quinta-feira, 27 de março de 2014

Eu odeio esse irmão em Cristo

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Por Maurício Zágari
Estou escrevendo este post mais como um desabafo do que por qualquer outra razão. Se você conhece alguém que faz da sua vida um inferno vai me entender, pois há um irmão em Cristo que me atormenta e preciso botar para fora a minha ira – que é santa, naturalmente – senão parece que vou explodir. É muito duro para nós, que somos irrepreensíveis, aturar esse tipo de gente falível. Pode ser que a pessoa que você não suporte seja um vizinho que ponha músicas horríveis no maior volume sempre que você quer dormir. Ou um colega de trabalho que já fez todo tipo de fofoca contra você. Ou, ainda, uma irmã da igreja que te irrita, magoa ou toma atitudes contra sua paz. Pode ser, até mesmo, o seu chefe, quem sabe, ou o pastor que, em vez de zelar por tua alma, te oprime, subjuga, denigre e prejudica. E você odeia tudo de ruim que há nessa pessoa. Quer fazer parecer que não, pois, afinal, odiar não pega bem para um crente. Mas, lá no  fundo do seu coração, você sabe que odeia. Talvez não tão no fundo assim. Pois bem, há um cara que me tira do sério. Sou obrigado a conviver com ele por causa das circunstâncias da vida, mas ele é chato, pecador, egoísta, mesquinho e insuportável – tudo o que eu não sou. Por favor, permita-me desabafar com você, pois não tenho como fazer isso com um amigo em comum – senão poderia parecer que sou um fofoqueiro invejoso. E não pegaria bem para um bom crente como eu.

Não sei qual é o nível de relacionamento que você tem com seu desafeto. No meu caso, conheço esse fulano desde a infância. As primeiras lembranças que tenho dele são anteriores aos meus 3 anos de idade, pois morávamos na mesma rua. Dá pra imaginar o suplício que é essa convivência para um homem de 41 anos como eu? Anos e anos e anos suportando esse cidadão. Crescemos juntos e, por uma série de situações, que não vêm ao caso, fui obrigado a conviver com ele em muitas áreas de minha vida. Hoje, inclusive, ele calhou de frequentar a mesma igreja que eu – para meu azar e irritação.

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Uma das coisas que mais me incomodam nele é que E. (permita-me chamá-lo apenas pela inicial, pois eu não sou o tipo de pecador que cita nomes) se faz passar por meu amigo, tem toda a aparência de crente mas é um tremendo pecador. Como o conheço há tanto tempo temos intimidade suficiente para eu saber coisas de sua vida que ninguém mais sabe. Ele me conta pensamentos terríveis e atos completamente reprováveis do ponto de vista bíblico. Às, vezes, confesso, chego a ter uma certa repulsa por E., tamanha é a sua pecaminosidade. E é duro para uma pessoa tão correta como eu aguentar isso. Mas, infelizmente, sou obrigado a conviver com ele, então não tenho para onde correr. Só que é insuportável ver o quão pecador esse cidadão é.

Eu me encontro com ele nos cultos. O vejo levantar as mãos no louvor, fazer aquela carinha de santo na hora da oração e ostentar seu jeito insuportável de cristão nota dez, quando eu sei quem ele é e as coisas horríveis que pensa e faz. Na verdade, eu o fico observando o culto inteiro e me enoja quando ele fica chorando, pedindo perdão por seus pecados, quando sei que ele vai sair da igreja e pecar de novo. E me sinto obrigado a pedir que Deus pese a mão sobre ele, pra ver se toma jeito. Miserável pecador…

Cara4Você conhece alguém tão ruim como esse cara? O que você faz com um indivíduo assim? Por favor, me diga como devo proceder. Às vezes, quando prego, confesso que já exortei muito pensando nele, pois sabia que ele estava ouvindo. Sabe quando você faz uma explanação que parece generalista mas tem endereço certo? Você pode até achar feio eu ter feito isso, mas confesso: eu fiz. Dei montes de indiretas para E. em muitas de minhas pregações, para ver se ele, de algum modo, era tocado por Deus e mudava. Não sei se adiantou, só o Senhor sabe, mas fiz a minha parte.

Pense em apenas alguns dos dez mandamentos. E. muitas e muitas vezes priorizou outras coisas no lugar de Deus.  Tomar o nome de Deus em vão é praticamente todo dia e Êxodo 20.7 diz que quem fizer isso o Senhor não terá por inocente. Preciso dizer mais? Então vamos lá: honrar pai e mãe? Coitados, lembro que, quando éramos crianças, ele dava um trabalhão. Hoje, que E. já é um homem feito, muitas vezes os decepciona. Eu vejo, ninguém me disse. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”? Como negar as montanhas de vezes em que ele fez isso? “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”? Tudo bem, admito, nunca o vi cobiçar o jumento de ninguém, de resto perdi a conta de quantas vezes o flagrei invejando o que não lhe pertencia. Cara, desculpe, mas E. tem tantos buracos em sua santidade que se eu te contasse tudo você diria que ele não presta. Às vezes é o que tenho vontade de dizer na cara dele.

Cara5Você tem algum E. na sua vida? Pense aí. Lembrou de alguém intragável, que parece só ter vindo ao mundo para te irritar, chatear, fazer chorar? É que realmente as circunstâncias não permitem, mas por mim eu mandava exilar E. no Tibete. Sinto vergonha dele. Tenho meu grupo de amigos na igreja que de fato são santos, como eu, e quando ele chega parece que contamina o ar. Aí não tem jeito, ele vira o assunto da noite. E o pior, sabe o que mais me tira do sério? Ele até fala uma ou outra coisa legal, por isso tem gente que o elogia, que o acha alguém especial. Desculpem, mas eu conheço bem esse cara, ele é bem comunzinho. Se duvidar, uns 95% dos elogios que ele recebe são imerecidos. E. precisa desesperadamente do perdão de Deus, pois tem muitas e muitas coisas a melhorar. Já falei isso a ele. Mas parece que na maioria das vezes o cidadão não me ouve!

Bem, acho que já desabafei o suficiente. Obrigado por me permitir botar pra fora minha irritação, mas não poderia falar essas coisas sobre ele na frente de conhecidos, senão pareceria que eu é que sou o pecador fofoqueiro e não esse cara. Eu odeio tudo o que E. tem de ruim. Odeio. Odeio sua pecaminosidade, o fato de ele fazer menos do que poderia pelo próximo, odeio quando não pede perdão pelos seus pecados, odeio suas fraquezas. Ele me tira do sério.

Mas… tem uma coisa.  Apesar de tudo isso, eu sei que Jesus o ama.

