segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ouvindo em Casa

 
Por Tedd Tripp

Quão bem você se comunica? A maioria de nós dará uma resposta tendo em vista nossa habilidade de apresentar nossos pensamentos e ideias de uma forma convincente. No entanto, gostaria de sugerir que a mais fina arte da comunicação em nossa vida familiar não é o expressar de nossas ideias. É entender os pensamentos e as ideias de outras pessoas na família.

Este é um tema recorrente no livro de Provérbios. "O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior". (Provérbios 18:2). A preocupação de um tolo em uma conversa é colocar para fora o que está dentro dele. Mesmo quando não está falando, ele não está realmente ouvindo. Ele está formulando o que dirá em seguida. Seu próximo voleio na conversação não é devolver a bola que você passou, mas passar uma nova bola.

Todos nós já fomos tolos em nossas conversas. Anos atrás, tive uma conversa com meu filho antes de dormir. Eu tinha que dizer algo. Ele logo percebeu que teria que ouvir. No final do meu monólogo, eu disse: "Bom, fico feliz que tivemos essa oportunidade de conversar. Eu vou orar e depois você pode dormir". Depois de alguns minutos, ele bateu na porta do meu quarto: "Pai, você disse que ficou feliz que nós tivemos uma boa conversa. Eu só quero ressaltar que eu não disse nada". Eu fui um tolo naquela noite. Eu poderia ter tido uma verdadeira conversa. Poderia ter feito boas perguntas. Tudo o que queria dizer poderia ter sido dito em um contexto de fazer meu filho falar abertamente. Ao invés disso, não encontrei prazer algum em compreendê-lo; eu estava interessado apenas em expressar a minha opinião.

Um próximo versículo em Provérbios 18 observa, "Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha" (versículo 13). O tolo responde sem ouvir verdadeiramente, sem levar em consideração ou pensar com atenção. Ter pressa em falar é vergonhoso. Quando não ouvimos, demonstramos uma consideração mínima pelas palavras das pessoas e uma consideração máxima pelas nossas.

Os pais geralmente respondem antes de ouvir. Sua filha começa a lhe fazer uma pergunta, mas você a interrompe:

"Eu sei o que você vai perguntar. A resposta é 'não'".

"Mas, pai," ela responde.

"Qual parte do 'não' você não entendeu?".

 

"Mas, pai, eu nem fiz minha pergunta"


"Você não precisa fazer sua pergunta. Sou seu pai, eu sei o que você vai dizer antes de falar".

Minha filha nunca sai de um diálogo desses agradecida por ter um pai que pode ler mentes. Ela se sente irritada. Ela se sente impotente diante do meu capricho. Talvez eu tenha até quebrado o princípio de Efésios 6:4: "Pais, não provoqueis vossos filhos à ira".

Observe a virtude de ouvir citada em Provérbios 20:5: "Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los". Os objetivos e as motivações do coração humano não são descobertos com facilidade. A paciência, competência e habilidade de uma pessoa compreensiva são necessárias para trazer à tona essas águas profundas.


Várias nuances da importância de ouvir são refletidas nesses versículos. Provérbios 18:2 coloca a prioridade sobre onde encontramos prazer em nossas conversas. O sábio se deleita em compreender a pessoa com a qual está falando. Provérbios 18:13 enfatiza que devemos desacelerar para que possamos responder tendo plena compreensão do que está sendo dito. Provérbios 20:5 focaliza a escuta ativa. Ouça o que está sendo dito e o que não está sendo dito e faça perguntas que trazem à tona as águas profundas de dentro do coração.

A vida familiar floresce com a escuta atenciosa. Demonstramos respeito pelos outros quando os escutamos. Quando ouvimos, afirmamos: "Eu valorizo você e o que você está dizendo; valorizo tanto que farei o que puder para facilitar a sua comunicação. Acredito que o tempo que dedico a ouvir é um bom investimento. Ouvirei e encontrarei alegria em compreender o significado e a intenção de suas palavras".

A escuta ativa fortalece os relacionamentos. Esposas, filhos e maridos desejam ser compreendidos. O que mais, além de ouvir, poderia expressar melhor o desejo de ter relacionamentos significativos? O que poderia comunicar melhor o desejo de conhecer e compreender alguém? Quando você ouve os outros, a sua influência em suas vidas aumenta. As relações são fortalecidas.

O ouvir estreita os laços de lealdade e de compromisso com o outro. As pessoas têm o desejo de serem compreendidas, de sentir que suas palavras são importantes e que as suas ideias são ouvidas com atenção.

O ouvir com atenção é importante para a vida familiar. Sua família é a comunidade social mais fundamental para o seu filho. A vida familiar florescerá em lares onde as pessoas não somente falam, mas também ouvem. O que constrói a união no casamento e a lealdade dos filhos? Um marido que escuta, que se deleita na compreensão, constrói um casamento. Uma esposa que ouve, e pode até mesmo reformular as palavras do marido em suas próprias palavras, constrói um casamento. Os casais que são hábeis em fazer perguntas que trazem à tona as águas profundas do coração edificam um casamento. Será que o seu cônjuge sente que as palavras dele são valorizadas, que você se deleita na compreensão, e tenta entender e pensar sobre as questões com clareza? Será que o seu cônjuge se sente seguro de que as palavras dele não serão distorcidas de acordo com a sua conveniência? Cônjuges que ouvem dão exemplo de habilidades de comunicação eficaz e de relacionamentos bíblicos às crianças que os observam.

Queremos que nossos filhos sejam bons ouvintes. Queremos que valorizem as nossas palavras, então modelamos o tipo de habilidade de escuta que queremos incutir para os nossos filhos. As palavras de Salomão para seu filho não poderiam ser mais claras:


"Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe; ata-os perpetuamente ao teu coração, pendura-os ao pescoço. Quando caminhares, isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida" (Provérbios 6:20-23).

 Ouvir com atenção oferece aos filhos grandes tesouros: orientação, proteção e instrução. Luz e vida são encontradas ao ouvir a mamãe e o papai.

O que nos impede de sermos ouvintes atenciosos? Há uma resposta simples e uma resposta profunda. A resposta simples é que ouvir custa caro. Exige mudar o ritmo no qual vivemos as nossas vidas. Isso leva tempo. Lembro-me de uma noite de conversa com um hóspede que ficou em casa por muito tempo. Eu fiz uma pergunta e me sentei, enquanto ele ponderava a resposta por 45 minutos. Isso pode ser um exemplo extremo, mas a conversa é muitas vezes marcada por longas pausas de meditação, reflexão, organização de pensamentos e ideias. Com frequência, uma conversa profunda com um bom ouvinte será a bigorna na qual serão martelados os pensamentos complexos e os sentimentos profundos.


