quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

"O que importa é que Cristo está sendo pregado". Mesmo?



Por Augustus Nicodemus Lopes 

Um amigo no Twitter me perguntou se Filipenses 1:18 não justificaria o show gospel. Acho que ele tinha em mente o festival gospel na Globo e a hipotética novela da Globo com uma heroína evangélica e as apresentações de cantores gospel em programas seculares.

Para quem não lembra, Paulo diz o seguinte em Filipenses 1:15-18:

“Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” (Fp 1:15-18).

A interpretação popular desta passagem, especialmente desta frase de Paulo no verso 18, “Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” – é que para o apóstolo o importante era que o Evangelho fosse pregado, não importando o motivo e nem o método. A conclusão, portanto, é que podemos e devemos usar de todos os recursos, métodos, meios, estratégias, pessoas – não importando a motivação delas – para pregarmos a Jesus Cristo. E que, em decorrência, não podemos criticar, condenar ou julgar ninguém que esteja falando de Cristo e muito menos suas intenções e metodologia. Vale tudo.

Então, tá. Mas, peraí... em que circunstâncias Paulo disse estas palavras? Se não me engano, Paulo estava preso em Roma quando escreveu esta carta aos filipenses. Ele estava sendo acusado pelos judeus de ser um rebelde, um pervertedor da ordem pública, que proclamava outro imperador além de César.

Quando os judeus que acusavam Paulo eram convocados diante das autoridades romanas para explicar estas acusações que traziam contra ele, eles diziam alguma coisa parecida com isto: “Senhor juiz, este homem Paulo vem espalhando por todo lugar que este Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, que nasceu de uma virgem, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia, e que está assentado a direita de Deus, tendo se tornado Senhor de tudo e de todos. Diz também que este Senhor perdoa e salva todos aqueles que creem nele, sem as obras da lei. Senhor juiz, isto é um ataque direto ao imperador, pois somente César é Senhor. Este homem é digno de morte!”

Ao fazer estas acusações, os judeus, nas próprias palavras de Paulo, “proclamavam a Cristo por inveja e porfia... por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias” (verso 17).

Ou seja, Paulo está se regozijando porque os seus acusadores, ao final, no propósito de matá-lo, terminavam anunciando o Evangelho de Cristo aos magistrados e autoridades romanos.

Disto aqui vai uma looooonga distância em tentar usar esta passagem para justificar que cristãos, num país onde são livres para pregar, usem de estratégias no mínimo polêmicas para anunciar a Cristo. Tenho certeza que Paulo jamais se regozijaria com isto, pois ele mesmo disse:

“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Co 2:17).

“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4:1-2).

“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1Co 2:1-5).

Portanto, usar Filipenses 1:18 para justificar que qualquer estratégia serve para anunciar o Evangelho é usar texto fora do contexto como pretexto

Os 5 fofoqueiros que você encontrará EM 2014



Por Tim Charllies 

A fofoca é um problema sério. É um problema em casa, no trabalho, na igreja local e no evangelicalismo em geral. É um problema na blogosfera, nas mídias sociais e em muitos outros lugares. Em seu livro Resisting Gossip [Resistindo à fofoca], Matthew Mitchell define fofoca como “espalhar más notícias pelas costas de outra pessoa como fruto de um coração mau” e mostra que quando o livro de Provérbios usa a palavra “fofoca”, ele o faz na forma substantiva, não na verbal. Em outras palavras, a Bíblia se preocupa menos com as palavras que são ditas e mais com o coração e a boca que geraram tal destruição. Palavras importam, mas elas são simplesmente o que transborda do coração. Como sempre, o coração é o coração da questão.

Matthew Mitchell define fofoca como “espalhar más notícias pelas costas de outra pessoa como fruto de um coração mau”.

A seguir, há uma galeria de fofoqueiros retirada do livro de Mitchell, cinco diferentes fofoqueiros que você encontrará em sua vida.

