelho é pregado, Deus mesmo fala eficazmente a alguns daqueles que escutam. Àquelas pessoas que Deus tem escolhido, lhes é dada a disposição para crer. Crer que Deus está no controle de tudo é de grande ajuda e estímulo para a pregação evangélica. Os crentes sabem que as pessoas escolhidas por Deus se arrependerão dos seus pecados quando escutem acerca de Jesus Cristo o Salvador.
De fato, esta convicção de que Deus está realizando seus propósitos mediante a pregação, é a base da verdadeira pregação evangélica. Veja Isaias 55:10-11, 2 Coríntios 2:14-17, Romanos 10:14-15 e 1 Pedro 1:23.
Em segundo lugar, outra pergunta que pode surgir é esta: se Deus tem determinado o que vai acontecer, e se também tem o controle sobre tudo o que acontece, então, existe alguma razão para orar? Se Deus já tem tomado todas as decisões, seguramente a oração não tem valor algum. Nós não podemos mudar a vontade de Deus. A nossa resposta é a seguinte: devemos entender o significado verdadeiro da oração. Alguns dizem que a oração é a forma em que Deus permite que as nossas vontades tenham influência no que acontece. Mas a Bíblia ensina claramente que é Deus quem faz com que as coisas sucedam. Portanto, a idéia de que as nossas orações fazem que as coisas aconteçam é errada. Outras pessoas dizem que a oração é uma forma de conseguir que Deus mude a Sua vontade. Mas, como já vimos, Deus já tem decidido exatamente o que vai acontecer. A oração não é algo que possamos usar para mudar as coisas; a nossa oração não muda a vontade de Deus.
A oração é a maneira assinalada por Deus para honrá-Lo. A oração é um meio de adoração a Deus. a oração é o reconhecimento de que dependemos totalmente de Deus, por todo o que somos e o que temos. A oração é o método divino para pedir a bênção de Deus.
A oração faz com que percebamos quão pequenos e fracos somos, e quão grande é Deus. a oração é um dom de Deus para seu povo, a fim de que eles Lhe peçam as coisas que Deus tem determinado. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para efetuar os Seus propósitos eternos. (Veja os seguintes textos que afirmam esta verdade: Mateus 5:10; 1 João 5:14; Romanos 8:26-27).
Além disso, Deus tem determinado que a oração seja um meio para efetuar sua vontade, tal como a pregação do evangelho é o meio utilizado por Deus para salvar os pecadores. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para executar Seus propósitos eternos.
Assim sendo, quando os crentes oram não o fazem para mudar o plano de Deus, senão para que o pano de Deus seja executado. Os crentes podem orar por certas coisas com confiança porque sabem que estão incluídas no plano de Deus. Quando dizemos a Deus as nossas necessidades, estamos encomendando-nos ao Seu cuidado, e Lhe suplicamos que trate com elas de conformidade com Seu plano. Então, pode perceber-se que a oração é basicamente uma atitude, uma atitude de dependência total de Deus. A oração é o oposto de dizer a Deus o que Ele tem que fazer, porque a oração pede para que a vontade de Deus seja feita. Assim, isto responde a nossa pergunta acerca da razão para orar. Os crentes oram por coisas que concordam com o plano que Deus tem pré-determinados, ou seja, coisas que são parte do mesmo plano de Deus. Os crentes oram, não para mudar o plano de Deus, senão para aceitá-lo e achar a bênção de Deus através desse plano.
Em terceiro lugar, talvez a seguinte pergunta tenha chegado a inquietar você: Se Deus tem decidido todo o que sucede, então por que devem preocupar-se os crentes em serem bons? Se Deus tem planejado que os crentes serão bons, então, por que devem preocupar-se de sê-lo eles mesmos?
Mais uma vez, a resposta básica é que os crentes fazem bem, porque Deus tem lhes mandado fazer o que é bom. Em realidade, o conhecimento de que Deus controla todas as coisas ajuda os crentes a realizar o que é bom.
Os crentes confiam em que Deus pode lhes dar a capacidade de realizar coisas boas. Os verdadeiros crentes sabem que em si mesmos não têm o poder de fazer o que Deus tem lhes ordenado. É, portanto, que confiam em que Deus pode lhes dar a fortaleza que necessitam para obedecer a Sua vontade.
Por último, talvez você tenha pensado que é injusto e cruel de parte de Deus escolher só certas pessoas para serem salvas. Porém, lembre-se do seguinte: se Deus não tivesse escolhido e salvo alguns, então ninguém teria sido salvo do pecado. Se Deus não tivesse escolhido ninguém, então todos nós teríamos morrido em nossos pecados. Deus não é injusto ao escolher salvar alguns e outros não, porque ninguém tem o direito de ser salvo, quer dizer, Deus não "deve" a salvação para ninguém. A salvação é inteiramente um assunto da bondade de Deus para as pessoas que não a merecem. Deus tem mostrado sua bondade a certas pessoas, segundo melhor Lhe pareceu a Ele (veja Mateus 11:25-27).
Nós poderíamos pensar que teria sido melhor que Deus salvasse todos, mas não estamos capacitados para decidir isto. Não somos capazes de ver e compreender todo o que Deus vê e compreende. Os caminhos de Deus não são como os nossos caminhos, e nós não podemos compreendê-los integramente (Veja Isaias 55:8-9 e Romanos 11:33-36). Todo quanto podemos dizer é que Deus tem demonstrado seu amor na eleição e salvação de gente que não merece sua bondade. Então, permita-me fazer-lhe uma última pergunta: É você uma das pessoas que Deus tem escolhido para salvação? Existe algum desejo em seu coração de ser uma das pessoas que pertencem a Deus?

