quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A religião é o ópio do povo: uma análise sociológica



Passados 130 anos da morte do alemão Karl Marx (1818-1883), a frase pela a qual ficou conhecido – “a religião é o ópio do povo” -, continua sendo explorada por pesquisadores e lideres religiosos de diversos seguimentos. Mas que queria dizer Marx ao comparar a religião com o ópio? Ao mesmo tempo, seria o autor um oposicionista à fé pessoal, a crença familiar em uma divindade, em uma tradição religiosa qualquer? Primeiro, há de se considerar o fato de que o autor alemão provinha de uma família judaica e que, com o passar dos anos, optou pelo ateísmo; sua opção pelo ateísmo não se deu em decorrência de alguma insatisfação religiosa, mas a partir de uma constatação sociológica, de uma análise dos impactos da religião na vida de um adepto, de um fiel.

Segundo, Marx era senão uma expressão racionalista de sua época, produto de uma série de questionamentos ao domínio religioso na educação, ciência, cultura etc., que começa a partir do Renascimento e tem seu pico com o Iluminismo, quando pensadores ingleses, a partir de 1680, trazem à tona novas críticas à Igreja. Na verdade, grande parte dos pensadores – ingleses, alemães, franceses – reproduzem em suas análises uma insatisfação popular, em resposta ao obscurecimento medieval e absolutista da Igreja Católica. A Revolução Francesa (1789) foi uma das expressões iluministas e que ocorreu em face de um repúdio aos privilégios do clero que, à época, compunha o primeiro estado, seguido pela nobreza, que constituía o segundo estado.

Camponeses, mineiros, artesões, a pequena e a média burguesia compunham, de fato, o motor que fazia com que a economia funcionasse, mas se viam desprivilegiados pelo o fato de que eram os únicos a pagar a totalidade dos impostos, enquanto o primeiro e o segundo estado vivia em deleites, à custa do trabalho do terceiro– este último com cerca de 22 milhões de pessoas, contra os 100 mil clérigos e 400 mil nobres. A Revolução Francesa ocorre, portanto, em decorrência ao absolutismo do primeiro e do segundo estamento, à ausência de democracia, de participação popular no Governo. Ao mesmo tempo, operários ingleses manifestavam descrédito com relação à política e à religião, entendidas por alguns como “instrumentos de domínio” que se revezam e se articulam objetivando a manutenção do Poder, dos benefícios econômicos – a dobradinha entre a coroa portuguesa e o catolicismo pode ser citada como exemplo.

Decorrente de todas as aventuras e desventuras dos clérigos católicos ao longo dos últimos 1400 anos antes de Marx, Engels, Bauer, Feuerbach etc., os pensadores europeus da metade do século XIX passaram a entender a Religião como um obstáculo ao progresso científico, cultural, educacional, econômico, popular. A religião não mais era entendida como um canal de comunhão, de relacionamento com o sagrado, mas como um dos vários meios de domínio, de pacificação – a popularização do Football é descrita por Henrique Nielsen Neto (1986:193) como outro meio encontrado pela classe dominante inglesa de “impedir a organização política dos operários”. É, talvez, daí que se desenvolve a ideia de que “futebol, política e religião não se discutem!” dada à diversidade de pensamentos, de opiniões, de opções sociais, ideológicas, religiosas.

Karl Marx, ao analisar a situação dos operários ingleses e a doutrinação religiosa por eles sofrida, passa associar a religião ao ópio – uma substância alucinógena de origem asiática e consumida nos subúrbios de Londres, inclusive por operários que buscavam alternativas à rotina desgastante das fábricas. Para Marx a religião tira do homem a capacidade de compreensão, de análise da materialidade, do chão da fábrica, da periferia. Sua análise, na verdade, aparece como uma continuação aos estudos de Ludwig Feuerbach (1804-1872), contemporâneo, conhecido por sua teologia humanista. Feuerbach entendia que a alienação religiosa faz parte de uma engrenagem ou teoria teológica que busca o sentido da razão e da existência do homem no mundo, em uma tentativa de compreensão da realidade a partir da espiritualidade, do sagrado. Tanto Marx, quanto Ludwig Feuerbach sai em defesa do antropocentrismo, da racionalidade.