FOFOQUEIRO #1: O ESPIÃO

O primeiro tipo de fofoqueiro, e eu sei que você já deu de cara com essa pessoa antes, é O Espião. Salomão o descreve em Provérbios 11.13: “Quem muito fala trai a confidência, mas quem merece confiança guarda o segredo.” O Espião é um informante, uma pessoa que acumula segredos para que ele possa usá-los para sua vantagem pessoal. É aquela pessoa que está sempre escutando os rumores e que parece sempre saber sobre a vida de todo mundo. Seus ouvidos estão sempre atentos. A principal motivação do Espião é o poder. Pode ser a emoção de saber algo antes de todo mundo, ou pode ser o poder que ele conquista quando ameaça outros de revelar seus segredos. Ele usa a informação para se elevar e para destruir outros.

FOFOQUEIRO #2: O RESMUNGÃO

O segundo fofoqueiro é O Resmungão e nós podemos encontrá-lo em Provérbios 16.28: “O homem perverso provoca dissensão, e o que espalha boatos afasta bons amigos.” O Resmungão reclama e critica. Ele critica outras pessoas e reclama delas pelas costas. Ele espalha todos os seus segredos, descreve exatamente como ele se sente sobre eles e, então, se justifica ao dizer: “Eu apenas precisava desabafar um pouquinho.” Porque ele é infeliz, e porque a infelicidade ama companhia, ele atrai outras pessoas às suas reclamações. Sua motivação é, geralmente, ciúme ou inveja. Ele quer o que a outra pessoa tem e resmunga porque não tem aquilo.

FOFOQUEIRO #3: O FALSO

Todos conhecemos O Falso, não é mesmo? O Falso é um reclamão, mas ele é mais do que isso. Ele também é bravo e malicioso e procura destruir os outros. Ele pode falar completas mentiras para deixar alguém para baixo, ou ele pode se envolver em uma campanha de difamação. Ele procura por alguma coisa, qualquer coisa, tudo que há de errado nos seus inimigos e faz questão de que todos saibam sobre essas coisas; se ele não consegue descobri-las, ele as inventa. O Falso é, muitas vezes, motivado pela vingança de alguma ofensa grave, uma oportunidade perdida ou alguma dificuldade adquirida. Essa ofensa, ou o que ele pensa ser ofensa, o levou à amargura, a qual se enraizou e motivou este desejo de vingança. Hoje, muitas dessas pessoas abrem web sites e fazem seu trabalho da forma mais barulhenta e pública possível.

O Falso é, muitas vezes, motivado pela vingança de alguma ofensa grave, uma oportunidade perdida ou alguma dificuldade adquirida.

FOFOQUEIRO #4: O CAMALEÃO

O Camaleão é a pessoa que usa a fofoca para se encaixar no grupo do trabalho, da escola, da igreja ou, até mesmo, da família. Ele é desesperado para se misturar e ser aceito. Já que todos fofocam, ele fofoca também, assim ele pode entrar na conversa. Já que o respeito vem através do compartilhamento de fatos quentes sobre os outros, ele os descobre e, então, compartilha tal informação. Sua motivação é o temor – o temor do homem. Ele teme o que os outros pensarão dele, e, especialmente, tem medo de ser excluído do grupo. Provérbios 29.25 o descreve bem: “Quem teme o homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro.”

FOFOQUEIRO #5: O INTROMETIDO

O último tipo de fofoqueiro é O Intrometido. O Intrometido é a pessoa que é ociosa, e sua ociosidade leva à intromissão e à fofoca. Provérbios 26.17 lhe diz: “Como alguém que pega pelas orelhas um cão qualquer, assim é quem se mete em discussão alheia.” Nós vemos O Intrometido nas duas cartas de Paulo aos Tessalonicenses e nós vemos A Intrometida na primeira carta a Timóteo.

O Intrometido ama a excitação que vem da fofoca e adora viver vicariamente através das histórias de outras pessoas. O Intrometido adora estar online, onde ele pode vasculhar sites de fofocas de celebridades em nome da diversão e sites de fofocas de celebridades cristãs em nome do discernimento.