Deus Controla a História


"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."
Romanos 11:36
Por A. W. Pink

Até agora temos visto que Deus controla tudo, incluindo a salvação das pessoas que Ele tem escolhido. Deus o Pai escolheu certas pessoas para serem salvas; Deus o Filho morreu para salvá-las, e Deus o Espírito Santo lhes outorga a vida espiritual. Mas, está Deus controlando tudo conforme um plano determinado ou está continuamente mudando este plano? Neste capítulo veremos que Deus está controlando tudo de acordo a um plano fixo e predeterminado.

Muita gente ficaria de acordo com que Deus sabe de antemão o que acontecerá no futuro. Assim sendo, se Deus sabe o que sucederá, isto só pode significar que no passado Ele decidiu o que devia acontecer; já que se Deus não tivesse decidido o que sucederia, não poderia ter conhecido com plena certeza o que haveria de acontecer. A presciência (pré-conhecimento) de Deus não faz que as coisas aconteçam,; elas acontecem devido a que Ele já tinha decidido que sucedessem. Em Atos 15:18 diz que Deus conhecia o que ia acontecer desde antes que o mundo começasse: "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras". Isto significa que Deus tem um plano fixo e que não o muda. (NOTA DO TRADUTOR: quando a Bíblia fala de que Deus se arrepende, por exemplo, em Gênesis 6:6, não devemos entender a palavra "arrependimento" como se tivesse acontecido uma mudança em Deus. Também não devemos concluir que isso signifique o surgimento de algo não previsto por Deus em seu pano eterno. Temos que interpretar o arrependimento de Deus à luz de outras escrituras e à luz da natureza e dos atributos do próprio Deus. Por exemplo, temos que levar em conta os seguintes versículos para poder entender o que significa o arrependimento de Deus: 1 Samuel 15:29 declara o seguinte: "E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa". Tiago 1:17 afirma que "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." ["variação" significa "mudança"]. O salmista disse: "Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Salmo 115:3). Isaias proclamou: "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Isaias 14:27). Nabucodonosor, ao voltar a si, afirmou: "E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" (Daniel 4:35). Jeová diz por boca de Isaias: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" (Isaias 46:9-10). Outra vez o salmista escreve: "O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração" (Salmo 33:11). Por fim, o apóstolo Paulo no Novo Testamento: "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Romanos 11:36). Estes versículos nos conduzem a afirmar que a única interpretação correta do arrependimento de Deus é que se trata do uso de um antropomorfismo. Ou seja, que Deus digna-se falar-nos como se fosse um homem, utilizando uma linguajem humana, como se Deus experimentasse uma mudança. Mas em realidade a mudança está nos homens e na maneira como Ele trata com eles, e não na natureza de Deus.)

Vejamos qual foi o plano de Deus quando fez o mundo e todas as pessoas que o habitam. A Bíblia nos diz em Provérbios 16:4 que Deus fez todas as coisas para Si mesmo. Em Apocalipse 4:11 diz que Deus criou todas as coisas para Seu próprio prazer. Quando criou o mundo e especialmente quando criou o homem, tinha a intenção de manifestar sua própria glória. No obstante, Deus sabia perfeitamente, antes de criar o homem, que ele cairia. Portanto, antes que o mundo fosse feito, Deus decidiu salvar a muitas pessoas por meio do Senhor Jesus Cristo. Assim sendo, a salvação de muitos pecadores através de Cristo Jesus fez parte do plano de Deus antes que o mundo fosse feito. Deus planejou manifestar a sua bondade através da salvação de muitas pessoas pecadoras. E sendo que Deus sempre tem controlado o mundo desde a criação, Ele é perfeitamente capaz de executar seu plano de salvar a muitos pecadores dos seus pecados.