Cara6A despeito de seus defeitos, suas falhas, seus pecados, sua omissão, tudo, tudo, tudo o que faz de E. uma pessoa odiosa… Jesus o ama. Não entendo todo esse amor por um zero à esquerda como ele, asseguro que não entendo. Mas sei que isso tem um nome: graça. E. não vale nada, mas a graça o faz valer o mundo para Deus. Aos olhos do Senhor esse miserável vale mais do que todos os tesouros da terra. Foi por esse cidadão que o Cordeiro de Deus subiu à cruz, foi moído, rasgado, cuspido, ofendido, morto. E eu acredito que, porque a salvação é pela graça e não por mérito, um dia ele irá para o céu. Graça. Esse é o segredo. Essa é a explicação. Essa é a esperança. Essa é a certeza. Essa é a fé. Pois a graça não faz Deus ver toda a sujeira que E. carrega em si quando olha para ele. Quando o Pai fita seu olhar em E., o que ele enxerga é o Cordeiro que foi imolado por cada um dos seus pecados.

Conheço bem E. Ele habita dentro de mim. E., de Eu. Sim… o nome de E. é Maurício Zágari.

Obrigado, Senhor, por não me ver como eu sou, mas como Jesus é.

Paz a todos vocês que estão em Cristo, E.

Eu odeio você!


Por Carlos “Catito” e Dagmar

Às vezes me pergunto como é possível um cônjuge dizer ao parceiro a frase acima poucos anos depois de terem jurado amor eterno um ao outro.

Na verdade, o que ocorre é que cada um espera que o outro se amolde ao seu estilo de vida, e isso não acontece. Além disso, as diversas tentativas de estabelecer acordos para uma convivência harmoniosa fracassam e geram um sentimento de amargura, que se transforma facilmente em agressão.

Fantasiamos que podemos mudar o outro e transformá-lo “à minha imagem e semelhança”, mas isso é uma grande ilusão. O outro é único e singular e possui uma forma particular de perceber e interagir com a realidade, que é distinta da minha. Isso é denominado por Ricouer1 de “ipseidade”.

No afã de transformar o outro, as tensões aumentam e as frustrações também; até o ponto em que “o pior sai de dentro de nós mesmos”. Ofendemos o nosso cônjuge com palavras que pensamos que jamais falaríamos um dia. E o pior é que as palavras uma vez proferidas não retornam à nossa boca. Um sistema de queixas se instala no relacionamento e a ideia sempre presente é a de que tudo seria mais fácil se o outro mudasse.

Nesta terceira etapa do relacionamento (veja nas edições anteriores as características da primeira e segunda etapas) também estão presentes uma série de jogos manipulativos e ameaças silenciosas com o intuito de que o outro se torne a pessoa que eu imagino que deva ser e cumpra a promessa de me fazer feliz. Muitos utilizam o sexo ou o dinheiro para manipular o cônjuge, o que produz apenas um maior afastamento.

Em geral, buscam um aliado -- um amigo, o pastor, um conselheiro --, que está envolvido no processo, na tentativa de que essa terceira pessoa convença o cônjuge a mudar.

O grande desafio do relacionamento conjugal é a busca da criatividade. Gerar harmonia a partir de duas pessoas únicas e singulares e fugir da fantasia de que podemos mudar o outro é tarefa do Espírito Santo e não nossa. O que podemos e devemos fazer é incrementar o diálogo na busca de alternativas que sejam boas para ambos. Um diálogo de escuta aberta e tranquila, e não uma conversa “armada”, na qual não se permite que o outro sequer complete sua ideia e fale tudo o que deseja, para que só então eu lhe responda.

Um diálogo em que, antes de eu tentar convencer o outro de que estou certo e ele, errado, tente me perguntar: “Por que esta outra pessoa, que é inteligente, capaz, com tantas qualidades e a quem eu amo entende esta situação de forma tão diferente de mim?”. Assim amplio minha percepção da realidade e, por conseguinte, enriqueço-me, pois ter duas perspectivas a respeito de um determinado tema é sempre melhor que ter apenas uma.

Por fim, é necessário compreender que o outro não é, não pode e não deve ser conforme a minha imagem. Antes, na singularidade está registrada a multiforme beleza da criatividade do Pai, que é infinitamente maior que nossas limitadas capacidades de conceber a realidade e que se expressa na multiplicidade de percepções de suas criaturas.

