terça-feira, 1 de outubro de 2013

Os inimigos do crente em Jesus Cristo

Por Júnior Rubira
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16:33).

Jesus Cristo deixou bem claro aos seus discípulos que estes enfrentariam adversidades e diversos inimigos por causa da pregação do Evangelho, seriam perseguidos, caluniados e entregues a morte, passariam por muitas aflições, porém com a garantia de vitória sobre cada provação pois pela Graça do Mestre suportariam todas estas coisas (Mt 10:16-31; Mc 13:9).

Cristo sempre os estimulou para que pregassem com ousadia e não temessem pelas próprias vidas, sempre com o sentimento de total entrega à causa do Evangelho do Reino, tendo em vista sempre a glória futura e não as dificuldades do presente. Os pregadores do Reino de Deus ao longo da história enfrentaram vários inimigos de ordem espiritual e natural, tiveram que resistir aos sistemas governamentais corruptos e pagãos, aos falsos profetas e falsos mestres, enfrentaram privações e tentações pessoais, portanto podemos identificar três inimigos básicos de todo cristão genuíno:

1. O Mundo: Devemos entender por mundo todo o sistema contrário à mensagem do Evangelho que impera na sociedade, com todos os falsos conceitos que ele possui e com todas as práticas que desagradam a Deus. Devemos ter amor na pregação do Evangelho crendo no resgate de pessoas que são prisioneiras deste sistema maligno, mas não podemos amar as coisas que são do mundo, ou seja, suas falsificações, práticas pecaminosas e ideais anticristãos.

O mundo jaz no maligno, as pessoas estão cegas em seu entendimento pelo deus deste século e satanás usa este sistema maligno de todas as maneiras para impedir o avanço do Evangelho e a salvação das almas, não podemos nos constituir amigos deste mundo em seus ideais e práticas, antes devemos proclamar o desejo de Deus segundo o Evangelho (1 João 5:19; 2 Coríntios 4:4; Tiago 4:4; 2 Coríntios 10:3-5).

Devemos nos defender das ofensivas deste sistema corrompido segundo a armadura espiritual que Deus tem nos dado (Ef 6:13-18), não ignorando os ardis do inimigo (2 Co 2:11), vivendo com sobriedade e vigilância (1 Pd 5:8), e claro, combatendo com a fé que nos foi dada, sendo esta a vitória que vence o mundo (1 J0 5:4-5).

2. A Carne: Por carne devemos compreender o princípio pecaminoso que está dentro de todo homem, a carne é representação da natureza pecaminosa, a corrupção original pela qual todos ficamos indispostos para as coisas que são de Deus transgredindo Sua Lei (Rm 3:9-18, 23), estes impulsos pecaminosos são identificados pelas obras más dos homens (Gl 5:16-21) e só podem ser controlados pela inteira dependência do Espírito de Deus que em sua obra regeneradora produz transformação espiritual no crente (Gl 5:22-25).

Sobre isto declara a Confissão de Fé de Westminster:

Esta corrupção da natureza persiste, durante esta vida, naqueles que são regenerados; e, embora seja ela perdoada e mortificada por Cristo, todavia tanto ela, como os seus impulsos, são real e propriamente pecado.

Rom. 7:14, 17, 18, 21-23; Tiago 3-2; I João 1:8-10; Prov. 20:9; Ec. 7-20; Gal.5:17.

Sendo assim, nossa luta contra a carne deve ser constante.

3. O Diabo: Este ser maligno se opõe a Deus e a Seus servos, se valendo de enganações e sutis ciladas contra o crente, é persistente em procurar um momento oportuno para tentar tragar os escolhidos e tem poder, embora limitado, que jamais devemos subestimar (2 Co 1:22; Ef 2:11; 1 Pd 5:8; Ef 6:12; 1 Jo 4:4; Jd 9).

Porém não devemos temer as forças espirituais do mal, afinal Jesus Cristo venceu todos os principados e potestades na cruz do Calvário, expondo-os publicamente, triunfando deles e decretando nossa absolvição de todo escrito de dívida (Cl 2:12-15). Cristo é quem esmagará debaixo dos nossos pés a satanás! (Rm 16:20).

Conclusão

Não devemos temer nenhum adversário, nenhuma tribulação ou qualquer outra coisa que se levante contra nós, pois estamos guardados em Jesus Cristo, não pereceremos pois estamos nas mãos do Deus Todo-Poderoso, que é fiel para nos livrar de tropeço e nos apresentar em alegria no último dia, nEle somos mais do que vencedores! (Jo 10:27-28, 16:33; Rm 8:1, 31-39; Jd 24-25).

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” (Rm 8:18). Deus vos abençoe!

Cinco Argumentos em Favor da Segurança Eterna do Crente

 
Por Warren W. Wiersbe

"Quem nos separará do amor de Cristo?" Rm 8:35 

A ênfase desta última seção é sobre a segurança do cristão. Não precisamos temer o passado, o presente ou o futuro, pois estamos seguros no amor de Cristo. Paulo oferece cinco argumentos para provar que o cristão não pode ser separado de seu Senhor.

Deus é por nós (v. 31). O Pai é por nós e provou esse fato entregando seu Filho (Rm 8:32). O Filho é por nós (Rm 8:34) e o Espírito também (Rm 8:26). Deus faz todas as coisas cooperarem para nosso bem (Rm 8:28). Deus é por nós em sua Pessoa e em sua providência. Por vezes, lamentamos como Jacó: "Todas estas coisas me sobrevêm" (Gn 42:36), quando, na verdade, tudo está trabalhando em nosso favor. A conclusão é óbvia: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?".

O cristão precisa começar cada dia ciente de que Deus é por ele. Não há nada a temer, pois o Pai amoroso deseja apenas o que é melhor para seus filhos, mesmo quando precisamos passar por provações para receber o que ele tem de melhor a oferecer. "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais" (Jr 29:11).

Cristo morreu por nós (v. 32). Vemos aqui uma argumentação em ordem crescente. Se, quando éramos pecadores, Deus nos deu seu melhor, agora que somos filhos de Deus, acaso ele não nos dará tudo de que precisamos? Jesus empregou essa mesma argumentação quando tentou convencer as pessoas de que era inútil se preocupar e temer. Se Deus cuida dos pássaros e das ovelhas, e até mesmo dos lírios, certamente cuidará de nós! Deus se relaciona com seus filhos com base na graça do Calvário, não com base na Lei. Deus concede todas as coisas em abundância aos que lhe pertencem!