Nicolau Maquiavel (1469-1527), autor de O Príncipe (1532), desde o século XVI tem sido objeto de centenas de escritos, análises, monografias, em que é criticado, tratado como homem sem princípios, irreverente, imoral, pérfido, destruidor de leis, mas também elogiado pela a sua capacidade política, estratégica. De certa forma há questões discutíveis em O Príncipe, mas há se destacar o fato de que o autor compõe sua obra em um período em que o sentido de democracia, de humanidade, era desconhecido de sua geração – principalmente diante do fato de que o autor compõe sua análise em uma época, diríamos, obscura, de trevas, de influência continental do catolicismo romano. Atualmente, com as convenções, as cartilhas, a democracia, o respeito ao próximo é um dever internacional, de todos os povos, de todas as culturas. Igualmente, Marx e Feuerbach partem de uma questão que estava em voga na época, de descontentamento e descrédito com relação à religião, ao domínio desta na sociedade.

Hoje sabemos que a crença religiosa é um patrimônio, um direito de todo cidadão, que não deve ser reprimida pelo estado republicano, mesmo que contrária a pressupostos científicos, filosóficos ou sociológicos. A religião faz parte da humanidade, presente nas comunidades mais primitivas. Marx, Weber, Hegel, Feuerbach foram interpretados de diversas formas nas últimas décadas, muitas das vezes de forma equivocada, sem contextualização, que culminou em tragédias, violações aos direitos humanos, cerceamento de toda ordem. Há aspectos locais, nacionais, de cultura, que devem ser respeitados. Maquiavel, apesar de desonesto para os padrões contemporâneos, faz reiteradas referências a Deus, à religião em O Príncipe, enquanto Max Weber, em sua obra, A Ética Protestante e o Espírito Capitalista (1904-05), associa a ética e as ideias puritanas ao surgimento do capitalismo, mas tal não torna o protestantismo responsável pelos males do sistema capitalista, neoliberal. É um fato!

