quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Como Morreremos?

Por John Blanchard
Woody Allen, o famoso diretor de filmes, roteirista e ator, disse certa vez: "Não tenho medo de morrer. Só não quero estar lá quando isso acontecer". Esta citação incomum é famosa, mas fatalmente defeituosa. Deus tem, em seu calendário, a data da morte de cada pessoa. E não há nada que alguém possa fazer para cancelar ou adiar este compromisso designado por Deus. "Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte" (Ec 8.8).

Para milhões de pessoas ao redor do mundo, a inevitabilidade da morte traz um sentimento de tristeza à vida. Damien Hirst, o artista britânico conhecido internacionalmente (cuja fortuna é estimada em mais de 300 milhões de dólares), disse ao Dayly Telegraph Review: "A morte é definitivamente uma tema em que eu penso todos os dias... Você tenta evitar isso, mas é uma coisa tão grande que você não pode evitar".

A Bíblia fala sobre muitos que, "pelo pavor da morte", estão sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hb 2.15). Em casos inumeráveis, as algemas de tais pessoas foram forjadas pelo temor do desconhecido. Como o professor Edgar Andrews disse: "A incerteza gera o temor. E o temor produz escravidão mental, traz infelicidade inescapável à vida e rouba dos homens a paz e a alegria duradouras". No entanto, este cenário preocupante não deve incluir os cristãos, especialmente porque eles têm a segurança de estarem "em Cristo" (2 co 5.17), aquele que realizou o que John Owen chamou de "a morte da morte". Quando temos um entendimento claro do que isso significa, uma expressão resume o modo como devemos nos aproximar da morte inevitável, e essa expressão é com gratidão.

Primeiramente, devemos ser gratos pelo fato de que, na providência e Deus, fomos poupados da morte até que fomos salvos. Uma vez em minha infância e duas vezes em minha adolescência, fui resgatado da morte. Como adolescente, quando eu estava em minha ilha nativa de Guernsey, caí em um enorme barril de água no vinhedo onde meu pai trabalhava e fui salvo somente porque aconteceu que um trabalhador passava por lá no momento da queda. Anos mais tarde, eu nadava à meia-noite nos mares agitados em frente aos rochedos da costa sul da ilha e estava em perigo de afogar-me, quando fui resgatado por um nadador mais forte. Pouco tempo depois, escorreguei enquanto tentava passar por um despenhadeiro; em desespero, minha mão agarrou uma planta bastante forte para segurar-me. Se eu não tivesse sobrevivido nesses três incidentes, não poderia ter escrito este artigo, e meu espírito estaria agora em "abismos de trevas" (2 Pe 2.4), aguardando a sua união com meu corpo ressurreto, para que eu seja lançado, em corpo e alma, no inferno.
Quando os discípulos de Jesus retornaram de uma missão de pregação, regozijando-se com os resultados admiráveis que tinham visto, Jesus lhes disse: "Alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus" (Lc 10.20). À medida que nossa vida terrena prossegue em direção ao seu fim inevitável, devemos ser constantemente gratos pelo fato de "ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8) e de que Deus nos poupou até que nos trouxe à apropriação da morte e ressurreição de Cristo realizadas em nosso favor.

Segundo, devemos ser gratos porque temos sido preservados. O apóstolo João escreveu com o coração entristecido a respeito daqueles que "saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos" (1 Jo 2.19). Embora fossem membros da igreja organizada e visível, a sua deserção mostrou que eles não tinham parte na promessa de que "aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mt 24.13). Quando pensamos em nossa própria vida, levando em conta não somente os muitos "perigos, labutas e armadilhas", do hino de John Newton, mas também dúvidas, temores, provações, tentações, defeitos, fracassos, comprometimento e covardia, bem como as ocasiões em que caímos em algum pecado que nos assediava "tenazmente" (Hb 12.1), quão gratos devemos ser pela bondade e misericórdia de Deus. Quando acrescentamos a solene verdade de que cada um de nós compartilha do testemunho de Paulo no sentido de que "em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum" (Rm 7.18), não importando há quanto tempo somos crentes, temos de considerar como mais do que um pequeno milagre o fato de que temos sido preservados.