Deus nos justificou (v. 33). Isso significa que nos declarou justos em Cristo. Satanás deseja nos acusar (Zc 3:1-7; Ap 12:10), mas, em Cristo Jesus, somos justos diante de Deus. Somos os eleitos de Deus - escolhidos em Cristo e aceitos em Cristo. Uma vez que é Deus quem nos justifica, por certo não nos acusa. Para ele, acusar os seus seria o mesmo que dizer que sua salvação falhou e que continuamos vivendo em nossos pecados.

Podemos experimentar paz no coração quando entendemos o significado da justificação. Quando Deus declara que o pecador que crê foi justificado em Cristo, trata-se de uma declaração inalterável. Nossas experiências com Cristo mudam cada dia, mas a justificação é sempre a mesma. Podemos nos acusar a nós mesmos ou sofrer a acusação de outros, mas Deus jamais nos acusa. Jesus já pagou o castigo, e estamos seguros nele.

Cristo intercede por nós (v. 34). A segurança do que crê em Cristo se deve a uma intercessão dupla: o Espírito intercede (Rm 8:26, 27) e o Filho de Deus intercede (Rm 8:34). O mesmo Salvador que morreu por nós intercede por nós no céu. Como nosso Sumo Sacerdote, pode nos dar a graça de que precisamos para superar a tentação e derrotar o inimigo (Hb 4:14-16). Como nosso Advogado, pode perdoar nossos pecados e restaurar nossa comunhão com Deus (1Co 1:9 - 2:2). Essa intercessão significa que Jesus Cristo nos representa diante do trono de Deus e que não precisamos nos defender.

Paulo deixa esse ministério de intercessão subentendido em Romanos 5:9, 10. Não apenas somos salvos por sua morte, mas também por sua vida. "Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7:25). Pedro pecou contra o Senhor, mas foi perdoado e restaurado à comunhão por causa de Jesus Cristo. "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lc 22:31,32). Ele está rogando por todos nós, e esse ministério garante que estamos seguros.

Cristo nos ama (vv. 35-39). Em Romanos 8:31-34, Paulo prova que Deus não falha conosco; mas será que podemos falhar com ele? E se vacilarmos em meio a alguma grande provação ou tentação? O que será de nós? Paulo trata desse problema nesta última seção e explica que nada nos separará do amor de Jesus.

Em primeiro lugar, Deus não nos protege das dificuldades da vida, porque precisamos delas para nosso crescimento espiritual (Rm 5:3-5). Em Romanos 8:28, Deus garante que as dificuldades da vida trabalham a nosso favor, não contra nós. Deus permite que venham as provações, a fim de usá-Ias para nosso bem e para a sua glória. Uma vez que suportamos as provações por amor a ele (Rm 8:36), é possível nos abandonar? De modo algum!

Antes, quando passamos pelas dificuldades da vida, ele está mais próximo de nós. Além disso, ele nos dá o poder de conquistar a vitória (Rm 8:37). Somos "mais que vencedores"; literalmente, somos "supervencedores" por meio de Jesus Cristo! Ele nos dá vitória sobre vitória! Não precisamos temer a vida nem a morte, nem as coisas do presente, tampouco as do futuro, pois Jesus Cristo nos ama e deseja nos dar a vitória.

Não se trata de uma promessa condicional: "Se fizermos isso, Deus fará aquilo". Essa garantia em Cristo é um fato comprovado, e nos apropriamos dele porque estamos em Cristo. Nada pode nos separar de seu amor!

Podemos crer nessa verdade e nos regozijar!

Os Cinco Solas Deturpados

Estamos no mês em que a reforma protestante completa 494 anos, e em muitas igrejas históricas essa data não é nem mencionada.

Em contra partida, igrejas que não tem nenhuma ligação direta com a reforma tem dado a sua própria interpretação da reforma protestante e mais particularmente ao que conhecemos como os cinco lemas da reforma.

O SOLA GRATIA DETURPADO

“Somente a Graça” , assim como quase todas as palavras, o termo “graça” teve o seu sentido original deturpado.

Quando essa palavra é pronunciada, as pessoas têm a noção de que a graça de Deus é algo que ele deve a cada um dos seres humanos, geralmente associamos essa palavra com o favor de Deus para com todos (graça comum).

E há quem pense que Deus não é gracioso se não der uma oportunidade de salvação a todos os homens, como se a graça de Deus fosse uma obrigação que ele tem para com todos os homens.

Mas o que os reformadores queriam dizer com “sola gratia”? (somente a graça), a afirmação de que somente um ato da graça de Deus poderia nos tirar de nossa condição terrível de morte espiritual (Ef 2,8) exclui qualquer obrigação de Deus para conosco, pois a graça de Deus no que tange ao seu tratamento para com os homens é um Dom, e no exercício de sua soberania ele os distribui a quem quer :

"Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer dá-la. (Jo 5,21)

Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão" (Rm 9:15)

O exercício da misericórdia e da bondade de Deus não são obrigatórios para com os homens, até porque, nós merecemos a ira de Deus e a condenação eterna por termos aviltado a glória e a santidade de um Deus eterno.

Quando os reformadores diziam “sola gratia” não estavam dizendo simplesmente que a salvação não é mais conquistada pelas obras, mas estavam dizendo que nós não temos qualquer direito ou reivindicação a fazer diante de Deus, e que mesmo Deus salvando somente quem ele quer, não fará dele menos gracioso do que ele é, pois a graça de Deus é um atributo de Deus.

O SOLA FIDE DETURPADO:

“Somente a fé” essa declaração aponta originalmente para a questão da justificação pela “Fé somente”, que no dizer de Lutero “é a doutrina sobre a qual a igreja está de pé ou cai”.

Recentemente, ao ouvir uma breve exposição sobre o sola fide, vi que nada foi dito a respeito da justificação pela fé, muito pelo contrário, o que ouvi foi uma abordagem tão divorciada do seu sentido original que a fé presente nessa fala apenas substituiu como obra meritória as próprias obras que estavam sendo colocadas como condição de salvação pela igreja romana na idade média.