A resposta mais profunda para a pergunta tem a ver com a nossa humanidade. Somos membros de uma raça caída. Somos orgulhosos, e as pessoas orgulhosas não ouvem bem. Somos um povo medroso, e o medo nos impede de confiarmos uns nos outros. Consideramo-nos maiores do que deveríamos. Temos o coração endurecido pelo engano do pecado. Temos uma compulsão egoísta de servirmos a nós mesmos, e muitas vezes estamos demasiadamente cheios de nós mesmos para ouvirmos aos outros com uma atitude humilde.

Esses não são somente problemas de comunicação, mas são problemas espirituais. Nosso orgulho, medo e egoísmo trabalham contra a humildade definida em Tiago 1: "Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus". (vv. 19-20). É necessária uma renovação interna radical se quisermos ser prontos para ouvir e tardios para falar.


Felizmente, não fomos abandonados aos nossos recursos e esforços no aperfeiçoamento próprio. Cristo veio ao nosso mundo. Pense em como a encarnação fala às nossas necessidades de comunicação. Ele valorizou tanto a compreensão e a identificação conosco que se fez carne. Jesus não ficou lá nos céus assistindo nossas lutas. Ele veio até nós. Ele assumiu um corpo como o nosso. Ele teve uma psicologia humana. Ele experimentou tudo o que experimentamos, sem nunca pecar. Ele viveu em nosso mundo. Ele é capaz de ver o mundo através de nossos olhos. Hebreus 2 nos lembra de que ele tinha que ser feito semelhante a seus irmãos em todos os sentidos, tinha que se identificar completamente conosco para que pudesse nos redimir. Isso significa que ele conhece as nossas dificuldades em ouvir. Ele também foi tentado a falar quando deveria ter ouvido. Isaías 53:7 diz que, como um sacrifício em nosso favor, ele nem sequer abriu a sua boca. Nosso Salvador enfrentou esse desafio antes de nós. E triunfou. Ele acertou.


A chave para nós é que Jesus Cristo vivenciou as mesmas dificuldades de ouvir que nós enfrentamos. "Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados". (Hebreus 2:18). Isso significa que eu posso me achegar a um Salvador disposto, capaz e poderoso, em meus tempos de dificuldade. A sua experiência de vida no meu mundo - como aquele que permanece plenamente homem e plenamente Deus - permite que ele me ajude a enfrentar a tentação de falar, quando eu deveria ouvir.

Ouvindo o Mundo



Por  Gene Edward Veith

Os cristãos devem ouvir a Palavra de Deus, claro, no sentido de dar atenção a ela, segui-la e absorvê-la. Ouvir desta maneira as vozes do mundo que competem contra a Palavra pode nos causar problemas. Mas, em outro sentido, precisamos ouvir o que o mundo está dizendo. Prestar atenção pode nos ajudar a evitar os erros do mundo e nos tornar testemunhas e evangelistas mais eficazes.

A Bíblia elogia os aliados do Rei Davi da tribo de Issacar, como sendo "homens que tinham a inteligência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer" (1 Crônicas 12:32). Estes homens não defendiam a atitude de acompanhar os tempos, como fizeram mais tarde os falsos profetas da apostasia de Israel. Antes, os homens de Issacar entendiam os tempos-incluindo, sem dúvidas, o fascínio da idolatria cananéia naqueles dias-um entendimento que ajudou Israel a se manter fiel.

Um motivo importante para ouvir o mundo é reconhecer as falsas filosofias e visões de mundo, a fim de que a nossa fé cristã não se contamine. Por exemplo, um dos pressupostos que regem o mundo hoje é o progressismo. Essa visão pressupõe que o que é "novo" é sempre melhor do que o que é "velho". Portanto, os educadores progressistas tendem a cortar ou atacar nossa herança de livros antigos e ideias antigas em favor de "novas ideias", "últimos desenvolvimentos" e "pensamento de última geração".

Tal linguagem apela para muitos de nós, visto que somos, quer queira ou não, habitantes de nossa cultura. Mas entre as ideias antigas, o progressismo não tem utilidade para o cristianismo, e a crença no progresso - que as coisas estão melhorando cada vez mais em comparação à "escuridão" do passado - é um dos principais veículos para extirpar o cristianismo da sociedade.

Se ouvirmos cuidadosamente aos progressistas, observaremos a síndrome que o apóstolo Paulo enfrentou no centro intelectual de Atenas: "Todos os atenienses e estrangeiros que ali viviam não cuidavam de outra coisa senão falar ou ouvir as últimas novidades". (Atos 17:21). Veremos também as marcas do darwinismo, a noção de que estamos sempre evoluindo para a um nível maior.

Crentes, tendo considerado a fonte, em seguida, observem as falácias. O progresso na ciência e na tecnologia é real, mas é algo construído sobre as verdades do passado e não pela rejeição delas. Os computadores não precisam ser reinventados para continuarem melhorando; as inovações expandem aquilo que já têm feito. O conhecimento se acumula, portanto pode ser aumentado. Os cientistas e engenheiros sabem disso, mas os artistas, autores e filósofos continuam tentando começar tudo do zero nas áreas humanas. Assim sendo, eles não progridem verdadeiramente - eles se tornam primitivos.

O ponto é : Os cristãos - que não têm paciência alguma com o materialismo darwinista - geralmente parecem mais progressivos do que o evolucionista mais fervoroso. Eles buscam por "novas" teologias, "novas" formas de adoração e "novas" músicas, bem dispostos a jogar fora toda uma herança cristã "antiquada". Tal forma de pensar é o resultado de deixarmos de "entender os tempos" nos quais vivemos.

O pragmatismo é outra filosofia não cristã que encontrou espaço na igreja. Do ponto de vista que não conseguimos saber o que é verdadeiro e bom, segundo os filósofos pragmatistas, devemos simplesmente fazer "o que funciona" em termos materiais. Essa é uma vertente importante da filosofia americana, desde o modernista John Dewey, com seu ateísmo e socialismo, ao pós-modernista Richard Rorty, com seu relativismo e política esquerdista. Poucos cristãos concordariam com esses filósofos se os escutassem, no entanto, o pragmatismo simplificado pode ser ouvido constantemente em assembleias da igreja, seminários sobre crescimento da igreja e livros para pastores. "O que funciona" - para aumentar a frequência na igreja, atrair não cristãos, arrecadar mais dinheiro ou alcançar uma nova meta-pode passar por cima de todas as considerações teológicas, históricas e bíblicas.