Quando visitei a Biblioteca Billy Graham, perto de Charlotte (Carolina do Norte), o item que mais me impressionou foi a lápide de pedra rústica que marca o sepulcro de Ruth Bell Graham, a esposa do evangelista. Ela morreu aos 88 anos, em 14 de junho de 2007. A lápide contém uma aprazível inscrição: "Fim da Construção – Obrigado por Tua Paciência". À medida que nos aproximamos da morte, devemos ser constantemente gratos a Deus por sua paciência e graça sustentadora.

Em terceiro, devemos ser gratos pela promessa do que está adiante. Em abril de 2010, no funeral de Malcom McLaren, empresário da banda de rock Sex Pistols, o seu carro fúnebre estava envolvido com um dos versos de uma das canções da banda: "Muito rápido para viver, muito rápido para morrer". McLaren havia levado uma vida deslumbrante, caótica, glamorosa, agitada e dispendiosa. Atrás do carro fúnebre, uma carruagem que levava os enlutados tinha um sinal que indicava o suposto destino de McLaren: "Lugar Nenhum". Sim, a aniquilação não é mais do que pensamento anelante e não elimina, de modo algum, a terrível verdade de que os ímpios encaram "o castigo eterno" (Mt 25.46). Para os cristãos, a perspectiva é maravilhosamente diferente:

Pense no que estará ausente. "E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" (Ap 21.4). Não haverá mais tentações a enfrentarmos, cargas a levarmos, culpas a lamentarmos, doenças a combatermos, perguntas sem resposta a desconcertar-nos, ignorância a humilhar-nos, desejos insatisfeitos a frustrar-nos. Nada que contaminou e maculou nossa vida na terra estará lá para nos envergonhar. Não haverá arrependimentos, remorsos, pensamentos de coisas passadas, desapontamentos e causas perdidas. E o melhor de tudo é que não haverá o pecado em nós para nos infestar. Como disse J. I. Packer: "Não haverá nenhum pecado no céu, pois aqueles que estão no céu não o terão mais em si para pecarem de alguma maneira". Não é surpreendente que Davi tenha clamado a Deus: "Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente" (Sl 16.11).

Pense nos que estarão presentes. O céu é o lar de "incontáveis hostes de anjos" (Hb 12.22), incluindo querubins, serafins e arcanjos, seres que nunca pecaram e têm louvado e servido a Deus em unidade gloriosa e harmoniosa desde o momento de sua criação. Todo o povo redimido de Deus – uma "grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap 7.9) – estará no céu.

E o melhor de tudo é que o nosso Salvador estará lá. Desde que minha querida esposa, Joyce, foi chamada para o lar, no ano passado, tenho permanecido na certeza de que, como a sua lápide afirma, ela está agora "com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fp 1.23), compartilhando da inconcebível bem-aventurança desfrutada pelos "espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hb 12.23). Um amigo meu, cego desde os 18 anos de idade, gosta de dizer: "A próxima pessoa que verei será Jesus". É impossível imaginar a maravilha do que significará ver a Jesus "como ele é" (1 Jo 3.2). No entanto, no cumprimento do plano de Deus de que seu povo seja conformado "à imagem de seu Filho" (Rm 8.29), a Bíblia mantém uma promessa ainda mais admirável: "Seremos semelhantes a ele" (1 Jo 3.2). Que perspectiva impressionante! Considerando as indicações de João, em 1 João 3, seremos santos como Jesus é santo, seremos justo como ele é justo, seremos puros como ele é puro. Até os crentes mais fracos na terra serão membros gloriosos do que D. L. Moody chamou de "a aristocracia de santidade". Admiravelmente, não nos sentiremos inconvenientes na presença de Cristo.

Ora, como morreremos? Talvez não tenhamos uma jornada fácil pelo "vale da sombra da morte" (Sl 23.4); talvez seja prolongada e dolorosa. Não importando o quanto a nossa paciência (e a nossa fé) seja provada, devemos fazer essa jornada inevitável com gratidão pelo fato de que por meio da insondável graça de Deus fomos salvos da penalidade do pecado, conhecemos a bondade e a misericórdia de Deus em preservar-nos na fé. E podemos estar seguros de que, como escreveu John Bunyan, "a morte é apenas uma passagem de uma prisão para um palácio". Com uma mão trêmula, apenas três dias antes de sua morte, D. Martyn Lloyd-Jones escreveu, em um pedaço de papel, para sua esposa, Bethan, e para sua família: "Não orem por cura. Não me impeçam de ir para a glória". Não há honra para nosso Pai celestial quando relutamos em ir para o lar. Ironicamente, à luz de sua opinião sobre a segurança eterna, John Wesley pôde dizer sobre os seus primeiros metodistas: "Nosso povo morre bem". Se morrermos com um coração grato, faremos o mesmo.