Precisamos entender que a “Fé” presente nessa declaração, não é algo que o homem já nasce com ela, mas é um dom de Deus (Ef 2, 8-10). Os reformadores não estão defendendo “a fé na fé”, ou declarações contraditórias do tipo: ”Deus não exige nada de você, apenas que você tenha fé”.

Na teologia dos reformadores a fé não era uma moeda de troca pela salvação, o sola fide expressava não somente uma postura contrária a venda de indulgencias e à prática de boas obras como condição para se adquirir a salvação, mas também enfatizava que essa fé que faz o pecador enxergar que os méritos de cristo são transmitidos a ele, é puro dom de Deus:

“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele”, Filipenses 1:29

“... fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo”. Efésios 6:23

“... da fé que Deus repartiu a cada um”. Romanos 12:3

“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. Romanos 10:17

O SOLA SCRIPTURA DETURPADO

“Somente a Escritura” geralmente quando estudamos sobre a reforma entendemos de cara o sola scriptura, pois essa afirmação diz respeito à posição dos reformadores quanto à tradição da igreja católica que naqueles dias era posta em pé de igualdade ou até mesmo superioridade às escrituras.

Os reformadores rejeitaram a tradição como autoridade normativa para a igreja, mas será que o conceito de sola scriptura se resumia a rejeitar a tradição da igreja?

Em nossos dias a doutrina da suficiência das escrituras tem sido abandonada e quase sempre deturpada. Quando os reformadores diziam sola scriptura estavam afirmando a suficiência das escrituras não somente quanto à tradição da igreja, mas acima de tudo quanto a revelação de Deus para a humanidade, as escrituras eram a palavra final de Deus.

Os mesmos que dizem hoje “sola scriptura” são também os que defendem que a escritura não é suficiente para eles, pois ainda estão à procura de uma “palavra” de Deus pra suas vidas ou até mesmo de uma nova revelação “quentinha” da parte de Deus e à parte das escrituras que sirva como guia pra suas vidas.

Os que confessam atualmente os solas da reforma também acreditam que Deus pode falar “extra-scriptura”, algo totalmente novo que ele ainda não tinha revelado em sua palavra.

Pra essas pessoas as escrituras não são suficientes e a confissão sola scriptura não passa de mero reconhecimento de que a bíblia também é a palavra de Deus.

O SOLUS CHRISTUS DETURPADO

A igreja medieval estava cheia de “mediadores”, o culto aos santos e as relíquias eram com certeza a bola da vez.

Quando os reformadores afirmaram a suficiência de Cristo estavam rompendo com toda a gama de intercessores e mediadores que faziam parte do panteão da igreja romana.

A pergunta que se deve fazer é a seguinte: quem era Cristo para os reformadores?
Alguém poderia argumentar da seguinte maneira: eu até concordo com a erosão e deturpação dos outros solas, mas não tem como a igreja evangélica ter pervertido a crença na suficiência de cristo como salvador e mediador (a não se que ela tenha se tornado uma seita).

Se os outros solas estão comprometidos, então não há como o solus christus permanecer intacto.

Se o ensino da graça soberana saiu dos lábios do próprio Cristo, mas o que vemos hoje em dia é na verdade uma espécie de universalismo, o solus christus foi abandonado.

Ainda que as confissões da igreja moderna quanto à divindade de Cristo sejam defendidas, que espécie de Deus não pode fazer valer a sua vontade soberana?

Quando a fé salvadora é reduzida a mero pensamento positivo sobre Deus, ou quando se ensina que todos possuem dentro de si mesmos a capacidade de crer salvadoramente em Deus, então o solus Christus está sendo uma mera confissão subjetiva, pois que necessidade haveria de um sacrifício divino e substitutivo se todos nós já possuíamos a capacidade de exercer a Fé que nos salvaria?

Dizer que acredita na suficiência das escrituras, mas apoiar-se em experiências subjetivas e emocionais como a palavra final de Deus, é negar o solus christus, pois foi o próprio Cristo quem nos ensinou que tudo que precisávamos saber ou crer a respeito dele estava nas Escrituras (Lc 24,27).

Quando se confessa um Cristo que morreu apenas para possibilitar a salvação, e que apesar de ser “soberano” não pode interferir no “livre-arbítrio” dos homens, e que é incapaz de sustentar e fazer perseverar até o fim aquele por quem ele morreu, com certeza esse não era o solus christus da reforma, mas infelizmente é o cristo que é confessado e pregado pela grande maioria dos evangélicos modernos.

O SOLI DEO GLÓRIA DETURPADO

“Somente a Deus a glória” parece até irônico, num tempo em que é tão comum ouvirmos pessoas gritando nos cultos “Glória a Deus!” é justamente o tempo onde Deus tem sido menos glorificado.

Esse brado dos reformadores nos lembra a verdade de que não resta glória alguma para o homem na obra da salvação (e em nenhuma outra obra).

A glória de Deus estava sendo aviltada no período dos reformadores quando o poder aquisitivo era capaz de comprar a salvação (as indulgencias).

Nos nossos dias a glória de Deus também é aviltada quando alguém diz que Deus faz 99% na salvação, mas nós precisamos fazer 1% de modo que o sujeito não é salvo por Deus, mas Deus apenas o ajudou a se salvar.

No evangelho atual, “glória a Deus” se tornou uma resposta por aquilo que ele nos proporcionou de bom nessa vida, ou por alguma promessa de prosperidade que supostamente ele nos fez em alguma reunião.

Só poderemos dizer como os reformadores “soli Deo glória” quando entendermos que a graça é um milagre de Deus que soberana e livremente nos alcançou. Quando confessarmos que a “nossa” Fé não é algo inato, mas que foi o próprio Cristo quem nos deu a graça de crermos nele (Fl 1,29) e que ele mesmo é o “Autor e consumador da nossa fé” (Hb 12, 2).

Deus só será glorificado por nós quando reconhecermos que a sua palavra escrita é suficiente para responder aos anseios do nosso coração corrompido. Quando o cristo for confessado como Deus verdadeiro e salvador nosso, quando não restar nenhuma glória para o homem.

Chamados para servir


A advertência de Cristo à igreja de Laodicéia continua servindo de alerta aos crentes de hoje.