A Escritura nos dá mais um motivo para ouvir o mundo com atenção: "Quem responde antes de ouvir", diz Salomão, "comete insensatez e passa vergonha" (Provérbios 18:13). Ao evangelizarmos não crentes, precisamos "ouvi-los" para que as respostas que damos como cristãos resolvam suas questões e respondam as indagações com as quais estão lutando.

Em muitas conversas, os cristãos e não cristãos seguem em um diálogo de surdos. O cristão pode estar de conversa fiada evangelística memorizada, enquanto a pessoa que ouve o testemunho está tentando entender porque Deus permitiu que sua mãe morresse de câncer. O não cristão talvez comece uma discussão política, enquanto o cristão está levantando questões de cunho espiritual. Na apologética, geralmente damos um argumento racional sobre o cristianismo para os pós-modernistas que rejeitam a razão. Geralmente, a igreja aborda questões apenas depois que a cultura já seguiu em frente. As igrejas que tentam alcançar os jovens se voltam para a música folk e pop quando os seus jovens menosprezam esses estilos em favor do rock e do rap.

Se em primeiro lugar ouvíssemos aqueles que estamos tentando alcançar, evitaríamos as respostas superficiais, pré-prontas e impessoais. Ao invés disso, podemos abordá-los de forma pessoal, autêntica e de alma para alma. Se eles sentirem que estão sendo verdadeiramente ouvidos, talvez eles nos deem ouvidos. Sentirão que nós ganhamos o direito de sermos ouvidos.

Podemos ouvir superficialmente-ouvir sua música vil e violenta só para condená-la e julgá-los-ou podemos escutar profundamente e perceber porque essa música é tão agressiva. Conforme Mary Eberstadt elucidou, muitas delas têm a ver com ser abandonado, especialmente por um pai. Pela mesma razão, a pessoa que sofre pela morte de sua mãe não está pedindo apenas uma dissertação abstrata em teodiceia (uma defesa sobre a bondade e poder de Deus em vista da existência do mal); antes, essa pode ser a ocasião de familiarizá-lo com o próprio Jesus que morre, levando sobre si toda a morte-inclusive a de sua mãe-e derrotando-a por meio de Sua ressurreição. Os pragmatistas que são impacientes com a abstração podem ser indicados ao Deus que encarnou. Podemos concordar com os relativistas de que só o mundo não nos dá base para a verdade universal, porém, em seguida, apresentá-los o Caminho, a Verdade e a Vida.

Se ouvirmos com atenção o mundo e aqueles que estão presos no mundo, com sua futilidade e pecado, podemos ouvir o clamor dos perdidos por trás da cacofonia de falsas ideias e visões de mundo distorcidas. Isso é capaz de despertar nossa empatia e compaixão de tal forma que poderemos fazer, de forma eficaz, aquilo que o apóstolo nos chama a fazer: "Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês". (1 Pedro 3:15).

Como poderia haver um Deus bom em um mundo como este?



