sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Jesus e as fraldas que vazam


Por Maurício Zágari
Quem já teve filho sabe do que vou falar. Você deixa seu neném todo cheirosinho, passa creminho, talquinho. Uma graça. Fofo. Lindo. Por cima de tudo vem a fraldinha. Coisa boa. Tem desenhos de bichinhos, da Turma da Mônica, de balões coloridos. São objetos úteis, mimosos e que deixam o neném com aquela aparência divertida de gorilinha, com o traseiro desproporcionalmente maior do que deveria. Que invenção extraordinária. A fralda retém o xixi e o cocô, mantém o bebê sequinho, limpinho e cheiroso e impede desastres que só quem já segurou um neném peladinho no colo enquanto ele faz xixi descontroladamente entende.
Mas as fraldas têm um problema: se elas não estiverem bem ajustadas, certinhas, no lugar certo... elas vazam. E aí, meu irmão, minha irmã, não queira saber a desgraceira que é. Não foi uma nem duas vezes em que acordei de manhã e encontrei o berço da filhota parecendo um circo de horrores: cocô espalhado pelas paredes, bichinhos, lençóis e, o que é pior: pelos braços, pernas, rosto e até cabelo do nenêm. Porque não pense você que ele entende que aquilo é sujo: para o pequeno é divertidíssimo se esbaldar jogando caquinha pra todo lado, se esfregando com aquela coisa quentinha e diferente e se emporcalhando com as imundícies que vazaram da fralda mal ajustada. Prefiro nem pensar na hipótese de que depois da farra feita ela lambeu os dedos. E isso não ocorre só no berço. Ocorre no carrinho, na cadeirinha de comer, no automóvel da familia, no colo. Se a fralda não está justa é certeza de que a coisa não vai prestar.
A vida espiritual do crente tem certas semelhanças com esse processo. Antes da conversão, somos como bebês peladinhos, fazendo todo tipo de porcaria por aí, descontroladamente, sem nada que impeça que nossas sujeiras e imundícies atinjam quem estiver ao nosso redor - e, em especial, a nós mesmos. Até que Jesus nos chama para si, nos elege, estende-nos sua graça. Com isso, numa metáfora. é como se Ele pusesse uma fralda em nós. Pois na regeneração ocorre o processo de adoção (Jo 1): fomos feitos filhos de Deus e, com isso nos tornamos seus herdeiros. E Jesus passa a cuidar de nós com olhar paterno. Passa creminho nas assaduras do passado, nos limpa. Também nos torna justos. Ou seja: ajusta-nos ao que é perfeito. Assim, pela graça do crucificado somos justificados mediante a fé e nossas "fraldinhas espirituais" são ajustadas perfeitamente em nós, impedindo que a sujeirada que antes fazíamos volte a ser contaminação. Ficamos limpos, puros ou, como diz o antigo hino, "alvos, mais que a neve".
O grande problema ocorre quando, por culpa nossa, essa proteção é removida mediante o que chamamos pecado. O pecado distorce o que é perfeito e faz nossas fraldas se "desajustarem". É como se o elástico ficasse frouxo ou se a fralda se deslocasse para fora do lugar. Com isso, surgem espaços que não deveriam existir numa realidade de justificação e toda aquela imundície que estava contida volta a vazar. E, ao vazar, suja tudo e todos ao nosso redor - em especial aquele que, como um neném, voltou a se divertir com as coisas impuras - afinal, para a mente cauterizada, o que é imundo é divertido e quentinho.
Fraldas que vazam são o terror dos pais. Pecados que retornam são o terror dos cristãos. Ninguém deseja um ou outro. Mas acontece. E aí, o que fazer? No caso do neném, troca-se a fralda desajustada por uma nova e todo o processo de limpeza se repete: dá-se um banho no bebê ou passa-se lencinhos umidecidos, creminho, talquinho... tudo de novo até que aquele que fez a sujeirada retorne ao seu estado de pureza. Já no caso do pecador o processo é bem similar. Mediante nosso arrependimento, Jesus nos limpa, dá banho, cuida de nossa alma com o creminho do perdão sobre as assaduras que o pecado provocou e ajusta novamente aquilo que impedirá que a caquinha da desobediência a Deus volte a nos sujar novamente. E aí retornamos ao nosso estado de pureza.
A você que ainda não teve filhos, meu desejo é que nunca tenha que passar pela experiência de uma fralda que vaza. Embora, sinceramente, eu ache impossível que isso não venha a ocorrer. Converse com qualquer pai veterano e ele terá histórias e mais histórias sobre isso para contar. De igual modo, meu desejo é que você nunca tenha de passar pela imundície de retornar ao pecado como, em linguagem bíblica, um cachorro que retorna ao próprio vômito. Embora, sinceramente, eu ache impossível que isso não venha a ocorrer. Converse com qualquer cristão veterano e ele terá histórias e mais histórias sobre isso para contar. A solução? O bebê tem os pais para limparem suas sujeiras. E o cristão tem Jesus para fazer exatamente a mesma coisa. Mantenha-se sempre perto de Cristo e, assim, você terá a garantia de que o pecado pode ocorrer, mas o teu advogado prontamente correrá em seu auxilio para solucionar a sujeirada que teus desajustes provocaram.
Você se desajustou? Está coberto de imundície espiritual? Não se desespere. Arrependa-se. Quem se sujava, não se suje mais. Mude de atitude. Pois, mediante seu arrependimento e a graça de Cristo, Jesus vai limpá-lo, purificá-lo e fazer você ficar limpinho e cheiroso aos olhos e às narinas do Pai, como aqueles lindos e fofos bebês que sempre nos deixam encantados por sua pureza e inocência.
Paz a todos vocês que estão em Cris