Jesus, ao dirigir-se à igreja em Laodicéia, fez afirmações que são plenamente aplicáveis em nossos dias. Um dos momentos mais confrontadores na carta é encontrado quando Cristo revela àqueles crentes que eles viviam uma ilusão. O que pensavam a seu próprio respeito era incrivelmente distinto da visão que o Senhor tinha acerca daquela igreja: “Dizes, estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma; e nem sabes que tu és infeliz; sim, miserável, pobre, cego e nu”.

“Nem sabes” é uma expressão que denota clara ignorância. A igreja de Laodicéia não sabia. Ela fazia aquele papel típico de pessoas que se vêem sadias, mas estão doentes; acham-se bem vestidas, mas estão ridiculamente maltrapilhas; sentem-se sãs, mas encontram-se terrivelmente doentes; acham que são o máximo em inteligência, porém agem como estúpidos; e julgam que estão agradando a Deus, mas vivem para si próprias – querem atender apenas seus desejos, satisfazer seus anseios e seguir seus valores.

“Que és infeliz...” Que observação intrigante e triste. Talvez os de Laodicéia tenham chegado ao cúmulo da ignorância coletiva ao se julgarem abastados e felizes, estando na verdade perdidos, confusos e deprimidos. Mas há um aspecto psicológico a ser analisado aqui. Existem pessoas que vivem se enganando, constroem um ambiente de felicidade ao seu redor – “pois dizes, estou rico...” –, mas em seu íntimo ouvem constantemente uma voz de choro, melancolia e tristeza. É uma voz que não se cala.

Do ponto de vista da psicanálise, é assim que surgem as neuroses, pois com a tentativa de encobrir esta infelicidade, a repressão interna fecha a porta da consciência para o mal que está lá dentro e o indivíduo passa a sorrir de felicidade. Como o mal deseja se expor e é reprimido, ele consegue fabricar alguns pequenos “túneis” em outros lados da vida. E assim surgem manias, depressões, compulsões e tantas coisas que, nada mais e nada menos, expressam simplesmente a voz da infelicidade tentando ser ouvida.

Cristo vai ao fundo do inconsciente coletivo da igreja em Laodicéia e lhe revela o que ela mesma não desejava ouvir de ninguém, muito menos do Mestre. Talvez a mesma palavra do Filho de Deus se aplique hoje a tantas igrejas e a muitos de nós. Temos aparência de felicidade, mas há um grito inconsciente de tristeza e melancolia que eclode de nossa alma. Assim, há sorrisos que mascaram as dores; há celebrações de louvor que escondem pecados e imoralidade. Há uma aparência de vida e de saúde, mas um permanente estado de enfermidade crônica na mente e no coração.

Tenho encontrado líderes, pastores e missionários que vivem um caos em suas vidas, mas, pela motivação do ministério, tentam não permitir que a verdade que enfrentam se manifeste. Encorajam a outros enquanto sentem-se perdidos e em crise. Pregam a Palavra por obediência, mas sentem-se secos e sem fé. Falam sobre Jesus com entusiasmo, mas não se lembram mais do último momento de intimidade com Deus. A estes, gostaria de encorajar: Cristo está menos interessado em seu ministério e serviço do que em sua vida e saúde. O desejo do Mestre não é torná-lo uma máquina de produção no Reino de Deus, mas sim um filho autêntico, consciente da necessidade de cura e perdão, vivendo uma felicidade real, sem se esforçar para falar de Jesus.

Vejam o que acontece no serviço do ministro. Podemos usar de nossa liberdade de agenda como um trampolim para não servirmos de maneira fiel. Sempre gostei da característica livre que temos como obreiros. Precisamos, por certo, apresentar nossos relatórios e prestar contas, mas de forma geral fazemos nossas agendas. Estamos livres para vir e ir, marcar e desmarcar reuniões, atendimentos, visitas. No entanto, esta liberdade traz consigo um grande desafio – por um lado, o de não sermos ociosos, sem cumprir o desejo do Mestre; e por outro, não cairmos no ativismo em vez de fazermos um trabalho real. Para nós, as palavras de Cristo se apresentam de forma emblemática: “Conheço as tuas obras”.

Hudson Taylor nasceu em Yorkshire, na Inglaterra, em 1832, em um lar evangélico. Aos 13 anos, afastou-se do Evangelho por não ver mais razão de ser nos cultos, nos crentes e nas pregações. Não desejava mais orar ou ler a Palavra. Entretanto, havia em sua vida uma pregação que não se calava: era a vida e testemunho de sua mãe, que orava com devoção e perseverança por sua vida. Aos 17 anos, algo aconteceu que mudaria a vida de Hudson Taylor. Ele leu um folheto que falava sobre a obra consumada de Cristo. O Espírito Santo tocou seu coração, houve quebrantamento e entrega ao Senhor. Lemos no livro A história do grande missionário do interior da China, de Solange Lacerda Gomes da Silva (Editora Apec): “Quando sua mãe chegou de viagem, Hudson correu para encontrá-la: - Tenho boas notícias!, ele exclamou. - Eu sei, estou muito alegre com as notícias que você tem para me contar. - Como a senhora ficou sabendo? Amélia contou? - Não, há duas semanas senti um grande desejo de orar por sua salvação. Fui para o quarto e orei por você. De repente, soube que Deus respondeu e agradeci”.

Temos assistido a uma inversão de valores causada pela pobreza do conhecimento da doutrina, da visão e do caráter. Mas as vestes que Deus nos oferece são mais importantes que os trajes da riqueza humana, e o colírio do Senhor, mais importante que a visão humana. A convicção interna, os frutos no campo de trabalho e o reconhecimento da Igreja sobre nosso ministério são os três pilares que nos dão garantia da vocação. Mas Jeremias não teve frutos durante seus 40 anos de sofrimento ministerial; porém, sabia que era ungido de Deus. Os religiosos mataram Jesus e desaprovaram sua mensagem, mas Ele sabia que era o Ungido de seu Pai. Dentre estes três pilares, portanto, a convicção interna do chamado não pode faltar.