Por J. Warner Wallace

Todos nós reconhecemos o fato de que vivemos em um mundo ‘menos do que perfeito’. Todos nós reconhecemos que o mal moral e natural são abundantes. Todos nós entendemos o que significa testemunhar (ou pessoalmente experimentar) estes tipos de mal. Vivemos em um mundo que está cheio de crime, pobreza, doenças e desastres naturais. E enquanto podemos falar sobre o mal natural e o mal moral de forma analítica, no final da contas precisamos tratar a maneira em que experimentamos isto. O mal apresenta-se à nós individualmente por meio de experiências de ‘dor’ e ‘sofrimento’.
Todos nós já experimentamos algum tipo de dor; todos nós sofremos de alguma forma em um momento ou outro. Teístas e ateus igualmente têm que explicar o fato de que o mundo está cheio de dor e sofrimento, e os ateus muitas vezes veem a existência da dor e sofrimento como evidência de que Deus simplesmente não existe. O argumento deles é algo assim:
1 - Se existe um Deus, Ele é, por definição, todo poderoso e todo amoroso. Em outras palavras, se há um Deus, Ele é um Deus ‘bom’.
2 - Um Deus bom, todo-poderoso e todo amoroso não permitiria que a dor e o sofrimento existissem em Seu mundo criado.
3 - A dor e o sofrimento EXISTEM em nosso mundo.
4 - Portanto, um Deus bom, todo poderoso, todo amoroso não existe.
É fácil entender por que os céticos poderiam fazer este tipo de argumento, e é importante para todos nós pensarmos nas questões e ver se este argumento é realmente verdadeiro. Por que um Deus bom permitiria dor e sofrimento? Não criaria um Deus bom um mundo no qual a Sua criação experimentaria nada além do conforto, amor e gratificação imediata? Não desejaria um Deus bom eliminar a dor e o sofrimento? Precisamos responder estas perguntas, e ao procurarmos profundamente por estas respostas, poderemos descobrir algumas falácias que estão inibindo a nossa compreensão do papel da ‘dor’ e ‘sofrimento’. Vamos analisar estas falácias e ver se é possível para um Deus bom, todo-poderoso e todo-amoroso criar um mundo em que a dor e o sofrimento são uma parte importante de Sua criação amada…
A Falácia do ‘Conforto’
Vamos começar com uma pergunta simples: “É possível que um Deus bom pode não entender ‘conforto’ no mesmo apreço que nós, humanos, entendemos?” Em outras palavras, é possível que o conforto não seja tudo aquilo que pensamos que seja? Pense nisto por um minuto. Você e eu sabemos que muitas vezes que BUSCAMOS a dor em um esforço para alcançar algum bem maior. Deixe-me dar-lhe um exemplo. Você já ficou dolorido depois de um bom exercício? Você já exerceu e sentiu a dor dos músculos que foram esticados e estes foram exigidos a fazer mais do que normalmente podem fazer? Sabemos que a dor deste tipo é um indicador de que temos exercitado bem e que este exercício irá, eventualmente, produzir um melhor nível de aptidão! Você já exercitou SEM ficar dolorido depois? Quando isto acontece, você não pondera se tem esforçando-se o bastante? Assim, reconhecemos que a dor é muitas vezes algo que estamos dispostos a suportar a fim de alcançar um objetivo maior. Claro, nós poderíamos permanecer no conforto, mas nos encontramos antecipando a dor de um bom exercício. A dor na verdade torna-se uma fonte de prazer!
Existe um senso entre os céticos de que um bom Deus estaria mais interessado em nosso conforto do que qualquer outra coisa. Para pessoas assim, o desconforto na verdade é uma prova de que Deus não existe. Mas arrazoe sobre esta ideia por um minuto; estamos realmente preparados para dizer que um Deus ‘bom’ se preocupa mais com o nosso conforto do que o nosso caráter? E se um Deus bom, por definição, deveria se preocupar mais com o nosso caráter do que o nosso conforto, não é razoável que este mesmo Deus possa usar a dor de desenvolver este caráter?
Não é razoável que este Deus bom pode valorizar a dor que eventualmente produz algo desejável? Consequentemente, este é exatamente o tipo de Deus que nós, como Cristãos, acreditamos que existe. Os Cristãos entendem que Deus pode usar a dor e o sofrimento para realizar algo maravilhoso. O sofrimento permite-nos demonstrar amor e compaixão, e desenvolve um caráter que é maduro e duradouro:
Romanos 5:3-4
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
Tiago 5:10-11
Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
1 Pedro 5:10
E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá.
Então, os Cristãos não afirmam que a existência de Deus exclui a existência da dor e sofrimento. Em vez disso, os Cristãos sempre afirmaram que Deus usa a dor e o sofrimento para realizar um bem maior. O conforto nunca foi este bem maior; o objetivo de Deus sempre tem sido mais focado na questão do caráter.
A conclusão: Um Deus bom dar valor ao caráter mais do que o conforto. O caráter é frequentemente melhor desenvolvido como resultado da nossa experiência de dor e sofrimento. Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento para desenvolver o nosso caráter.
A Falácia do ‘Amor’
Agora, vamos fazer outra pergunta: “Podemos realmente chamar Deus, que usa a dor para desenvolver o nosso caráter, de ‘amor’?”. Em outras palavras, pode um Deus amoroso justificadamente permitir a inflição da dor, independentemente de se haver ou não um bem maior como resultado no futuro? Para responder a esta pergunta, precisamos realmente compreender o caráter de Deus relacionado com a questão de ‘amor’. A Bíblia frequentemente descreve Deus como ‘amor’; a escritura também descreve a natureza de Deus como o equilíbrio perfeito da misericórdia e da justiça. O amor pode, portanto, ser descrito como a combinação perfeita de misericórdia e justiça. Esta definição pode parecer estranha para um mundo que vê o amor como a resposta emocional simples da misericórdia somente. Mas se pretendemos compreender o papel da dor e sofrimento em nosso mundo, precisaremos em primeiramente de entender a natureza equilibrada do amor de Deus.
Os céticos podem argumentar que o bom caráter pode ser alcançado por um Deus amoroso sem nunca ter que usar a dor ou sofrimento. Eles certamente argumentariam que a ideia de um Deus amoroso é inconsistente com o Seu uso de dor mental ou fisiológica. A visão deles de um Deus ‘amoroso’ espera que um Deus como este nunca disciplinaria os seres humanos com punição positiva, mas, ao invés, estimularia os seres humanos em direção ao comportamento e caráter correto através do reforço positivo somente. Eles podem oferecer o exemplo do dono do cachorro que está tentando ensinar o seu cachorro a fazer suas necessidades. Se tal dono fosse bater no cachorro dele todas as vezes que este não fizesse o que ele quisesse, considerá-lo-íamos um dono ‘amoroso’? Não considerá-lo-íamos um dono mais amoroso se ele desse ao cachorro um biscoito todas as vezes este usasse o quintal apropriadamente? Semelhantemente, um Deus amoroso encorajaria e estimularia os humanos através do prazer ao invés de disciplinar os humanos por meio da dor, não é?
Bem, vamos analisar a natureza do amor mais uma vez, e desta vez, vamos relacioná-la com a nossa própria experiência. Se você for um pai ou mãe (ou já teve um dos pais), você sabe que o reforço positivo (misericórdia) por si só simplesmente não é suficiente para mudar o comportamento das crianças. Todos nós concordaríamos que crianças comportam-se de maneiras que são ambos aceitáveis ​​e inaceitáveis​​. Os pais geralmente recompensam comportamentos aceitáveis na tentativa de incentivá-los. Mas quando os pais falham em punir um comportamento inaceitável, eles estão, em essência, incentivando este comportamento ruim também. A maioria de nós que já foram pais reconhece que simplesmente não é suficiente para recompensar o que é aceitável. Deixar de punir o que é inaceitável é na verdade uma recompensa em si mesmo.
Quando os criminosos ficam na frente de um juiz, tendo sido julgados culpado de um crime, a justiça exige não somente que eles não serão recompensado, mas que eles sofrerão uma punição apropriada. Se o juiz falhar em ser justo em relação àqueles que tenham cometido um crime, ele falha em amar aqueles que foram vitimizadas. O amor requer o equilíbrio de misericórdia e justiça, e a dor é frequentemente aplicada para o benefício amoroso do objeto de nosso amor. Semelhantemente, Deus frequentemente demonstra a Sua natureza amorosa (Sua misericórdia, fidelidade, justiça e poder) em meio às circunstâncias dolorosas:
João 9:1-3
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
Além disto, nós, como filhos de Deus, somos muitas vezes conformados ao caráter de Deus através da dor e sofrimento:
2 Coríntios 12:7
E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Salmo 119:71
Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.
Hebreus 5:8
Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
Então, os cristãos têm uma visão bem equilibrada do ‘amor’ que permite a existência da dor e sofrimento. A cosmovisão Bíblica não exclui a existência de Deus com base simplesmente na existência de tal dor e sofrimento, porque entende que a natureza do ‘amor’ inclui a necessidade de justiça.
A conclusão: Um Deus amoroso demonstra o equilíbrio perfeito entre a misericórdia e justiça. A justiça muitas vezes requer a inflição da dor e sofrimento para alcançar um bem maior. Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento, a fim de manter o caráter justo do ‘amor’.
A Falácia da ‘Satisfação Imediata’