Não minta: você não ama o próximo


Por Mauricio Zágari

Cheguei a uma conclusão: eu não amo o próximo. Pior: você também não. A gente pode até tentar, mas não ama. E eu provo. Mas, para isso, precisamos entender antes de mais nada que estou usando aqui o conceito de “amor” da Bíblia e não o da sociedade secular e romantizada em que vivemos. E como um dos conceitos hermenêuticos elementares no estudo das Escrituras é que “a Bíblia explica a si mesma”, vamos ao texto sagrado desencavar qual é o conceito bíblico de “amar”. O versículo epicêntrico da Bíblia sobre o assunto é o bom e velho João 3.16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Vamos então destrinchá-lo.
Primeiro: Deus amou o mundo. E quem é o mundo? São absolutamente todas as pessoas que o rejeitaram, desobedeceram, que foram seus inimigos, que lhe viraram as costas. Ou seja: todo aquele que peca. Ou seja: todo mundo! “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23). Então o que Jo 3.16 nos mostra, primeiro, é que Deus amou pessoas que o desprezaram, que lhe fizeram mal, que falaram mal dele, que roubaram dele, o caluniaram e fizeram todo tipo de desgraça contra Ele.
Aí, de repente, Deus decide fazer por esse grupo de bilhões e bilhões de pessoas algo impresionante: abre mão de sua posição confortabilíssima para ajudar cada um. Se você prestar atenção, verá que o Filho estava muito bem, obrigado, em sua glória celestial e não precisava ter mexido uma palha por essas pessoas. Mas Ele foi além: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8).
Em outras palavras: o amor abre mão do seu conforto para ajudar outras pessoas.
E isso para quê? “Para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. A questão aqui é que aquele bando de miseráveis não merecia a vida eterna. Mereciam, em português bem claro, arder por toda a eternidade no fogo do inferno. Mas Deus chega e mostra outro aspecto do amor: dá a eles algo que não merecem. E aqui nos deparamos com as cinco letras mais lindas do Evangelho: GRAÇA. Pois isso é a essência da graça: AMOR.
Qual é a conclusão a que chegamos a partir disso tudo? Que AMAR significa abrir mão do seu conforto para fazer coisas boas por quem te fez coisas ruins. Simples assim.
E…você faz isso?
Para responder nós temos que aplicar o que dissemos acima a sua (e à minha) vida: Pense em todas as pessoas que te desprezaram, fizeram mal, te viraram o rosto, falaram mal de você, te roubaram, te caluniaram e fizeram todo tipo de desgraça contra você. Não tem pressa. Esqueça que você está na Internet e que aqui todo mundo só quer ler coisas rapidinho. Invista tempo, vai valer a pena.
Pare.
Tire um tempo.
Pense em rostos. Lembre de nomes. Recorde-se de situações. Gente que te fez chorar, que te ofendeu, que te acusou injustamente. Que te molestou sexualmente. Que roubou seu dinheiro. Que mentiu para todo mundo a seu respeito. Que armou esquemas para te prejudicar e puxar o tapete. Que fez tudo o que há de pior contra você. Pense. E, só depois de ter lembrado de todas essas pessoas continue a ler, não tenho pressa alguma.
Ainda tem tempo. Pense mais um pouco. Gente que te magoou feio. Você vai lembrar.
Ok. Agora que você já deu nome e rosto aos bois, segundo passo: Deus saiu de seu conforto e fez algo de bom por elas que certamente elas NÃO mereciam. E eu, então, te pergunto: o que você já fez de bom por essas pessoas de quem acabou de se lembrar? Pode pensar. Mais um tempo pra ti.
Me atrevo a dizer que você gastou muito tempo chorando pelo que elas te fizeram, as denunciando, ou então metendo o malho nelas para outras pessoas, falando ao maior número possível de pessoas o que elas lhe fizeram. E até mesmo se vingando, pagando na mesma moeda. As odiando com todas as suas entranhas! Eu garanto que você fez isso. E sabe por quê? Porque é o que eu fiz. Muitas vezes. Paguei mal com mal. Paguei com vingança. Com comentários depreciativos. Com minha natureza humana.
Chegamos então à questão inicial. Você ama o seu próximo? Pois já vimos que AMAR significa abrir mão do seu conforto para fazer coisas boas por quem te fez coisas ruins. Simples assim. Mas meu irmão, minha irmã, concorde comigo que nós não fazemos isso.
Não fazemos.
E com isso, simplesmente descumprimos o mandamento maior da fé cristã: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. (Mt 22.36-40)
Aí você pode até dizer: “Ah, mas Jesus era Deus, pra Deus é fácil amar assim! Eu sou só um humano!”. Ao que Jesus de Nazaré te responde: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. (Jo 13.34,35)
ÚLTIMAS PALAVRAS
Não tem jeito. Eu não amo meu próximo segundo o modelo bíblico, fato. Pois não abro mão de meu conforto, de meu tempo, de dizer que tenho razão, de meu orgulho… para fazer o bem a quem me detonou. E, afirmo sem medo de errar: você também não. Pois eu olho em volta e é o que vejo, nas igrejas, no twitter, no Facebook, nos programas evangélicos de TV, nas pregações de pastores anti-igreja da internet, na Igreja Emergente…em todo lugar onde haja um coração manchado pelo pecado, em todo lugar onde haja alguém que se chame cristão: nós somos vingtivos, ofendemos, pagamos na mesma moeda. Não fazemos o bem a quem nos faz mal. Não fazemos! Isso é um fato!
Ignoramos solenemente o que Paulo diz em Romanos 12.14-20: “Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei” diz o Senhor. Ao contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.
Você já deu de comer ou de beber a quem te fez mal? Quantas vezes?
A BOA NOTÍCIA
Mas há uma boa notícia: é possível.
É possível viver o mandamento maior. Comece preferindo o outro em honra. Pondo em prática Filipenses 2.3b; “Humildemente considerem os outros superiores a si mesmos”.
Mas, Zágari, como se faz isso?
Não revide, abençoe. Não rebata, dê a outra face. Não se vingue, caminhe a segunda milha. Não fale pelas costas, elogie o que há de bom em quem só há coisa má. Só consegue amar o próximo da forma que Cristo espera quem faz o que Ele fez diante de Pilatos: engole sapos. Se cala. Se submete. Se humilha. É difícil? LÓGICO QUE É! E desde quando alguém disse que seria fácil? Jesus disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). E você acha que carregar uma cruz é fácil?
Em outras palavras, só ama verdadeiramente o próximo quem contraria sua natureza. Pois só quando você contrariar a sua natureza e injetar em suas veias a natureza de Cristo é que você começará a amar o próximo como a Bíblia ensina. Até lá…somos bons fingidores.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Apenas

Não se esqueça do Robin


Por: Rodrigo de Lima Ferreira

A bênção da internet é saber como éramos bregas e não sabíamos! Recentemente assisti a um filme do Batman, dos anos 60, baseado na famosa série com Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin). Era engraçado ver um Batman meio barrigudinho e um Robin com aquele cabelo entupido de gel. A cena mais ridícula no filme foi a em que Batman, pendurado em uma escada de helicóptero, sobrevoando o mar aberto, é atacado por um tubarão e então contra-ataca com um repelente de tubarões em spray retirado do seu batcinto de utilidades!

Na minha imaginação infantil, quando o seriado era exibido na TV, era impossível ter o Batman sem o Robin. E sem também aquele batmóvel maravilhoso, mas esta é outra história. Portanto, aonde o Batman ia, o Robin ia atrás.

Nos tempos de Jesus também havia uma dupla dinâmica. Não era formada por um protótipo de Batman e Robin, mesmo porque o morcego era animal imundo perante a Lei. Mas era a dupla dinâmica formada por fariseus e saduceus.

Os fariseus são constantemente lembrados hoje em dia. Não há ofensa maior que chamar alguém de fariseu. Isso porque fariseu é entendido como alguém intransigente, cabeça dura ou, conforme disse Rubem Alves, seguidor do protestantismo de reta doutrina, onde o que importa é a letra da Lei, não o seu espírito. Segundo o fariseu, o que vale é a correta interpretação da Lei, dada por ele mesmo, e não ela em si.

Mas os saduceus formavam um grupo diferente. Eram judeus que tinham um tipo de fé diferente. Não criam na ressurreição. Diziam que a tradição oral não valia como a tradição escrita. Eram pessoas, conforme nos diz Flávio Josefo, que criam apenas no livre-arbítrio aqui e agora.

O mais interessante é que, para pegar Jesus, eles sempre se alinhavam com os fariseus, que criam de modo diametralmente oposto. Para um “bem comum”, ou melhor, mal comum, aceitavam a união com um pretenso inimigo.

Os saduceus, embora menos citados na Bíblia, eram tão perniciosos quanto os fariseus em sua busca em perseguir Jesus. Sua perniciosidade residia não só em sua hipocrisia e em seu “colaboracionismo” com o farisaísmo, gerando uma distorção do conceito de co-beligerância de Francis Schaeffer. Sua malignidade residia principalmente em sua incredulidade latente.