O elemento principal pelo qual Jesus nos julga é bem menos visível, menos contábil e certamente menos observado por aqueles que nos cercam. A Palavra fala sobre coração, alma, mente, espírito, sentimentos íntimos e desejos como elementos para nos fazer entender que uma vida íntegra define mais a nossa identidade perante Deus do que toda a roupagem que possamos vestir. Há algo que gostaria de pontuar nesta altura: Jesus conhece o secreto da sua vida. Ele certamente não se impressiona pelas grandes construções, realizações aplaudidas ou teses defendidas; nem se impressiona com comendas e troféus. O Carpinteiro olha direto para o seu coração e vasculha a sua alma. E é justamente neste campo que você será encontrado fiel ou não.

O Evangelho nos primeiros séculos reivindicava um modo transformado de vida. Era a santidade retirada do nível apenas teológico e trazida para a realidade mais simples, diária e prática de cada dia. Quando estas verdades atingiam as multidões, então o milagre começava a acontecer: homens ricos paravam de roubar para devolverem até quatro vezes mais aos que haviam defraudado; mulheres adúlteras largavam suas vidas de promiscuidade e transformavam-se instantaneamente em testemunhas; pescadores deixavam suas redes para seguir um carpinteiro de Nazaré; muitos vendiam tudo o que tinham para distribuírem entre os que nada possuíam; milhares morriam crucificados, queimados, degolados ou serrados ao meio por se recusarem a negar o seu Senhor, ao qual nunca haviam visto face a face – enfim, perseguidores se transformavam em perseguidos, lançando-se à morte para espalhar a verdade de salvação aos gentios. A santidade de vida fazia com que todos os crentes se dispusessem a abandonar tudo, se necessário fosse, e a repudiar a própria família, se exigido fosse. Esqueciam até da própria vida, se isso lhes fosse demandado, tão somente para encher a terra da glória do Senhor.

O objetivo existencial de Jesus, neste transitório ciclo de vida que temos no mundo, é levar-nos a orar como o salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável ”. A glória de Deus se manifestará de forma especial através do caráter do crente, e não de sua provisória reputação. William Hersey Davis, tentando fazer-nos diferenciar entre a ilusão do palco e a realidade da vida, compara caráter e reputação quando diz:

As circunstâncias nas quais você vive determinam sua reputação;
A verdade na qual você crê determina o seu caráter;
Reputação é o que pensam a seu respeito;Caráter é aquilo que você é;
Reputação é a fotografia;Caráter é a face.

Reputação fará de você rico ou pobre;
Caráter fará de você feliz ou infeliz;
Reputação é o que os homens dizem a seu respeito no dia do seu funeral;
Caráter é o que os anjos falam de você perante o trono de Deus.

Um pastor amigo, observando a sua própria trajetória através do livro Avalie a sua vida, de Wesley Duewel, desabafou anos atrás em uma carta: “Os aplausos levaram-me, durante anos, a pensar que tudo estava bem. Saía-me muito bem enquanto estava debaixo dos holofotes; comunicava-me com diversos grupos e era admirado por minha audácia na pregação. Muitos passaram a seguir o meu exemplo. Vários me diziam: ‘Desejo ser como você’. Não precisei orar muito para que o Espírito Santo me direcionasse para os pecados e falhas em meu caráter. Usava exemplos que não condiziam com a verdade; utilizava livremente o púlpito para atacar os grupos antagônicos ao meu ministério e escondia a depressão da minha mulher, provavelmente devido a meu comportamento arredio e soberbo em casa, para que não fosse passivo de crítica. Eu possuía todos os elementos para cair e permanecer prostrado. Louvado seja Deus por um dia que tirei para reavaliar a minha vida!”

Este pastor amigo percebia, entre outras coisas importantes, que nenhum homem vai além da sua integridade. E entendia o perigo de se construir um ministério ou mesmo uma reputação que não possua um caráter íntegro como fundamento. Nas palavras do próprio Duewel, “a única vida digna de ser vivida é aquela vivida para Deus” – e é neste íntimo relacionamento que perceberemos que somente uma boa semente trará bons frutos.

Quando Jesus confronta Laodicéia, Ele é enfático: “E nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. O Senhor de fato confronta toda sua Igreja, a cada um de nós, pois apresenta-nos a possibilidade de vivermos uma fantasia e nos escondermos da realidade. A procura por uma existência autêntica é a procura da verdade; é a manifestação de pararmos um dia em nossas vidas, olharmos para nossa existência com os óculos da Palavra e clamarmos por quebrantamento, conversão, mudança de rumo e de atitude. Há esperança.

Estive, em 2002, visitando uma região próxima a Maraã, no coração do Amazonas, onde vivem os povos kambeba, kokama e miranha. Eles eram tidos, até pouco tempo atrás, como grupos indígenas ainda não alcançados pelo Evangelho. Qual não foi minha surpresa ao chegar entre eles e ver ali a presença de uma forte igreja evangélica, que louva a Deus com fervor e amor. Procurando os autores daquele trabalho missionário, encontrei alguns crentes ribeirinhos, especialmente o seu João, como é conhecido. Pessoas simples, alguns ainda iletrados, mas com tremenda paixão pelo Senhor Jesus. Viviam em um “flutuante” formado por um cômodo apenas e, além das redes, possuíam somente uma cadeira e uma panela. Contaram-me então como, através do escambo e comércio com os indígenas, conseguiram lhes transmitir a Palavra de Deus e plantar ali a igreja.

Perguntei-lhes como foram parar ali, naquela região tão distante. Responderam-me: “Viemos ganhar a vida”. “E como está a vida?”, insisti. “Vai muito bem. Já plantamos seis igrejas para a glória de Deus!” Aqueles eram missionários sem sustento, aplausos ou reconhecimento. Eram simplesmente servos de Jesus, que confundiam o ganhar a vida com o ganhar de almas. Homens que passavam privações profundas para que o Evangelho chegasse até os habitantes do final do Rio Maraã. Julgavam-se pobres e cegos, mas eram ricos. A vida autêntica mantém a visão de Deus.

Pastor Tio Chico e suas histórias “maravilhosas”.