Vamos fazer uma última pergunta: “Por que um Deus bom e todo-amoroso criaria um mundo em que as pessoas sofrem e morrem em dor não resolvida, ao invés de viver sem dor?” Em outras palavras, por que um bom Deus nos permitiria sofrer ou morrer injustamente, sem a resolução (ou satisfação) da nossa dor ou sofrimento? Muitas pessoas sofrem de doença ou como resultado de uma catástrofe, e continuam a sofrer (ou até mesmo morrer) antes que possam ser curados ou antes que a sua situação possa ser revertida. Como pode um Deus bom permitir tal sofrimento não resolvido? Não permitiria um Deus bom que o nosso senso de misericórdia e justiça fosse satisfeito antes de morrermos? Precisamos lidar com o fato de que muitas pessoas sofrem muita dor e NUNCA experimentaram alívio terreno. Se o Deus Bíblico realmente existe, precisamos entender a natureza da “satisfação Bíblica”.
Se os ateus estiverem corretos, nós humanos temos uma vida útil muito curta. Vivemos aproximadamente 80 anos de idade e depois morremos em um estado de fragilidade e decadência. Se os ateus estiverem certos, gastamos cerca de 80 anos vivendo em um mundo em que a dor e sofrimento muitas vezes parecem completamente injustificado e injusto; 80 anos de lenta decadência em que muitas vezes sentimos crescente dor , crescente decepção e crescente sofrimento. Do ponto de vista ateísta, a vida é um passeio curto e brutal, cheio de dor não resolvida. É compreensível que a cosmovisão ateísta relacionada à natureza da existência humana descreve a nossa existência mortal como uma experiência dura e muitas vezes sem amor. Um mundo ateísta é verdadeiramente inconsistente com a existência de Deus.
Mas e se a visão ateísta da existência humana estiver completamente imprecisa? E se a vida humana não for limitada aos 80 anos que passamos aqui na terra? E se os humanos, em vez de viverem por 80 anos mortais, forem, na verdade, IMORTAIS pela sua própria natureza? Faria isto uma diferença na forma como entendemos a natureza da dor e sofrimento assim como a experimentamos nos primeiros 80 anos? Pode ser. Deixe-me dar-lhe um exemplo por meio de uma ilustração.
Vamos imaginar a vida de uma moça (chamada Brittney), que acabou de comprar seu primeiro carro, e vamos congelar a sua história em três locais específicos para avaliar o papel da dor e sofrimento em sua vida. A Brittney compra seu primeiro carro depois de juntar seu dinheiro por muitos meses. Ela não tem uma família rica, então ela compra um carro usado (um Yugo do ano 1990) de um amigo por $1.000,00. O carro roda muito bem e está limpo; ela está tão feliz de tê-lo. No primeiro fim de semana depois de comprar o carro, ela vai até a praia com este, dirigindo-o ao longo da estrada visando a água. Vamos CONGELAR a história de Brittney. A vida é boa para Brittney em relação à dor e sofrimento? Embora a vida não seja necessariamente ótima (ela está, afinal, dirigindo um Yugo de 1990!) teríamos que concordar que, em relação à dor e sofrimento, a vida dela é muito boa. Agora vamos continuar…
Enquanto a Brittney está dirigindo pela praia, ela envolve-se em um acidente de carro. Ela é atingida pelo lado por um adolescente bêbado em um Hummer. O carro dela está completamente destruído e ela está gravemente ferida. Depois do acidente, ela está deitada na cama e os médicos lhe disseram que suas duas pernas estão quebradas. A Brittney precisará MESES de reabilitação se algum dia espera recuperar a vida que ela já teve. A Brittney está com dores terríveis; ela não consegue dormir e mal consegue mover-se. Vamos CONGELAR a história da Brittney mais uma vez. A vida é boa para a Brittney em relação à dor e sofrimento? Não. Neste ponto de sua história a vida está terrível. O corpo da Brittney está aleijado com dor enquanto ela está inocentemente sofrendo a consequência de um acidente que claramente não era culpa dela. O carro dela foi destruído. Se a história terminar aqui, a Brittney teria que dizer que a vida NÃO é boa. Mas há um pouco mais sobre a história da Brittney, então vamos continuar…
Por vários meses após o acidente, Brittney está envolvida em reabilitação intensiva. Ela descobre um senso de determinação e força que ela nunca percebeu que tinha. Ela está mais paciente e determinada do que nunca antes. Seu treinamento de reabilitação resultou em uma recuperação completa. Ela está completamente sem dor. De fato, um ano após o acidente, ela agora está na melhor forma de toda a sua vida. Ela tornou-se uma corredora e goza de um nível de condicionamento até então desconhecido para ela. E além de tudo isso, o seguro dela cobriu a reposição de seu carro destruído. Ela encontrou um ótimo negócio e agora possui um Honda ano de 2005 (uma grande melhoria desde o Yugo!).
Anos após o acidente, a Brittney tem quase esquecido a dor e sofrimento que uma vez experimentou, mas ela continua vivendo com as bênçãos que saíram daquele terrível tempo em sua vida. O acidente parece ser um curto piscar de olhos em comparação com os anos que se seguiram. Vamos CONGELAR a história da Brittney uma última vez. A vida está boa da perspectiva da dor e sofrimento? Sim, a vida da Brittney está boa. Ela passou por muita coisa, mas agora está em melhor condição física do que nunca antes, tem desenvolvido um caráter determinado e serene que ela não tinha anteriormente, e ela está até mesmo dirigindo um carro melhor!
Então, o que tudo isto têm a ver com o nosso entendimento de “gratificação imediata”, a dor e sofrimento? Bem, imagine se a Brittney morresse logo após a segunda estrutura de CONGELAMENTO na história dela. E se ela tivesse morrido naquele acidente de carro? Será que nos sentimos como se Deus tivesse sido justo com ela? Será que duvidaríamos da existência de Deus por causa da maneira que a Brittney experimentou a dor , sofrimento e morte? Creio que sim. Queremos que a vida seja uma história de sucesso. Queremos um final feliz e queremos o melhor que a vida tem para oferecer agora mesmo (imediatamente). Quando vemos pessoas sofrerem sem resolução imediata (e satisfação), começamos a duvidar da existência ou bondade de Deus.
A cosmovisão ateísta nos diz que a história da Brittney termina na segunda estrutura de CONGELAMENTO. A cosmovisão ateísta argumenta que toda a vida é curta e muitas vezes acaba em tragédia ou decadência. A cosmovisão ateísta afirma que a vida termina com a morte e não há nada mais. Esta vida mortal é tudo o que temos. A cosmovisão Cristã, por outro lado, não termina na segunda estrutura de CONGELAMENTO. A cosmovisão Bíblica afirma que toda a vida humana continua após o túmulo. A vida não termina com a morte física; o ponto de nossa morte física é apenas o começo da nossa vida eterna espiritual! Se isto for verdade, estamos simplesmente viajando por esta EXATA existência breve a caminho de uma vida eterna, onde nenhuma dor ou sofrimento possa ser experimentado (se temos confiado em Jesus para nossa salvação):
1 Coríntios 7:29-31
Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se não as tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa.
João 17:14, 17
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
1 Tessalonicenses 4:13-18
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Hebreus 11:13-16
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.
Então, a cosmovisão Cristã não tem nenhum problema em explicar a existência da dor e sofrimento, não porque seja insensível ou ignorante em relação a existência do sofrimento ao redor do mundo, mas porque tem certeza da verdadeira natureza eterna da existência humana. Os cristãos podem ser pacientes para com a justiça e misericórdia, porque eles sabem que esta vida é muito curta em comparação com a eternidade. Os cristãos sabem que qualquer dor e sofrimento que possamos experimentar nesta vida mortal serão como um piscar de olhos em comparação com a eternidade.
A conclusão: Um Deus amoroso providencia aos humanos com uma existência além do túmulo. Toda felicidade, amor, misericórdia e a justiça não precisam ser satisfeitos imediatamente nesta vida, porque todos esses desejos serão satisfeitos na eternidade. Deus, portanto, permite algum nível de dor e sofrimento porque ele sabe (e tem comunicado) a passageira e curta natureza de nossa experiência mortal.
Então, Como Pode Deus existir?
Então, como pode um Deus todo-poderoso de amor permitir dor e sofrimento? Da mesma forma que um pai amoroso pode permitir que sua criança infantil sofra com a agulha do médico. Imagine um pai trazendo seu bebê ao consultório do médico para uma vacina contra a gripe. Da perspectiva da criança, a vacina é terrivelmente dolorosa e indesejada. A criança não sente-se como se ele ou ela tem feito alguma coisa para merecer isto, e não tem nenhum desejo de sofrer através da experiência. Mas o pai sabe mais, mesmo que a criança simplesmente não pode começar a entender o que está acontecendo. O pai sabe que a dor da injeção irá proteger a criança; isto irá resultar em algo que beneficia a criança. E o pai também sabe que ele está agindo por amor, mesmo que um dia sem dor na perspectiva da criança possa parecer uma abordagem mais amorosa. O pai sabe que o verdadeiro amor muitas vezes exige que ele permita um pouco de dor por parte da criança. E, finalmente, o pai sabe que a dor da injeção está passando em relação à vida da criança. Por todas estas razões, o fato de que o pai permitiu a dor da injeção não nega a sua existência! É completamente razoável supor que um bom pai amoroso pode permitir dor e sofrimento para um destes três motivos, e de forma semelhante, é completamente razoável supor que um Deus amoroso pode permitir dor e sofrimento em nossas próprias vidas.