Muitos de nós já conhecemos essas pessoas. Muitos de nós já fomos essas pessoas.Cada um de nós precisa desesperadamente do perdão de Deus e de Sua graça santificadora.

O ESCANDALOSO AMOR DE DEUS



Por Fabio Campos

Henry Nouwen conta a história de um velho que costumava a meditar cedinho a cada manhã sob uma enorme árvore na margem do Ganges. Certa manhã, depois de ter terminado sua meditação, o velho abriu os olhos e viu um escorpião flutuando sem defesa sobre a água. Enquanto o escorpião se aproximava da árvore pela água, o homem depressa estirou-se sobre uma das longas raízes que se espraiavam rio adentro e estendeu a mão para resgatar o animal que se afogava. Logo que o tocou o escorpião picou-o. Instintivamente o homem recolheu a mão. Um instante mais tarde, depois de recuperar o equilíbrio, ele estirou-se novamente sobre as raízes para salvar o escorpião. Desta vez o escorpião o picou tão gravemente com sua cauda venenosa que a mão do homem ficou inchada e ensanguentada e seu rosto contorcido de dor.

Naquele momento um passante viu o velho estirado no chão lutando com o escorpião e gritou:

- Ei, velho, o que há de errado com você? Só um idiota arriscaria a vida por uma criatura tão feia e maligna. Você não sabe que pode se matar tentando salvar esse escorpião ingrato?

O velho virou a cabeça. Olhando nos olhos do estranho, disse calmamente:

- Meu amigo, só porque é da natureza do escorpião picar, isso não muda a minha natureza de salvar.

O amor de Deus é um escândalo ao mundo, por isso que não o aceitou. Cristo crucificado é loucura para os que se perdem, mas poder de Deus aperfeiçoado na fraqueza do homem que foi salvo. A graça do Senhor Jesus escandaliza. Ela desestrutura toda dogmática convencional meritória. Os religiosos pedem sinais. Os ascéticos asseguram sua salvação com as próprias mãos e temem em perdê-la. Se nada fiz para merecer a graça de Deus, por que, então, temo em perdê-la?

Aos sábios deste mundo este amor é loucura. Contudo, a loucura de Deus é mais sábia do que a dos os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. A mensagem da morte escandalizou a Pedro, e Jesus o repreendeu severamente dizendo estar ele [Pedro] preocupado com o reino dos homens. A graça de Deus é uma ofensa aos legalistas. Não basta o favor de Deus, é preciso merecê-lo. Não! Somos escorpiões picando constantemente a mão Daquele que nos salvou. Nascido e gerado debaixo da ira de Deus. Contudo, a misericórdia triunfou sobre o juízo, e por Ele, por amor ao Seu Nome, decidiu assim renovar as misericórdias todas as manhãs.

O mundo tropeça nas suas obras de caridade. A igreja busca a lei da justiça e sem um pingo de discernimento, pensam que alcançam - exigem o que nunca lhe foi de direito. São confundidos porque se escandalizam da Rocha que é imutável no seu amor. Anunciar a circuncisão resolve todos os problemas de diálogo com o mundo, porém, anula o escândalo da cruz. Precisamos e assim também preciso eu voltar à pureza do evangelho e simplicidade devida a Cristo por meio do escândalo da cruz. O maior desafio da igreja é ser parecida com Jesus. Precisamos entender que Deus é o ser mais livre que há no universo e por isso faz todas as coisas conforme a sua vontade - muitas das vezes suas dádivas serão dispensadas em lugares inesperados.

O amor de Deus é ilimitado, e não há nada que você faça ou deixe de fazer para Deus te amar mais ou menos. No seu caráter não há sombra de mudanças. Segui-lo pelo discipulado é a resposta deste amor. Não é a coisa mais importante, trata-se da única. “Falta-te uma coisas! dê tudo o que você tem e siga-me”. Crer em um Deus pessoal que chama e conduz é o resultado da fé verdadeira. Certa vez, uma senhora orando, escutou de Deus que disse ao seu coração: “Mais agradável para mim do que todas as suas orações, sacrifícios e boas palavras é que você creia que eu a amo”.