Vemos hoje o grande mal que estruturas doentes fazem com as pessoas. A cada dia que passa aumenta o número de pessoas traumatizadas com igrejas, lideranças e pastores. Tal como um alérgico em um ambiente mofado, esses indivíduos começam a agonizar com a simples lembrança de algo que já foi belo, mas que hoje necessita urgentemente de uma reforma e um avivamento (citando, novamente, Schaeffer). Essas pessoas necessitam de amparo, comunhão e restauração do verdadeiro Deus e da verdadeira Igreja, que é seu corpo e que reside nas igrejas e fora delas.

Mas, tal como lobos que acompanham rebanhos machucados, os saduceus modernos espreitam tais pessoas, afirmando seu egoísmo como parte inerente ao reino, dizendo que a “igreja sou eu”, quando, na verdade, a igreja nunca é um indivíduo apenas. Estes saduceus apresentam sua incredulidade em uma capa estranha de piedade mundanizada e santidade suja, crendo transmitir o “verdadeiro Evangelho”, como se os últimos dois mil anos tivessem gerado apenas espertalhões e heréticos, mas que agora a realidade estava revelada a eles. Movimentos heréticos, como os Testemunhas de Jeová e os Mórmons, tiveram início bem semelhante. Em seu descaminho, semeiam apenas a desgraça, a arrogância, a amargura, o cinismo, a incredulidade e o sarcasmo. Tudo em nome de Jesus.

Jesus condenou tanto os fariseus quanto os saduceus: “Vocês erram, não conhecendo as Escrituras” (Mt 22.29). E são essas mesmas Escrituras, tão vilipendiadas hoje em dia, que testemunham de Jesus (Jo 5.39). Na busca pela restauração da igreja, a incredulidade e a carnalidade humanas nunca podem ser alternativas viáveis. É hora, portanto, de buscarmos a Palavra, a santidade e o Senhor, deixando os modernos saduceus de lado. São guias cegos, e não quero que ninguém seja guiado ao precipício (Mt 15.14). Abra bem os olhos e nunca se esqueça do Robin!

Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO. revdigao.wordpress.com

Ódio ao ódio

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Por Maurício Zágari

Gostaria de fazer uma pergunta objetiva e pediria que você respondesse a si mesmo com toda sinceridade: você sente uma aversão inveterada e absoluta por alguém, ou mesmo raiva, rancor, ou antipatia? Pense com calma. Lembre-se dos indivíduos que você conhece e por quem nutre um desses sentimentos. Imagine na sua mente o rosto dessas pessoas. Já fez isso? Se não fez, por favor, não prossiga a leitura antes de fazer. Traga à lembrança aqueles por quem sente – repito – aversão inveterada e absoluta, raiva, rancor, ou antipatia. Pois bem, agora que você fez esse exercício, permita-me dar uma informação: “Aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia” são, no dicionário, exatamente o que significa… ódio. Portanto, se você conseguiu pensar em pessoas por quem tem um ou mais desses sentimentos, você odeia.

Sim, nós odiamos até mesmo alguns irmãos em Cristo. Na esmagadora maioria das vezes, temos sempre uma boa justificativa para essa postura. Para começar, dizemos que não é ódio, mas zelo, precaução, necessidade de manter a distância… seja lá o modo que inventemos para explicar nosso ódio, ele continua sendo ódio. E isso precisa ser trabalhado. Por quê? Veja o que diz o apóstolo João: “Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1Jo 2.9-11).

Que coisa séria e triste… Percebeu o que a Bíblia está dizendo? Que cristãos (sim, cristãos, repare que João se refere ao ódio a um “irmão”) que odeiam estão cegos e caminham em trevas. Essa é uma condição lamentável para um filho de Deus. Justamente porque as Escrituras contrapõem esse ódio ao amor – que é o maior mandamento. A conclusão é que, se nutrimos o sentimento de ódio por uma ou mais pessoas, estamos caminhando fora da vontade divina e nos identificando mais com as trevas do que com a luz.

Bem, e o que fazer? Muitas vezes esse ódio foi fruto de feridas muito profundas que outras pessoas nos causaram e é muito difícil administrar o ressentimento que esses machucados na alma provocaram. Ninguém odeia alguém de graça, o ódio é sempre consequência de algo ruim que fizeram contra nós ou contra terceiros e que nos provocou revolta. Nessas horas, temos de combater o ódio com a arma mais magnífica que Deus nós deu: o perdão. Perdoar a ofensa que nos levou a odiar. Pois o exercício do perdão é uma das maiores demonstrações de um coração que ama.

Deus amou o mundo de tal maneira que se fez como um de nós para morrer e ressuscitar e, assim, nos conceder perdão. Isso foi possível porque não há espaço no coração de Deus para o ódio. Por ter e ser tanto amor, o Senhor pede ao Pai o perdão dos pecados de seus executores. Só um coração transbordante de amor perdoa a mulher adúltera, Zaqueu, Mateus e outros indivíduos que se fizeram odiosos. Como eu e você.

Assisti a um documentário que mostra a história de uma jovem estuprada e assassinada pelo próprio cunhado. Ao final, a mãe dela, compreensivelmente devastada e arrasada emocionalmente, diz em entrevista que jamais perdoará o criminoso. “Eu odeio esse homem, não posso nem olhar para ele”, disse ela. Fiquei triste. Pois aquela senhora, vítima de tão terrível tragédia, não percebeu que a falta de perdão a fazia vítima de mais uma tragédia: a do ódio. O assassino andou em trevas e cometeu tão brutal pecado. E aquela pobre mãe acabou sendo arrastada para as trevas ao cultivar o ódio no seu coração. Oro a Deus que um dia ela seja capaz de perdoar o agressor, para que veja a luz e viva nela.

Sei que pode soar até mesmo cruel o que vou dizer, mas analise, por favor, se não está de acordo com a Bíblia: ao dizer que odeia o assassino, aquela pobre mãe equivale-se a ele. Ouça a Palavra de Deus: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1Jo 3.15).Perdoar ou odiar? Independentemente de o perdão ou o ódio se dirigirem a um cristão ou não, temos diante de nós os dois caminhos. Aquela mãe fez sua escolha. Eu e você também temos de fazer a nossa.

É duro demais pensar em perdoar quem nos causou males tão grandes. Mas que outra alternativa temos? Se não o fazemos nos distanciamos do Crucificado e nos tornamos como os crucificadores. Como filhos da Luz, devemos andar nela, orar por quem nos fez mal, abençoar quem nos amaldiçoa, nadar na contramão de nossos próprios sentimentos. Só a negação de nós mesmos e a incorporação de Cristo é capaz de nos forjar à imagem do Ser perfeito.