Como posso criar um criminoso?

Por Norbert Lieth
A Bíblia nos ensina em Provérbios 22:6: “Ensina a criança no o caminho que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”. A chefia de polícia de Houston, Texas (EUA), publicou as seguintes diretrizes irônicas sobre a educação de filhos:

Como posso conduzir meu filho a caminhos errados?

1 - Desde pequeno, dê ao seu filho tudo que ele deseja;
2 - Ache graça quando seu filho disser palavrões, pois assim ele ficará convencido da sua originalidade;

3 - Não lhe dê orientação espiritual. Espere que ele mesmo escolha "sua religião" depois dos 21 anos de idade;

4 - Nunca lhe diga que ele fez algo errado, pois isso poderia deixá-lo com complexo de culpa;

5 - Deixe que seu filho leia o que quiser... A louça deve ser esterilizada, mas o espírito dele pode ser alimentado com lixo;

6 - Arrume pacientemente tudo que ele deixar jogado: livros, sapatos, meias. Coloque tudo em seu lugar. Assim ele se acostumará a transferir a responsabilidade sempre para os outros;

7 - Discuta freqüentemente diante dele, para que mais tarde ele não fique chocado quando a família se desestruturar;

8 - Dê-lhe tudo em comida, bebida e conforto que o coração dele desejar. Leia cada desejo nos seus olhos! Recusas poderiam ter perigosas frustrações por conseqüência;

9 - Defenda-o sempre contra os vizinhos, professores e a polícia; todos têm algo contra seu filho!

10 - Prepare-se para uma vida sem alegrias – pois é exatamente isso que o espera!

Quem “educar” seus filhos dessa maneira, realmente deve esperar anos difíceis, pois a Bíblia diz em Provérbios 29:15b: “...a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe”. Aquele, entretanto, que seguir a Palavra de Deus na educação, experimentará o que diz Provérbios 29:17: “Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma”.

Pecado: Desgraça ou crime? Pecador: Vítima ou criminoso?

Por Josemar Bessa

O homem sempre viu o pecado de forma completamente diferente de Deus. A uma síndrome de vitimização nascida desde o Éden que sempre prosperou na mente humana, e que infelizmente em nossos dias, faz parte da base de grande parte do que chamamos “evangelho” hoje.

O homem sempre tratou o pecado como uma desgraça, não como um crime, como uma doença, e não como culpo, como um caso para um médico cuidando de um inocente doente e não um caso para um juiz. Quando suas bases se tornam estas, o que chamamos evangelho se torna o que essencialmente forma todas as religiões e teologias humanas.

Não reconhecendo o aspecto essencial, que é judicial da questão, não reconhece que a verdadeira resposta depende completamente em se reconhecer a completa culpa e indignidade, não havendo nenhuma reivindicação a ser feita pelo homem, sendo, sabendo e sentindo sua completa culpa diante de um Deus santo e justo que em nada está obrigado a não ser exercer sua justiça, sendo Sua misericórdia, como a própria definição da Palavra exige, prerrogativa inteiramente de quem a exerce... só justiça pode ser reivindicada. Ao fugir disso, em nada o “evangelho” se difere de todas as religiões humanas – que não vê o homem na necessidade de sinceramente reconhecer a culpa ou criminalidade como malfeitor, e não vítima ou merecedor de algo.

O pecado é um grande mal, traz infinita culpa... E as tentativas do homem de removê-la apenas a aumenta. Os esforços dos homens em se aproximar de Deus baseado em sua vitimização, ou algo bom que ainda resida neles apenas agrava a culpa ao banalizá-la.

Só Deus pode lidar com o pecado, com o crime, como uma desonra a si mesmo e como empecilho da aproximação do homem a Ele. E jamais, sendo santo, Ele lida com a culpa do homem de forma arbitrária ou sumária por mero exercício da vontade ou poder, mas ao levá-lo para julgamento em Seu próprio tribunal justo, na cruz ou no inferno.

A ira de Deus será totalmente merecida, justa e certa. Mas quão grande é a dificuldade de um “evangelho” centrado no homem sequer mencioná-la. O apóstolo Paulo minuciosamente mostra isso na primeira parte da carta aos Romanos: “A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens...” ( Romanos 1.18).