De fato, quem teme ainda não está aperfeiçoado no amor, pois o verdadeiro amor lança fora todo medo. Não há como ser indiferente a tudo isto. Não trata de moralismo ou regras de conduta. Trata-se de um novo nascimento - da água e do Espírito-, pois o desejo de todo nascido de Deus é fazer a vontade do seu Senhor sem medir esforços. Agora a lei é escrita nos corações e gravada no mais profundo de nosso ser. Este amor nos abre para novas prioridades e refaz a importância dos eventos de nossa agenda. Nas palavras de Brennan Manning “a cruz é ao mesmo tempo símbolo de nossa salvação e Pedrão da nossa vida”.

O Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos amados. O seu amor nos constrange e sua bondade nos conduz ao arrependimento. Só o nascido de Deus pode ama-lo de todo o entendimento, de todo o intelecto e com todas as suas forças. Este amor cobre uma multidão de pecados. O contrário disto é a lei retributiva – “faça e será feito”. O escandaloso amor de Deus ofende os primeiros trabalhadores quando o denário é dado na mesma proporção dos últimos. Não há nada que possa atrair verdadeiramente um homem a Deus além do Seu eterno amor. Não há! – e assim segue o escândalo da cruz por meio do favor imerecido de Deus. O Senhor continua a chamar homens e mulheres para esta comunhão de paz através de Jesus Cristo, confundido assim, o sábio na sua sabedoria – o forte na sua força – e, o rico na sua riqueza. Se o arrependimento e a mudança de vida não vierem por meio do amor, muito menos uma conversão genuína se dará através do temor. Pois Ele mesmo disse...,

“Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim” - Oseias. 11:4a NTLH

Soli Deo Gloria!