Como destruir seu casamento antes de começar



Por Garret Kell
Tim e Jess haviam se casado a apenas oito meses, mas a lua de mel certamente já havia acabado. As conversas carinhosas que outrora marcavam o relacionamento foram substituídas por constantes implicâncias. As risadas abrandaram e a distância aumentou. A intimidade sexual já havia praticamente cessado.
O que houve de errado? Como Satanás pode entrar nesse casamento? Conforme eu fui descobrindo a história do casal, descobri que ele não iniciou sua sabotagem na lua de mel, nem mesmo nos primeiros meses do descobrimento da vida a dois. O diabo começou seu trabalho antes mesmo de que eles chegassem ao altar. Mesmo Tim e Jess sendo cristãos, seu namoro e noivado foram marcados pela impureza sexual.
Apesar dos primeiros dias de seu relacionamento terem corrido bem, com o passar do tempo eles começaram a cometer deslizes que se desenvolveram em um padrão profundo de pecado sexual. Sempre que pecavam, eles se confessavam um para o outro entre si e faziam promessas de nunca deixar que isso acontecesse novamente. Mas acontecia. Por causa da vergonha, eles nunca procuraram ninguém para tratar do assunto. Olhando para o passado, Tim e Jess admitem que seu relacionamento foi uma grande farsa.
Infelizmente, a história de Tim e Jess é familiar até demais. Muitos casais de cristãos ainda não casados lutam contra o pecado sexual. Isso não deveria ser uma surpresa, já que temos um inimigo contra nós e nosso casamento iminente (1 Pedro 5.8). Ele odeia Deus e odeia o casamento, por se tratar de uma ilustração do evangelho (Efésios 5.32).
Uma das estratégias mais efetivas de Satanás para corromper a união do casamento, ilustração do evangelho, é atacar os casais por meio do pecado sexual antes que eles digam “sim”. Aqui estão quatro de suas estratégias mais comuns para atacar casamentos antes mesmo de começarem.
1. Satanás quer que obedeçamos por padrão nossos desejos, não a direção de Deus
Os caminhos de Deus são bons, mas Satanás quer que acreditemos que não. Isso tem sido seu plano desde a primeira tentativa de engano no jardim (Gênesis 3.1-6). Seu objetivo para nós é que desenvolvamos um padrão de resistência ao Espírito e que sigamos nossos desejos pecaminosos uma vez que nos casemos. Ele quer que aprendamos a resistir o serviço e busquemos apenas o egoísmo.
Se aprendermos a fazer o que queremos quando queremos, antes do casamento, levaremos esse padrão para os dias e anos que se seguirão. Isso, entretanto, é mortal, já que o serviço e o sacrifício são essenciais para um casamento saudável e que glorifica a Cristo. O amor, no casamento, é demonstrado em milhares de decisões diárias de fazer o que você não quer fazer – seja lavar as louças, trocar fraldas ou assistir um filme ao invés de um jogo de futebol. Se o seu relacionamento, antes do casamento, é caracterizado por uma entrega a desejos imediatos, você certamente irá lutar quando encontrar a labuta diária da vida matrimonial.
2. Satanás deseja que subestimemos o quão suscetível somos à tentação
Satanás quer que pensemos que não iremos levar nosso pecado ao próximo nível. Ele deseja que pensemos que somos mais fortes do que realmente somos. Ele quer que pensemos que nunca iremos tão longe. Esse é um truque poderoso, já que lida simultaneamente com nosso orgulho e com o nosso desejo bem intencionado de honrar a Deus. Você é mais fraco do que pensa. Você acabará indo aonde você não pensa que irá. O pecado é como uma corrente oceânica – se você brinca nela, você será subjugado e levado embora rumo à destruição certa.
Uma das formas que Satanás trabalha nessa área é te tentando a pensar que pureza é uma linha a não ser cruzada, ao invés de uma postura do coração. Ele quer que você pense que pureza perante Deus é não se beijar, não tirar a outra, não fazer sexo oral ou não “ir até o final”. Ele quer que você pense que se você não cruzar uma certa linha, você está puro. O problema com esse tipo de pensamento, entretanto, é que Jesus diz que se nós apenas desejarmos pecaminosamente no coração, já pecamos por luxúria e estamos condenados perante Deus (Mateus 5.27-30).
Pureza é muito mais sobre a postura de nossos corações do que a posição de nossos corpos. A velha questão de “quão longe é muito longe?” pode revelar um desejo de chegar tão perto do pecado quanto possível, ao invés de um desejo de fugir dele, como nosso Senhor comanda (1 Coríntios 6.18).
3. Satanás deseja que casais enfraqueçam sua confiança um no outro