É completamente merecida. A verdade de Deus é conhecida: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” - Romanos 1:19-20. Mas essa verdade é completamente suprimida – isso desperta a ira divina, porque não é uma desgraça... é um crime. E seu fruto é a impiedade e injustiça. Muitos estão dispostos, mesmo nos púlpitos, pregar um outro “evangelho”, sem ira... mas a advertência é: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” - Efésios 5:6. “Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” - Colossenses 3:6

Paulo fala não só claramente, mas duramente em Romanos 2.5: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” – Culpados, não vítimas! Somos responsáveis, estamos acumulando ira com cada ato de indiferença para com Deus – vivendo como definiu Agostinho – incurvatus in si – sendo deus de nós mesmos. Dando preferência para qualquer coisa acima de Deus. Esse não é um planeta de vítimas, mas de rebeldes. Cada batida de nossos corações, cada vez que o pecado é acariciado minuto a minuto neste mundo, cada vez que Deus, o doador de todas as coisas, é tratado como maçante... culpa, culpa, culpa: “...entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;”

Em Romanos 3.5-6, Paulo reintera: “Mas, se a nossa injustiça ressalta de maneira ainda mais clara a justiça de Deus, que diremos? Que Deus é injusto por aplicar a sua ira? ( Estou usando um argumento humano. ) Claro que não! Se fosse assim, como Deus iria julgar o mundo?”

O que poderia ser mais claro? Como um “evangelho” tão diferente pode ser pregado hoje? Porque é lógico que num mundo onde todos se veem como vítimas e o pecado como desgraça e não crime, o verdadeiro evangelho não seria visto como “relevante” para ele – e como a aceitação e parceria com o mundo é o grande objetivo em nossos dias – jogamos a verdade ofensiva no lixo. Paulo, inspirado pele Espírito, diz que esse Deus justo vai julgar o mundo com uma fúria terrível!

O problema é que o homem  acha que seus pecados não merecem esse tipo de ira – mas achar isso só mostra o quão culpado o homem é.

Um único pecado colocou o mundo inteiro sob o julgamento de Deus e trouxe a morte a todas as pessoas: “...mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá". - Gênesis 2:17“Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo.” - Romanos 5:17

Um único pecado trouxe tudo isso, e você tem cometido dezena de milhares de pecados contra este Deus. E cada pecado não é algo isolado, em cada pecado toda a lei de Deus é quebrada: “Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.” - Tiago 2:10. Ou seja, cada pecado é na verdade milhares de pecados. Você não só pecou milhares de vezes, mas cada um deles tinha a quebra de toda a lei de Deus.

Considere que uma única ofensa seria eternamente séria quando desonra um Deus infinitamente digno, uma desonra infinita. Portanto, uma punição infinita é merecida.

Só Deus pode resolver tão grande crime sendo perfeitamente justo, na cruz ou no inferno... qualquer solução vista que não essa, aumenta a culpa do desprezo a Deus em quem a propõe, e engana mortalmente quem a ouve: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” - Efésios 5:6. “Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” - Colossenses 3:6

Ou Deus governa ou é governado


Por A. W. Pink

Defrontamo-nos com alternativas e nos vemos forçados a escolher entre elas: ou Deus governa, ou é governado; ou Deus domina, ou é dominado; ou Deus cumpre a sua vontade, ou os homens cumprem a deles. É difícil fazermos nossa escolha entre essas alternativas? Teremos de dizer que vemos o homem como uma criatura tão indomável, que está além do controle de Deus? Precisaremos dizer que o pecado alienou o pecador para tão longe dAquele que é três vezes santo, que o pecador estafara do âmbito da jurisdição divina? Ou diremos que o homem, por ter sido dotado de responsabilidade moral, precisa ser deixado fora do controle de Deus, pelo menos durante o período de sua provação? Visto ser o homem natural * um fora-da-lei quanto ao céu, um rebelde contra o governo divino, segue-se necessariamente que Deus é incapaz de cumprir o seu propósito por meio dele?

Queremos dizer não só que Deus pode revogar os efeitos das ações dos malfeitores, como também que, por fim, Ele chamará os maus, perante seu trono de juízo, para que a sentença de castigo seja pronunciada contra eles — multidões de não-cristãos crêem nessas coisas. Queremos dizer, além disso, que cada ação do mais desregrado dos seus súditos está inteiramente sob o seu controle; sim, queremos dizer que enquanto o homem age, apesar de não o saber, cumpre as secretas determinações do Altíssimo. Não sucedeu assim com Judas? Será possível selecionar algum caso mais extremo do que esse? Portanto, se o arqui-rebelde estava cumprindo o plano de Deus, crer a mesma coisa a respeito de todos os demais rebeldes será um fardo demasiadamente pesado para ser suportado pela nossa fé?

Nosso objetivo não é uma inquirição filosófica ou uma casuística transcendental; e sim, determinar qual o ensino das Escrituras quanto a esse assunto tão profundo, baseados na Lei e no Testemunho, porque é somente assim que podemos aprender acerca do governo divino — seu caráter, plano, modo de operar e objetivo. O que, então, aprouve a Deus revelar-nos em sua bendita Palavra quanto ao seu domínio sobre as obras de suas mãos e, de maneira especial, sobre aquele que originalmente foi criado à sua imagem e semelhança?

"Nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (At 17.28). Que extraordinária declaração é esta! Estas palavras, devemos notar, foram dirigidas não a uma das igrejas de Deus, nem a algum grupo de santos que já atingira alto nível de espiritualidade, e, sim, foram dirigidas a um auditório pagão, a pessoas que adoravam o "DEUS DESCONHECIDO" e que zombaram quando ouviram falar da ressurreição dentre os mortos. Mesmo assim, perante os filósofos atenienses, perante os epicureus e estóicos, o apóstolo Paulo não hesitou em afirmar que viviam, se moviam e existiam em Deus, isto é, que não somente deviam sua existência e preservação Àquele que criou o mundo e tudo o que nele há, mas também que as suas próprias ações eram supervisionadas e, portanto, controladas pelo Senhor dos céus e da terra (Dn 5.23).


"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR" (PV 16.1). Note que essa declaração tem uma aplicação geral — aplica-se ao "homem", e não somente aos crentes. "O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos" (Pv 16.9). Se o Senhor dirige os passos do homem, não é prova de que este é governado ou controlado por Deus? De igual modo: "Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá" (Pv 19.21). Pode isso significar algo menos que, sem importar o que o homem deseje ou planeje, é a vontade do Criador que é executada? Ilustremos com a parábola do rico insensato. Os propósitos do seu coração nos são expostos: "E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te". Tais foram os propósitos do seu coração; no entanto, foi o "desígnio do SENHOR" que prevaleceu. O "farei" do rico insensato foi reduzido a nada, porque "Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma" (Lc 12.16-21).

"Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina''' (Pv 21.1). O que poderia ser mais evidente? Do coração "procedem as fontes da vida" (Pv 4.23), e, conforme o homem "imagina em sua alma, assim ele é" (Pv 23.7). Se o coração está na mão do Senhor e Este o inclina segundo o seu querer, é claro que os homens, sim, os governadores e reis, e, portanto, todos os homens, estão sob o governo do Todo-Poderoso! Nenhuma limitação se deve fazer às declarações acima. Insistir que alguns homens, pelo menos, conseguem impedir o exercício da vontade divina e subverter o seu conselho é repudiar outros trechos bíblicos que são tão claros quanto estes. Pese bem o seguinte: "Mas, se ele resolveu alguma cousa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso fará" (Jó 23.13). "O conselho do SENHOR dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações" (SI 33.11). "Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENH©R" (PV 21.30). "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidara} A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14.27). "Lembrai-vos das cousas passadas da antiguidade; que eu sou Deus e não há outro, eu sou Deus e não há outro seme¬lhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade as cousas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46.9,10). Não existe qualquer ambiguidade nessas diversas passagens. Afirmam elas, da maneira mais taxativa e inequívoca, que é impossível o propósito do Senhor ser reduzido ao nada.

Lemos as Escrituras em vão, se não descobrimos nelas que as ações dos homens, quer sejam más ou boas, são governadas pelo Senhor Deus. Ninrode e seus companheiros resolveram erigir a torre de Babel, mas antes que a completassem, Deus lhes frustrou os planos. Jacó era o filho a quem a herança fora prometida, e, embora Isaque procurasse reverter o decreto do Senhor e dar a bênção a Esaú, seus esforços não prevaleceram. Esaú jurou que se vingaria de Jacó, mas, finalmente, quando se encontraram, choraram de alegria, ao invés de lutarem com ódio. Os irmãos de José resolveram destruí-lo, mas os seus intentos foram frustrados. Faraó se recusou a deixar Israel cumprir as instruções do Senhor e o que alcançou com isso foi perecer no mar Vermelho. Balaque pagou Balaão para amaldiçoar aos israelitas, porém Deus compeliu Balaão a abençoá-los. Hamã erigiu uma forca destinada a Mordecai; porém foi o próprio Hamã que nela pereceu enforcado. Jonas resistiu à vontade de Deus; mas, o que conseguiu com todos os seus esforços? Sim, os gentios podem enfurecer-se e os povos imaginar "cousas vãs"; os reis da terra podem levantar-se e os príncipes conspirar contra o Senhor e contra o seu Cristo, dizendo: "Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas" (SI 2.1-3). Mas, apesar disso, o grande Deus se perturba com a rebeldia de suas tão débeis criaturas? Certamente que não: "Ri-se aquele que habita nos céus; o SENHOR zomba deles" (v.4). Ele está infinitamente acima de todos, e a maior confederação dos poderes da terra e seus mais vigorosos e intensos preparativos, para combater-Lhe os propósitos, são, aos olhos dEle, inteiramente pueris. Ele atenta para os vãos esforços dos homens, não somente sem alarmar-se, mas também a rir-se e a zombar da estultícia e da fraqueza deles. Sabe que pode esmagá-los como traças, quando quiser fazê-lo, ou consumi-los com o sopro da sua boca, num só instante. De fato, é ridículo que os cacos de barro da terra contendam com a gloriosa Majestade celestial. Tal é o nosso Deus; adorai-O.

O Lobo: Inimigo ou desculpa?



Por Josemar Bessa

Como lidar com o engano e falso ensino? A desculpa de muitos para sua postura anti-igreja se concentra nos falsos mestres... Essa desculpa só pode vir ou da incredulidade para com a Bíblia ou da hipocrisia. Deus sempre disse que essa seria uma realidade na vida da igreja: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” - 2 Pedro 2:1

Pedro não poderia ser mais claro – Não há “talvez”, “mas”, “quem sabe...” – Há uma declaração enfática: “entre vós haverá!” – Portanto, onde está a surpresa? Havia falsos profetas em Israel durante toda a história do Velho Testamento, mas a solução jamais foi deixar de ser o povo da Aliança e se tornar pagão, ou ser do time do “eu sozinho...”. Pedro diz: “Entre vós haverá!”.

Falsos profetas eram problema constante no Velho Testamento, apesar de haver clara ordem deles serem identificados e extirpados do meio do povo, raramente Israel tratou com este problema. O que fez eles se multiplicarem trazendo muitas vezes ruína espiritual a todo povo da Aliança. Mas a solução jamais passou em não ser o povo da Aliança...

Pedro aplica isso a igreja. Pedro está escrevendo para a igreja: “Entre vós haverá também falsos mestres...” – Ele está falando da igreja local. Está falando a membros da igreja local, da congregação para onde sua carta está sendo enviada. Ou seja, não existe tal coisa como uma igreja pura e perfeita deste lado do céu. Amamos a verdade lutando por ela no contexto da igreja. É isto que Pedro está fazendo, e não sendo anti-igreja. Desculpas por não amar a igreja escondem o individualismo de nossa geração... cada um por si. Cada um sendo mestre de si mesmo...

Muitas pessoas esperando amar uma igreja ideal não amam a igreja de forma alguma, e jamais amarão. Os Reformadores ao morrerem, estavam longe de viverem numa igreja ideal, mas amaram e serviram a igreja com todas as suas forças.

Paulo diz duramente: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho” - Gálatas 1:6 – Uau! Isso é duro. Mas de forma alguma Paulo se tornou um anti-igreja. Paulo amou, apesar disso, a igreja dos Gálatas, Coríntios... Vejam suas palavras: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós” – Gálatas 4.19

Satanás é falsificador... Paulo diz aos Coríntios: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” -  2 Coríntios 11:3

Sendo um falsificador, satanás tem um
 
falso evangelho: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” - Gálatas 1:6-9

Pregado por falsos ministros: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” - 2 Coríntios 11:13-15

Produzindo falsos irmãos: “...em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos...” - 2 Coríntios 11:26

O chamado é para identificar e combater, e não usar isso como desculpa para esconder nosso individualismo que reflete nossa geração e cultura e não a Verdade e a ordem de Deus para nós. Identificar e combater foi o que fizeram dia a dia os apóstolos vivendo em meio ao rebanho... igreja locais... dos Gálatas, Efésios, Coríntios... pois é o mercenário, e não quem ama a verdade, que abandona o rebanho por causa do lobo: “Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas”. - João 10:12 – Apesar de não sermos todos pastores, todos temos a responsabilidade pelo rebanho de Deus, por isso Pedro fala a todos da igreja local: ““E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” - 2 Pedro 2:1

Jamais use o lobo como desculpa para o teu individualismo que abandona o rebanho e que reflete uma cultura sem Deus e não o amor de Deus pela igreja.