O conhecimento de Deus na criação e o Evangelismo

conhecimentoevan

Por Alex Daher

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis. (Romanos 1.20).
Todas as pessoas em todos os lugares do mundo sempre estiveram inundadas com o conhecimento de Deus através da criação. Para onde quer que alguém olhe, ali está uma manifestação visível do Deus invisível. A terra está cheia da glória de Deus (Is 6.3) e os céus proclamam essa glória o tempo todo (Sl 19.1).
Refletindo sobre esse fato – chamado geralmente de revelação geral (ou natural), Stephen Charnock (1628-1680) lista dez atributos de Deus que podem ser vistos através da natureza:
(1) o poder de Deus, ao criar um mundo a partir do nada; (2) a sabedoria de Deus, na ordem, variedade e beleza da criação; (3) a bondade de Deus, na provisão que Deus faz para Suas criaturas; (4) a imutabilidade de Deus, porque se Ele fosse mutável, Ele não possuiria a perfeição do sol e dos corpos celestes, “nos quais nenhuma mudança tem sido observada”; (5) Sua eternidade, porque Ele precisa existir antes daquilo que foi feito no tempo; (6) a onisciência de Deus, pois como Criador Ele precisa necessariamente conhecer tudo o que Ele fez; (7) a soberania de Deus, “na obediência que suas criaturas devem a ele, ao observar suas várias ordens e ao se moverem no espaço em que ele as coloca”; (8) a espiritualidade de Deus, pois Deus não é visível, “e quanto mais espiritual é uma criatura no mundo, mais pura ela é”; (9) a suficiência de Deus, pois Ele deu a todas as criaturas um início, então o ser delas não era necessário, o que significa que Deus não precisava delas; e finalmente (10) Sua majestade, vista na glória dos céus.¹
De um lado, então, temos as cosmovisões ateísta e agnóstica, que defendem a ideia de que Deus não existe (ateísmo) e de que não é possível realmente saber se Deus existe ou não (agnosticismo). Do outro lado temos a cosmovisão cristã, afirmando que “os atributos invisíveis de Deus [...] claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, por meio das coisas criadas” (Rm 1.20). Segundo o testemunho bíblico, portanto, o problema do homem não é falta de evidência, mas um coração insensato que obscuresse o entendimento (v.21) e deixa o homem em um estado de ignorância espiritual. John Piper explica nestes termos:
Nossos corações centrados em nós mesmos distorcem nossa razão ao ponto de que somos incapazes de concluir inferências verdadeiras sobre o que realmente está lá. Se nossa desaprovação à existência de Deus é suficientemente forte, nossas capacidades sensoriais e racionais não serão capazes de inferir que ele está lá. [...] A corrupção do nosso coração é a raiz mais profunda de nossa irracionalidade.²
Implicações para o Evangelismo
Diante da realidade de que o homem não dá a glória e gratidão que são devidas a Deus, podemos pensar em algumas implicações relacionadas ao evangelismo:
  • 1) Não há pessoas inocentes. Mesmo aqueles que nunca ouviram o Evangelho estão em rebelião contra Deus. “Devemos abandonar o mito do indígena inocente”.³ Não há nenhum justo, nem um sequer (Rm 3.10-18).
  • 2) O problema da humanidade é a dureza de coração, não simplesmente seu comportamento externo ou sua incapacidade intelectual. Somente um novo coração (Ez 36.26) através do novo nascimento (Jo 3.3) pode resolver nosso problema de cegueira espiritual. E somente o Espírito Santo tem poder para isso.
  • 3) O evangelho deve ser pregado. Como o cristianismo histórico tem afirmado: O conhecimento de Deus através da criação é suficiente para condenar, mas não para salvar. Somente a mensagem do evangelho pode levar o homem à reconciliação com o Criador e ao verdadeiro conhecimento que dá a vida eterna (Jo 17.3, 1 Jo 2.3). “E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14).
Isso deve nos impulsionar a pregar o Filho de Deus crucificado e ressurreto para a remissão de pecados. O conhecimento que salva está disponível somente em Cristo, “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3). A natureza não pode salvar. Apenas Cristo é capaz de revelar o conhecimento de quem Deus é para a salvação (Jo 1.18).
Por causa disso, aqueles que desistem de sua rebelião com Deus, se arrependem e recebem a Cristo pela fé, o fazem somente por causa da ação da graça soberana de Deus em seus corações. Não foi algum tipo de resto de bom senso pós-queda, um raciocínio mais desenvolvido ou boa capacidade de reflexão. Não fosse pelo Evangelho de Cristo, toda a humanidade teria permanecido em um estado de incredulidade, mesmo diante de tantas manifestações dos atributos de Deus na criação. Não fosse a misericórdia do Rei, todos os súditos rebeldes seriam justa e eternamente condenados.
Que essa realidade nos mova a compaixão por aqueles que estão fora de Cristo, e tenhamos a mesma convicção de Spurgeon: “Evangelismo é um mendigo contando a outro mendigo onde encontrar pão”. E assim aqueles que antes estavam cegos possam olhar para a natureza com os olhos iluminados pela fé e dizer:
“Quanto contemplo os teus céus, obra dos teus dedos,
e a lua e as estrelas que estabeleceste,
que é o homem, que dele te lembres?
E o filho do homem, que o visites?” (Salmos 8.3-4)
Para o louvor da glória da graça de Deus por meio de Jesus Cristo (Ef 1.6).

¹ BEEKE, Joel R.; JONES, Mark. A Puritan Theology: Doctrine for life, Grand Rapids, MI: Reformations Heritage Books, 2013. Kindle Edition, locations 738-745, tradução nossa.
² PIPER, J. Think: The life of the mind and the love of God, Wheaton, IL: Crossway, 2013. p. 63, tradução nossa.
³ Ponto defendido na exposição Por que devemos pregar aos gentios? de Augustus Nicodemos na 27ª Conferência Fiel, realizada em Outubro de 2011. Disponível em: http://vimeo.com/30519014.