Quem assiste às piadas sem graça de programas como Zorra Total, A Praça é Nossa ou Show do Tom e conclui que o humor brasileiro vem padecendo de falta de criatividade precisa conhecer uma categoria nova de comediantes que atua em outras frentes. Padre Quevedo? Henri Cristo? Nenhum deles é páreo para o Pastor Francisco Vieira, que faz uma verdadeira romaria pelas igrejas evangélicas brasileiras narrando a saga do seu personagem mais famoso, o Ex-bruxo Tio Chico.

O auto ungido ex-bruxo tem uma agenda bastante disputada. Só em janeiro, segundo o seu site oficial, fez turnê por cinco cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Birigui-SP, Araçatuba-SP e Juquiá-SP, pregando em igrejas como Assembléia de Deus, Internacional da Graça e Evangelho Quadrangular. Em todos esses lugares, Tio Chico conta com riqueza de detalhes suas fantásticas aventuras, leva a platéia ao riso e à comoção e, como ninguém é de ferro, faz seu pé-de-meia.

Para quem nunca ouviu falar no ex-bruxo Tio Chico, recomendo uma visita ao You Tube ou a aquisição, por R$ 25,00, de seus DVDs de testemunho. O preço é salgado, mas é riso garantido. Francisco teria nascido em 18 de setembro de 1960, estando no momento com 47 anos. Se os cineastas brasileiros fossem mais atentos, a sua vida renderia um longa-metragem capaz de deixar Steven Spielberg no chinelo. Forrest Gump não tem a mesma riqueza dramática.

Tio Chico conta com naturalidade que fez três pactos com o Diabo. Estranho o fato dos dois primeiros terem sido invalidados. A precocidade é um dos pontos destacáveis do nosso herói. Segundo suas palavras, foi o Pai-de-Santo mais novo do Brasil, tendo conseguido a façanha com 10 anos de idade. Um fato que me impressiona na história de Tio Chico é a sua onipresença e capacidade de ultrapassar a barreira do tempo. Segundo informações do seu site, o bruxo Tio Chico transformou-se em nova criatura em 1990. Pouco tempo depois foi promovido a Pastor Francisco e percorre o país tornando conhecidas suas folclóricas atuações em diversas áreas, sempre com uma espantosa capacidade. Não se sabe como, Tio Chico foi funcionário do Banco Central por oito anos. Não se sabe também como chegou ao cargo de chefe de gabinete por meio de concurso público. Algo inédito no Brasil. Segundo o mago das finanças, desviava dinheiro dos clientes para sua conta e enviava sua dinheirama para paraísos fiscais na Suiça. Não se sabe também como o Banco Central tinha clientes comuns, ao estilo do Bradesco ou da Caixa. Tio Chico conta que lucrava milhões fazendo desvios.

Impressionante também é a onipresença de Tio Chico. Apesar de ter afirmado que morou em 19 capitais brasileiras, achou tempo para praticar Umbanda, Quimbanda, Vodu, Feitiçaria, Bruxaria,Cartomancia, Universo em Desencanto, Igreja do Diabo,seita do Reverendo Moon, Budismo, Hinduísmo, Nova Era, Meninos de Deus, Islamismo, Judaísmo, além de jogar búxios, baralho, ler mão, ver bola de cristal, ser coroinha da Igreja Católica. Acha pouco? Tio Chico dá o golpe de misericórdia: ele ocupou o mais alto posto da Maçonaria e revela detalhes curiosos como sacrifícios de criancinhas e bodes.

Um truque ainda não desvendado é como Tio Chico fazia para sair do Brasil, só para atender aos caprichos da sua exigente mulher e, almoçar em Miami, e voltar no mesmo dia. Só para se ter uma idéia, o maior avião comercial do mundo, lançado após a era Tio Chico, chega a fazer 1.010 km por hora. De São Paulo a Miami, por exemplo, são 6.561 km. Para ir, sem escala, considerando o exato momento de embarque e desembraque da aeronave, Tio Chico e sua garota gastariam 13 horas para realizar este pequeno luxo. Considerando o passeio de táxi até o aeroporto, espera do vôo, revista, saída do aeroporto, entrada no restaurante, pedido e o ato de comer em si, no mínimo mais uma hora.

Concluindo: para esperar um almoço demorado assim, só mesmo fazendo uns beliscos à bordo. Agora, difícil mesmo seria ir para Tóquio e voltar no mesmo dia, como Tio Chico cansou de fazer, para agradar a ingrata esposa. Até hoje não ficou explicado como ele conseguiu percorrer os mais de 36 mil km entre o Brasil e o Japão ( considerando ida e volta) num mesmo dia ( de 24 horas), num avião a mil km por hora. Conclui-se que um dos pactos de Tio Chico o fazia ignorar as leis da Física para realizar seus intentos.

Tio Chico faz questão de propagar seu passado de vacas gordas. Ele garante que o contrato com o diabo lhe rendera quatro limusines, uma Ferrari, uma Mercedes Benz e uma incrível BMW, na qual o intrépido prosador fazia viagens para a África, ignorando completamente a existência de um Oceano Atlântico. Nas horas de folga, Tio Chico fazia rituais de magia negra e sacrifícios infantis na super máquina satânica. O então bruxo dispunha também de mansões e doze apartamentos em Brasília.

Tio Chico tem um passado tenebroso, tão tenebroso que faria o mítico personagem Jason se sentir um anjinho. Ele confessa nos púlpitos por onde passa o assassinato de quarenta pessoas a bala e o sacrifício de vinte e duas crianças. Tio Chico é modesto. Não computou no seu catálogo as mortes indiretas, vamos assim dizer. Ele garante que a cantora Clara Nunes, o apresentador Chacrinha e o presidente Tancredo Neves, morreram graças a trabalhos bem sucedidos realizados por ele. Para despachar a cantora baiana, Tio Chico teria embolsado US$ 45 milhões e um carro 0 Km. Cortesia do ex-prefeito de São Paulo, Orestes Quércia. Nâo se sabe se o carro tem poderes mágicos. Já Chacrinha foi mal avaliado. Pela bagatela de US$ 1 milhão, o impiedoso Tio Chico matou o Velho Guerreiro. A encomenda veio da “amante dele”, Rita Cadillac. Já o presidente Tancredo Neves foi morto a pedido de Paulo Maluf e José Sarney. Incrível como era influente o nosso personagem. Apesar de ter morado em 19 capitais, conhecido 68 países, ter feito um curso superior, ter frequentado com certa importância 28 religiões, chefe de gabinete do Banco Central, prestador de serviço para a Câmara e o Senado, o incansável, onipresente e onipotente Tio Chico comandava o Comando Vermelho no Rio de janeiro, ao lado de figuras como Escadinha, Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP. Mesmo assim, ainda achava tempo para visitar cemitérios e se alimentar de vísceras humanas e prestar “trabalhos espirituais” em seu centro para 68 empresas. Injetou sangue de bode no corpo, gasolina e éter. Teve um tórrido romance de oito meses com sua cachorra Fila Brasileira. Tudo isso até os 30 anos de idade.