Em um coração cristão só há espaço para poucos tipos de ódio, em imitação ao que Deus odeia. O ódio ao pecado. O ódio ao divórcio. O ódio à iniquidade. O ódio à vida neste mundo. O ódio à soberba.

E o ódio ao ódio.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Podem os psicopatas serem salvos?


Por Wilma Rejane

Esse é um assunto intrigante sob o ponto de vista teológico: Uma vez que a salvação acontece mediante o arrependimento, fruto do reconhecimento do pecado, como se daria a salvação de um psicopata se estes sofrem de ausência de culpa, sentimentos de compaixão e arrependimento? 

A medicina considera a psicopatia incurável sendo tratada apenas em termos de minimizar os danos. Não precisa ser especialista em psicopatia para compreender a necessidade que temos de identificar quem sofre desse mal, pois alimentar os vícios e comportamentos psicopatas, seria armar uma armadilha para si mesmo. O que fazer? Tentar conduzir essa pessoa a Cristo, assumindo os riscos da relação, ou reconhecer nossas limitações e manter distância? 

Seriam os psicopatas pessoas "irreconciliáveis" com Deus? Foi essa palavra que busquei na Bíblia, na esperança de encontrar alguma luz ou referência sobre os psicopatas, e de fato, a palavra existe, está no livro de II Timóteo, é uma clara referência de Paulo a pessoas que devem ser excluídas do convívio:

"Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios,sem amor pela família, irreconciliáveis,caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados,soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus,tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes. II Timóteo 3:1-5

Seria esse um atestado de reconhecimento de Paulo, de que existem pessoas tão perigosas e falsas que o melhor é manter distância e não tentar reconciliá-las, pois são irreconciliáveis?Caso contrário, ele teria recomendado que Timóteo abrigasse-os.

Confesso não ter resposta para essa questão que vez por outra aflora em minha consciência. Ao tempo em que sinto frustração por não desvendar os dilemas teológicos em relação a psicopatia, reconheço que Deus reservou mistérios que somente cabem a Ele responder. E nisso me alegro, pois de um Deus perfeito, não pode haver injustiças.

"Pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido" Mateus 10 26 

Na Bíblia existem personalidades que podem ser equiparadas a psicopatas: Acabe, Herodes, Jezabel, Judas. Foram pessoas cruéis e que praticaram homicídios, geralmente motivados por ganância, dinheiro, egoísmo, enfim as motivações de um psicopata nunca são nobres, são como teias cheias de veneno. 

Falamos de psicopatas que matam, mas também existem aqueles que parecem pessoas normais, praticam "delitos menores". E nesse rol, vamos encontrar também casos intrigantes como: Apóstolo Paulo. Ele perseguia e consentia na morte dos cristãos.

Recordemos de um outro ícone cristão que não está na Bíblia, mas compôs um dos hinos mais belos da história: John Newton, autor de "Amazing Grace" ou "maravilhosa Graça". Este era traficante de escravos,marinheiro, que sentiu a graça de Deus o acolher em meio a uma forte tempestade. E sendo ele mesmo livre, libertou a outros!

Não estou afirmando que John Newton era psicopata, mas como traficante, estaria arrolado entre suspeitas de tal patologia, pois é nos presídios que se encontram a maior parte dos psicopatas, é no mundo do crime que eles revelam o obscuro de suas almas. John é um exemplo de que a graça de Deus alcança pecadores.

Temos ainda o exemplo de Nicky Cruz, ex- líder de uma temível gangue em Nova York chamada de "mau-mau". Este homem foi conduzido a Cristo pelo testemunho e insistência de David Wilkerson que o confrontou dizendo: "Jesus te ama". Nick deu um soco em Wilkerson que repetiu: "Jesus te ama". E mais um soco, até que Wilkerson concluiu: "Ainda que me cortes em mil pedaços, cada parte de mim continuará a dizer que Jesus te ama".Nick não sabia o que era amor, até encontrar Wilkerson em seu caminho.

Creio que a Igreja precisa clamar para que Deus encha nossos corações de amor pelos perdidos e nos dê discernimento para sabermos a hora certa de sermos pombos e/ou serpentes: "Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. Mateus 10:16"

Prudente tem o mesmo significado de Sóbrio "sophronos" (strong 4996), de sozo (salvar) e phren (mente), salvar a mente, agir com prudência, de modo responsável, com domínio intelectual e emocional. 

Simples, humilde = praus (strong 4235 e 4239) Ser generoso, manso, atencioso.

Tudo é possível para Deus, Ele pode trocar corações, fazer de novo, endireitar. E quanto a nós?Somente quem convive com um psicopata,sofre ou já sofreu a ação deles para dizer quanto precisa de pomba e serpente em cada um. Somente o perdão para atuar como poderoso antídoto sem esmorecer na vida. Enquanto iso vamos orando para que Deus nos livre do mal e para que vidas que hoje vivem na lama, nos becos escuros do pecado, se voltem para Jesus.

Deus o abençoe.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Santos invisíveis?

Por Josemar Bessa

Há santos na terra! Não, eles não são perfeitos, mas são “excelentes!” – Muitas pessoas tem escondido a realidade de serem apenas um eco da cultura individualista, do homem centrado em si mesmo... com uma falsa espiritualidade e zelo pelo evangelho, que justifica uma vida que não está em constante comunhão com o Corpo de Cristo numa igreja local.

O suposto “comprometimento” com o evangelho os fez, estranhamente, amar cada vez menos o que Deus ama mais – a igreja... não simplesmente a invisível... mais a de carne e osso, sangue, suor e lágrimas... gente de verdade. O que o homem sobre o qual a Bíblia mais dedica páginas, depois de Cristo, chamado por Deus ‘homem segundo o meu coração” – via e sentia pelos santos? Não os invisíveis, mas os que se podia tocar, abraçar...? Ele diz:

"Quanto aos santos na terra, eles são os excelentes, nos quais está todo o meu prazer." Salmo 16:3 – Certamente a declaração de Davi não está ligada a perfeição deles, nem ele mesmo podia se colocar assim. Sua grande declaração sobre ele é: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.” - Salmos 32:1 – Davi mesmo conhecia essa grande misericórdia para grandes pecados em sua vida. Não era a perfeição que fazia ele ter todo o seu prazer no povo de Deus e chamá-los de excelentes. Então o que é?