Nota: A esposa de John Blanchard partiu para estar com o Senhor em 17 de fevereiro de 2010.

O SENTIDO DA VIDA

 
Por Isaltino Gomes Coelho Filho
No livro Não verás país nenhum, Inácio de Loyola Brandão, um dos grandes cronistas e contistas brasileiros, imagina a cidade de São Paulo após uma guerra nuclear mundial. A maior e mais rica cidade do hemisfério sul está em péssima situação, absolutamente destroçada. Não há mais energia nem alimentos. Acabou-se, por completo, a vida vegetal. Não há mais chuvas. A vida, enfim, é terrível. Mas a última coisa que as pessoas deixaram foi seus carros. Quando não puderam mais se locomover neles, por falta de combustível ou por cessação da energia motor, e tiveram que ficar parados, recusaram-se a deixá-los. Loyola mostrou, assim, como as pessoas se apegam às máquinas e bens materiais como valor último da vida. Elas não têm coisas. As coisas as têm.

Ele segue na mesma linha do americano Pat Frank, em Ai, Babylon, que imagina a Flórida destruída por um ataque nuclear. Não há mais eletricidade nem combustível. A vida volta às suas condições elementares. As pessoas trocam carros de luxo, que agora são absolutamente inúteis, por galinhas, e lanchas a motor por um punhado de sal.

Isto levanta uma questão: O que é, realmente, essencial à vida? Lutamos e nos esforçamos por supérfluos sem os quais nossos antepassados sempre viveram. E razoavelmente bem. Aonde se vai hoje, por exemplo, encontramos pessoas falando ao celular. Ele é tão essencial assim? É muito útil. Foi assim que, num acidente na estrada, numa ocasião, pude algumas pessoas para tomarem providências com meus familiares. Mas já vi gente, em supermercado, telefonando para saber qual a marca de extrato de tomate deveria levar! Como essas pessoas viviam antes? Essas coisas que nos encantam e enchem os olhos e nos fazem pessoas realizadas e com status são, realmente, essenciais?

O psicanalista Erich Fromm declarou que a vida moderna transformou as pessoas em sombras ansiosas e desprovidas de amor. Diz ele: “A maioria dos norte-americanos acredita que estejamos numa sociedade de consumo (…) de gente feliz, que gosta de se divertir, que viaja em aviões à jato, e cria o máximo de felicidade para todos”. Mas diz ele que, ao contrário, este estilo de vida conduz à ansiedade, à vulnerabilidade, e em prazo maior, à desintegração da nossa cultura, o que é desastroso para a maioria das pessoas.

Centramos nossa vida na posse de coisas. Mas Jesus disse que “a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui” (Lc 12.15). Há valores maiores: dignidade, integridade pessoal, credibilidade, paz interior, paz em casa, paz com Deus, a vida em ordem. Provérbios 15.16-17 retrata bem isso: “Melhor é ter pouco com o temor do SENHOR do que um grande tesouro acompanhado de inquietação. Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo acompanhado de ódio”. Baseado neste texto, seguindo a Linguagem de Hoje, preguei, meses atrás, sobre “Quando rúcula é melhor que picanha”. O simples com Deus e com paz é melhor que o mais nobre sem Deus e sem paz. Buscamos tanto coisas e nos esquecemos de que elas não têm o poder de encher nossa vida de sentido. Mas um bom relacionamento com Deus e uma boa vida doméstica vale mais. Não há dinheiro que pague ter boa comunhão com Deus e um lar amoroso.

Sim, nada é mais valioso que a paz com Deus, a certeza de se estar acertado com ele, provar seus cuidados e ter a certeza da vida eterna. Paulo perdeu tudo o que tinha por amor a Cristo. Até a vida. Mas declarou, com júbilo: “Eu sei em que tenho crido, e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2Tm 1.12). Sua vida, mesmo com todas as dificuldades que enfrentou, foi uma vida jubilosa, cheia de sentido, e que marcou o mundo para sempre. Por um motivo muito simples: era uma vida comprometida com Jesus Cristo.