A história de Tio Chico que mais me seduz é a que ele claramente desafia toda a possibilidade matemática e diz que comprou a esposa, quando esta tinha 12 anos de idade. Ficou casado 19 anos com ela e já está há 17 separado. Como Tio Chico tem hoje 47 anos, estima-se que ele tenha feito isso com incríveis 11 anos de vida. Em um de seus testemunhos, Tio Chico conta que trabalhou para a Wagner Canhedo, tendo inclusive sugerido o nome para a Vasp. Ele só não explica em qual encarnação fez isso, já que a empresa foi fundada em 1933. Tio Chico também garante que trabalhava nos bastidores para a Chevrolet, que segundo ele cada letra significa uma palavra, que descamba na frase “Chegou Hoje Este Vagabundo Roubando Ouro Liquidando Esta Terra”. Nem o fato da montadora ter sido fundada pelo piloto franco-americano Louis Chevrolet, em 1911, nos EUA, intimida Tio Chico. Presumo que ele terá alguns problemas para traduzir a frase para o inglês usando as mesmas iniciais. Idem para o francês e o espanhol. Espantoso também foi o fato de Tio Chico ter experimentado uma recaída, já que afirma que nomeou o Marea, veículo da Fiat, que significa no idioma diabês Enxu Marea. O problema é que Tio Chico garante que se aposentou das suas atividades mirabolantes em 1990. Como o Fiat Marea foi lançado em 1998 no Brasil, fica no mínimo, curiosa a participação do mestre neste episódio.

O maior troféu de Tio Chico é a apresentadora Xuxa, da Rede Globo (emissora que se valia de seus préstimos também). Ele garante que a Rainha dos Baixinhos realizou três pactos com o Coisa-Ruim, para se tornar famosa e rica. O generoso Tio Chico teria intermediado o negócio. Não se sabe quanto lucrou nesta transação. Aliás, Tio Chico faturava de todas as formas. Garante que há um processo contra ele no Distrito Federal, por ter falsificado 1800 folhas de cheque. Curiosamente, não consta nenhum processo contra Francisco José Vieira Guedes na Justiça de Brasília. Tio Chico tem a espantosa capacidade de fazer os processos evaporarem como mágica das gavetas dos tribunais. Curioso também o fato de em seu site não constar nenhuma cópia de qualquer documento de suas transações, uma lembrança de alguma viagem para algum das dezenas de países, nenhuma certidão de óbito de duas filhas que ele garante terem sido sacrificadas. Tio Chico é um homem muito reservado.

Quando Tio Chico foi tocado por Jesus e resolveu jogar sua vida perversa no mar do esquecimento, sofreu várias retaliações de seu antigo patrão. Ele conta que foi vítima de um terrível acidente de carro, que lhe rendeu 25 cirurgias. Como desgraça pouca é bobagem, Tio Chico conta que está vivo pela graça de Deus, já que os médicos retiraram incríveis 250 gramas de estilhaços de vidro de sua cabeça, perdeu as cordas vocais (usa uma até então inédita prótese de borracha) e outros detalhes que não convém relatar. Fato incrível é que o Pastor Francisco tem passaporte livre em centenas de igrejas e nenhum pastor pede alguma comprovação de seus feitos ou chama a Polícia Federal. É uma encruzilhada santa: se Tio Chico (apesar da Cronologia, Geografia, História, Biologia, Matemática, Física, Química e todas as outras ciências provarem o contrário) diz a verdade, é merecedor de capa na Veja, destaque no Fantástico e no mínimo uns cem anos de solidão carcerária. Normalmente, Deus perdoa o pecado hediondo. Mas a Justiça dos homens não é assim tão compreensiva. Se Tio Chico, como tudo leva a crer, falta com a verdade (no que compensa com muita criatividade), pode responder processo por calúnia, difamação e falso testemunho. É também de se duvidar da seriedade das instituições religiosas que o recebem. Das duas uma: ou levam um criminoso hediondo e plural para usar seus púlpitos ou patrocinam um mentiroso de proporções nunca alcançadas por uma mente humana antes.

Será mesmo que Deus ama e deseja a salvação de todos?