Quanto aos santos na terra. Eles estão em Cristo. Isso é o que os distingue. É tudo no que eles precisam ser distinguidos. Nem os seus próprios talentos ou realizações, mas o que Deus tem feito neles. Deus os criou (de novo – Os Regenerou) para além de si mesmos, mas para Ele. Isso muda tudo.

Eles são os excelentes . Há muito o que admirar em cada cristão. Basta começar a fazer perguntas. Cerca de trinta segundos de conversa, as excelências se tornarão evidentes. Ao invés de avaliá-los, classificá-los, analisá-los, para ver se eles estão no nosso nível, ao invés de dizer: "Bem, eles não são perfeitos", o que é insultante, degradante e irrelevante. Os olhos do evangelho, optam por observar as muitas excelências divinamente investidas em outro cristão.

Nos quais está todo o meu praze . Este passo final. É pessoal. É emocional. Ele é sincero. Não é simplesmente para entes, seres invisíveis. Davi é tão ousado que poderia ser interpretado por alguns como idolatria ("todo o meu prazer"). Mas o evangelho não permite nenhuma indiferença, nenhuma atitude "esperar para ver”. Todos os verdadeiros redimidos sabem a indignidade de todos os que foram chamados e sabem a dignidade por causa do chamado:“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” - 1 Coríntios 1:27-30
Nós nos movemos em direção ao outro com alegria intensa.

O mundo não pensa dessa forma. Temos de pensar desta forma. O evangelho exige e nos dá poder e razões irrefutáveis para fazê-lo.
Só podemos viver o evangelho na comunidade dos santos, não sozinhos. A Bíblia nos dá ordens múltiplas e claras sobre isso. Argumentos sobre argumentos:

Seja dedicado um ao outro (Rm 12:10).

Dê preferência um ao outro (Rm 12:10).

Ser da mesma mente com o outro (Rm 12:16).

Aceitando um ao outro até que ele se torne maduro no conhecimento (Rom. 14:1).

Aceitar um ao outro, mostrando deferência (Rm 14:1-5; 15:07).

Considerando o outro superior a si em amor (Rm 14:05;. Fil 2:03).

Edificando um ao outro (Rm 14:19;. 1 Ts 5:11).

Admoestando uns aos outros (Rm 15:14).

Servir uns aos outros, mostrando deferência em questões de liberdade (Gl 5:13).

Levar a carga uns dos outros (Gl 6:02).

Seja gentil com os outros (Ef 4:2).

Ser gentil com o outro, de modo a preservar a unidade (Ef 4:32).

Falar a verdade um ao outro (Efésios 4:25; Col 3:9).

Se sujeitar um ao outro (Efésios 5:21).

Mostrar compaixão uns aos outros (Colossenses 3:12).

Suportando uns aos outros e perdoando (Col. 3:13).

Perdoar uns aos outros (Colossenses 3:13).

Ser cheio do Espírito Santo, adorando com hinos saturados pela Palavra admoestando uns aos outros (Cl 3:16;. Ef 5:19).

Confortar uns aos outros com a esperança da volta de Cristo (1 Ts. 4:18).
Encorajar uns aos outros (1 Ts. 5:11).

Viver em paz uns com os outros (1 Ts. 5:13).

Buscai o bem uns aos outros (1 Ts. 5:15).

Encorajar um ao outro a abandonar a incredulidade e dureza de coração (Hb 3:13).

Estimular um ao outro para o crescimento espiritual (Hebreus 10:24).

Encorajar um ao outro pela participação fiel em sua igreja local (Hb 10:25).

Confessar os pecados uns aos outros (Tiago 5:16).

Orar uns pelos outros em suas aflições físicas (Tiago 5:16).

Seja sofredor e paciente para o outro (1 Pedro 4:8;. Ef 4:2).

Servir uns aos outros (1 Pedro 4:10;. Gal 5:13).

Agir com humildade para com o outro (1 Pedro 5:5).

Demonstrar afeto santo uns aos outros (1 Pedro 5:14).

Participar da santa caminhada com o outro (1 João 1:7).

Recuse-se a tornar-se ressentido com o outro (1 João 3:11-12).

Lutar contra o medo juntos pelo crescimento no amor (1 João 4:18).

Andam na verdade juntos (1 João 3:18, 2 João 1:5).

Meu destino especial como um crente, regenerado, é ser parte da igreja, e é a igreja que é o grande foco no plano mais amplo de Deus, e não eu.

Você pode dizer com Davi?: "Quanto aos santos na terra, eles são os excelentes, nos quais está todo o meu prazer." Salmo 16:3

O PERIGO DA DISTRAÇÃO

Por Pr. Silas Figueira

Texto Base At 6.1-7
INTRODUÇÃO

Onde há pessoas, geralmente, há problemas; e onde existem problemas tem o dedo do diabo nisso. Seja em nossa casa, no trabalho, na escola, num laser e porque não dizer dentro da igreja do Senhor. Com o crescimento da Igreja Primitiva - pois o Senhor havia concedido a Sua bênção ao trabalho dos apóstolos tanto na pregação quanto nos milagres – é nos dito que um problema surgiu dentro da igreja em Jerusalém em relação à distribuição da ajuda as viúvas, pois as viúvas helenistas estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Com isso houve murmuração dessas viúvas em relação aos apóstolos, dizendo que eles estavam favorecendo as viúvas hebreias e as esquecendo.

Diante dessa situação os apóstolos tiveram que tomar algumas decisões importantes para acabar com aquela murmuração, pois os apóstolos não poderiam deixar as viúvas desamparadas e nem deixar de fazer o que era realmente prioridade para eles, que era a oração e a pregação da Palavra.

É importante observar que esse ocorrido era mais um ataque do diabo a Igreja do Senhor. Em Atos 4 fala-nos do primeiro ataque contra a igreja vindo de fora – a perseguição por parte das autoridades judaicas. Em Atos 5 fala-nos do ataque vindo de dentro, quando Satanás tentou corrompê-la com a hipocrisia, com o casal Ananias e Safira. E o terceiro ataque, distrair os apóstolos da oração e da pregação através de algumas viúvas murmuradoras, para expor a igreja a erros e ao mal. Se ele tivesse obtido sucesso em qualquer uma dessas tentativas, a nova comunidade de Jesus teria sido aniquilada em sua infância. 

No primeiro ataque o diabo tentou parar a Igreja através do medo; no segundo através da hipocrisia, de pessoas se passando por espirituais, mas não passavam de gente querendo a honra para si; e no terceiro ataque, o diabo vem manhoso, mas tão perigoso quanto nas duas vezes. Pois agora ele vem para desmoralizar a liderança apostólica. 