Sua vida está legal? Você vive bem, tranquilo, realizado, seguro e confiante no futuro? Lembre-se que confiar em coisas é confiar no nada. Não confie em coisas, em si próprio, muito menos em conceitos humanos. Ponha sua confiança em Jesus Cristo. Você descobrirá o que muitos outros descobriram: que a vida com Cristo passa a ter outro sentido. Um sentido muito mais rico. Creia nele. Vale a pena.

O DEUS CRIADO A IMAGEM E SEMELHANÇA DO HOMEM!



Por Fabio Campos

Desde o princípio o homem não se contentou em ser apenas “imagem e semelhança” de Deus. Se metendo em várias astúcias, uma proposta sempre foi do seu agrado: “Coma do fruto e sereis como Deus”. Blaise Pascal com muita propriedade disse que “Deus fez o homem a sua imagem, e o homem devolveu a gentileza”. O desejo primário em ser como Deus nasceu no coração de Lúcifer. O homem faz de tudo para se salvar. Purgar os pecados acusados pela consciência é a principal razão para tantas religiões e ritos existentes no mundo. Ser chamado de “sensitivo”, “poderoso”, “profeta”, ou ser considerado aquele que está acima dos demais em espiritualidade, é um alimento e tanto ao ego o qual deseja ser seu próprio “deus” e o “deus” dos outros.

O grande e maior problema da humanidade nunca foi o desejo de ser mais humano. As guerras e contendas provem do desejo em satisfazer a cobiça da carne. Então, nada melhor do que se tornar um “deus” que tem poder em dominar o outro. Este desejo é maligno. A dificuldade permeia nos corações incrédulos em se submeter ao Senhorio do Senhor. A serpente tem enganado a muitos no meio gospel. Muitos estão sendo arrastados para longe da simplicidade de Cristo, fazendo “bezerros de ouro” para adorar e por homens ser adorados.

Muitos pastores, bispos e apóstolos não se contentam com o simples. Requintar o evangelho com “unções especiais”, “sacerdotais” - conduzir a “arca da aliança”; pendurar o “mezuzá” nas batentes e acender o candelabro – traz a conotação e fama de “super-espiritual”. Títulos ministeriais? É o anseio de um coração vazio do Espírito Santo e cheio de si mesmo. Falam da Bíblia, mas não a conhecem. É necessário que Ele [Jesus] cresça e que nós diminuamos. Quanta baboseira que nada tem haver com a simplicidade e o Evangelho de Jesus. Gostam das “últimas novidades” - da nova revelação – da nova direção – dos atos proféticos – do derramar de 30 litros de azeite na consagração do seu rei.

Irmãos, vamos nos apegar ao que é humilde. Não sejamos sábios aos nossos próprios olhos. Tocar o Shoffar traz a impressão de uma alta espiritualidade, mas nunca trará o amor fraternal que prefere dar mais honra ao próximo a si mesmo. Dizer ter tido a revelação que este é o ano de Abraão, de Pedro, de Paulo, só faz do líder um ser “angelical” e não o servo de todos. Dominar o próximo argumentando ser o “ungido” de Deus - o líder - aquele que recebe a palavra “Rhema”-, é agir com desonestidade com Escrituras (1 Pe 5.1-4). O líder segundo o coração de Deus nunca constrangerá a ninguém - antes, conduzirá seus liderados espontaneamente e de boa vontade - jamais será um centralizador imperial, dominador dos que lhe foram confiados.

O maior desafio e o mais difícil para todo o cristão não é ser um super-espiritual – nem tão pouco conquistar cargos dentro da hierarquia eclesiástica. Tudo isso ficará por aqui quando o Supremo Pastor, Jesus Cristo, se manifestar. O maior desafio do cristão é ser parecido com Jesus, e ter assim o mesmo sentimento que nEle houve; pois, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo.

O diabo nos quer “divinizar” – Deus quer-nos “humanizar”. Quanto mais humano nos tornarmos, mais parecidos com Deus ficamos. Porém, quanto mais divinos tentamos ser, mais parecidos com Lúcifer nos tornamos. Portanto, seja nossa atitude a mesma de Cristo Jesus, que foi encontrado na forma “humana”, esvaziando-se a si mesmo, tornando-se “semelhante aos homens”.

Só há um Deus, e você não é Ele!