Heitor Alves
Se fizermos esta pergunta para todos o evangélicos, a maioria esmagadora responderiam afirmativamente. São vários os motivos para se responder positivamente a pergunta. Existe um sentimento de que o homem é bom e que não merece ser castigado. O interessante é que querem que Deus sinta este mesmo sentimento quando o assunto é condenação. Deus não pode condenar o homem e nem quer fazer isso. O homem tem valor. Ele é bom, não é tão mau a ponto de merecer o inferno.
Este sentimento tem penetrado nas igrejas evangélicas, distorcendo a teologia bíblica. A teologia predominante nos púlpitos é uma teologia humanista, uma teologia agradável ao homem. Se ouve, domingo após domingo, assuntos relacionados ao existencialismo, onde colocam Deus como um super-herói preparado para enfrentar as dificuldades que o homem venha a sofrer. Se Deus procura "evitar" que o homem sofra nesta vida, muito mais Ele fará na alma do homem. Por isso, vemos aquela doutrina satânica de que Deus deseja e quer a salvação de todos os homens!
Esse é o resultado prático de um cristianismo que jogou no lixo as Sagradas Escrituras. Estão pisando na Palavra de Deus. Rasgando suas páginas e jogando-as nas fogueiras de uma "inquisição" construída para não abalar a credibilidade e não desvalorizar o homem. E de que modo é praticada esta moderna "inquisição"? Não é mais com fogueiras literais ou confisco de bens, ou até mesmo de perda da liberdade. Mas esta moderna forma de "inquisição" é praticada quando é negada a autoridade absoluta e suprema das Escrituras sobre a igreja, e se busca novas revelações extrabíblicas, tratando-as como suprema autoridade.
Por isso encontramos uma grande hostilidade quando vamos expor o que de fato as Escrituras afirmam sobre os assuntos abandonados pelos evangélicos atuais, dentre eles o assuntos sobre a expiação limitada.
Deixando de lado todas as emoções ou humanismo, vamos expor aquilo que a Bíblia fala a respeito do desejo de Deus com respeito a salvação do homem. Afinal de contas, Deus quer a salvação de toda a humanidade?
Todos os arminianos, sem exceção, ao começarem uma discussão a respeito do amor de Deus, lembram logo de João 3.16. “Deus amou o mundo”! Todos são alvos do amor de Deus! É injusto lembrarmos apenas do verso 16. Por que não citar até o verso 21?
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.
O texto não diz que Deus ama todos os homens. Jesus está dizendo que o amor de Deus não se estende apenas aos judeus de sua época, mas o seu amor alcança pessoas além dos limites da Judéia. O seu amor se estende também aos gentios. Interessante que os arminianos não conseguem enxergar que o alvo do amor de Deus são aqueles que crêem em Jesus Cristo, e somente eles. Veja que o verso 18 decreta a condenação daqueles que não crêem "porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus". Deus não pode amar aquele que se mantém rebelde contra Jesus. O amor de Deus não está nele, e sim a sua ira: "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).
O curioso do ensinamento arminiano é que a teologia arminiana diz uma coisa e a bíblia diz outra. Por exemplo: se Deus ama a todos indiscriminadamente (como afirmam os arminianos) a lógica é Cristo orar e desejar a salvação de todos! Mas ele não deseja isso. Podemos notar isso na oração que ele faz em João 17. Cristo ora para que Deus conceda a vida eterna para um grupo seleto de pessoas: "Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste" (Jo 17.6-8). Em seguida, Cristo fulmina os arminianos com as seguintes palavras: "É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus" (v.9). Por todo o capítulo 17, Cristo repete sempre as mesmas palavras "aqueles que tu me deste", "homens que me deste do mundo".
Eu não posso acreditar que há um desentendimento entre o Pai e o Filho. Não posso acreditar numa confusão na Trindade! Deus desejando salvar a todos, mas o Filho orando por alguns. O próprio Jesus afirmou que Ele veio fazer a vontade do Pai, esta é a sua comida (Jo 4.34). Deus não ama a todos e não quer a salvação de todos!
Para encerrar, tenho mais uma prova de que Deus não deseja a salvação de todos. A prova está em Mateus 11.20-24.
20 Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido:
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.
22 E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.
23 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
24 Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo.
Cristo passa a condenar as cidades que tiveram a oportunidade de presenciar a pregação do evangelho (que naquela época era acompanhada da operação de milagres que testificavam da pregação). Corazim, Betsaida e Cafarnaum foram as cidades onde Cristo pregou o evangelho e mesmo assim estas cidades não se converteram. A partir daí, Cristo nos revela algo que nos incomoda: ele começa a “passar na cara” destas cidades que se ele tivesse pregado (e operado milagres) nas cidades de Tiro, Sidom e Sodoma, elas teriam se arrependido “com pano de saco e cinza” e permanecido “até ao dia de hoje”.
Se Cristo sabia que essas cidades iriam se arrepender com sua pregação, então, porque ele não foi até elas? Porque Cristo abriu mão dessas cidades, sabendo que os seus habitantes seriam convertidos e ingressados no reino dos céus? Deus não ama a todos? Então porque Deus deixou de fora dos céus os homens, as mulheres, os idosos, as crianças, os jovens e os adolescentes de Tiro, Sidom e Sodoma? Não foi o próprio Jesus quem afirmou: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15:10)? Porque Deus evitaria causar uma grande festa no céu por ocasião de três cidades arrependidas? Deus não ama a todos?
Isso me faz lembrar um outro texto: Isaías 6.9-13:
9 Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
10 Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
11 Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.
13 Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.
Deus envia Isaías para pregar a um povo que não se arrependerá. Não se arrependerá porque Deus tornará insensível o coração desse povo. Não se arrependerá porque Deus endurecerá os ouvidos. Não se arrependerá porque fechará os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo”.
Somente os eleitos de Deus são os alvos do amor salvífico de Deus. Somente os seus eleitos experimentarão a graça de serem participantes do seu reino.
Não cabe a nós imaginarmos quem é o alvo do amor de Deus e quem não é. Não temos esse poder. Não podemos deixar de pregar o evangelho a alguém achando que esse alguém não faça parte dos eleitos. Resta-nos pregar o evangelho ao máximo de pessoas possíveis, sem fazer distinção. Precisamos olhar para as pessoas como um “eleito” em potencial. Todos os homens são passíveis de receberem a Cristo de bom grado e de coração. Por isso precisamos pregar o evangelho a toda criatura. A pregação do evangelho a todos não garante salvação. Precisamos ser o agricultor que joga as sementes em vários tipos de solos; mas isso não garante que todos os solos receberão as sementes e se transformarão em belas plantas e árvores. Deus mesmo fará com que as sementes da Sua palavra caia em corações que Ele mesmo preparou para recebê-las.
Devemos cumprir com nossa obrigação de pregar o evangelho a todos. Inclusive aos nossos parentes. Não sabemos o que Deus planejou para a vida de cada um deles. Não sei o destino eterno da minha esposa, do meu filho, do meu marido, do meu irmão, do meu pai, da minha mãe... Não cabe a mim fazer conjecturas. Cabe a mim pregar o evangelho e orar a Deus e entregar a alma do meu parente nas mãos de Deus.
O próprio Espírito de Deus acalmará nossa ansiedade, acalmará nosso espírito, se estivermos com dúvidas a respeito daquele parente que faleceu. Por mais que seja triste e dolorosa a partida de um ente querido que morreu sem Cristo, Deus mesmo nos dará o consolo necessário e suficiente para nossa dor. A nossa postura diante de Deus deve ser uma postura de honra, louvor, adoração, de submissão, de entrega total de nossas vidas a Ele, reconhecendo que Ele pode fazer o que bem entender com suas criaturas.
Soli Deo Gloria!