Diante dos taques do diabo os apóstolos não esmoreceram, muito pelo contrário, agiram com garra e com coragem. Diante das autoridades judaicas não temeram, mas disseram com toda autoridade:

“Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus. Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 418-20).

Diante da hipocrisia de Ananias e Safira - quando esse casal soube que Barnabé havia vendido uma propriedade e depositado aos pés dos apóstolos todo o dinheiro, pois havia muitas pessoas necessitadas na igreja na época; esse casal achou interessante esse ato e quis copiar. Eles vendem também uma propriedade, mas retiveram parte do dinheiro, no entanto, dizem para os apóstolos que aquela quantia era todo o valor da venda. Esse casal era mentiroso, hipócrita e queria os holofotes para si. Diferente de Barnabé que não fez isso para aparecer, mas para abençoar as pessoas necessitadas. 

Diante desse confronto com os apóstolos, esse casal veio a morrer. O Senhor os fulminou imediatamente após serem confrontados. Veja At 5.1-11.

Nesse terceiro ataque de Satanás os apóstolos tiveram que tomar decisões que evitasse a continuidade da murmuração. Pois agora, o ataque era com a tentativa de tirar o foco dos apóstolos da oração e da Palavra, ou seja, o intuito de Satanás era distraí-los. 

Observando esse texto nós podemos aprender com os apóstolos algumas lições importantes:

1 – PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NA IGREJA SEMPRE HAVERÁ PROBLEMAS (AT 6.1). 

O crescimento da igreja sempre trará problemas, pois mais uma vez repetimos: onde há pessoas surgem problemas. E os problemas precisam ser enfrentados.

Entendamos o que estava acontecendo – O texto de Atos 6.1 nos diz: “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária”.

Todo pastor quer que sua igreja cresça, mas com o crescimento surgem também os problemas. Não foi diferente na Igreja Primitiva. John Stott falando a respeito da Igreja Primitiva, nos chama a atenção à forma como temos olhado para aquela Igreja. Ele diz que “existe o perigo de romantizarmos a igreja primitiva, falando dela em tom solene, como se não tivesse falhas. Isso significa fechar os olhos diante das rivalidades, hipocrisias, imoralidades e heresias que atormentavam a igreja, como acontece ainda agora”. 

Esse problema surgiu porque havia duas classes de judeus na igreja. O primeiro grupo era composto pelos judeus que moravam em Jerusalém e Palestina e falavam o aramaico, o idioma ancestral. Esse grupo orgulhava-se de não ter assimilado nenhuma estrangeirice em sua cultura. O segundo grupo era formado pelos judeus que haviam morado fora da Palestina por muitas gerações, mas que depois do Pentecostes permaneceram em Jerusalém. Esses judeus haviam esquecido o hebraico e falavam o grego. Os orgulhosos judeus de fala aramaica tratavam com desprezo os judeus estrangeiros, embora os hebreus falassem a língua grega. Essa fissura no relacionamento manifestou-se na distribuição diária dos recursos (dinheiro). A queixa acerca da ajuda dos pobres não passava de mero sintoma de um problema mais profundo, a saber: os cristãos de língua hebraica e os de língua grega estavam divididos em dois grupos separados. E outro problema que havia era que os judeus de língua grega tinham hábitos gregos. Não era só a língua que os separava. 

Com esse problema instalado dentro da igreja, ela estava enfrentando três problemas seriíssimos: o orgulho, o preconceito e a divisão dentro da igreja. A igreja que contava com a simpatia de todo o povo (At 2.47), não estava sendo simpática com os seus irmãos estrangeiros que estavam dentro dos seus arraiais. 

Como o diabo é astuto. Ele tentou amedrontar os discípulos, mas não conseguiu. Tentou se infiltrar através da hipocrisia, mas foi desmascarado. Agora usa essa última cartada: a desmoralização da liderança. Irmãos, se nós não vigiarmos poderemos cair nos mesmos problemas que a Igreja Primitiva estava enfrentando, pois o diabo nunca deixará de atacar a igreja. 

Na igreja sempre haverá pobres e ricos, letrados e analfabetos, brancos e negros, orientais e ocidentais. Como nos fala em Ap 7.9,10: 

“Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”.

Se o Senhor morreu por Sua Igreja que é composta por todos os povos quem somos nós para fazermos distinção de pessoas.

2 – SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE CORREMOS O RISCO DA DISTRAÇÃO (AT 6.2). 

Os apóstolos estavam cientes de que aquele problema era grave e era necessário resolvê-lo. Eles não fizeram “vista grossa” para o problema, pelo contrário, o enfrentaram e procuraram solucioná-lo. Mas para isso eles deveriam colocar outras pessoas para fazer tal tarefa, pois eles tinham outras prioridades. E a prioridade deles era a oração e pregação da Palavra.

Tudo indica que até aquele presente momento eram os doze que realizavam essa tarefa (At 4.35). Mas aquilo que funcionou bem ontem pode não funcionar tão bem hoje. Como Moody costumava dizer: “É melhor colocar dez homens para trabalhar do que tentar fazer o trabalho de dez homens”. Como diz a minha esposa, na igreja não podemos dispensar nem a ajuda das crianças.

DISCERNINDO AS PRIORIDADES

A organização é essencial – é preciso organizar a vida da igreja. Mas a questão é, até que ponto? Isso é importante porque, quando a organização se torna mais importante que a mensagem, inverte-se a posição do Novo Testamento e a tragédia vem em seguida. 

Observe o que os apóstolos disseram a igreja: “Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas” (At 6.2). A expressão servir às mesas significa garantir que as necessidades das viúvas sejam atendidas, ou seja, ocupar-se de questões financeiras e administrativas. É bom deixar claro que os apóstolos não viam a obra social inferior à obra pastoral, ou a considerasse pouco digna para eles. Não era isso. Cabia a eles a diaconia da palavra, e não a diaconia das mesas. 

Por que os apóstolos se posicionaram contra permanecerem nessa atividade? Porque para eles naquele momento era errado colocar o “servir às mesas” antes da pregação da palavra de Deus. 

Creio que existam três razões para isso:

1º- Porque é sempre errado colocar o homem antes de Deus. Assim como naquela época, o diabo quer fazer da criatura o centro de tudo, ou seja, colocar o homem acima de Deus. E colocar o homem no centro foi uma tentação muito sutil para a Igreja Primitiva. Não que seja errado fazer a obra social, socorrer ao necessitado, mas os apóstolos não foram chamados para esse serviço. 

Se os apóstolos cedem a essa tentação a humanidade não teria vindo a conhecer Deus e a Sua Palavra, ou seja, eles nunca teriam tempo para pregar o Evangelho. Todos os problemas do mundo atual decorrem do fato de que as pessoas não conhecem Deus e o Evangelho de Jesus Cristo.