Num capítulo anterior vimos que Deus controla as coisas inanimadas e os animais. Também vimos que Deus tem usado tanto as coisas inanimadas como os animais para proteger, cuidar e ainda advertir o seu povo escolhido. Assim sendo, tanto as coisas inanimadas como os animais são utilizados por Deus em seu plano. Mas, como controla Deus os homens para efetuar seu plano de salvar seu povo de seus pecados? Primeiro consideraremos como Deus opera na vida dos seus, aqueles que têm sido escolhidos para serem salvos.

Em primeiro lugar, Deus vivifica espiritualmente seu povo escolhido.

Em si mesmas, estas pessoas não são diferentes das outras; ou seja, não desejam obedecer a Deus, assim como os outros também não o desejam. Porém Deus muda a natureza das pessoas que Ele tem escolhido a fim de que eles desejem realmente ser santos e obedecê-Lo. Esta mudança é tão grande que a Bíblia a define como "um novo nascimento". Ser vivificados espiritualmente não é meramente uma mudança temporal de opinião, senão um câmbio completo, o qual alcança a pessoa completa (sua mente, suas emoções e sua vontade). Esta mudança dura para sempre e é operada em conformidade com o plano de Deus.

Em segundo lugar, Deus dá fortaleza e poder a seu povo. Mediante este poder os crentes são capacitados para realizar o que Ele lhes ordena. Eles são capacitados para mostrar em suas vidas os frutos do Espírito: o amor, o gozo, a paz, a paciência, a fé, a mansidão e a temperança.

Em terceiro lugar, Deus guia as pessoas escolhidas a fim de que voluntariamente realizem as coisas que Lhe agradam. Em quarto lugar, Deus cuida de seu povo para que nesta vida possam continuar amando-O e servindo-O, cumprindo assim o Seu plano.

Em todas estas formas Deus efetua seu propósito de salvar a muitas pessoas de seus pecados. Mas também Deus efetua seus propósitos controlando a muitas pessoas malvadas. Vejamos como é Seu controle sobre este tipo de pessoas.

Em primeiro lugar, às vezes Deus evita que a gente má realize coisas malvadas. Em Números 23 a Bíblia nos fala de um homem chamado Balaão, quem tinha sido contratado para amaldiçoar o povo de Deus (os israelitas). Balaão mesmo queria amaldiçoá-los, porém Deus o deteve. Em vez de amaldiçoá-los, Deus fez com que ele os abençoasse. Assim, pois, Deus às vezes detém as pessoas malvadas de realizarem coisas perversas.

Em segundo lugar, às vezes Deus muda o pensamento das pessoas más a fim de que façam a Sua vontade. Por exemplo, quando os israelitas, o povo de Deus, foi cativo dos persas, Deus fez que o rei da Pérsia (Ciro) emitisse um decreto para a reconstrução do templo em Jerusalém.

O rei Ciro era um homem muito malvado, mas a sua mente foi mudada de modo que ele fizesse a vontade de Deus. Em terceiro lugar, às vezes Deus faz com que surja o bem das más ações das pessoas perversas. Isto se manifesta especialmente na crucifixão do Senhor Jesus Cristo. Apesar de que os homens maus simplesmente queriam matá-lo, foi por meio de Sua morte na cruz que Cristo salvou de seus pecados a todo seu povo escolhido.

Em quarto lugar, às vezes Deus faz que as pessoas más se tornem piores. (Assim o diz Romanos 9:18: "…e endurece a quem quer"). Deus faz com que sejam incapazes de ver o bom e o verdadeiro. Assim aconteceu com Faraó, o rei dos egípcios, de tal maneira que ele chegou a ser cada vez mais cruel com os israelitas. Para nós é difícil compreender por que Deus realiza tais coisas, mas podemos estar seguros de que o Juiz Justo de toda a terra não pode cometer injustiça, e que Ele manifesta a Sua grandeza e Sua soberania quando age assim. Então, Deus tem um propósito definido ao controlar o mundo e os seus habitantes. (Isto significa que Deus controla a história e seus acontecimentos). O plano de Deus é salvar a uma grande multidão de pessoas dos seus pecados. Ele dá ao seu povo eleito vida espiritual, poder, guia e proteção. Ele também impede, debilita, dirige ou incomoda o que a gente má faz. Assim sendo, todas as coisas são controladas por Deus e Ele efetua perfeitamente seu plano de salvar seu povo dos seus pecados. Que maravilhosa sabedoria e glória pertencem a Deus! não deve maravilhar-nos que os crentes O louvem pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito.