Quando pecamos sexualmente, estamos mostrando a outra pessoa que estamos dispostos a usar e abusar dela para termos o que nos faz feliz. Toda vez que avançamos o limite com nossa noiva ou a levamos a pecar, estamos comunicando, mesmo que sem querer, “você não pode confiar em mim, porque estou disposto a te usar e desrespeitar para conseguir o que eu quero”.
Isso certamente é uma das estratégias mais mortais de Satanás, e a que eu suspeito que mais afetou Tim e Jess. Eles não confiavam um no outro. Eles nunca o fizeram. Seu relacionamento de namoro estava tão afogado no ciclo de pecado, vergonha e recomeço, que nunca conseguiram desenvolver uma confiança madura e testada um no outro.
É importante apontar, entretanto, que quando resistimos ao pecado sexual, Deus abençoa um relacionamento com o efeito exatamente oposto. Cada vez que dizemos “não” ao pecado sexual e nos voltamos para a oração, dizendo um ao outro que valorizamos demais a pessoa e sua caminhada com o Senhor para dar um passo adiante, ele usa essa fidelidade para fortalecer a confiança. Minha esposa diz regularmente aos casais de namorados que uma das razões pelas quais ela confia em mim é porque eu literalmente corri de situações comprometedoras antes de nos casarmos. Não éramos perfeitos em nosso namoro, mas o Senhor usou aquele tempo para edificar nossa confiança um no outro.
4. Satanás quer te enganar com o fruto proibido da luxúria
Há um mundo de diferença entre o sexo pré-marital e o sexo dentro do casamento. Uma razão é que o fruto proibido da luxúria ilustra o sexo antes do casamento como algo que ele não é sempre no casamento. Normalmente, o sexo pré-marital é como gasolina pegando fogo. A paixão é alta, os sentimentos são intensos e o desejo de ir adiante é estimulado por saber que não se deveria ir (Romanos 7.8).
O sexo no casamento é diferente. Ainda há paixão, e ainda há sentimentos e emoções intensos – mas o sexo no casamento é baseado primariamente nas brasas aquecedoras da confiança, devoção e sacrifício (1 Coríntios 7.1-5). Casais que construíram suas expectativas sexuais na paixão proveniente do fruto proibido são muitas vezes desapontados e confundidos quando o sexo é diferente no casamento.
Minha esposa e eu rimos dessa ideia quando nosso conselheiro pré-nupcial a compartilhou conosco. Estávamos certos de que seríamos a exceção à essa regra. Mas após quase seis anos e três filhos depois, ele estava certo. Casais como nós podem ter uma vida sexual saudável, mas ela é estimulada por características mais profundas do que a paixão efêmera. Satanás quer que casais se acostumem a funcionar à base da cafeína e do açúcar da luxúria, ao invés do amor sacrificial maduro.
Conclusão
Espere na fé. A postura cristã é de uma espera constante. Nós aguardamos o retorno de Cristo. Esperamos por uma eternidade com ele. E casais de não crentes esperam pelas bênçãos do casamento. Diga “não” à promessas do pecado pela fé nas promessas de Deus. Renove sua mente pela Palavra de Deus e continue esperando na fé.
Rapazes, vocês precisam liderar. Por mais que ambos no relacionamento sejam responsáveis perante Deus, o homem deve ditar o ritmo da caminhada à pureza. Muitas vezes as moças são forçadas a traçar os limites e dizer “não”. Isso é covarde e errado. É responsabilidade do homem de cuidar de sua futura esposa ao liderá-la rumo a Jesus e para longe do pecado, da escuridão e da dor do pecado. Se ele estabelece o padrão errado agora, ele estará correndo atrás do prejuízo nos anos vindouros – e ele talvez nunca consiga se recuperar, se não pela graça de Deus.
Envolva outros a cada passo do caminho. Não deixe seu relacionamento permanecer sem o exame de outros cristãos piedosos. Ambos devem ter um casal piedoso ou um grupo de amigos fiéis para quem prestar contas. Dê abertura para perguntas difíceis e dê respostas honestas. Deus usa transparência para fortalecer.
Se pecar, vá ao evangelho. O apóstolo João escreveu “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;” (1 João 2.1-2). Se você pecar, corra para a cruz. Corra para o túmulo vazio. Olhe para seu Advogado, confesse seu pecado com sinceridade, e se arrependa. Deus ama abençoar esse tipo de postura (Provérbios 28.13).
O pecado sexual não precisa ser um espinho no coração de seu namoro, noivado ou casamento. Deus é Deus de misericórdia, que se deleita em restaurar o que o pecado busca destruir (Joel 2.25-27). Ele não irá, entretanto, abençoar desobediência constante e presunção da graça. Se você caiu em pecados sexuais, hoje é o dia de clamar por misericórdia e se voltar para Cristo em fé. Que Deus te dê misericórdia para buscar pureza, para Sua glória e para o nosso bem.