Saiba de uma coisa, não se pode colocar o homem antes de Deus porque Deus é sobre todos. 

2º - Porque é errado colocar o corpo antes da alma. O homem não é somente corpo. Existe a parte imaterial do homem que necessita do alimento que só Deus pode alimentar. E esse alimento é o Evangelho. Tanto que o apostolo Paulo define o ministro do evangelho como despenseiro, ou seja, alguém responsável por dar o alimento às pessoas de uma casa. Essa dispensa é a Bíblia. 

A tragédia do homem é que ele não se importa com a alma, geralmente só pensam nos prazeres dessa vida. Como disse Paulo: “O deus deles é o ventre” (Fl 3.19). Quem vive só pensando no corpo e não se preocupam em alimentar a alma vivem por instinto, não passam de animais. 

3º - Porque é errado colocar o tempo presente antes da eternidade. O sustento do corpo pertence ao tempo. O sustento da alma pertence a eternidade. Na vida de cada um de nós virá o dia em que não estaremos interessados em comida e em que a comida não poderá ajudar-nos em nada; estaremos muito além disso. Como disse Paulo: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.18). 

A Palavra de Deus sempre tem que ter a prioridade, vindo até antes da beneficência e da bondade. Se você puser alguma destas coisas em primeiro lugar, estará invertendo coisas que nunca devem ser invertidas. Deus, depois o homem! A alma, depois o corpo! A eternidade, depois o tempo! 

Os apóstolos entenderam isso e não abriram mão de por em prática.

3 – TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO QUE DIANTE DO PROBLEMA DEVEMOS BUSCAR A SOLUÇÃO (AT 6.3-6). 

Os apóstolos entenderam a legitimidade da diaconia das mesas. Eles reafirmaram a necessidade de continuar a assistência aos pobres. A evangelização não anula a ação social, nem esta dispensa aquela. Vemos através desse incidente o início do ministério diaconal na igreja, que posteriormente foi legitimado como lemos em 1Tm 3.8-13. 

Os diáconos não foram escolhidos pelos apóstolos, mas pela própria igreja. No versículo 5 nós encontramos a relação dos escolhidos. É interessante observar que todos os escolhidos têm nomes gregos, ou seja, eles nomearam exatamente entre os helenistas. Isso nos mostra a graça de Deus e a obra do Espírito Santo nos corações dos crentes de fala hebraica. Eles eram a maioria, mas escolheram todos os diáconos do grupo da minoria. Estes sete teriam a seu cargo a administração do fundo para os necessitados de ambos os grupos. Desse modo, nenhuma queixa podia ser apresentada pelos de fala grega. 

Com isso o Senhor quebrou a primeira barreira dentro da igreja. 

No entanto dentre os escolhidos havia um que não era judeu de língua grega, mas era um prosélito de Antioquia, ou seja, um gentio. Nicolau era grego de nascença, um gentio no contexto da igreja de Jesus; alguém que primeiramente havia se convertido ao judaísmo, mas agora estava convertido ao cristianismo. Isso é uma total quebra de preconceito. 

Mas para ser diácono dentro do contexto da igreja naquela situação eram necessários alguns critérios que têm sido esquecidos hoje em dia. 

1º Boa reputação – Pessoas que dessem bom testemunho para com os de dentro da igreja como fora dela.

2º Cheios do Espírito Santo – Esses diáconos deveriam ser crentes em Jesus e terem uma vida santa e irrepreensível.

3º Cheios de sabedoria – Esses diáconos deveriam saber minimizar e acabar com a murmuração das pessoas contra os apóstolos. E discernindo as viúvas que eram dadas às fraudes, às calúnias e à traição por palavras; pois, em seu trabalho de administração do dinheiro, naturalmente se encontravam com muitas pessoas dessa natureza. A sabedoria deles deveria ser tanto terrena quanto espiritual, pois deveria discernir o erro e abençoar as que deveriam ser socorridas. Veja o que Paulo falou a Timóteo sobre a questão das viúvas em 1Tm 5.3-16. Com isso vemos que as fraudes eram constantes dentro da igreja e possivelmente dentro da igreja em Jerusalém nessa época.

No versículo 6 lemos: “Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos”. É bom deixar bem claro que essa imposição de mãos não simboliza nenhuma transferência de poder como muitos pensam e pregam. Primeiro porque esses homens já eram cheios do Espírito Santo e mesmo que não fossem tal coisa não ocorre. Essa imposição de mãos era como um reconhecimento público do ministério que passariam a exercer e era um pedido a Deus de suas bênçãos sobre eles para exercerem com êxito esse ministério. 

4 – QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO QUE QUANDO A LIDERANÇA SE DEDICA A ORAÇÃO E A PREGAÇÃO DA PALAVRA HÁ CRESCIMENTO NA IGREJA (At 6.7).

O resultado da medida tomada pelos apóstolos acalmou os ânimos dos helenistas, estancou a murmuração, trouxe contentamento para a igreja, distribuiu o trabalho e liberou os apóstolos para focarem no ministério que lhes havia sido confiados. A palavra não pode se espalhar quando o ministério da palavra está sendo negligenciado. Por outro lado, quando os pastores se dedicam à Palavra, ela se espalha. O resultado é o que lemos no versículo 7: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé”. 

Os dois verbos “crescia” e “multiplicava” estão no tempo imperfeito, indicando que o crescimento da palavra e a multiplicação da igreja eram contínuos. Mas saiba de uma coisa, onde falta a Palavra cresce o pecado. Que não venhamos calar os nossos lábios e nem nos distrairmos com problemas que podem nos tirar do verdadeiro foco. 

CONCLUSÃO 

Há no Antigo testamento uma declaração que penso ser uma das mais alarmantes de toda a Bíblia. O Senhor adverte a nação de Israel por meio do profeta Amós que diz: 

“Eis que vêm dias, diz o SENHOR Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR” (Amós 8.11). 

E essa é a calamidade final porque, se você não ouvir a Palavra de Deus, nada lhe restará. As coisas que se veem, baseado nas quais você vive não lhe trará nenhuma esperança. Fome de ouvir a Palavra do Senhor, isso é muito pior do que morrer de fome por falta de alimento, ou morrer de sede ou por alguma enfermidade. Lembre-se do que disse Davi no salmo 42.1,2: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?”

Por isso que os apóstolos disseram: “Não é razoável que nós abandonemos a palavra para servir s mesas”. (At 6.2b). Não que a obra social não seja importante, mas sem a Palavra o povo perece. 

Que o Senhor nos ajude a preservarmos o zelo pela Palavra sem omitirmos a obra social!