Você está "cansando" Deus?


Por Josemar Bessa
"Vocês têm cansado o Senhor com as suas palavras. Como o temos cansado? Vocês ainda perguntam.” -  Malaquias 2:17

O povo de Deus tem um longa história de murmurações e reclamações dirigidas a Deus. Desde de o Éden de alguma forma o homem tenta responsabilizar Deus por aquilo que ele acha não estar acontecendo segundo seus desejos, ou para justificar seus erros.

As coisas não eram diferentes nos dias do profeta Malaquias. Entre outros argumentos levantados em suas murmurações eles diziam:

1) O Senhor está tratando os maus como os bons.

2) Tu estás sentado no “céu” não fazendo nada a respeito dos problemas evidentes. Tu devias vir e julgar os ímpios.

Eles desejavam o Deus que lançou as 10 pragas no Egito, que fez fogo descer sobre o monte Carmelo e trouxesse julgamento aos seus inimigos. Não havia neles NENHUM  zelo pela glória de Deus. Eles só queriam que seus problemas fossem embora, então eles resmungaram, murmuraram...

É fácil estar descontente também. Vivemos vidas ocupadas, aborrecida muitas vezes, achamos não ter o dinheiro suficiente, saúde suficiente, não somos reconhecidos o suficiente, a igreja local não tem sido boa para mim o suficiente... “estou muito magro, estou muito gordo, estou com baixa auto-estima, sou muito baixo, sou muito alto, queria estar casado, queria estar solteiro, queria outro carro, queria outro emprego, queria outro chefe, queria ter filhos, os filhos vieram na hora errada...” – e por aí vai, choramingando como crianças de 3 ou 4 anos de idade.

Mas Deus chama o seu povo a paciência, longanimidade... e que confiem nEle. Quando realmente cremos que Deus está trabalhando todas as coisas de acordo com a sua boa vontade e para nosso bem final, estamos livres para viver como Paulo diz em Filipenses 2.14: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas.”  

Mas como eles insistiram, Deus disse “Eu virei a vocês trazendo juízo.” - Malaquias 3:5

Eles estavam acusando Deus de omissão, de fazer vista grossa para o pecado ( dos outros, é claro, e não o deles). Eles queriam que Ele derrubasse os maus como nos bons e velhos tempos. Que surpresa, como sempre o homem fica, eles ficaram quando o Senhor atendeu o seu pedido e prometeu vir para perto deles para exercer julgamento.

Os Israelitas, como é comum, tinham o “dom” de saber exatamente o que estava errado como o mundo inteiro, com todas as outras pessoas. Esse era o problema, as outras pessoas... como hoje é tão comum – o problema é a igreja, são os outros... Eles nunca pensaram que pedir a Deus para consertar as coisas, que acusá-lo de omissão, poderia implicar em Deus corrigi-los.

Ter o “dom” de ver o problema no mundo inteiro nos cega para um Deus que irá nos confrontar naquilo que nos recusamos a ver em nós mesmos. Qualquer oração nesta base não passa de ser uma voz que “cansa” Deus.

Felizmente, o Senhor não veio apenas para julgamento, Ele veio sobre eles para refiná-los. Ele veio para fazer deles um povo que realmente estivesse firme em sua Aliança, Deus veio martelar a espada sobre a bigorna para que o mundo pudesse ver neles um reflexo do Deus santo que Ele é. A verdadeira piedade flui através de um fogo refinador da parte de Deus para nós.

Se queremos santidade, se queremos a comunhão da presença de Deus, se devemos ser fiéis... isso certamente significará dificuldades e repreensão... mas se tudo o que fazemos é exercer o “dom” de ver o problema no mundo, na igreja, nos outros... “cansamos” Deus e nos enganamos chamando isso oração. Você terá que olhar o trabalho de Deus em você, e ao invés de “cansa-lo” com murmurações, terá que dizer como Davi: “Foi bom para mim ser afligido, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71).