Deus age na nossa fraqueza


Por Maurício Zágari

Há um trecho da oração do Pai-nosso que é extraordinário e enigmático: “Não nos deixes cair em tentação” (Mt 6.13). Já parou para refletir sobre essa petição? O aspecto mais curioso dela é que a Bíblia o tempo inteiro nos insta a nós resistirmos à tentação, a nós nos esforçamos para não pecar. Em outras palavras, a atribuição de interromper o processo que leva a tentação a se tornar pecado é posta sempre nas costas dos seres humanos. A responsabilidade é minha e sua. No entanto, na oração do Senhor uma das atitudes que Jesus nos ensina a tomar é justamente pedir a Deus que aja no sentido de ele criar alguma circunstância que nos impeça de pecar. Isso significa que o Senhor pode agir de maneiras que nem imaginamos com o objetivo de nos dar a força de que necessitamos para não fazermos aquilo que não devemos fazer. A pergunta é: por quê?

Se cabe a nós resistir às tentações, por que, afinal, devemos pedir que Deus intervenha em nossa vida, no sentido de não deixar que pequemos? Acredito eu que Jesus nos deu essa orientação porque sabia o quanto somos fracos e o quanto as tentações são fortes, como ele mesmo afirmou: “O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Então, naquilo que humanamente somos incapazes de resistir, precisamos recorrer à ação direta de Deus em nosso favor.

Isso pode acontecer de inúmeras maneiras. Suponhamos que não consiga ficar longe das drogas, é algo mais forte que você. No que você ora “não nos deixes cair em tentação”, o Senhor entra em ação em seu favor e faz com que aquele amigo que te fornecia as substâncias se mude para outra cidade, o que corta seu suprimento de drogas. Ou, suponhamos, você está enveredando pelo caminho do crime, sucumbindo a práticas ilegais. Acredite, o Senhor pode fazer com que você receba uma dura da polícia para que tome jeito. Uma noite na cadeia ou uma intimação judicial podem ser belas respostas de oração da parte do Pai. Suponhamos, também, que você seja dominado pela glutonaria e não consiga deixar de comer todas aquelas comidas que só fazem mal à sua saúde. Deus pode permitir que você tenha uma infecção intestinal que te levará ao hospital, para que você comece a se alimentar direito. Um último exemplo: você pode estar pecando porque acha que tem a vida inteira pela frente, mas Deus faz você descobrir que tem uma doença grave. Pronto: a percepção da sua finitude te faz entrar no prumo. Por vezes, Deus soma até mais de um fator para te auxiliar.

Enfim, seja qual for a situação em que você tenha uma fraqueza que pareça ser mais forte do que você, esta é a oração que precisa fazer: “Não nos deixes cair em tentação”. Acredite: Deus agirá de modo sobrenatural em seu favor. Ele fará coisas que você não espera, seja para tornar aquele pecado virtualmente impossível, seja para lhe dar as forças que você não tem, a fim de superar a tentação. Deus é criativo. E extremamente eficiente em seu métodos.

E se, em algum momento, a resposta de Deus ao “não nos deixes cair em tentação” for dolorosa e não exatamente a que você queria, tenha a certeza de que Paulo sabia o que dizia quando escreveu em Romanos 8.28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”: absolutamente tudo o que ocorre em sua vida é para o seu bem. Tudo. Deus está por trás. Ele nos surpreende com eventos muitas vezes inesperados, na hora certa, mas que são a mão dele atuando para te ajudar naquilo que você não tem forças. “O poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12.9). Quando poderia supor Paulo que o espinho na carne era Deus articulando as coisas para que o apóstolo fosse aperfeiçoado naquilo em que ele não tinha sozinho condições de superar? Mas era.

A vida tem me mostrado que Deus não é cego. Ele nos observa e, quando vê que seus filhos estão fracos, entra em cena e nos surpreende com soluções extraordinárias para nossos problemas e fraquezas. Cria circunstâncias inesperadas e eficazes para nos dar a força que faltava. Às vezes dói. Mas se foi Deus quem fez, certamente é o melhor.

Recomendo que ore todos os dias: “Não nos deixes cair em tentação”. É uma magnífica blindagem espiritual para as partes de sua vida que você não consegue controlar sozinho. Deus protegerá você, às vezes tomando atitudes inusitadas, às vezes fazendo coisas de que você nem mesmo tomará conhecimento. Mas tenha esta certeza: ele não vai te desamparar. “Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7.9-11).

Você está sem forças? Então pare de se esforçar para ficar de pé: desabe de joelhos. E ali, prostrado e ajoelhado, estará na postura ideal para clamar àquele que deseja aliviar todos os seus fardos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício